ETNOCENTRISMO – Do Público ao Sérgio Lavos, do Francisco Mendes da Silva aos Serviços Secretos, o mesmo NÓS os unifica e o mesmo OUTRO nos separa. Indelevelmente.

07-10-2019
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“O que fazer quando o inimigo não é o outro?

Na sexta-feira, a Noruega não viveu um 11 de Setembro mas sim o seu “momento Oklahoma”. A frase é de um analista da Universidade de Nova Iorque, em Londres, Hagai Segal, e a referência ao atentado contra um edifício federal em Oklahoma City, em 1995, perpetrado por um bombista solitário, Timothy McVeigh, que causou 168 mortos, é obviamente significativa.

Sabe-se muito pouco, até ao momento, sobre as motivações e, sobretudo, sobre as ligações de Anders Behring Breivik, o cidadão norueguês de 32 anos que há dois dias “apareceu do nada” na pequena ilha de Utoya, e começou a perseguir e a assassinar, um por um, fria e incansavelmente, dezenas e dezenas de jovens que participavam num encontro da juventude do Partido Trabalhista, que governa a Noruega.

Depois de ter sido detido, sem opor resistência, Breivik reconheceu que tinha cometido um acto monstruoso. Mas acrescentou que tinha sido “necessário”. A Noruega é um dos países mais livres e prósperos do mundo. Os direitos humanos são a pedra angular da sua vida política. É um dos países que mais lutam pelos direitos humanos em todo o mundo e tem historicamente uma atitude de abertura em relação aos estrangeiros que a procuram. Essa abertura e o modelo multiculturalista eram os alvos políticos de Breivik, um homem que tem ligações a grupos de extema-direita. Não se sabe, no entanto, se os dois atentados de Oslo e de Utoya foram a obra de um homem isolado ou se este tinha ligações a alguma organização, norueguesa ou não.

O que se sabe, como afirma um conselheiro norte-americano na luta contra o extremismo,

Will McCants, é que “tentar matar o primeiroministro da Noruega é uma coisa e não seria surpreendente vinda de elementos extremistas, mas matar cidadãos comuns desde modo é muito pouco habitual de elementos de extrema-direita, especialmente dos europeus”.

Mas mesmo ignorando-se se Anders Breivik agiu no quadro de uma organização ou se representa “a emergência do todo-poderoso lobo solitário”, ainda na expressão de McCants, tornou-se claro que os atentados de Oslo e de Utoya criaram um novo paradigma para a violência extremista na Europa. Esse paradigma emula o terrorismo islamista quanto à monstruosidade e ao desprezo pela vida humana. Não teme sacrifi car os seus, nem conhece quaisquer limites. Mesmo que tenha sido a obra de um louco solitário, abriu um precedente à escala europeia. E isso é particularmente perigoso, num momento em que as tensões xenófobas e antimuçulmanas percorrem todo o continente europeu, impulsionando uma nova extrema-direita que reage ao multiculturalismo agarrando-se à defesa dos valores identitários e tradicionais. O mesmo estratagema, portanto, que inspira o extremismo islâmico.

Em Oslo e em Utoya, contudo, o inimigo não era o outro, era um de nós. Mas, se esta crise

que percorre a Europa foi aberta pela rejeição do outro, fi cou provado que a semente do terror também pode estar dentro de casa. Os atentados na Noruega são um aviso para todos os europeus.”

“O que fazer quando o inimigo não é o outro?

Na sexta-feira, a Noruega não viveu um 11 de Setembro mas sim o seu “momento Oklahoma”. A frase é de um analista da Universidade de Nova Iorque, em Londres, Hagai Segal, e a referência ao atentado contra um edifício federal em Oklahoma City, em 1995, perpetrado por um bombista solitário, Timothy McVeigh, que causou 168 mortos, é obviamente significativa.

Sabe-se muito pouco, até ao momento, sobre as motivações e, sobretudo, sobre as ligações de Anders Behring Breivik, o cidadão norueguês de 32 anos que há dois dias “apareceu do nada” na pequena ilha de Utoya, e começou a perseguir e a assassinar, um por um, fria e incansavelmente, dezenas e dezenas de jovens que participavam num encontro da juventude do Partido Trabalhista, que governa a Noruega.

Depois de ter sido detido, sem opor resistência, Breivik reconheceu que tinha cometido um acto monstruoso. Mas acrescentou que tinha sido “necessário”. A Noruega é um dos países mais livres e prósperos do mundo. Os direitos humanos são a pedra angular da sua vida política. É um dos países que mais lutam pelos direitos humanos em todo o mundo e tem historicamente uma atitude de abertura em relação aos estrangeiros que a procuram. Essa abertura e o modelo multiculturalista eram os alvos políticos de Breivik, um homem que tem ligações a grupos de extema-direita. Não se sabe, no entanto, se os dois atentados de Oslo e de Utoya foram a obra de um homem isolado ou se este tinha ligações a alguma organização, norueguesa ou não.

O que se sabe, como afirma um conselheiro norte-americano na luta contra o extremismo,

Will McCants, é que “tentar matar o primeiroministro da Noruega é uma coisa e não seria surpreendente vinda de elementos extremistas, mas matar cidadãos comuns desde modo é muito pouco habitual de elementos de extrema-direita, especialmente dos europeus”.

Mas mesmo ignorando-se se Anders Breivik agiu no quadro de uma organização ou se representa “a emergência do todo-poderoso lobo solitário”, ainda na expressão de McCants, tornou-se claro que os atentados de Oslo e de Utoya criaram um novo paradigma para a violência extremista na Europa. Esse paradigma emula o terrorismo islamista quanto à monstruosidade e ao desprezo pela vida humana. Não teme sacrifi car os seus, nem conhece quaisquer limites. Mesmo que tenha sido a obra de um louco solitário, abriu um precedente à escala europeia. E isso é particularmente perigoso, num momento em que as tensões xenófobas e antimuçulmanas percorrem todo o continente europeu, impulsionando uma nova extrema-direita que reage ao multiculturalismo agarrando-se à defesa dos valores identitários e tradicionais. O mesmo estratagema, portanto, que inspira o extremismo islâmico.

Em Oslo e em Utoya, contudo, o inimigo não era o outro, era um de nós. Mas, se esta crise

que percorre a Europa foi aberta pela rejeição do outro, fi cou provado que a semente do terror também pode estar dentro de casa. Os atentados na Noruega são um aviso para todos os europeus.”

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