Luis Filipe Menezes crê num bom resultado do PSD nas europeias, mas nas legislativas ninguém no PSD, “honestamente”, exige uma vitória certa a Rio ou a qualquer que fosse o líder, afirma o antigo presidente do PSD. O título que escolheu para o seu terceiro livro, “O Dia a seguir - Nunca é tarde demais”, significa um eventual regresso ao palco da política ativa? Estive 14 anos, mais 6 de curso, ligado à Medicina. Estive posteriormente 22 anos na vida política a tempo inteiro. A passagem da medicina para a política foi acidental mas assumida. A derrota de Setembro de 2013 foi numa lógica de tudo ou nada, empurrou-me abruptamente e sem retorno para uma outra vida. Foi o início de uma experiência intensa, muitas vezes bizarra e riquíssima do ponto vista humano. Senti a necessidade de a exteriorizar. O nunca é tarde demais significa tão somente que há mais vida, potencialmente feliz, para além do que julgávamos que era indispensável à nossa outra vida. O lançamento em plena campanha eleitoral às europeias é coincidência ou em política não há coincidências? Não é obviamente coincidência. A partir do momento em que declarei o meu apoio às candidaturas de Rui Rio e Paulo Rangel tinha também que clarificar os porquês das minhas opções. Para além de ser um coerente exercício de militância partidária.
DR
A Chiado Publishers refere, na nota enviada às redações, que a obra surge de um olhar atento sobre algumas das mais importantes decisões ou inações políticas recentes, mas também contém propostas e ideias políticas para o futuro de uma figura “absolutamente incontornável” na vida política portuguesa. A que futuro alude e que propostas avança? O futuro começa hoje e é compaginável com a minha vontade de dar contributos para a definição do nosso caminho comum. Através de declarações públicas ou através do meu partido, em quem continuo a confiar. Este não é um livro programático, ainda não é, mas lá encontra, entre outras, propostas para alterar as leis eleitorais, regras para aprofundar a transparência na vida pública, novas/velhas ideias (porque já as defendia no Expresso há uma década atrás) para a reestruturação político-administrativa do País, como Porto/Gaia, uma única cidade, que daria a Portugal duas grandes urbes no ocidente da península. E propostas para sustentar o atual boom de turismo urbano. Ao jornal Sol, referiu que “O Dia a seguir” não é uma biografia, pois não tem idade para isso. Pensa um dia publicar as suas memórias e qual a idade a partir do qual faz sentido um livro biográfico? Talvez sim, talvez não. Ainda tenciono escrever muito sobre outros temas e, quiçá, correr o risco de me aventurar na ficção. Escrever memórias é coisa incompatível com alguém que tem um filho com 28 meses, que pode ter outros, e tenciona levá-los até à vida adulta madura. No entanto, não esqueço que sou dos poucos portugueses que conviveu, com maior ou menor intimidade, com todos os Presidentes da República e todos os primeiros-ministro de Governos Constitucionais. Também sou dos poucos que foi líder partidário local e nacional, líder de bancada parlamentar, presidente de câmara, membro do governo, membro do Conselho de Estado. Muita experiência, reflexão e muita história para contar. Não acha? Num dos excertos da obra enviados pela editora, percebi que a escolha de Carlos Abreu Amorim para candidato a Gaia pelo PSD, em 2013, foi o maior erro da sua vida política. Foi-lhe imposto (e por quem) ou a escolha foi sua? Não escrevi isso, pelo contrário. Fui eu que sugeri Carlos Abreu Amorim e o convidei. Era um excelente candidato, em condições muito adversas de divisão interna. Foi diligente, corajoso e esforçado. Era impossível fazer melhor. O que disse foi que ter aceite ser candidato ao Porto, após me ter sido comunicado, à última hora, num almoço em São Bento, que o candidato indigitado para Gaia, Marco António Costa, desistia e que Passos cedia no Porto às posições do irrevogável Portas, isso sim, tinha sido o maior erro político da minha vida.
