AZOREAN SPLENDOR

10-04-2019
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Começou, primeiro, como um boato. Meia dúzia de linhas, atiradas ao turbilhão do Facebook, faziam constar a possibilidade do PSD-Açores não apresentar lista de candidatos a deputados no círculo eleitoral do Corvo. O facto era de tal modo inusitado que parecia uma brincadeira, mas esta semana a brincadeira tornou-se realidade e foi a própria líder do PSD quem o confirmou. Em declarações aos órgãos de comunicação social, depois de uma reunião, que imagino tensa, da comissão política do partido, Berta Cabral, diz mais ou menos isto: para evitar a dispersão de votos e para impedir que o PS elegesse dois deputados na ilha do Corvo o PSD acha que a melhor estratégia é apoiar o candidato do PPM! Esta manobra, para não lhe chamar outra coisa, é extraordinária a vários níveis, mas interessa-me destacar dois ou três aspetos. Em primeiro lugar, a assunção clara por parte da líder do PSD de que não têm hipótese de ganhar no Corvo. Perante este facto, aposta na subjugação do seu partido à efígie de um popular aventureiro que, nos últimos meses, tem andado, qual caixeiro-viajante, a negociar coligações com tudo o que vagamente tenha estatuto de partido no tribunal constitucional. Nem quero imaginar o que pensarão os verdadeiros sociais-democratas destas novas amizades da Dra. Berta Cabral, nem tão pouco do triste espetáculo de verem o PSD-Açores descer ao nível de um pequeno partido a choramingar coligações com tudo o que mexa. Depois, um aspeto que me parece bastante mais grave. Na curta historia da pequena democracia açoriana, sociais-democratas e socialistas, umas vezes mais uns do que outros, mas sempre ambos com o mesmo afinco e honra, se apresentaram aos eleitores açorianos como os verdadeiros partidos da autonomia a da autêntica afirmação de uns Açores unos e como projeto viável de governação e de futuro. Dessa estratégia sempre fez parte, não só por razões eleitoralistas, mas acima de tudo por razões de afirmação de um ideário autonómico pleno, a apresentação de listas de candidatos a deputados em todos os círculos eleitorais, quanto mais não seja porque só um partido que emane dessa plena legitimidade parlamentar é que se pode afirmar como o partido que governa todos os açorianos. Por último, e talvez mais importante, a questão formal do maquiavelismo fácil dos fins justificarem os meios. Pressupor que para chegar ao poder é melhor para o PSD apoiar um candidato do PPM do que ir a votos por si só é uma declaração clara da incapacidade do partido em ganhar eleições, se nas últimas eleições autárquicas já tínhamos assistido ao triste espetáculo da líder do PSD abandonar o seu partido à desgraça dos resultados, acantonando-se no seu concelho, assistimos agora, mais uma vez, à forma vil de fazer política da Dra. Berta Cabral, que é capaz de sacrificar o partido para não se sacrificar a si. Talvez seja mesmo necessário ao PSD Açores passar por este calvário por onde a presente direção do partido o encaminha, para que após a derrota nas próximas eleições, uma nova direção, possa restaurar um pouco de dignidade àquele que, em tempos, já foi um grande partido da autonomia, para que, quem sabe daqui a doze anos, o PSD Açores possa apresentar-se aos açorianos como um partido, se não ganhador, pelo menos credível, algo que neste momento, claramente, não é.


Começou, primeiro, como um boato. Meia dúzia de linhas, atiradas ao turbilhão do Facebook, faziam constar a possibilidade do PSD-Açores não apresentar lista de candidatos a deputados no círculo eleitoral do Corvo. O facto era de tal modo inusitado que parecia uma brincadeira, mas esta semana a brincadeira tornou-se realidade e foi a própria líder do PSD quem o confirmou. Em declarações aos órgãos de comunicação social, depois de uma reunião, que imagino tensa, da comissão política do partido, Berta Cabral, diz mais ou menos isto: para evitar a dispersão de votos e para impedir que o PS elegesse dois deputados na ilha do Corvo o PSD acha que a melhor estratégia é apoiar o candidato do PPM! Esta manobra, para não lhe chamar outra coisa, é extraordinária a vários níveis, mas interessa-me destacar dois ou três aspetos. Em primeiro lugar, a assunção clara por parte da líder do PSD de que não têm hipótese de ganhar no Corvo. Perante este facto, aposta na subjugação do seu partido à efígie de um popular aventureiro que, nos últimos meses, tem andado, qual caixeiro-viajante, a negociar coligações com tudo o que vagamente tenha estatuto de partido no tribunal constitucional. Nem quero imaginar o que pensarão os verdadeiros sociais-democratas destas novas amizades da Dra. Berta Cabral, nem tão pouco do triste espetáculo de verem o PSD-Açores descer ao nível de um pequeno partido a choramingar coligações com tudo o que mexa. Depois, um aspeto que me parece bastante mais grave. Na curta historia da pequena democracia açoriana, sociais-democratas e socialistas, umas vezes mais uns do que outros, mas sempre ambos com o mesmo afinco e honra, se apresentaram aos eleitores açorianos como os verdadeiros partidos da autonomia a da autêntica afirmação de uns Açores unos e como projeto viável de governação e de futuro. Dessa estratégia sempre fez parte, não só por razões eleitoralistas, mas acima de tudo por razões de afirmação de um ideário autonómico pleno, a apresentação de listas de candidatos a deputados em todos os círculos eleitorais, quanto mais não seja porque só um partido que emane dessa plena legitimidade parlamentar é que se pode afirmar como o partido que governa todos os açorianos. Por último, e talvez mais importante, a questão formal do maquiavelismo fácil dos fins justificarem os meios. Pressupor que para chegar ao poder é melhor para o PSD apoiar um candidato do PPM do que ir a votos por si só é uma declaração clara da incapacidade do partido em ganhar eleições, se nas últimas eleições autárquicas já tínhamos assistido ao triste espetáculo da líder do PSD abandonar o seu partido à desgraça dos resultados, acantonando-se no seu concelho, assistimos agora, mais uma vez, à forma vil de fazer política da Dra. Berta Cabral, que é capaz de sacrificar o partido para não se sacrificar a si. Talvez seja mesmo necessário ao PSD Açores passar por este calvário por onde a presente direção do partido o encaminha, para que após a derrota nas próximas eleições, uma nova direção, possa restaurar um pouco de dignidade àquele que, em tempos, já foi um grande partido da autonomia, para que, quem sabe daqui a doze anos, o PSD Açores possa apresentar-se aos açorianos como um partido, se não ganhador, pelo menos credível, algo que neste momento, claramente, não é.

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