“O que fazer quando o inimigo não é o outro?
Na sexta-feira, a Noruega não viveu um 11 de Setembro mas sim o seu “momento Oklahomaâ€. A frase é de um analista da Universidade de Nova Iorque, em Londres, Hagai Segal, e a referência ao atentado contra um edifÃcio federal em Oklahoma City, em 1995, perpetrado por um bombista solitário, Timothy McVeigh, que causou 168 mortos, é obviamente signiï¬cativa.
Sabe-se muito pouco, até ao momento, sobre as motivações e, sobretudo, sobre as ligações de Anders Behring Breivik, o cidadão norueguês de 32 anos que há dois dias “apareceu do nada†na pequena ilha de Utoya, e começou a perseguir e a assassinar, um por um, fria e incansavelmente, dezenas e dezenas de jovens que participavam num encontro da juventude do Partido Trabalhista, que governa a Noruega.
Depois de ter sido detido, sem opor resistência, Breivik reconheceu que tinha cometido um acto monstruoso. Mas acrescentou que tinha sido “necessárioâ€. A Noruega é um dos paÃses mais livres e prósperos do mundo. Os direitos humanos são a pedra angular da sua vida polÃtica. É um dos paÃses que mais lutam pelos direitos humanos em todo o mundo e tem historicamente uma atitude de abertura em relação aos estrangeiros que a procuram. Essa abertura e o modelo multiculturalista eram os alvos polÃticos de Breivik, um homem que tem ligações a grupos de extema-direita. Não se sabe, no entanto, se os dois atentados de Oslo e de Utoya foram a obra de um homem isolado ou se este tinha ligações a alguma organização, norueguesa ou não.
O que se sabe, como aï¬rma um conselheiro norte-americano na luta contra o extremismo,
Will McCants, é que “tentar matar o primeiroministro da Noruega é uma coisa e não seria surpreendente vinda de elementos extremistas, mas matar cidadãos comuns desde modo é muito pouco habitual de elementos de extrema-direita, especialmente dos europeusâ€.
Mas mesmo ignorando-se se Anders Breivik agiu no quadro de uma organização ou se representa “a emergência do todo-poderoso lobo solitárioâ€, ainda na expressão de McCants, tornou-se claro que os atentados de Oslo e de Utoya criaram um novo paradigma para a violência extremista na Europa. Esse paradigma emula o terrorismo islamista quanto à monstruosidade e ao desprezo pela vida humana. Não teme sacriï¬ car os seus, nem conhece quaisquer limites. Mesmo que tenha sido a obra de um louco solitário, abriu um precedente à escala europeia. E isso é particularmente perigoso, num momento em que as tensões xenófobas e antimuçulmanas percorrem todo o continente europeu, impulsionando uma nova extrema-direita que reage ao multiculturalismo agarrando-se à defesa dos valores identitários e tradicionais. O mesmo estratagema, portanto, que inspira o extremismo islâmico.
Em Oslo e em Utoya, contudo, o inimigo não era o outro, era um de nós. Mas, se esta crise
que percorre a Europa foi aberta pela rejeição do outro, ï¬ cou provado que a semente do terror também pode estar dentro de casa. Os atentados na Noruega são um aviso para todos os europeus.â€
“O que fazer quando o inimigo não é o outro?
Na sexta-feira, a Noruega não viveu um 11 de Setembro mas sim o seu “momento Oklahomaâ€. A frase é de um analista da Universidade de Nova Iorque, em Londres, Hagai Segal, e a referência ao atentado contra um edifÃcio federal em Oklahoma City, em 1995, perpetrado por um bombista solitário, Timothy McVeigh, que causou 168 mortos, é obviamente signiï¬cativa.
Sabe-se muito pouco, até ao momento, sobre as motivações e, sobretudo, sobre as ligações de Anders Behring Breivik, o cidadão norueguês de 32 anos que há dois dias “apareceu do nada†na pequena ilha de Utoya, e começou a perseguir e a assassinar, um por um, fria e incansavelmente, dezenas e dezenas de jovens que participavam num encontro da juventude do Partido Trabalhista, que governa a Noruega.
Depois de ter sido detido, sem opor resistência, Breivik reconheceu que tinha cometido um acto monstruoso. Mas acrescentou que tinha sido “necessárioâ€. A Noruega é um dos paÃses mais livres e prósperos do mundo. Os direitos humanos são a pedra angular da sua vida polÃtica. É um dos paÃses que mais lutam pelos direitos humanos em todo o mundo e tem historicamente uma atitude de abertura em relação aos estrangeiros que a procuram. Essa abertura e o modelo multiculturalista eram os alvos polÃticos de Breivik, um homem que tem ligações a grupos de extema-direita. Não se sabe, no entanto, se os dois atentados de Oslo e de Utoya foram a obra de um homem isolado ou se este tinha ligações a alguma organização, norueguesa ou não.
O que se sabe, como aï¬rma um conselheiro norte-americano na luta contra o extremismo,
Will McCants, é que “tentar matar o primeiroministro da Noruega é uma coisa e não seria surpreendente vinda de elementos extremistas, mas matar cidadãos comuns desde modo é muito pouco habitual de elementos de extrema-direita, especialmente dos europeusâ€.
Mas mesmo ignorando-se se Anders Breivik agiu no quadro de uma organização ou se representa “a emergência do todo-poderoso lobo solitárioâ€, ainda na expressão de McCants, tornou-se claro que os atentados de Oslo e de Utoya criaram um novo paradigma para a violência extremista na Europa. Esse paradigma emula o terrorismo islamista quanto à monstruosidade e ao desprezo pela vida humana. Não teme sacriï¬ car os seus, nem conhece quaisquer limites. Mesmo que tenha sido a obra de um louco solitário, abriu um precedente à escala europeia. E isso é particularmente perigoso, num momento em que as tensões xenófobas e antimuçulmanas percorrem todo o continente europeu, impulsionando uma nova extrema-direita que reage ao multiculturalismo agarrando-se à defesa dos valores identitários e tradicionais. O mesmo estratagema, portanto, que inspira o extremismo islâmico.
Em Oslo e em Utoya, contudo, o inimigo não era o outro, era um de nós. Mas, se esta crise
que percorre a Europa foi aberta pela rejeição do outro, ï¬ cou provado que a semente do terror também pode estar dentro de casa. Os atentados na Noruega são um aviso para todos os europeus.â€