Bloco faz raide ao interior para atacar o CDS

07-10-2019
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Bárbara Xavier é a aposta bloquista para eleger um deputado em Viseu. É a segunda vez que aparece nas listas do BE (foi candidata às europeias, em 5º lugar), mas descobre agora o que é estar sob os holofotes. No final da arruada, subiu a um pequeno murete para se fazer ver e ouvir melhor. Agradeceu àquela "gente unida", para "fazer a mudança no distrito e no país". Fez também um agradecimento à "gente importante" que ali estava reunida, e arrancou sorrisos.

"Vamos buscar força a quem nos fala mais baixinho e nos diz 'eu vou votar em si, mas não diga a ninguém'" Mariana Falcato Simões, cabeça de lista do BE por Vila Real, falando baixinho no almoço-comício de Viseu, para exemplificar como alguns votantes do BE se dirigem a ela

Faltava cerca de um quarto de hora paras quatro da tarde deste domingo quando o Bloco iniciou uma caminhada nunca antes feita: uma arruada em Viseu, capital de um distrito historicamente controlado pela direita (foi tal a hegemonia do PSD no tempo de Cavaco Silva que Viseu passou a história como "cavaquistão"). Catarina Martins tinha ao lado a cabeça de lista pelo distrito (Bárbara Xavier) e era acompanhada pelo deputados José Manuel Pureza e José Soeiro, e pelo eurodeputado José Gusmão. Fernando Rosas, um dos fundadores do Bloco, também lá estava. Ruidosa, com muitos dos 250 militantes que estiveram no almoço, foi uma arruada a descer (na zona central de Viseu, mas fora dos percursos comerciais), entre a zona da pousada e o parque Aquilino Ribeiro. Esteve longe de ser um banho de multidão; interações com populares ficaram-se por meia dúzia ou pouco mais. Foi um primeiro passo em terras da Beira Alta.

O Bloco de Esquerda a apostar na eleiçao de um deputado de um distrito do interior (agora apenas com oito lugares no Parlamento) era algo pouco provável até às eleições europeias. Mas, em maio, os bloquistas, com a candidatura de Marisa Matias, conseguiram alguns resultados locais que superaram até as suas expectativas. Foi o caso de Viseu, em que o BE superou o CDS, e é nesse facto que Catarina Martins alavanca parte do seu apelo para levar Bárbara Xavier ao Parlamento.

A coordenadora do Bloco diz que o seu partido pode "fazer história" a 6 de outubro: "A direita fez o favor de nos lembrar que cada deputado que perder pode ser um deputado do BE", afirmou em Viseu, no almoço-comício deste domingo, em que o Bloco juntou militantes e os cabeças de lista de seis distritos do interior. Estiveram também presentes os candidatos por Bragança, Castelo Branco, Guarda, Vila Real e Portalegre.

"Viseu, pela primeira vez na nossa história, pode ter uma deputada à esquerda que nunca hesitará na defesa dos salários, das pensões, na defesa deste país esforçado e desta gente que constrói Portugal", afirmou Catarina Martins, no imponente claustro da pousada de Viseu, uma unidade hoteleira hoje do grupo Pestana.

Os tiros do Bloco em Viseu visam o deputado centrista Hélder Amaral, novamente candidato nestas eleições. Assunção Cristas já por diversas salientou a necessidade de os viseenses o elegerem.

Em dia de agenda marcada pelos problemas do interior, a coordenadora do Bloco fez orelhas molucas ao mais recentes ataque do PS ao Bloco (às declarações de Carlos César no sábado, pois as de Augusto Santos Silva neste domingo terão coincidido ou sido já posteriores ao almoço-comício de Viseu).

"Reabertura de serviços públicos no interior"

Aos eleitores de Viseu e de outros distritos do país longe do litoral, Catarina Martins prometeu que na próxima legislatura o Bloco defenderá a criação de “um programa de reabertura de serviços públicos no interior do território”, o qual deverá ser feito em cooperação com as autarquias e as populações.

“É possível reconstruir, não temos de nos resignar a um país que vai ficando sem a saúde, a justiça e a educação”, disse. Mas ao deixar a garantia do empenhamento do Bloco, Catarina Martins ressalvou que nunca será uma reversão automática e administrativa de decisões tomadas pelo PSD/CDS: “Não seria sério dizer que vamos reabrir todos os serviços públicos que fecharam”, afirmou.

Bárbara contra o "medo"

No comício, a cabeça-de-lista do Bloco por Viseu falou do "medo" que se vive num distrito em que "o emprego é controlado pela cor do partido que está no poder". No final da arruada que se seguiu ao almoço, Bárbara Xavier, de 26 anos, psicóloga, contou minutos ao Expresso como é por vezes complicado a um partido de esquerda e seus militantes movimentarem-se em Viseu (ou noutras cidades do interior Centro e Norte).

"Nestas regiões, torna-se mais difícil fazer campanha", diz, pois "há um controlo muito grande da opinião". Por quem? "Por autarcas" e respetivos partidos, pois em muitos concelhos as câmaras são os principais empregadores. E também por parte de certos "patrões", tantos os devedores de fidelidades a políticos como os que fazem "chantagem" sobre autarquias, ameaçando mudar fábricas para outros lados. "Um ciclo vicioso", diz.

