25 imagens icónicas do momento que mudou o País

31-08-2019
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Façamos primeiro uma revisão da matéria dada, agora que mais de metade da população portuguesa já nasceu em democracia. Reza a história que um grupo de militares do MFA, a sigla para Movimento das Forças Armadas, ocupou os estúdios do Rádio Clube Português e, através da rádio, explicaram à população o que pretendiam: que o País fosse de novo uma democracia, com eleições e liberdade.

Ao mesmo tempo, uma coluna militar marchava para Lisboa onde tomou posições junto dos ministérios, cercando depois o quartel da GNR do Carmo, onde se tinha refugiado Marcelo Caetano, o sucessor de Salazar à frente da ditadura.

Ao mesmo tempo, ao longo do dia, a população foi-se juntando aos militares – e o que era um golpe de Estado tornou-se uma revolução, ditando a queda da ditadura.

Ao nos debruçarmos sobre as imagens da época isso é notório, num rol que termina já com o desfile daquele primeiro 1º de Maio, o que ajuda a explicar a presença de Mário Soares, então no exílio em França e que, mal soube do que estava em curso, se meteu no comboio para Lisboa.

Foram dias em que as ruas de Lisboa se encheram de gente como nunca se tinha visto, algo que também ficaria para a posteridade num quadro de Vieira da Silva, acompanhado do slogan “A poesia está na rua”.

Esta quinta-feira, 25, comemoramos mais um aniversário desse dia 25 de Abril de 1974, no Parlamento e na rua, mas nem sempre foi assim: as comemorações. A primeira sessão na casa da democracia só ocorreu em 1977, numa sessão que ainda refletia as divisões da “revolução” e até entre as várias esquerdas.

A Revolução dos Cravos, como seria eternizada, já tinha acontecido havia 3 anos; o período revolucionário do Verão Quente, em 1975, tinha passado e o país já votara em quatro eleições – para a Constituinte, legislativas, presidenciais, locais e presidenciais. E o Governo, bom, era do PS, liderado por Mário Soares (1924-2017), regressado do exílio pouco dias depois daquele “dia inicial, inteiro e limpo”, como foi perpetuado no poema de Sophia.

E se não houve sessão comemorativa na Assembleia da República nos dois anos anteriores foi porque nesses dias 25 de abril de 1975 e de 1976 se realizaram eleições, para Assembleia Constituinte e legislativas.

Recuando a 1977, à primeira sessão comemorativa, é preciso dizer então que não foi a 25, mas a 26 – numa assembleia em que estavam representados cinco partidos: PS, PSD, CDS, PCP e UDP. Os discursos foram publicados, em livro, nos 25 anos do 25 de Abril, pela Assembleia da República, e disponibilizados no ‘site’ do parlamento.

Nessa altura, como hoje, a palavra era dada à bancada mais pequena, no caso, a UDP e Acácio Barreiros, prosseguindo com Octávio Pato, do PCP, Sá Machado, do CDS, Barbosa de Melo, do PSD, e Salgado Zenha, do PS. E o que disseram eles?

De farto bigode, imagem de marca da época, Acácio Barreiros (1948-2004) atacava as políticas de concessões “aos grandes capitalistas e agrários” e à ingerência externa e usou uma frase célebre pintada então em ‘grafitis’ pelo país: “Os ricos que paguem a crise.”

“A única política capaz de galvanizar o povo de Norte a Sul, no continente e nas ilhas assenta em três pontos fundamentais: os ricos que paguem a crise; para que o povo seja livre há que reprimir os fascistas; imperialistas fora de Portugal”, afirmou.

Os discursos seguiram à esquerda, com Octávio Pato (1925-1999), histórico do PCP, do alto da tribuna, a proclamar “solenemente” os valores do 25 de Abril “contra dúvidas e desânimos, contra ações ou ameaças terroristas, contra conspirações reacionárias, contra calúnias e insultos, contra propósitos de desforra e de vingança, que a democracia não se submete, que o 25 de Abril não se rende, que em Portugal haverá 25 de Abril sempre”.