Ricardo Castelo\Nfactos
Noutros dois excertos critica a governação da cidade do Porto. No primeiro, ao eleger como melhores vereadores as companhias low-cost e Mário Ferreira. No segundo excerto, ao questionar o parque de estacionamento junto da Alfândega. Sem o mencionar, são críticas à gestão - ou inação - de Rui Moreira? Eleger os vereadores “low cost” e Mário Ferreira como os principais responsáveis pelo atual surto turístico, obviamente assessorados por uma imprensa internacional da especialidade benévola e por algum trabalho das instituições, é uma constatação evidente e não uma crítica a quem quer que seja. Não apostar nos 600 metros de frente ribeirinha do Porto, a parte mais nobre da frente de rio, entre a Alfandega e a Ribeira, é um erro, um atraso decisório pouco desculpável. Sei que atirarão as culpas para verdadeiros e espúrios estados dentro do Estado, chamados Refer e APDL. É uma explicação sem sentido, já que o Porto tem que ter força para com um simples sopro arredar esses estorvos. Em toda a Europa a última década foi a do aproveitamento total dessas margens únicas. Aquele espaço, pejado de automóveis ao sol no lugar de cidadãos a usufruir da cidade, ainda por cima com aquele indigente telheiro de lusalite lá no meio, é um escusado sinal de terceiro mundismo na zona mais nobre da cidade. Já o disse de forma amigável e pessoalmente ao atual presidente. Estou certo que em breve a Câmara terminará com aquele triste espetáculo. O que quer dizer com estacionamento à moda da Calábria? Quero dizer que nem o Sul menos cuidado de Itália trata assim as imediações dos seu edifícios mais qualificados e históricos. Quem foi o (a) “patético revisor estalinista” que o retirou a sua fotografia do livro que, julgo, será o dos 40 anos do PSD? Não. O livro a que me refiro é o do professor Cavaco Silva - “Quintas Feiras e Outros Dias”. Deve ser um estalinista baixinho disfarçado de democrata. Deve ser um familiar frustrado de um daqueles grandalhões do lápis vermelho do anterior regime. Não sei quem foi, se soubesse punha os nomes nos factos. Mas o professor Cavaco Silva, com tanta fotografia, não notou com certeza. A liderança de Rui Rio é abordada no livro? Que apreciação faz da presidência do PSD desde fevereiro de 2018? Não era fácil liderar o PSD numa época de aparente recuperação económica e com a nossa memória curta já esquecida do descalabro herdado por Passos Coelho. Também, com boas intenções e provavelmente com razão a prazo, um facto é que a oposição dos dois primeiros anos de legislatura não foi a mais eficaz. Rio tem procurado por o partido a trabalhar, tem mantido a sua coerência no combate à todas as corporações, mesmo às mais vorazes pelo poder do Estado e a sua mais valia circunstancial é ser intocável em matéria de transparência na vida pública, que é o “assunto” do momento nas democracias ocidentais. É verdade que não foi positivo para ninguém o excesso de animosidade recíproco entre mim e Rio durante uma década, é óbvio que não vejo com bons olhos algumas “múmias” do cavaquismo mais retrógrado a colarem-se a Rio, mas tudo isso é secundário face ao interesse do partido e do país. O meu apoio a Rio e a Rangel é genuíno, desprendido e só tem em linha de conta os valores porque sempre lutei.
DR
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Luis Filipe Menezes crê num bom resultado do PSD nas europeias, mas nas legislativas ninguém no PSD, “honestamente”, exige uma vitória certa a Rio ou a qualquer que fosse o líder, afirma o antigo presidente do PSD. O título que escolheu para o seu terceiro livro, “O Dia a seguir - Nunca é tarde demais”, significa um eventual regresso ao palco da política ativa? Estive 14 anos, mais 6 de curso, ligado à Medicina. Estive posteriormente 22 anos na vida política a tempo inteiro. A passagem da medicina para a política foi acidental mas assumida. A derrota de Setembro de 2013 foi numa lógica de tudo ou nada, empurrou-me abruptamente e sem retorno para uma outra vida. Foi o início de uma experiência intensa, muitas vezes bizarra e riquíssima do ponto vista humano. Senti a necessidade de a exteriorizar. O nunca é tarde demais significa tão somente que há mais vida, potencialmente feliz, para além do que julgávamos que era indispensável à nossa outra vida. O lançamento em plena campanha eleitoral às europeias é coincidência ou em política não há coincidências? Não é obviamente coincidência. A partir do momento em que declarei o meu apoio às candidaturas de Rui Rio e Paulo Rangel tinha também que clarificar os porquês das minhas opções. Para além de ser um coerente exercício de militância partidária.
