Ursula menor?

13-07-2019
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Com o início das férias escolares, Xelas esvaziou-se a partir de 29 de Junho. Foram todos embora? Não! O quartier européen resiste a goles de café, há que garantir que o jogo das chaises musicales continua. Próxima etapa: eleição pelo Parlamento Europeu (PE) da indigitada presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. Com 751 deputados, basta uma maioria simples (376) para eleger o novo presidente. No passado, a coisa fez-se pela soma dos votos das duas principais famílias políticas, PPE e PSE, com a possibilidade de se lhes juntarem os liberais. Juncker foi eleito em 2014 com 422 votos. Nas eleições de 2019, as coisas complicaram-se para o PPE (182 deputados) e para o PSE (154), pelo que precisam dos votos dos liberais (108) ou, de forma mais improvável, dos Verdes (74). Os restantes grupos políticos incluem os infréquentables Identidade e Democracia (nacionalistas e populistas, Le Pen, Salvini, AfD et alia) e os eurocépticos e nacionalistas do ECRG (Lei e Justiça da Polónia, Vox e outros), a Esquerda Unida (41), que não se revê na UE, e os não inscritos (51).

A complicar ainda mais as contas no PE há a etapa prévia do marchandage feito no Conselho Europeu, onde só se sentam Governos PPE, PSE e Liberais. O Conselho, com excepção da sra. Merkel, nunca escondeu a pouca apetência pelo método dos Spitzenkandidaten, minado pela ausência de listas plurinacionais. A escolha de Manfred Weber para Spitzenkandidat do PPE – um placeholder – foi entendida pelos habitués como um primeiro sinal de que a sra. Merkel trocaria a chancelaria pelo Berlaymont ou que, no limite, Macron e Merkel acordariam um nome para a futura presidente da Comissão Europeia. Fizeram--se apostas a favor de Christine Lagarde, que acabou por ficar com a terminação (o BCE). Mas o eixo Paris-Berlim voltou a funcionar, para maior desdita do candidato do PSE à Comissão.

Von der Leyen tem estado em campanha por Xelas, reunindo-se com os eurodeputados e prometendo quase tudo a quase todos, procurando cativar os Liberais e, se possível, os Verdes. Estes últimos já fizeram saber que votarão contra. Os liberais, agora na fórmula à la Macron de “Renew Europe”, apresentaram um razoável caderno de encargos: Margrethe Vestager como vice-presidente da Comissão a par de Timmermans, um reforço da fiscalização do respeito pelo Estado de direito (o que implica beliscar Hungria, Polónia, Bulgária e Roménia, dois deles com Governos PPE), uma conferência sobre o futuro da Europa e uma iniciativa legislativa a favor das listas transnacionais para o PE.

O maior problema de Von der Leyen poderá vir do PSE. Mesmo que Pedro Sánchez garanta o pleno dos 20 eurodeputados do PSOE como penhor da escolha de Borrell para alto representante da UE, sobram 134 deputados, de 25 outros Estados com uma grande atomização. A começar pelos 16 do SPD, que mais depressa acabarão com a Große Koalition em Berlim do que votarão em Von der Leyen. António Costa, que acumulou um muito razoável capital de queixa em relação às escolhas do Conselho na semana passada, irá tentar vender pelo melhor preço possível os nove eurodeputados do PS, trocando-os por uma pasta de comissário para Pedro Marques. Sempre pródigo no conselho aos indígenas, Durão Barroso apressou-se a dizer que o futuro presidente da Comissão irá pedir curricula de candidatas a integrarem o collège, num sistema de quotas com discriminação positiva do género feminino no momento da distribuição dos pelouros.

Escreve à sexta-feira, sem adopção das regras do acordo ortográfico de 1990

Com o início das férias escolares, Xelas esvaziou-se a partir de 29 de Junho. Foram todos embora? Não! O quartier européen resiste a goles de café, há que garantir que o jogo das chaises musicales continua. Próxima etapa: eleição pelo Parlamento Europeu (PE) da indigitada presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. Com 751 deputados, basta uma maioria simples (376) para eleger o novo presidente. No passado, a coisa fez-se pela soma dos votos das duas principais famílias políticas, PPE e PSE, com a possibilidade de se lhes juntarem os liberais. Juncker foi eleito em 2014 com 422 votos. Nas eleições de 2019, as coisas complicaram-se para o PPE (182 deputados) e para o PSE (154), pelo que precisam dos votos dos liberais (108) ou, de forma mais improvável, dos Verdes (74). Os restantes grupos políticos incluem os infréquentables Identidade e Democracia (nacionalistas e populistas, Le Pen, Salvini, AfD et alia) e os eurocépticos e nacionalistas do ECRG (Lei e Justiça da Polónia, Vox e outros), a Esquerda Unida (41), que não se revê na UE, e os não inscritos (51).

A complicar ainda mais as contas no PE há a etapa prévia do marchandage feito no Conselho Europeu, onde só se sentam Governos PPE, PSE e Liberais. O Conselho, com excepção da sra. Merkel, nunca escondeu a pouca apetência pelo método dos Spitzenkandidaten, minado pela ausência de listas plurinacionais. A escolha de Manfred Weber para Spitzenkandidat do PPE – um placeholder – foi entendida pelos habitués como um primeiro sinal de que a sra. Merkel trocaria a chancelaria pelo Berlaymont ou que, no limite, Macron e Merkel acordariam um nome para a futura presidente da Comissão Europeia. Fizeram--se apostas a favor de Christine Lagarde, que acabou por ficar com a terminação (o BCE). Mas o eixo Paris-Berlim voltou a funcionar, para maior desdita do candidato do PSE à Comissão.

Von der Leyen tem estado em campanha por Xelas, reunindo-se com os eurodeputados e prometendo quase tudo a quase todos, procurando cativar os Liberais e, se possível, os Verdes. Estes últimos já fizeram saber que votarão contra. Os liberais, agora na fórmula à la Macron de “Renew Europe”, apresentaram um razoável caderno de encargos: Margrethe Vestager como vice-presidente da Comissão a par de Timmermans, um reforço da fiscalização do respeito pelo Estado de direito (o que implica beliscar Hungria, Polónia, Bulgária e Roménia, dois deles com Governos PPE), uma conferência sobre o futuro da Europa e uma iniciativa legislativa a favor das listas transnacionais para o PE.

O maior problema de Von der Leyen poderá vir do PSE. Mesmo que Pedro Sánchez garanta o pleno dos 20 eurodeputados do PSOE como penhor da escolha de Borrell para alto representante da UE, sobram 134 deputados, de 25 outros Estados com uma grande atomização. A começar pelos 16 do SPD, que mais depressa acabarão com a Große Koalition em Berlim do que votarão em Von der Leyen. António Costa, que acumulou um muito razoável capital de queixa em relação às escolhas do Conselho na semana passada, irá tentar vender pelo melhor preço possível os nove eurodeputados do PS, trocando-os por uma pasta de comissário para Pedro Marques. Sempre pródigo no conselho aos indígenas, Durão Barroso apressou-se a dizer que o futuro presidente da Comissão irá pedir curricula de candidatas a integrarem o collège, num sistema de quotas com discriminação positiva do género feminino no momento da distribuição dos pelouros.

Escreve à sexta-feira, sem adopção das regras do acordo ortográfico de 1990

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