As massas vermelhas e a multidão da abstenção

22-05-2019
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Bom dia!

Se na política os militantes se comportassem de forma massiva e cega como uma tribo igual à do futebol, perdia-se em razão o que se ganhava em cor e entusiasmo. Não há que temer: eles são poucos, mesmo a política mais forte anda muito fraquinha e não corremos o risco de haver massas enlouquecidas por um líder, um partido ou uma ideologia a invadir as praças das nossas cidades no próximo domingo a festejar os ganhos nas europeias - a não ser que os abstencionistas quisessem participar na sua previsível vitória por esmagamento.

Quando tantos milhares saem à rua de forma espontânea para festejar a vitória de um clube - de todas as classes sociais, de todas as idades, de todos os partidos, credos e ideologias - percebemos que seria preciso que se tivesse posto fim a algo extremamente grave para o povo se manifestar politicamente em festa. Portanto, para quem nunca foi revolucionário, melhor assim: a população não se sente ameaçada, o regime está estabilizado nas suas virtudes e defeitos (os políticos que tomem conta disto), e quem vota escolhe por quem se abstém, ninguém vai andar aos tiros no dia seguinte por ter perdido ou não ter contribuído para os resultados. Por outro lado, pior assim, porque não há uma mensagem mobilizadora dos principais partidos nem interesse por parte dos cidadãos. O resultado será mais ou menos previsível - ganhasse o PS ou o PSD o que mudava na sua vida? - ninguém se interessa, as pessoas querem lá saber, a Europa é demasiado longe: o povo que vibra com as glórias do Benfica parece indiferente ao futuro do clube onde vivemos todos os dias: em Portugal e na Europa.

Lisboa não é Westeros e a luta pelo Trono de Ferro (anda tudo doido com o último episódio) aqui admite pausas na refrega. Não foi por acaso que a campanha para as europeias parou no sábado à hora dos dois jogos decisivos para o campeonato, apesar dos trocadilhos nos discursos, como podemos ler nesta reportagem dos cinco jornalistas do Expresso no terreno. Só a CDU não cancelou as ações de propaganda eleitoral, embora com os protestos de militantes - que levaram as tradicionais bandeiras ‘vermelhas’ do partido, em vez das azuis da CDU, porque torcem de coração pelos ‘encarnados’. Não, ninguém parece ter feito observações menos próprias sobre Os Verdes, apesar de João Ferreira ser do Sporting, contra Jerónimo de Sousa que é do Benfica…

A multidão, de vermelho, no Marquês de Pombal exultava de emoção e a Tribuna do Expresso explica aqui em oito artigos as razões que os benfiquistas têm para se sentirem felizes quando a meio da época já pensavam que este ano era de jejum. Destaque para este artigo do escritor Bruno Vieira do Amaral, que explica como a esperança foi devolvida a seis milhões de adeptos por esse antes desconhecido Bruno Lage - cuja história pode conhecer nesta reportagem do Hugo Tavares da Silva.

Enquanto o caro leitor benfiquista festejava com cervejolas, bifanas e coiratos, a equipa da Tribuna do Expresso trabalhava no duro para pôr nas bancas, amanhã, uma revista especial do #37, onde pode pode ler os melhores textos e as análises sobre o campeonato, ver as grandes fotos da festa, consultar as estatísticas que importam sobre o Benfica e os jogadores que mais se destacaram ao longo do ano. Com artigos de opinião de Rui Santos, Rodrigo Guedes de Carvalho, Pedro Adão e Silva, Luís Marques Mendes ou Pedro Candeias.

A CAMPANHA DAS EUROPEIAS

Na política, porém, quando se reage em modo clubite, temos uma distorção… Um dos nossos maiores problemas na Europa hoje é esse: a política vista com o excesso de emoções, como os olhos de quem vê futebol e acha sempre que é penálti contra os adversários. Com as emoções a sobreporem-se à racionalidade - o ódio aos outros -, os populistas parecem mais sinceros que os políticos tradicionais porque dizem o que pensam sem filtros como os comentadores desportivos, tanto faz se é verdade. Temos a Itália, a Hungria, o Reino Unido, a França, com partidos à frente nas sondagens que nem queremos acreditar.