O primeiro discurso à direita pertenceu a Victor Sá Machado, do CDS (1933-2002), que se referiu à “revolução traída pelas aventuras totalitárias”, numa referência aos tempos conturbados do Verão Quente, e apresentou o seu partido como “uma alternativa não socialista, europeia e cristã-democrata”.

Mais ao centro, António Barbosa de Melo (1932-2016), do PSD, lembrou as “lições” retiradas da revolução e do 25 de Abril, a começar pelo “merecimento e o êxito da luta pela liberdade política”, resultado do “ânimo e vontade” de gerações na luta pela liberdade.

Francisco Salgado Zenha (1923-1993) foi o orador escolhido pelo PS para esta sessão em que usou o termo do “socialismo em liberdade”.

“Em liberdade porque não consentiremos que ela jamais desapareça da terra portuguesa”, disse, afirmando ainda: “A liberdade gera liberdade. A ditadura reproduz a ditadura.”

De pé foi aplaudido o general Ramalho Eanes, o “operacional” do 25 de Novembro de 1975 eleito um ano antes Presidente da República, que falou em liberdade, mas também dos problemas económicos do país.

E terminou com a seguinte frase: “Só a eficácia da democracia permite manter a estima do povo pelo regime democrático. E é ainda a defesa da democracia que exigirá a procura de alternativas que a garantam. Nesta hora do nosso destino de nação independente, não é legítimo ignorar a crise que nos ameaça: o estado da nossa economia, as contradições que dilaceram a nossa sociedade. Vivemos a primeira oportunidade democrática em meio século.”

Este ano, o 45.º aniversário da “Revolução dos Cravos” é assinalado com a habitual sessão solene no hemiciclo, de manhã. À tarde, as portas da assembleia estão abertas ao público.

O presidente do parlamento, Ferro Rodrigues, abre a sessão no hemiciclo pelas dez da manhã, depois de a banda da GNR executar o Hino Nacional, nos Passos Perdidos, e dá a palavra aos representantes dos grupos parlamentares.

O primeiro a intervir é o deputado único do PAN (Pessoas-Animais-Natureza), André Silva, e a seguir será a deputada do PEV Heloísa Apolónia. Depois é a vez da deputada Diana Ferreira, do PCP, Filipe Anacoreta Correia, do CDS-PP, Jorge Falcato, do Bloco de Esquerda, Carlos César, do PS, e Pedro Roque, do PSD.

A sessão encerra com as intervenções de Ferro Rodrigues e Marcelo Rebelo de Sousa, que faz, este ano, o seu quarto discurso como Presidente da República, perante os deputados.

À tarde, a partir das 15:00, a Assembleia da República abre as suas portas, podendo os visitantes conhecer os corredores e o interior do palácio, com visitas livres e atividades culturais.

Na livraria parlamentar decorrem ‘workshops’ de pintura, com o tema “Abril, artistas mil”, e nos corredores da Assembleia está patente a exposição “Cinquenta anos a fazer p.arte”, de António Colaço, ex-assessor do PS, que inclui a chaimite “Palavril”, estacionada em frente ao novo edifício da Assembleia.

Em Lisboa, à tarde, organizado pela Associação 25 de Abril, realiza-se ainda o tradicional desfile popular, a partir do Marquês de Pombal até ao Rossio.

Também à tarde, a residência oficial do primeiro-ministro volta a estar aberta ao público no feriado de 25 de Abril, com um programa que inclui um concerto de António Zambujo e leitura de poemas de Sophia de Mello Breyner.

Tal como em anos anteriores, durante da tarde de 25 de Abril, António Costa passeará pelos jardins de São Bento e acompanhará as atividades culturais a partir do início da tarde, fazendo uma breve intervenção pouco antes das cinco horas, antes de inaugurar pelas seis e meia, na Fortaleza de Peniche, um memorial em homenagem aos presos políticos.

