Scala Regia Inspirational Archives: Chapelaria Azevedo Rua

17-07-2018
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Com 120 anos concluídos este ano, há muitos pedaços da história da Chapelaria Azevedo Rua, na Praça D. Pedro IV, em Lisboa, que acabaram por se perder no tempo. Mas que importância tem isso quando a casa, fundada em Dezembro de 1886, tem sempre alguém da família disposto a agarrar o negócio? Manuel Azevedo Rua, neto do fundador, e a sua prima Graça Fonseca são os dois sócios que estão agora à frente da loja de chapéus mais antiga da capital. A única que sobreviveu no Rossio, entre os hamburgueres da Mc'Donalds e lojas de pronto-a-vestir.A proeza nem sequer surpreende os gerentes da chapelaria. "A casa existe há tanto tempo que já se tornou um dado adquirido para nós", conta Graça Fonseca. Até à data, explica, houve sempre um membro da linhagem de Manuel Aquino d'Azevedo Rua, o fundador, que tomou as rédeas do negócio. E a clientela nunca traiu quem tem chapéus ao gosto e medida de cada um.Ontem como hoje há sempre um cliente a precisar de uma cartola para um casamento, uma boina para esconder a calvíce, um chapéu de plumas para a opereta do São Carlos. Com ou sem dinheiro, todos têm direito ao seu chapéu: "Desde D. Duarte de Bragança até o sem-abrigo da Baixa, que reservou uma boina axadrezada e foi pagando à medida que juntou as moedas. Levou o seu tempo mas acabou por comprá-la", recorda Graça Fonseca.Manuel Aquino d'Azevedo Rua não poderia adivinhar que a sua chapelaria perduraria para além de si próprio. A loja nasceu de um acaso. O seu proprietário deixou os socalcos do Douro, onde era produtor de vinho do Porto, quando a filoxera lhe arruinou a vinha. Veio para a capital com o dinheiro contado que o seu tio padre lhe emprestou. O suficiente para abrir não uma, mas duas lojas no Rossio.Durante décadas ditou a moda entre senhoras e sobretudo cavalheiros, que exibiam os cocos e as cartolas nas tertúlias dos cafés. O negócio, porém, só chegaria verdadeiramente à população feminina em 1988, quando o neto e o bisneto tomaram conta da loja do Rossio. Enquanto por toda a cidade, as chapelarias iam fechando uma a uma, a casa de Azevedo Rua ganhava novo fôlego.Manuel e Francisco deram um outro rumo ao negócio: "Restauraram o espaço, apostaram em chapéus de senhora e contactaram fornecedores de vários países". A notícia depressa se espalhou e não demorou a chegar aos ouvidos do mulherio da capital: "Vieram logo muitas senhoras à procura de chapéus para ocasiões de cerimónia".E nos dias de hoje há chapéus para todos os públicos. "A maioria dos nossos clientes são estrangeiros, desde turistas até imigrantes", conta Álvaro Borges, que trabalha naquela casa há 40 anos. E na Chapelaria Azevedo Rua, enquanto os seus proprietários usarem a cabeça para se adaptarem aos tempos modernos, os chapéus estão para ficar.


Com 120 anos concluídos este ano, há muitos pedaços da história da Chapelaria Azevedo Rua, na Praça D. Pedro IV, em Lisboa, que acabaram por se perder no tempo. Mas que importância tem isso quando a casa, fundada em Dezembro de 1886, tem sempre alguém da família disposto a agarrar o negócio? Manuel Azevedo Rua, neto do fundador, e a sua prima Graça Fonseca são os dois sócios que estão agora à frente da loja de chapéus mais antiga da capital. A única que sobreviveu no Rossio, entre os hamburgueres da Mc'Donalds e lojas de pronto-a-vestir.A proeza nem sequer surpreende os gerentes da chapelaria. "A casa existe há tanto tempo que já se tornou um dado adquirido para nós", conta Graça Fonseca. Até à data, explica, houve sempre um membro da linhagem de Manuel Aquino d'Azevedo Rua, o fundador, que tomou as rédeas do negócio. E a clientela nunca traiu quem tem chapéus ao gosto e medida de cada um.Ontem como hoje há sempre um cliente a precisar de uma cartola para um casamento, uma boina para esconder a calvíce, um chapéu de plumas para a opereta do São Carlos. Com ou sem dinheiro, todos têm direito ao seu chapéu: "Desde D. Duarte de Bragança até o sem-abrigo da Baixa, que reservou uma boina axadrezada e foi pagando à medida que juntou as moedas. Levou o seu tempo mas acabou por comprá-la", recorda Graça Fonseca.Manuel Aquino d'Azevedo Rua não poderia adivinhar que a sua chapelaria perduraria para além de si próprio. A loja nasceu de um acaso. O seu proprietário deixou os socalcos do Douro, onde era produtor de vinho do Porto, quando a filoxera lhe arruinou a vinha. Veio para a capital com o dinheiro contado que o seu tio padre lhe emprestou. O suficiente para abrir não uma, mas duas lojas no Rossio.Durante décadas ditou a moda entre senhoras e sobretudo cavalheiros, que exibiam os cocos e as cartolas nas tertúlias dos cafés. O negócio, porém, só chegaria verdadeiramente à população feminina em 1988, quando o neto e o bisneto tomaram conta da loja do Rossio. Enquanto por toda a cidade, as chapelarias iam fechando uma a uma, a casa de Azevedo Rua ganhava novo fôlego.Manuel e Francisco deram um outro rumo ao negócio: "Restauraram o espaço, apostaram em chapéus de senhora e contactaram fornecedores de vários países". A notícia depressa se espalhou e não demorou a chegar aos ouvidos do mulherio da capital: "Vieram logo muitas senhoras à procura de chapéus para ocasiões de cerimónia".E nos dias de hoje há chapéus para todos os públicos. "A maioria dos nossos clientes são estrangeiros, desde turistas até imigrantes", conta Álvaro Borges, que trabalha naquela casa há 40 anos. E na Chapelaria Azevedo Rua, enquanto os seus proprietários usarem a cabeça para se adaptarem aos tempos modernos, os chapéus estão para ficar.

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