O susto está aí: houve em Milão, este fim de semana, uma manifestação da extrema-direita europeia, com Salvini e Marine Le Pen e outros líderes populistas, a dizerem coisas como esta: "O verdadeiro soldado luta não porque odeia o que está à sua frente mas porque ama o que está atrás de si." Ou esta: "Se fizerem com que sejamos o primeiro partido da Europa, levaremos a política anti-imigrantes a toda a UE e aqui não entrará mais nenhum", garantiu o italiano Salvini. E é possível que se tornem uma força muito relevante no Parlamento Europeu no próximo domingo. Portugal ainda parece protegido, mas alguma coisa está em marcha e o terramoto que podem ser estas eleições terá decerto implicações por cá. Pense nisso.

Na frente interna, ontem Paulo Rangel falou ‘portunhol’ na passagem por Valença. “Las europeas son muy importantes!”. Em pseudocastelhano, apelou ao voto e ao combate à abstenção. A navegar de moliceiro, em Aveiro, Assunção Cristas pediu “cartão vermelho e censura para o Governo”, e foi recebida pela maior moldura humana da campanha. Talvez a bloquista Marisa Matias tenha exagerado um pouco quando disse ao Expresso que “PS, PSD e CDS têm alimentado o populismo nesta campanha”, mas Rui Rio deu-se a manifestações populares ao tocar bateria para acompanhar o tema "Conquistador" dos Da Vinci, numa dos maiores mobilizações do partido em Esposende. Nos Açores, António Costa, na senda do ataque habitual ao rival, acusou o social-democrata Paulo Rangel de nestes 10 anos nada ter feito por Portugal na Europa. Já o comunista João Ferreira insistiu no encerramento das superfícies comerciais ao domingo, numa convergência por razões diferentes com o Bispo do Porto e Jerónimo de Sousa, em Vila Franca de Xira, falou numa “armadilha” da UE entre uma visão “neoliberal, federalista e militarista” ou da “inevitabilidade da extrema-direita”.

Sabe que já houve quem tivesse votado? No Porto foi uma grande confusão e, em Lisboa, segundo o Público, houve quem desistisse por não poder esperar tanto tempo nas filas. A nossa colega Manuela Goucha Soares foi uma das primeiras 19.583 pessoas a votar por antecipação, este domingo - o que aconteceu pela primeira vez na história da democracia portuguesa (sem ser preciso ter de apresentar uma justificação). Pode ler aqui, num relato na primeira pessoa, como foi a experiência. Mesmo que ainda tenha dúvidas, faça como ela no próximo domingo.

Hoje à noite há debate na RTP, e a agenda dos partidos resume-se apenas à manhã. Nuno Melo e Assunção Cristas, do CDS, vão andar de barco com pescadores em Setúbal, e o social-democrata Paulo Rangel vai ao meio dia de comboio a Cascais e passear no centro da cidade. Enquanto o socialista Pedro Marques andará por Sintra e João Ferreira por Moscavide, Marisa Matias passará por Espinho. Depois recolhem todos a estagiar para o último debate (será decisivo?).

NOTÍCIAS LÁ FORA

Tensão EUA-Irão. Enquanto andamos focados nos nossos assuntos, das Europeias ao Benfica, o mundo roda e continua perigoso. Não é uma nova tensão no Médio Oriente, mas um agravamento de velhas tensões que estão a tornar-se ameaçadoras. Este domingo, Donald Trump ameaçou o regime iraniano com o fim do país, escrevendo no Twitter: “Se o Irão quiser lutar, isso será o fim do Irão. Não voltem a ameaçar os Estados Unidos!”. A Arábia Saudita diz que fará tudo para evitar uma guerra, mas acusa o regime iraniano de ter ordenado o ataque com drones a dois oleodutos no reino, reivindicado pelos rebeldes houthis no Iémen, que são apoiados pelo Irão. Dois dias antes desse ataque, quatro navios, incluindo dois petroleiros sauditas, terão sido sabotados ao largo da costa dos Emirados Árabes Unidos.

Trump e Kushner lavaram dinheiro na Alemanha? Quadros do Deutsche Bank detetaram actividades suspeitas de lavagem de dinheiro em contas de Donald Trump e do seu genro, Jared Kushner, noticia esta segunda-feira o The New York Times. Especialistas em investigar este tipo de movimentos recomendaram em 2016 e 2017 que múltiplas transações envolvendo entidades controladas por Trump e Kushner deviam ser reportadas ao organismo federal alemão que investiga este tipo de crimes financeiros.