Bárbara Xavier é a aposta bloquista para eleger um deputado em Viseu. É a segunda vez que aparece nas listas do BE (foi candidata às europeias, em 5º lugar), mas descobre agora o que é estar sob os holofotes. No final da arruada, subiu a um pequeno murete para se fazer ver e ouvir melhor. Agradeceu àquela "gente unida", para "fazer a mudança no distrito e no país". Fez também um agradecimento à "gente importante" que ali estava reunida, e arrancou sorrisos.

"Vamos buscar força a quem nos fala mais baixinho e nos diz 'eu vou votar em si, mas não diga a ninguém'" Mariana Falcato Simões, cabeça de lista do BE por Vila Real, falando baixinho no almoço-comício de Viseu, para exemplificar como alguns votantes do BE se dirigem a ela

Faltava cerca de um quarto de hora paras quatro da tarde deste domingo quando o Bloco iniciou uma caminhada nunca antes feita: uma arruada em Viseu, capital de um distrito historicamente controlado pela direita (foi tal a hegemonia do PSD no tempo de Cavaco Silva que Viseu passou a história como "cavaquistão"). Catarina Martins tinha ao lado a cabeça de lista pelo distrito (Bárbara Xavier) e era acompanhada pelo deputados José Manuel Pureza e José Soeiro, e pelo eurodeputado José Gusmão. Fernando Rosas, um dos fundadores do Bloco, também lá estava. Ruidosa, com muitos dos 250 militantes que estiveram no almoço, foi uma arruada a descer (na zona central de Viseu, mas fora dos percursos comerciais), entre a zona da pousada e o parque Aquilino Ribeiro. Esteve longe de ser um banho de multidão; interações com populares ficaram-se por meia dúzia ou pouco mais. Foi um primeiro passo em terras da Beira Alta.

O Bloco de Esquerda a apostar na eleiçao de um deputado de um distrito do interior (agora apenas com oito lugares no Parlamento) era algo pouco provável até às eleições europeias. Mas, em maio, os bloquistas, com a candidatura de Marisa Matias, conseguiram alguns resultados locais que superaram até as suas expectativas. Foi o caso de Viseu, em que o BE superou o CDS, e é nesse facto que Catarina Martins alavanca parte do seu apelo para levar Bárbara Xavier ao Parlamento.

A coordenadora do Bloco diz que o seu partido pode "fazer história" a 6 de outubro: "A direita fez o favor de nos lembrar que cada deputado que perder pode ser um deputado do BE", afirmou em Viseu, no almoço-comício deste domingo, em que o Bloco juntou militantes e os cabeças de lista de seis distritos do interior. Estiveram também presentes os candidatos por Bragança, Castelo Branco, Guarda, Vila Real e Portalegre.

"Viseu, pela primeira vez na nossa história, pode ter uma deputada à esquerda que nunca hesitará na defesa dos salários, das pensões, na defesa deste país esforçado e desta gente que constrói Portugal", afirmou Catarina Martins, no imponente claustro da pousada de Viseu, uma unidade hoteleira hoje do grupo Pestana.

Os tiros do Bloco em Viseu visam o deputado centrista Hélder Amaral, novamente candidato nestas eleições. Assunção Cristas já por diversas salientou a necessidade de os viseenses o elegerem.

Em dia de agenda marcada pelos problemas do interior, a coordenadora do Bloco fez orelhas molucas ao mais recentes ataque do PS ao Bloco (às declarações de Carlos César no sábado, pois as de Augusto Santos Silva neste domingo terão coincidido ou sido já posteriores ao almoço-comício de Viseu).

"Reabertura de serviços públicos no interior"

Aos eleitores de Viseu e de outros distritos do país longe do litoral, Catarina Martins prometeu que na próxima legislatura o Bloco defenderá a criação de “um programa de reabertura de serviços públicos no interior do território”, o qual deverá ser feito em cooperação com as autarquias e as populações.

“É possível reconstruir, não temos de nos resignar a um país que vai ficando sem a saúde, a justiça e a educação”, disse. Mas ao deixar a garantia do empenhamento do Bloco, Catarina Martins ressalvou que nunca será uma reversão automática e administrativa de decisões tomadas pelo PSD/CDS: “Não seria sério dizer que vamos reabrir todos os serviços públicos que fecharam”, afirmou.

Bárbara contra o "medo"

No comício, a cabeça-de-lista do Bloco por Viseu falou do "medo" que se vive num distrito em que "o emprego é controlado pela cor do partido que está no poder". No final da arruada que se seguiu ao almoço, Bárbara Xavier, de 26 anos, psicóloga, contou minutos ao Expresso como é por vezes complicado a um partido de esquerda e seus militantes movimentarem-se em Viseu (ou noutras cidades do interior Centro e Norte).

"Nestas regiões, torna-se mais difícil fazer campanha", diz, pois "há um controlo muito grande da opinião". Por quem? "Por autarcas" e respetivos partidos, pois em muitos concelhos as câmaras são os principais empregadores. E também por parte de certos "patrões", tantos os devedores de fidelidades a políticos como os que fazem "chantagem" sobre autarquias, ameaçando mudar fábricas para outros lados. "Um ciclo vicioso", diz.

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