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Façamos primeiro uma revisão da matéria dada, agora que mais de metade da população portuguesa já nasceu em democracia. Reza a história que um grupo de militares do MFA, a sigla para Movimento das Forças Armadas, ocupou os estúdios do Rádio Clube Português e, através da rádio, explicaram à população o que pretendiam: que o País fosse de novo uma democracia, com eleições e liberdade.

Ao mesmo tempo, uma coluna militar marchava para Lisboa onde tomou posições junto dos ministérios, cercando depois o quartel da GNR do Carmo, onde se tinha refugiado Marcelo Caetano, o sucessor de Salazar à frente da ditadura.

Ao mesmo tempo, ao longo do dia, a população foi-se juntando aos militares – e o que era um golpe de Estado tornou-se uma revolução, ditando a queda da ditadura.

Ao nos debruçarmos sobre as imagens da época isso é notório, num rol que termina já com o desfile daquele primeiro 1º de Maio, o que ajuda a explicar a presença de Mário Soares, então no exílio em França e que, mal soube do que estava em curso, se meteu no comboio para Lisboa.

Foram dias em que as ruas de Lisboa se encheram de gente como nunca se tinha visto, algo que também ficaria para a posteridade num quadro de Vieira da Silva, acompanhado do slogan “A poesia está na rua”.

Esta quinta-feira, 25, comemoramos mais um aniversário desse dia 25 de Abril de 1974, no Parlamento e na rua, mas nem sempre foi assim: as comemorações. A primeira sessão na casa da democracia só ocorreu em 1977, numa sessão que ainda refletia as divisões da “revolução” e até entre as várias esquerdas.

A Revolução dos Cravos, como seria eternizada, já tinha acontecido havia 3 anos; o período revolucionário do Verão Quente, em 1975, tinha passado e o país já votara em quatro eleições – para a Constituinte, legislativas, presidenciais, locais e presidenciais. E o Governo, bom, era do PS, liderado por Mário Soares (1924-2017), regressado do exílio pouco dias depois daquele “dia inicial, inteiro e limpo”, como foi perpetuado no poema de Sophia.

E se não houve sessão comemorativa na Assembleia da República nos dois anos anteriores foi porque nesses dias 25 de abril de 1975 e de 1976 se realizaram eleições, para Assembleia Constituinte e legislativas.

Recuando a 1977, à primeira sessão comemorativa, é preciso dizer então que não foi a 25, mas a 26 – numa assembleia em que estavam representados cinco partidos: PS, PSD, CDS, PCP e UDP. Os discursos foram publicados, em livro, nos 25 anos do 25 de Abril, pela Assembleia da República, e disponibilizados no ‘site’ do parlamento.

Nessa altura, como hoje, a palavra era dada à bancada mais pequena, no caso, a UDP e Acácio Barreiros, prosseguindo com Octávio Pato, do PCP, Sá Machado, do CDS, Barbosa de Melo, do PSD, e Salgado Zenha, do PS. E o que disseram eles?

De farto bigode, imagem de marca da época, Acácio Barreiros (1948-2004) atacava as políticas de concessões “aos grandes capitalistas e agrários” e à ingerência externa e usou uma frase célebre pintada então em ‘grafitis’ pelo país: “Os ricos que paguem a crise.”

“A única política capaz de galvanizar o povo de Norte a Sul, no continente e nas ilhas assenta em três pontos fundamentais: os ricos que paguem a crise; para que o povo seja livre há que reprimir os fascistas; imperialistas fora de Portugal”, afirmou.

Os discursos seguiram à esquerda, com Octávio Pato (1925-1999), histórico do PCP, do alto da tribuna, a proclamar “solenemente” os valores do 25 de Abril “contra dúvidas e desânimos, contra ações ou ameaças terroristas, contra conspirações reacionárias, contra calúnias e insultos, contra propósitos de desforra e de vingança, que a democracia não se submete, que o 25 de Abril não se rende, que em Portugal haverá 25 de Abril sempre”.