Merkel e as migrações. Ainda as eleições europeias: "O assunto migrações vai continuar a acompanhar-nos nas próximas décadas”, declarou Angela Merkel, quarta-feira, numa entrevista coletiva a jornais europeus. A chanceler alemã defendeu que a Europa acertou ao deixar entrar um milhão de refugiados nas suas fronteiras, quando existem no mundo perto de 70 milhões. E isso apesar da réplica populista que provocou.

Escândalo na extrema direita austríaca. Na Áustria, o sábado foi politicamente atribulado. Primeiro, a demissão de Heinz-Christian Strache, vice-chanceler - líder do partido de extrema-direita FPÖ Partido da Liberdade da Áustria. Depois, a convocação de eleições antecipadas. Tudo por causa da divulgação de um vídeo em que Strache se mostra disponível para aceitar ajuda financeira russa em troca de favores e contratos estatais para beneficiar o FPÖ.

Eleições na maior democracia do mundo. O Partido do Povo Indiano (BJP), do primeiro-ministro Narendra Modi, é o provável vencedor das eleições da Índia, realizadas ontem. As sondagens à boca da urna indicam que a aliança governamental no poder, liderada pelo BJP, terá uma maioria que lhe permitirá formar Governo. O resultados das eleições será divulgado a 23 de maio, esta quinta-feira.

Atentado no Egito. Uma explosão atingiu um autocarro de turistas perto das célebres pirâmides de Gizé, no Egito, provocando 17 feridos, entre naturais do Egito e da África do Sul.

Google bloqueia Huawei. É uma guerra de gigantes, entre Estados Unidos e China. A Google cortou com a Huawei em tudo o que tenha a ver com transferência de hardware e software, tendo bloqueado o acesso a atuallizações via Android - cumprindo as ordens da administração norte-americana. A exceção são os produtos protegidos por licenças de código aberto, avançou a Reuters esta segunda-feira.

Cannes: Almodóvar voa para Palma. "Dolor y Gloria” é um filme autobiográfico cheio de coisas concretas mas também ambiguidades que se entrelaçam pela ficção, escreve Francisco Ferreira, o crítico do Expresso enviado ao Festival de Cinema de Cannes. "Trata-se de um jogo de espelhos em que o protagonista é um cineasta com medo de ter perdido o alento e o desejo". Recebeu uma enorme ovação: "Almodóvar sabe que trouxe o seu melhor filme desta década".

OUTRAS NOTÍCIAS CÁ DENTRO

Marques Mendes. Comendas de Berardo devem ser retiradas e as de Sócrates também, disse o comentador na SIC este domingo, depois de classificar Berardo como aldrabão ou burlão. Também afirmou que as eleições europeias "são plebiscito a António Costa."

Montepio. O Banco de Empresa Montepio (BEM) pode vir a “subtrair”, em poucos anos, até 2,3 mil milhões de euros de activos ligados a grandes clientes cumpridores do Banco Montepio, escreve o Público esta manhã, na história que faz manchete do jornal. Este banco, que ainda não tem a marca registada, seria como uma espécie de “cavalo de Tróia”, avança o diário, para retirar os bons clientes.

Berardo. O ainda comendador Joe Berardo quer processar os deputados da comissão de inquérito por ter visto negado o pedido para que a comissão não fosse transmitida em direto, avança o i esta segunda-feira. (Sem link) Luís Leite Ramos, presidente da comissão, justifica que não o fez "porque o interesse público era manifestamente razão para que as coisas decorressem com transparência".

Fundos para Hortense. A deputada do PS Hortense Martins conseguiu fundos europeus para projectos familiares concluídos há muito, num dos casos há dois anos, noticia o Público. Segundo uma investigação do jornal, a socialista - que é coordenadora do partido para a área do turismo -, recebeu mais de 275 mil euros para projetos turísticos que já estavam prontos e a funcionar.

Condecoração para Maria João Pires. A ministra da Cultura, Graça Fonseca, atribuiu este domingo em Belgais, distrito de Castelo Branco, a Medalha de Mérito Cultural à pianista Maria João Pires, destacando o seu “serviço de exceção” na divulgação cultural e a sua “entrega à música”.

