Governo quer acolher 470 yazidi e pressiona Grécia

06-02-2017
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O governo português está a apoiar a iniciativa da eurodeputada socialista, Ana Gomes, de asilar no nosso país cerca de meio milhar de refugiados Yazidi, perseguidos pelo daesh no Iraque, e que estão agora em campos de refugiados na Grécia. São 470, a maior parte famílias, mulheres e crianças. Há mais de seis meses que a eurodeputada tem o plano concluído, sem que, até ao momento, o governo de Alexis Tsipras tenha desbloqueado o processo. "Kafkiano", critica Ana Gomes.

O gabinete do ministro-adjunto Eduardo Cabrita, que tem estado a coordenar o acolhimento dos refugiados confirmou ao DN que "este foi um dos temas abordados numa reunião, em setembro, em Lisboa, com o ministro-adjunto grego da Defesa Nacional, Dimitrios Vitsas", em que participaram, além de Eduardo Cabrita, a ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa.

Fonte oficial deste gabinete admite até, para manter a coesão do grupo, abrir uma exceção à regra que tem sido seguida no acolhimento dos refugiados que já estão em Portugal, que é dispersá-los por vários pontos do país e evitar a "guetização" que pode dificultar a sua integração e torná-los alvos mais fáceis de organizações criminosas, incluindo as terroristas. Os 493 refugiados, a maioria muçulmanos da Síria, Iraque e Etritreia, que já estão em Portugal, foram distribuídos por 70 municípios."O grupo de yazidis tem revelado grande coesão, responsabilidade e sentido de solidariedade comunitária. Apesar de o paradigma de acolhimento português ser descentralizado, procurar-se-á, na medida do possível, respeitar as especificidades e o forte sentido comunitário deste grupo", sublinha a porta-voz de Eduardo Cabrita.

Constança Urbano de Sousa também não tem reservas. Porém, lembra que os yazidi "terão de proceder ao pré-registo na Grécia e indicar Portugal como primeira opção de acolhimento, o que nem sempre ocorre". Fonte oficial do seu gabinete diz que, entretanto, "já recebeu processos de yazidis elegíveis para a recolocação" no nosso país.

Os Yazidi são das comunidades mais massacradas pelos terroristas do autoproclamado Estado Islâmico (ver entrevista ao lado). A eurodeputada socialista Ana Gomes ouviu de viva voz os dramáticos relatos das atrocidades cometidas e decidiu passar à ação. Foi ao terreno, a Indomeni e Tessalónica, onde se encontram, falou com os seus líderes e estes conversaram com dezenas de famílias que aceitaram vir para Portugal. "A sua preferência era a Alemanha, onde há uma grande comunidade, mas como para aí não era possível, concordaram em vir para Portugal, em vez de continuarem nos campos", reconhece a eurodeputada. Por isso Ana Gomes não se conforma com a "os entraves burocráticos", por parte do governo grego..

Numa carta enviada este mês a Ana Gomes, o ministro grego do Interior, Ioannis Mouzalas, alega que, de acordo com as regras europeias para a recolocação, estão proibidos critérios "discriminatórios" na seleção dos refugiados - não se podem escolher segundo etnias ou religiões - e que as prioridades são as situações de maior vulnerabilidade."Mas querem maior vulnerabilidade do que a dos yazidi que tanto já sofreram nas mãos do daesh?", indigna-se Ana Gomes. Contra-argumentou numa carta de resposta, assinada também pelo presidente da Comissão das Liberdades Cívicas do Parlamento Europeu, Claude Moraes, do Reino Unido . "Todo este processo tem sido kafiano. Desde exigirem um pré-registo de todos os que queriam vir, que fizemos, depois quererem um registo com entrevistas via Skype, quando todos sabem que nos campos de refugiados a rede de internet é muito complicada", conta.

A Grécia tem cerca de 60 mil refugiados dentro das suas fronteiras. "Não se percebe porque não aceitam a nossa ajuda. Têm que começar a recolocá-los para algum lado", assinala a eurodeputada.

