A “rutura dos serviços públicos” que a esquerda nega

19-02-2017
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PCP, BE, PS e PEV rejeitam as críticas da direita sobre os problemas atuais nos transportes públicos, nas escolas, hospitais e universidades, lembrando que o "ponto de partida" destes problemas está precisamente nos quatro anos de governação do PSD e CDS

É nos transportes públicos, hospitais, escolas e universidades que o CDS vê a “rutura dos serviços públicos” e a “fatura da agenda das esquerdas”. “Percebemos o que o PS queria dizer sobre 'leitura inteligente da disciplina orçamental'”, sublinhou a deputada centrista Cecília Meireles, no arranque do debate desta quarta-feira na Assembleia da República, criticando os cortes e cativações do atual Governo, a que a esquerda responde atribuindo responsabilidades à governação do PSD/CDS.

“Há filas intermináveis para apanhar autocarros e comboios, uma situação inacreditável com os bilhetes de metro e que o ministro do Ambiente diz ter sido um azar, o que me parece a pior palavra para descrever este inferno diário”, afirmou a deputada do CDS. Quanto aos hospitais, aponta, “estão dependentes de autorizações do Governo para reparar máquinas de exames ou adquirir medicamentos”, lembrando ainda o facto de haver “pagamentos em atraso”.

Nas escolas, o “problema está longe de estar resolvido”, apesar de o Governo ter desbloqueado a contratação de funcionários para as escolas esta semana. E acrescentou: “Há 44 milhões de euros de cativações para as universidades”.

Eduardo Cabrita, ministro-adjunto, recusou as críticas do CDS, considerando-as “um ato de contrição” tendo em conta os anos de governação do anterior Executivo. “Quem se orgulhava do número de estabelecimentos de ensino, da redução de professores, da despesa afeta ao serviço público de saúde, da forma como se degradou a oferta dos transportes públicos, e de pôr os tribunais a julgar a mais de 100 quilómetros dos cidadãos, é agora quem agenda um debate de defesa do serviço público.”

Acusando o CDS de ter “fracassado” no serviço público, Eduardo Cabrita lembra o que já foi feito, referindo os 500 mil portugueses que passaram a ter médico de família, os mais de 200 médicos aposentados que voltaram ao serviço e o incentivo de fixação de médicos no interior.

Às críticas do CDS junta-se o PSD, acreditando que a “rutura dos serviços públicos” se junta a outras faturas do atual Governo como os impostos ou a dívida pública, segundo disse o deputado António Leitão Amaro. Pagamentos em atraso, cortes e cativações “prejudicam o serviço público”, afirmou. “Esta rutura dos serviços públicos é um comportamento que magoa e aflige a vida das pessoas.”

Leitão Amaro criticou as “piores condições nos transportes”, refletidas nos “atrasos e filas, carruagens e navios em manutenção ou na supressão de carreiras de transporte”, para além dos problemas na Saúde. “Nem um ano passou e vimos todos os agentes do sector juntarem-se e dizerem que há uma situação de emergência na saúde. É o resultado da vossa governação.”

Já na Educação, o deputado social-democrata fala na falta de funcionários, na falta de dinheiro das escolas “para pagar água e luz” e nos atrasos no pagamento às escolas profissionais.

Esquerda responde às críticas

Os partidos da esquerda são unânimes: os problemas já vêm de trás. “O CDS foi responsável pela degradação dos serviços públicos e pelo agravamento da prestação de serviços públicos”, apontou Paula Santos, deputada do PCP.

Também o Bloco considerou que a iniciativa do CDS em trazer a debate os serviços públicos “é despudoradamente oportunista”, segundo defendeu Mariana Mortágua, questionando a “legitimidade” dos centristas em criticar os serviços públicos. “Não podemos ter esta discussão com seriedade sem valorizar o ponto de partida: o ataque do governo anterior aos serviços públicos.”

“Durante quatro anos, emagreceram os transportes do Porto e de Lisboa”, lembrou o deputado socialista João Paulo Correia, acrescentando que entre 2011 e 2015 passou a haver menos 1080 trabalhadores nas empresas de transportes urbanos. O “desinvestimento” do Governo PSD/CDS, já discutido esta manhã na audição do Ministro do Ambiente sobre os problemas dos transportes coletivos na comissão de Economia, é apontado a dedo como uma das razões dos problemas de hoje. E até houve melhorias, acrescenta o deputado. “A procura nos transportes urbanos em Lisboa até setembro cresceu 2,5% na Carris e 10% no Metro de Lisboa.”

“O CDS lembrou-se agora dos serviços públicos. Mais vale tarde do que nunca”, ironizou José Luís Ferreira, deputado dos Verdes, acrescentando que "assegurar o interesse das populações" era o que "devia merecer mais atenção". “Despedir era a palavra de ordem do Governo, que o acompanhou até ao fim dos seus dias.”

No encerramento do debate, Nuno Magalhães, líder parlamentar do CDS, disse que este debate “não é um ato de contrição, é de acusação”, em resposta à intervenção do ministro Eduardo Cabrita. “Prometeram o fim da austeridade. E a austeridade não acabou.”

