Correio da Manhã

23-07-2019
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Carlos Abreu Amorim: "Derrota nas eleições é o princípio do desastre" para o PSD

Por José Castro Moura | 23 de Julho de 2019 às 01:30

Foto: Pedro Catarino Carlos Abreu Amorim Nascido no Porto em 1963, é professor universitário de Direito na Universidade do Minho. Foi cabeça de lista do PSD, por duas vezes, em Viana do Castelo. Foi deputado pela primeira vez em 2011, quando Passos Coelho chegou a primeiro-ministro. Integrou as direções parlamentares de Luís Montenegro e Hugo Soares como vice-presidente .

Deputado, de saída da AR, avisa que se o PSD perder será necessária reflexão profunda à liderança.

De saída do Parlamento, Carlos Abreu Amorim assume que as Legislativas poderão ser uma data "funesta" para a direita. Critica a forma como Rui Rio está a gerir as listas de candidatos e receia um ajuste de contas com o ‘passismo’

CM - As listas que a direção de Rui Rio está a preparar são de renovação ou de limpeza?

Carlos Abreu Amorim - Algumas notícias fazem cair mais para o lado da limpeza. Se, por exemplo, Hugo Soares, que foi líder parlamentar, não fizer parte das listas é incompreensível. Merecerá uma explicação muito cuidada para que não se venha a pensar que é mesmo uma limpeza.

- Pode-se falar em ajuste de contas com o ‘passismo’?

- Espero que não, mas a confirmar-se que algumas das figuras proeminentes como Teresa Morais, Maria Luís Albuquerque, Hugo Soares ou Bruno Vitorino não fizerem parte das listas terá de haver uma explicação para que os militantes, simpatizantes e eleitores do PSD possam perceber que não é um ajuste de contas. -E se essas figuras não fizerem mesmo parte das listas?

- Serão listas empobrecidas. O PSD é um partido grande, não é um partido com uma visão única do Mundo e do País. Portanto, essas várias sensibilidades têm de estar representadas na Assembleia.

- Este ano e meio de liderança de Rio confirma as críticas que fez à direção desde o início?

-Infelizmente, Rui Rio confirmou as minhas expectativas e acho que fiz bem quando me autoexcluí de qualquer cargo.

- Como encarou a saída de Castro Almeida da direção?

-A liderança é um caminho que tem de ser muito bem acompanhado. E quem não compreender isso, começa pouco acompanhado e, provavelmente, acabará ainda mais sozinho.

-Com o PSD a afundar-se nas sondagens, ainda há esperança num bom resultado?

- As sondagens são muito negativas para o espaço que chamo de direita. Todo o espaço não socialista, dos que respeitam as regras do jogo democrático e a lógica dos direitos fundamentais.

-Como é que explica essa tendência?

-Há um estado de confusão que resulta da perda de identidade dos partidos não socialistas. As pessoas dificilmente encontrarão razões para confiar num projeto sobre o qual têm dúvidas sobre a sua identidade. Falta rumo, direção e objetivos. Recuperar essa identidade é fundamental para que as sondagens sejam desmentidas a 6 de outubro.

- O PSD perdeu identidade?

Estes últimos anos foram um pesadelo para o espaço não socialista, nomeadamente para o PSD. Deixámos de saber quem somos, o que estamos a fazer e para onde queremos ir e cometemos o maior dos erros: queremo-nos parecer com o nosso principal adversário à esquerda, num mimetismo incompreensível e numa subalternização política errada. Ninguém acreditava na durabilidade da geringonça, nem mesmo os seus protagonistas.

-Há risco de as eleições serem um desastre para a direita?

-As sondagens assim o indicam. São sinais alarmantes. É preciso ultrapassar a crise na direita para que 6 de outubro não seja uma data funesta para os partidos à direita.

- E para o PSD?

-O princípio do desastre é perder as eleições. Depois, seria perder com uma percentagem abaixo dos 30%, o que precipitaria uma reflexão muito profunda.

- Que incluirá a liderança?

- Essa reflexão envolverá, obviamente, a liderança. Não o podemos esconder.

- Luís Montenegro terá um papel de relevo no processo?

- Será uma pessoa incontornável, mas não é a melhor altura para falar em lideranças a três meses das eleições.

