ESPUMADAMENTE: Causas e estupidez naturais

11-07-2018
marcar artigo

[5532]

Em matéria de proselitismo, temos para todos os gostos.
Temos os que aspiram a um tachinho, os que têm medo de ser despedidos pelos
jornais ou pelas televisões, os que têm o mundo limitado pelas pálpebras, os
que não gostam do Passos Coelho, os que lhes disseram para não gostarem do
Passos Coelho e há os simplesmente parvos. Também há uns quantos que leram umas
cartilhas, mas alguns deles confundem-nas e às vezes enganam-se e quando pensam
que estão a ler matéria universalista, internacionalista e sobre o homem novo estão
a ler os mails que aquela criatura façanhuda do FêQuêPê “amanda” para o Porto
Canal, ou as alarvidades de um tal Bruno Carvalho que anda por aí a dizer
disparates ou mandar as pessoas bardamerda.

Nenhum destes casos é recomendável, mas consciente ou inconscientemente
aconselha-se os prosélitos que não caiam em exageros. Até por uma questão de
higiene. O povo é meio iletrado, falam pouco dele e vive esquecido nos
«interiores», (como diz o Marcelo) mas há limites para a coisa e haver televisões
que anunciam (não me contaram, eu ouvi) que já tinham identificado a estúpida
da árvore que se deixou apanhar por um maléfico raio duma tempestade cruelmente
seca ultrapassa tudo o que o bom senso pode admitir.

Portugal é um sítio (mal frequentado, eu sei, mas não era
isso o que eu ia dizer…) onde a notícia de hoje se esquece no dia seguinte. Um
exemplo recente é eu reparar que ninguém mais alude ao facto do Governo ter
dito na véspera do grande incêndio em Pedrógão, que no dia seguinte iam prender
os incendiários (ou reter, já não me lembro bem) em casa, não se desse o caso
de eles andarem a fazer disparates. Com a árvore atingida pelo raio é a mesma
coisa. Mais um dia ou dois e já ninguém fala da árvore, dizem mais uma
baboseira ou outra sobre em que festa estaria a Constança Urbano de Sousa (não
há festa nem festança… etc.), Marcelo solta mais umas iniquidades e tudo volta à
forma original. Costa explanará mais uma série de medidas (acho que nenhuma das
que ele poderia e deveria ter tomado quando foi nr. 2 de Sócrates e enchia o espaço
hertziano com medidas fantásticas que, entretanto se iam diluindo com os
afazeres da época.

E assim vai o mundo. O português. Tenho um respeito profundo
por todos aqueles que morreram com a catástrofe. Incluindo aqueles que as autoridades
já foram dizendo que não tinham nada que ir meter o nariz onde não eram chamados.
Quanto às causas naturais…apetece-me dizer que não gosto nem me dá jeito (como
dizia o outro) continuar a fazer figura de parvo. Envergonha-me pertencer ao
país do sul da Europa com a maior incidência de fogos. Dijsselbloem disse que
os portugueses gostam de copos e de mulheres. Só se esqueceu de dizer que gostam
de saltar à fogueira, também.

Todos os anos é isto. Com o PS na Oposição é porque é a
Direita que é composta por umas bestas quadradas que não fazem o que devem. Com
o PS no Poder é esta lengalenga das causas naturais para a qual já não há saco. Ainda mais quando
dispõem dum catavento sensível às inesperadas mudanças de direcção do vento. Lá
dizia um presidente de qualquer coisa ligada aos bombeiros, não sei bem o quê…
causas naturais.

*

*

Etiquetas: Ai Portugal, incêndios

[5532]

Em matéria de proselitismo, temos para todos os gostos.
Temos os que aspiram a um tachinho, os que têm medo de ser despedidos pelos
jornais ou pelas televisões, os que têm o mundo limitado pelas pálpebras, os
que não gostam do Passos Coelho, os que lhes disseram para não gostarem do
Passos Coelho e há os simplesmente parvos. Também há uns quantos que leram umas
cartilhas, mas alguns deles confundem-nas e às vezes enganam-se e quando pensam
que estão a ler matéria universalista, internacionalista e sobre o homem novo estão
a ler os mails que aquela criatura façanhuda do FêQuêPê “amanda” para o Porto
Canal, ou as alarvidades de um tal Bruno Carvalho que anda por aí a dizer
disparates ou mandar as pessoas bardamerda.

Nenhum destes casos é recomendável, mas consciente ou inconscientemente
aconselha-se os prosélitos que não caiam em exageros. Até por uma questão de
higiene. O povo é meio iletrado, falam pouco dele e vive esquecido nos
«interiores», (como diz o Marcelo) mas há limites para a coisa e haver televisões
que anunciam (não me contaram, eu ouvi) que já tinham identificado a estúpida
da árvore que se deixou apanhar por um maléfico raio duma tempestade cruelmente
seca ultrapassa tudo o que o bom senso pode admitir.

Portugal é um sítio (mal frequentado, eu sei, mas não era
isso o que eu ia dizer…) onde a notícia de hoje se esquece no dia seguinte. Um
exemplo recente é eu reparar que ninguém mais alude ao facto do Governo ter
dito na véspera do grande incêndio em Pedrógão, que no dia seguinte iam prender
os incendiários (ou reter, já não me lembro bem) em casa, não se desse o caso
de eles andarem a fazer disparates. Com a árvore atingida pelo raio é a mesma
coisa. Mais um dia ou dois e já ninguém fala da árvore, dizem mais uma
baboseira ou outra sobre em que festa estaria a Constança Urbano de Sousa (não
há festa nem festança… etc.), Marcelo solta mais umas iniquidades e tudo volta à
forma original. Costa explanará mais uma série de medidas (acho que nenhuma das
que ele poderia e deveria ter tomado quando foi nr. 2 de Sócrates e enchia o espaço
hertziano com medidas fantásticas que, entretanto se iam diluindo com os
afazeres da época.

E assim vai o mundo. O português. Tenho um respeito profundo
por todos aqueles que morreram com a catástrofe. Incluindo aqueles que as autoridades
já foram dizendo que não tinham nada que ir meter o nariz onde não eram chamados.
Quanto às causas naturais…apetece-me dizer que não gosto nem me dá jeito (como
dizia o outro) continuar a fazer figura de parvo. Envergonha-me pertencer ao
país do sul da Europa com a maior incidência de fogos. Dijsselbloem disse que
os portugueses gostam de copos e de mulheres. Só se esqueceu de dizer que gostam
de saltar à fogueira, também.

Todos os anos é isto. Com o PS na Oposição é porque é a
Direita que é composta por umas bestas quadradas que não fazem o que devem. Com
o PS no Poder é esta lengalenga das causas naturais para a qual já não há saco. Ainda mais quando
dispõem dum catavento sensível às inesperadas mudanças de direcção do vento. Lá
dizia um presidente de qualquer coisa ligada aos bombeiros, não sei bem o quê…
causas naturais.

*

*

Etiquetas: Ai Portugal, incêndios

marcar artigo