O MENIR (Ad Argumentandum Tantum): Maio 2011

16-04-2019
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Há coisas que não se entendem no debate público português. Há mês e meio, só se falava da geração lixada, da geração sem direito a segurança social apesar de descontar (falsos recibos verdes). Era o tema. Era o princípio e o fim da nação. Ora, o FMI resolveu ajudar esta geração lixada pelos direitos adquiridos . No documento da troika podemos ler que um falso recibo verde pode receber subsídio de desemprego (ponto 4.1 iv, página 20) . Mas, por artes mágicas, este facto revolucionário não tem sido comentado, não tem aparecido. De repente, a geração lixada deixou de interessar. Mas a verdade é que o tal FMI, contrariando a narrativa vigente, ajudou a geração lixada. E, atenção, a concessão de subsídio de desemprego é só uma das ajudas do FMI aos mais jovens. A reforma no mercado de habitação é outro exemplo desta aliança FMI/jovens. Ao impor um mercado de arrendamento mais competitivo, o memorando procura baixar as rendas e, acima de tudo, visa colocar mais casas no mercado de arrendamento. Depois, o memorando FMI/UE acaba com o "respeitinho pelos mais velhos" que estava explícito no código de trabalho. Até hoje, uma empresa em reestruturação estava obrigada a despedir o empregado mais novo, porque o mais velho tinha prioridade. Porquê? Porque era a antiguidade e não a competência que mandava no statu quo laboral. Agora, é a competência e não o respeitinho que vai determinar quem sai e quem fica. Além disso, a troika reduz a altíssima protecção de quem tem contrato permanente. As razões do despedimento vão ser flexibilizadas e as indemnizações reduzidas. O objectivo é diminuir o receio de contratar sem termo (o maior medo das nossas empresas). O objectivo é, portanto, diminuir o fosso entre os falsos recibos verdes e a malta mais velha do quadro. É patético: as medidas que equilibram o jogo entre velhos e novos só entraram em Portugal a partir do exterior. Ao longo de décadas, a nossa classe política (e jornalística) foi incapaz de discutir a sério estas medidas. Como diz Bruno Faria Lopes, o documento da troika "fez mais pelos jovens do que qualquer governo dos últimos 15 anos". Henrique Raposo, Expresso.


Há coisas que não se entendem no debate público português. Há mês e meio, só se falava da geração lixada, da geração sem direito a segurança social apesar de descontar (falsos recibos verdes). Era o tema. Era o princípio e o fim da nação. Ora, o FMI resolveu ajudar esta geração lixada pelos direitos adquiridos . No documento da troika podemos ler que um falso recibo verde pode receber subsídio de desemprego (ponto 4.1 iv, página 20) . Mas, por artes mágicas, este facto revolucionário não tem sido comentado, não tem aparecido. De repente, a geração lixada deixou de interessar. Mas a verdade é que o tal FMI, contrariando a narrativa vigente, ajudou a geração lixada. E, atenção, a concessão de subsídio de desemprego é só uma das ajudas do FMI aos mais jovens. A reforma no mercado de habitação é outro exemplo desta aliança FMI/jovens. Ao impor um mercado de arrendamento mais competitivo, o memorando procura baixar as rendas e, acima de tudo, visa colocar mais casas no mercado de arrendamento. Depois, o memorando FMI/UE acaba com o "respeitinho pelos mais velhos" que estava explícito no código de trabalho. Até hoje, uma empresa em reestruturação estava obrigada a despedir o empregado mais novo, porque o mais velho tinha prioridade. Porquê? Porque era a antiguidade e não a competência que mandava no statu quo laboral. Agora, é a competência e não o respeitinho que vai determinar quem sai e quem fica. Além disso, a troika reduz a altíssima protecção de quem tem contrato permanente. As razões do despedimento vão ser flexibilizadas e as indemnizações reduzidas. O objectivo é diminuir o receio de contratar sem termo (o maior medo das nossas empresas). O objectivo é, portanto, diminuir o fosso entre os falsos recibos verdes e a malta mais velha do quadro. É patético: as medidas que equilibram o jogo entre velhos e novos só entraram em Portugal a partir do exterior. Ao longo de décadas, a nossa classe política (e jornalística) foi incapaz de discutir a sério estas medidas. Como diz Bruno Faria Lopes, o documento da troika "fez mais pelos jovens do que qualquer governo dos últimos 15 anos". Henrique Raposo, Expresso.

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