A sério que os políticos se casam uns com os outros?

10-08-2018
marcar artigo

Se algum médico me está a ler faça o exercício de contar o número de colegas que conhece que é casado com médicos, filho de médicos, irmão de médicos. E os advogados? E quantos dos jornalistas que têm assinalado a endogamia na política são casados com jornalistas?

Tenho lido muitos textos sobre a endogamia no PS. Como são todos casados uns com os outros, pais uns dos outros, irmãos uns dos outros ou vivem uns com os outros. Coisa que não se vê em mais lado nenhum. Já passámos do “só neste país” para o “só no PS”. De um dia para o outro instalou-se a ideia que os socialistas são uma grande família. Há, aliás, uma quantidade de coisas sobre Portugal que só foram descobertas nos dois últimos anos: que o interior está vazio, que o Estado funciona mal, que há IPSS têm muito dinheiro e pouca fiscalização, que há muitos familiares na política... perdão, no PS.

Crendo que este era um fenómeno estritamente socialista, foi com espanto que ouvi, na Comissão que inquiria Vieira da Silva (pai da secretária de Estado Mariana Vieira da Silva e, fiquei a saber, companheiro da deputada Sónia Fertuzinhos), a deputada Carla Marques Mendes. O nome soou-me familiar e descobri que é filha do falecido fundador do PPD, presidente da Câmara Municipal de Fafe e deputado do partido António Marques Mendes e irmã do antigo líder do PSD Luís Marques Mendes. Depois há Emídio Guerreiro, sobrinho neto de outro conhecido fundador do PPD. Ou no CDS, ainda mais distante da bancada do PS, Filipe Anacoreta Correia, que, reparo com espanto, tem o apelido de dois antigos deputados do mesmíssimo partido: Eugénio e Miguel. Parece que são pai e tio, respetivamente. Há até parentescos politicamente mais distantes, como Isabel Moreira (PS) e Adriano Moreira (CDS). Consta que até há duas irmãs gémeas (Mariana e Joana), deputadas do mesmo partido e filhas de um conhecido político retirado (Camilo Mortágua). Até eu, que tanto tempo dediquei à política, tenho um irmão que foi deputado do partido que ajudei a fundar que por sua vez é filho de um ex-deputado do PCP. Fiquei-me, neste resumo rápido e sem qualquer pesquisa, pelos parentescos de consanguinidade. Se forem ver os casamentos e as uniões de facto nunca mais páram. E descobrem, com espanto, que o padrão que agora se assinala no PS é comum a todos os partidos.

Para continuar a ler o artigo, clique AQUI

(acesso gratuito para Assinantes ou basta usar o código que está na capa da revista E do Expresso, pode usar a app do Expresso - iOS e android - para fotografar o código e o acesso será logo concedido)

Se algum médico me está a ler faça o exercício de contar o número de colegas que conhece que é casado com médicos, filho de médicos, irmão de médicos. E os advogados? E quantos dos jornalistas que têm assinalado a endogamia na política são casados com jornalistas?

Tenho lido muitos textos sobre a endogamia no PS. Como são todos casados uns com os outros, pais uns dos outros, irmãos uns dos outros ou vivem uns com os outros. Coisa que não se vê em mais lado nenhum. Já passámos do “só neste país” para o “só no PS”. De um dia para o outro instalou-se a ideia que os socialistas são uma grande família. Há, aliás, uma quantidade de coisas sobre Portugal que só foram descobertas nos dois últimos anos: que o interior está vazio, que o Estado funciona mal, que há IPSS têm muito dinheiro e pouca fiscalização, que há muitos familiares na política... perdão, no PS.

Crendo que este era um fenómeno estritamente socialista, foi com espanto que ouvi, na Comissão que inquiria Vieira da Silva (pai da secretária de Estado Mariana Vieira da Silva e, fiquei a saber, companheiro da deputada Sónia Fertuzinhos), a deputada Carla Marques Mendes. O nome soou-me familiar e descobri que é filha do falecido fundador do PPD, presidente da Câmara Municipal de Fafe e deputado do partido António Marques Mendes e irmã do antigo líder do PSD Luís Marques Mendes. Depois há Emídio Guerreiro, sobrinho neto de outro conhecido fundador do PPD. Ou no CDS, ainda mais distante da bancada do PS, Filipe Anacoreta Correia, que, reparo com espanto, tem o apelido de dois antigos deputados do mesmíssimo partido: Eugénio e Miguel. Parece que são pai e tio, respetivamente. Há até parentescos politicamente mais distantes, como Isabel Moreira (PS) e Adriano Moreira (CDS). Consta que até há duas irmãs gémeas (Mariana e Joana), deputadas do mesmo partido e filhas de um conhecido político retirado (Camilo Mortágua). Até eu, que tanto tempo dediquei à política, tenho um irmão que foi deputado do partido que ajudei a fundar que por sua vez é filho de um ex-deputado do PCP. Fiquei-me, neste resumo rápido e sem qualquer pesquisa, pelos parentescos de consanguinidade. Se forem ver os casamentos e as uniões de facto nunca mais páram. E descobrem, com espanto, que o padrão que agora se assinala no PS é comum a todos os partidos.

Para continuar a ler o artigo, clique AQUI

(acesso gratuito para Assinantes ou basta usar o código que está na capa da revista E do Expresso, pode usar a app do Expresso - iOS e android - para fotografar o código e o acesso será logo concedido)

marcar artigo