O governo português está a apoiar a iniciativa da eurodeputada socialista, Ana Gomes, de asilar no nosso país cerca de meio milhar de refugiados Yazidi, perseguidos pelo daesh no Iraque, e que estão agora em campos de refugiados na Grécia. São 470, a maior parte famílias, mulheres e crianças. Há mais de seis meses que a eurodeputada tem o plano concluído, sem que, até ao momento, o governo de Alexis Tsipras tenha desbloqueado o processo. "Kafkiano", critica Ana Gomes.

O gabinete do ministro-adjunto Eduardo Cabrita, que tem estado a coordenar o acolhimento dos refugiados confirmou ao DN que "este foi um dos temas abordados numa reunião, em setembro, em Lisboa, com o ministro-adjunto grego da Defesa Nacional, Dimitrios Vitsas", em que participaram, além de Eduardo Cabrita, a ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa.

Fonte oficial deste gabinete admite até, para manter a coesão do grupo, abrir uma exceção à regra que tem sido seguida no acolhimento dos refugiados que já estão em Portugal, que é dispersá-los por vários pontos do país e evitar a "guetização" que pode dificultar a sua integração e torná-los alvos mais fáceis de organizações criminosas, incluindo as terroristas. Os 493 refugiados, a maioria muçulmanos da Síria, Iraque e Etritreia, que já estão em Portugal, foram distribuídos por 70 municípios."O grupo de yazidis tem revelado grande coesão, responsabilidade e sentido de solidariedade comunitária. Apesar de o paradigma de acolhimento português ser descentralizado, procurar-se-á, na medida do possível, respeitar as especificidades e o forte sentido comunitário deste grupo", sublinha a porta-voz de Eduardo Cabrita.

Constança Urbano de Sousa também não tem reservas. Porém, lembra que os yazidi "terão de proceder ao pré-registo na Grécia e indicar Portugal como primeira opção de acolhimento, o que nem sempre ocorre". Fonte oficial do seu gabinete diz que, entretanto, "já recebeu processos de yazidis elegíveis para a recolocação" no nosso país.

Os Yazidi são das comunidades mais massacradas pelos terroristas do autoproclamado Estado Islâmico (ver entrevista ao lado). A eurodeputada socialista Ana Gomes ouviu de viva voz os dramáticos relatos das atrocidades cometidas e decidiu passar à ação. Foi ao terreno, a Indomeni e Tessalónica, onde se encontram, falou com os seus líderes e estes conversaram com dezenas de famílias que aceitaram vir para Portugal. "A sua preferência era a Alemanha, onde há uma grande comunidade, mas como para aí não era possível, concordaram em vir para Portugal, em vez de continuarem nos campos", reconhece a eurodeputada. Por isso Ana Gomes não se conforma com a "os entraves burocráticos", por parte do governo grego..

Numa carta enviada este mês a Ana Gomes, o ministro grego do Interior, Ioannis Mouzalas, alega que, de acordo com as regras europeias para a recolocação, estão proibidos critérios "discriminatórios" na seleção dos refugiados - não se podem escolher segundo etnias ou religiões - e que as prioridades são as situações de maior vulnerabilidade."Mas querem maior vulnerabilidade do que a dos yazidi que tanto já sofreram nas mãos do daesh?", indigna-se Ana Gomes. Contra-argumentou numa carta de resposta, assinada também pelo presidente da Comissão das Liberdades Cívicas do Parlamento Europeu, Claude Moraes, do Reino Unido . "Todo este processo tem sido kafiano. Desde exigirem um pré-registo de todos os que queriam vir, que fizemos, depois quererem um registo com entrevistas via Skype, quando todos sabem que nos campos de refugiados a rede de internet é muito complicada", conta.

A Grécia tem cerca de 60 mil refugiados dentro das suas fronteiras. "Não se percebe porque não aceitam a nossa ajuda. Têm que começar a recolocá-los para algum lado", assinala a eurodeputada.

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