Rio: "Com tantas sondagens, vale a pena fazer eleições?"

O líder do PSD voltou a desvalorizar as sondagens, que o colocam a uma distância cada vez maior de António Costa. A última sondagem dá o PS à beira da maioria absoluta e o PSD com metade dos votos dos socialistas.

"Com tantas sondagens, pergunto se ainda vale a pena fazer eleições", disse o presidente do PSD, depois de sublinhar que "sondagens não servem para nada". "O que temos constatado é que o PS, depois de ouvir uma ideia nossa, vem repetir a mesma ideia."

PS copia propostas sociais-democratas

Rui Rio acusou esta segunda-feira o PS de copiar as ideias do PSD. "Viemos dizer que a carga fiscal é exageradíssima (...). De imediato, o PS vem dizer que também vai reduzir a carga fiscal, em sede de IRS", sublinhou.

Só cinco repetem liderança na lista

Dos 21 cabeças de lista do PSD, 16 nunca ocuparam esta posição e 5 são repetentes (Carlos Peixoto, Adão Silva, Luís Leite Ramos, José Cesário e Carlos Gonçalves). O PSD aprovará as listas no dia 30.

Cabeças de lista do PSD

Aveiro - Ana Miguel Santos, Advogada

Beja - Henrique Silveira, Eng. Agrónomo

Braga - André Coelho Lima, Advogado

Bragança - Adão E Silva, Professor

Castelo Branco - Cláudia André, Professora

Coimbra - Mónica Quintela, Advogada

Évora - Sónia Ramos, Jurista

Faro - Cristóvão Norte, Economista

Guarda - Carlos Peixoto, Advogado

Leiria - Margarida B. Lopes, Cons. Fiscal

Lisboa - Filipa Roseta, Cons. Arquiteta

Portalegre - António José Miranda, Autarca

Porto - Hugo Carvalho, Eng. Eletrotécnico

Santarém - Isaura Morais, Autarca

Setúbal - Nuno Carvalho, Empresário

Viana Do Castelo - Jorge S. Mendes, Autarca

Vila Real - Luís Leite Ramos, Prof. Universitário

Viseu - Fernando Ruas, Ex-Eurodeputado

Carlos Abreu Amorim: "Derrota nas eleições é o princípio do desastre" para o PSD

Por José Castro Moura | 23 de Julho de 2019 às 01:30

Foto: Pedro Catarino Carlos Abreu Amorim Nascido no Porto em 1963, é professor universitário de Direito na Universidade do Minho. Foi cabeça de lista do PSD, por duas vezes, em Viana do Castelo. Foi deputado pela primeira vez em 2011, quando Passos Coelho chegou a primeiro-ministro. Integrou as direções parlamentares de Luís Montenegro e Hugo Soares como vice-presidente .

Deputado, de saída da AR, avisa que se o PSD perder será necessária reflexão profunda à liderança.

De saída do Parlamento, Carlos Abreu Amorim assume que as Legislativas poderão ser uma data "funesta" para a direita. Critica a forma como Rui Rio está a gerir as listas de candidatos e receia um ajuste de contas com o ‘passismo’

CM - As listas que a direção de Rui Rio está a preparar são de renovação ou de limpeza?

Carlos Abreu Amorim - Algumas notícias fazem cair mais para o lado da limpeza. Se, por exemplo, Hugo Soares, que foi líder parlamentar, não fizer parte das listas é incompreensível. Merecerá uma explicação muito cuidada para que não se venha a pensar que é mesmo uma limpeza.

- Pode-se falar em ajuste de contas com o ‘passismo’?

- Espero que não, mas a confirmar-se que algumas das figuras proeminentes como Teresa Morais, Maria Luís Albuquerque, Hugo Soares ou Bruno Vitorino não fizerem parte das listas terá de haver uma explicação para que os militantes, simpatizantes e eleitores do PSD possam perceber que não é um ajuste de contas. -E se essas figuras não fizerem mesmo parte das listas?

- Serão listas empobrecidas. O PSD é um partido grande, não é um partido com uma visão única do Mundo e do País. Portanto, essas várias sensibilidades têm de estar representadas na Assembleia.

- Este ano e meio de liderança de Rio confirma as críticas que fez à direção desde o início?