DR
A Chiado Publishers refere, na nota enviada às redações, que a obra surge de um olhar atento sobre algumas das mais importantes decisões ou inações políticas recentes, mas também contém propostas e ideias políticas para o futuro de uma figura “absolutamente incontornável” na vida política portuguesa. A que futuro alude e que propostas avança? O futuro começa hoje e é compaginável com a minha vontade de dar contributos para a definição do nosso caminho comum. Através de declarações públicas ou através do meu partido, em quem continuo a confiar. Este não é um livro programático, ainda não é, mas lá encontra, entre outras, propostas para alterar as leis eleitorais, regras para aprofundar a transparência na vida pública, novas/velhas ideias (porque já as defendia no Expresso há uma década atrás) para a reestruturação político-administrativa do País, como Porto/Gaia, uma única cidade, que daria a Portugal duas grandes urbes no ocidente da península. E propostas para sustentar o atual boom de turismo urbano. Ao jornal Sol, referiu que “O Dia a seguir” não é uma biografia, pois não tem idade para isso. Pensa um dia publicar as suas memórias e qual a idade a partir do qual faz sentido um livro biográfico? Talvez sim, talvez não. Ainda tenciono escrever muito sobre outros temas e, quiçá, correr o risco de me aventurar na ficção. Escrever memórias é coisa incompatível com alguém que tem um filho com 28 meses, que pode ter outros, e tenciona levá-los até à vida adulta madura. No entanto, não esqueço que sou dos poucos portugueses que conviveu, com maior ou menor intimidade, com todos os Presidentes da República e todos os primeiros-ministro de Governos Constitucionais. Também sou dos poucos que foi líder partidário local e nacional, líder de bancada parlamentar, presidente de câmara, membro do governo, membro do Conselho de Estado. Muita experiência, reflexão e muita história para contar. Não acha? Num dos excertos da obra enviados pela editora, percebi que a escolha de Carlos Abreu Amorim para candidato a Gaia pelo PSD, em 2013, foi o maior erro da sua vida política. Foi-lhe imposto (e por quem) ou a escolha foi sua? Não escrevi isso, pelo contrário. Fui eu que sugeri Carlos Abreu Amorim e o convidei. Era um excelente candidato, em condições muito adversas de divisão interna. Foi diligente, corajoso e esforçado. Era impossível fazer melhor. O que disse foi que ter aceite ser candidato ao Porto, após me ter sido comunicado, à última hora, num almoço em São Bento, que o candidato indigitado para Gaia, Marco António Costa, desistia e que Passos cedia no Porto às posições do irrevogável Portas, isso sim, tinha sido o maior erro político da minha vida.
Ricardo Castelo\Nfactos
Noutros dois excertos critica a governação da cidade do Porto. No primeiro, ao eleger como melhores vereadores as companhias low-cost e Mário Ferreira. No segundo excerto, ao questionar o parque de estacionamento junto da Alfândega. Sem o mencionar, são críticas à gestão - ou inação - de Rui Moreira? Eleger os vereadores “low cost” e Mário Ferreira como os principais responsáveis pelo atual surto turístico, obviamente assessorados por uma imprensa internacional da especialidade benévola e por algum trabalho das instituições, é uma constatação evidente e não uma crítica a quem quer que seja. Não apostar nos 600 metros de frente ribeirinha do Porto, a parte mais nobre da frente de rio, entre a Alfandega e a Ribeira, é um erro, um atraso decisório pouco desculpável. Sei que atirarão as culpas para verdadeiros e espúrios estados dentro do Estado, chamados Refer e APDL. É uma explicação sem sentido, já que o Porto tem que ter força para com um simples sopro arredar esses estorvos. Em toda a Europa a última década foi a do aproveitamento total dessas margens únicas. Aquele espaço, pejado de automóveis ao sol no lugar de cidadãos a usufruir da cidade, ainda por cima com aquele indigente telheiro de lusalite lá no meio, é um escusado sinal de terceiro mundismo na zona mais nobre da cidade. Já o disse de forma amigável e pessoalmente ao atual presidente. Estou certo que em breve a Câmara terminará com aquele triste espetáculo. O que quer dizer com estacionamento à moda da Calábria? Quero dizer que nem o Sul menos cuidado de Itália trata assim as imediações dos seu edifícios mais qualificados e históricos. Quem foi o (a) “patético revisor estalinista” que o retirou a sua fotografia do livro que, julgo, será o dos 40 anos do PSD? Não. O livro a que me refiro é o do professor Cavaco Silva - “Quintas Feiras e Outros Dias”. Deve ser um estalinista baixinho disfarçado de democrata. Deve ser um familiar frustrado de um daqueles grandalhões do lápis vermelho do anterior regime. Não sei quem foi, se soubesse punha os nomes nos factos. Mas o professor Cavaco Silva, com tanta fotografia, não notou com certeza. A liderança de Rui Rio é abordada no livro? Que apreciação faz da presidência do PSD desde fevereiro de 2018? Não era fácil liderar o PSD numa época de aparente recuperação económica e com a nossa memória curta já esquecida do descalabro herdado por Passos Coelho. Também, com boas intenções e provavelmente com razão a prazo, um facto é que a oposição dos dois primeiros anos de legislatura não foi a mais eficaz. Rio tem procurado por o partido a trabalhar, tem mantido a sua coerência no combate à todas as corporações, mesmo às mais vorazes pelo poder do Estado e a sua mais valia circunstancial é ser intocável em matéria de transparência na vida pública, que é o “assunto” do momento nas democracias ocidentais. É verdade que não foi positivo para ninguém o excesso de animosidade recíproco entre mim e Rio durante uma década, é óbvio que não vejo com bons olhos algumas “múmias” do cavaquismo mais retrógrado a colarem-se a Rio, mas tudo isso é secundário face ao interesse do partido e do país. O meu apoio a Rio e a Rangel é genuíno, desprendido e só tem em linha de conta os valores porque sempre lutei.
DR