O primeiro discurso à direita pertenceu a Victor Sá Machado, do CDS (1933-2002), que se referiu à “revolução traída pelas aventuras totalitárias”, numa referência aos tempos conturbados do Verão Quente, e apresentou o seu partido como “uma alternativa não socialista, europeia e cristã-democrata”.

Mais ao centro, António Barbosa de Melo (1932-2016), do PSD, lembrou as “lições” retiradas da revolução e do 25 de Abril, a começar pelo “merecimento e o êxito da luta pela liberdade política”, resultado do “ânimo e vontade” de gerações na luta pela liberdade.

Francisco Salgado Zenha (1923-1993) foi o orador escolhido pelo PS para esta sessão em que usou o termo do “socialismo em liberdade”.

“Em liberdade porque não consentiremos que ela jamais desapareça da terra portuguesa”, disse, afirmando ainda: “A liberdade gera liberdade. A ditadura reproduz a ditadura.”

De pé foi aplaudido o general Ramalho Eanes, o “operacional” do 25 de Novembro de 1975 eleito um ano antes Presidente da República, que falou em liberdade, mas também dos problemas económicos do país.

E terminou com a seguinte frase: “Só a eficácia da democracia permite manter a estima do povo pelo regime democrático. E é ainda a defesa da democracia que exigirá a procura de alternativas que a garantam. Nesta hora do nosso destino de nação independente, não é legítimo ignorar a crise que nos ameaça: o estado da nossa economia, as contradições que dilaceram a nossa sociedade. Vivemos a primeira oportunidade democrática em meio século.”

Este ano, o 45.º aniversário da “Revolução dos Cravos” é assinalado com a habitual sessão solene no hemiciclo, de manhã. À tarde, as portas da assembleia estão abertas ao público.

O presidente do parlamento, Ferro Rodrigues, abre a sessão no hemiciclo pelas dez da manhã, depois de a banda da GNR executar o Hino Nacional, nos Passos Perdidos, e dá a palavra aos representantes dos grupos parlamentares.

O primeiro a intervir é o deputado único do PAN (Pessoas-Animais-Natureza), André Silva, e a seguir será a deputada do PEV Heloísa Apolónia. Depois é a vez da deputada Diana Ferreira, do PCP, Filipe Anacoreta Correia, do CDS-PP, Jorge Falcato, do Bloco de Esquerda, Carlos César, do PS, e Pedro Roque, do PSD.

A sessão encerra com as intervenções de Ferro Rodrigues e Marcelo Rebelo de Sousa, que faz, este ano, o seu quarto discurso como Presidente da República, perante os deputados.

À tarde, a partir das 15:00, a Assembleia da República abre as suas portas, podendo os visitantes conhecer os corredores e o interior do palácio, com visitas livres e atividades culturais.

Na livraria parlamentar decorrem ‘workshops’ de pintura, com o tema “Abril, artistas mil”, e nos corredores da Assembleia está patente a exposição “Cinquenta anos a fazer p.arte”, de António Colaço, ex-assessor do PS, que inclui a chaimite “Palavril”, estacionada em frente ao novo edifício da Assembleia.

Em Lisboa, à tarde, organizado pela Associação 25 de Abril, realiza-se ainda o tradicional desfile popular, a partir do Marquês de Pombal até ao Rossio.

Também à tarde, a residência oficial do primeiro-ministro volta a estar aberta ao público no feriado de 25 de Abril, com um programa que inclui um concerto de António Zambujo e leitura de poemas de Sophia de Mello Breyner.

Tal como em anos anteriores, durante da tarde de 25 de Abril, António Costa passeará pelos jardins de São Bento e acompanhará as atividades culturais a partir do início da tarde, fazendo uma breve intervenção pouco antes das cinco horas, antes de inaugurar pelas seis e meia, na Fortaleza de Peniche, um memorial em homenagem aos presos políticos.

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