-Infelizmente, Rui Rio confirmou as minhas expectativas e acho que fiz bem quando me autoexcluí de qualquer cargo.

- Como encarou a saída de Castro Almeida da direção?

-A liderança é um caminho que tem de ser muito bem acompanhado. E quem não compreender isso, começa pouco acompanhado e, provavelmente, acabará ainda mais sozinho.

-Com o PSD a afundar-se nas sondagens, ainda há esperança num bom resultado?

- As sondagens são muito negativas para o espaço que chamo de direita. Todo o espaço não socialista, dos que respeitam as regras do jogo democrático e a lógica dos direitos fundamentais.

-Como é que explica essa tendência?

-Há um estado de confusão que resulta da perda de identidade dos partidos não socialistas. As pessoas dificilmente encontrarão razões para confiar num projeto sobre o qual têm dúvidas sobre a sua identidade. Falta rumo, direção e objetivos. Recuperar essa identidade é fundamental para que as sondagens sejam desmentidas a 6 de outubro.

- O PSD perdeu identidade?

Estes últimos anos foram um pesadelo para o espaço não socialista, nomeadamente para o PSD. Deixámos de saber quem somos, o que estamos a fazer e para onde queremos ir e cometemos o maior dos erros: queremo-nos parecer com o nosso principal adversário à esquerda, num mimetismo incompreensível e numa subalternização política errada. Ninguém acreditava na durabilidade da geringonça, nem mesmo os seus protagonistas.

-Há risco de as eleições serem um desastre para a direita?

-As sondagens assim o indicam. São sinais alarmantes. É preciso ultrapassar a crise na direita para que 6 de outubro não seja uma data funesta para os partidos à direita.

- E para o PSD?

-O princípio do desastre é perder as eleições. Depois, seria perder com uma percentagem abaixo dos 30%, o que precipitaria uma reflexão muito profunda.

- Que incluirá a liderança?

- Essa reflexão envolverá, obviamente, a liderança. Não o podemos esconder.

- Luís Montenegro terá um papel de relevo no processo?

- Será uma pessoa incontornável, mas não é a melhor altura para falar em lideranças a três meses das eleições.

Rio: "Com tantas sondagens, vale a pena fazer eleições?"

O líder do PSD voltou a desvalorizar as sondagens, que o colocam a uma distância cada vez maior de António Costa. A última sondagem dá o PS à beira da maioria absoluta e o PSD com metade dos votos dos socialistas.

"Com tantas sondagens, pergunto se ainda vale a pena fazer eleições", disse o presidente do PSD, depois de sublinhar que "sondagens não servem para nada". "O que temos constatado é que o PS, depois de ouvir uma ideia nossa, vem repetir a mesma ideia."

PS copia propostas sociais-democratas

Rui Rio acusou esta segunda-feira o PS de copiar as ideias do PSD. "Viemos dizer que a carga fiscal é exageradíssima (...). De imediato, o PS vem dizer que também vai reduzir a carga fiscal, em sede de IRS", sublinhou.

Só cinco repetem liderança na lista

Dos 21 cabeças de lista do PSD, 16 nunca ocuparam esta posição e 5 são repetentes (Carlos Peixoto, Adão Silva, Luís Leite Ramos, José Cesário e Carlos Gonçalves). O PSD aprovará as listas no dia 30.

Cabeças de lista do PSD

Aveiro - Ana Miguel Santos, Advogada

Beja - Henrique Silveira, Eng. Agrónomo

Braga - André Coelho Lima, Advogado

Bragança - Adão E Silva, Professor

Castelo Branco - Cláudia André, Professora

Coimbra - Mónica Quintela, Advogada

Évora - Sónia Ramos, Jurista

Faro - Cristóvão Norte, Economista

Guarda - Carlos Peixoto, Advogado

Leiria - Margarida B. Lopes, Cons. Fiscal

Lisboa - Filipa Roseta, Cons. Arquiteta

Portalegre - António José Miranda, Autarca

Porto - Hugo Carvalho, Eng. Eletrotécnico

Santarém - Isaura Morais, Autarca

Setúbal - Nuno Carvalho, Empresário

Viana Do Castelo - Jorge S. Mendes, Autarca

Vila Real - Luís Leite Ramos, Prof. Universitário

Viseu - Fernando Ruas, Ex-Eurodeputado

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