PCP, BE, PS e PEV rejeitam as críticas da direita sobre os problemas atuais nos transportes públicos, nas escolas, hospitais e universidades, lembrando que o "ponto de partida" destes problemas está precisamente nos quatro anos de governação do PSD e CDS

É nos transportes públicos, hospitais, escolas e universidades que o CDS vê a “rutura dos serviços públicos” e a “fatura da agenda das esquerdas”. “Percebemos o que o PS queria dizer sobre 'leitura inteligente da disciplina orçamental'”, sublinhou a deputada centrista Cecília Meireles, no arranque do debate desta quarta-feira na Assembleia da República, criticando os cortes e cativações do atual Governo, a que a esquerda responde atribuindo responsabilidades à governação do PSD/CDS.

“Há filas intermináveis para apanhar autocarros e comboios, uma situação inacreditável com os bilhetes de metro e que o ministro do Ambiente diz ter sido um azar, o que me parece a pior palavra para descrever este inferno diário”, afirmou a deputada do CDS. Quanto aos hospitais, aponta, “estão dependentes de autorizações do Governo para reparar máquinas de exames ou adquirir medicamentos”, lembrando ainda o facto de haver “pagamentos em atraso”.

Nas escolas, o “problema está longe de estar resolvido”, apesar de o Governo ter desbloqueado a contratação de funcionários para as escolas esta semana. E acrescentou: “Há 44 milhões de euros de cativações para as universidades”.

Eduardo Cabrita, ministro-adjunto, recusou as críticas do CDS, considerando-as “um ato de contrição” tendo em conta os anos de governação do anterior Executivo. “Quem se orgulhava do número de estabelecimentos de ensino, da redução de professores, da despesa afeta ao serviço público de saúde, da forma como se degradou a oferta dos transportes públicos, e de pôr os tribunais a julgar a mais de 100 quilómetros dos cidadãos, é agora quem agenda um debate de defesa do serviço público.”

Acusando o CDS de ter “fracassado” no serviço público, Eduardo Cabrita lembra o que já foi feito, referindo os 500 mil portugueses que passaram a ter médico de família, os mais de 200 médicos aposentados que voltaram ao serviço e o incentivo de fixação de médicos no interior.

Às críticas do CDS junta-se o PSD, acreditando que a “rutura dos serviços públicos” se junta a outras faturas do atual Governo como os impostos ou a dívida pública, segundo disse o deputado António Leitão Amaro. Pagamentos em atraso, cortes e cativações “prejudicam o serviço público”, afirmou. “Esta rutura dos serviços públicos é um comportamento que magoa e aflige a vida das pessoas.”

Leitão Amaro criticou as “piores condições nos transportes”, refletidas nos “atrasos e filas, carruagens e navios em manutenção ou na supressão de carreiras de transporte”, para além dos problemas na Saúde. “Nem um ano passou e vimos todos os agentes do sector juntarem-se e dizerem que há uma situação de emergência na saúde. É o resultado da vossa governação.”

Já na Educação, o deputado social-democrata fala na falta de funcionários, na falta de dinheiro das escolas “para pagar água e luz” e nos atrasos no pagamento às escolas profissionais.

Esquerda responde às críticas

Os partidos da esquerda são unânimes: os problemas já vêm de trás. “O CDS foi responsável pela degradação dos serviços públicos e pelo agravamento da prestação de serviços públicos”, apontou Paula Santos, deputada do PCP.

Também o Bloco considerou que a iniciativa do CDS em trazer a debate os serviços públicos “é despudoradamente oportunista”, segundo defendeu Mariana Mortágua, questionando a “legitimidade” dos centristas em criticar os serviços públicos. “Não podemos ter esta discussão com seriedade sem valorizar o ponto de partida: o ataque do governo anterior aos serviços públicos.”

“Durante quatro anos, emagreceram os transportes do Porto e de Lisboa”, lembrou o deputado socialista João Paulo Correia, acrescentando que entre 2011 e 2015 passou a haver menos 1080 trabalhadores nas empresas de transportes urbanos. O “desinvestimento” do Governo PSD/CDS, já discutido esta manhã na audição do Ministro do Ambiente sobre os problemas dos transportes coletivos na comissão de Economia, é apontado a dedo como uma das razões dos problemas de hoje. E até houve melhorias, acrescenta o deputado. “A procura nos transportes urbanos em Lisboa até setembro cresceu 2,5% na Carris e 10% no Metro de Lisboa.”

“O CDS lembrou-se agora dos serviços públicos. Mais vale tarde do que nunca”, ironizou José Luís Ferreira, deputado dos Verdes, acrescentando que "assegurar o interesse das populações" era o que "devia merecer mais atenção". “Despedir era a palavra de ordem do Governo, que o acompanhou até ao fim dos seus dias.”

No encerramento do debate, Nuno Magalhães, líder parlamentar do CDS, disse que este debate “não é um ato de contrição, é de acusação”, em resposta à intervenção do ministro Eduardo Cabrita. “Prometeram o fim da austeridade. E a austeridade não acabou.”

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