FRASES

"Ninguém é capaz de se lembrar em nenhuma região, empresa, família, de algo de útil" que Paulo Rangel tenha apresentado em Bruxelas e Estrasburgo." António Costa, secretário-geral do PS, nos Açores

“A mim ninguém me viu a cozinhar cataplana com a minha família”, Paulo Rangel, cabeça de lista do PSD.

“Ali já vão mais dez votos!” Comentário de Nuno Melo, eurodeputado e cabeça de lista do CDS, em Aveiro, para Assunção Cristas, líder do partido.

“Através dos ataques pessoais, os partidos do Bloco Central, e incluo aqui também o CDS, são os que mais têm alimentado o populismo nesta campanha.” Marisa Matias, cabeça de lista do Bloco de Esquerda.

“Esses mesmos que se apresentam hoje e nestas eleições, assumindo-se como salvadores da Europa da ameaça da extrema-direita xenófoba, com quem alguns até são 'tu cá-tu lá' no tratamento, como aqueles que dizem querer combater e apresentam como uma ameaça, por exemplo, o PSD de Rangel com os seus amigos no poder na Hungria e na Polónia, que em tempo de eleições renegam ou os amigos de Cristas e tão elogiados por Melo, os protofascistas do Vox de Espanha, admiradores de Franco.” Jerónimo de Sousa, secretário-geral do PCP, em Vila Franca de Xira.

MANCHETES

Público: "Montepio cria novo banco com os melhores clientes emrpesariais"

Jornal de Notícias: "E fez-se Luz"

i: "Inspetores obrigados a usar carros e computadores pessoais"

Correio da Manhã: "Mendes força saída de Félix"

Diário de Notícias: "Anestesista recebeu meio milhão de euros num ano em prestações de serviço"

O QUE ANDO A LER

A propósito de um artigo da revista do Expresso da semana passada fui à prateleira dos poetas tirar a “Antologia de Poesia Portuguesa Erótica e Satírica”, organizada por Natália Correia a meio dos anos 60 que me tinha custado os olhos da cara num alfarrabista. O título do artigo do José Mário Silva contava parte da história do volume que tinha na mão: “O livro que levou Natália ao tribunal”. Tudo a propósito da nova edição da Ponto de Fuga, que recupera a escolha de poemas eróticos, mas também por causa a história do próprio livro. O novo volume contém documentação do julgamento da escritora por causa desta obra “pornográfica”, proibida, alvo mesmo de auto de fé pelo regime - pois uns quantos volumes nas mãos dos censores foram queimados.

Era um tempo em que imprimir versos obscenos mesmo dos poetas mais consagrados era crime contra os costumes, mas hoje de certa forma para lá caminhamos - quando sabemos que há obras de arte censuradas em museus para não ferir a suscetibilidade dos visitantes.

Ora o meu exemplar da “Antologia” tem uma capa amarelada, a lombada puída e a contracapa manchada, talvez de café, mas foi uma pechincha: €45, quando outro livro em melhor estado no mesmo alfarrabista custava €80. Percebe-se. Um volume destes é a sua história (terá estado escondido em alguma prateleira longe de olhos que o pudessem denunciar?). E a minha edição não é a primeira, da Afrodite, que foi vítima dessas queimadas, mas uma segunda edição pirata das Edições Rio de Janeiro, pelos vistos se não rara com valor de mercado. Mas como não o comprei como investimento, a verdadeira delícia são os poemas escolhidos por Natália Correia e os textos da autora no prefácio.

Natália enquadra o que vamos ler com profunda erudição - “O Cativeiro de Afrodite” -, onde podemos destacar ideias básicas: a posição da mulher como objeto sexual ao longo da história, até à libertação da sexualidade em momentos como no racionalismo (com libertinos como Sade) ou depois da Revolução Francesa, ou na época em que trabalhou na antologia, uns anos antes do maio de 68 - “A reintegração do eros”. Parte dos textos analisam a forma como a igreja ou as várias igrejas cristãs castraram a sexualidade - e pior ainda dos padres (e ainda não havia os escândalos de pedofilia). “Cremos que nesta Antologia se faz prova de um progressivo desanuviamento das repressões que compeliram o instinto (...), à medida que o amor é assumido em todo o genuíno pulsar da sua essência global de espírito e carne”, escreve a poetisa.

A rejeição de que o livro foi alvo quase se repete hoje. Vladimiro Nunes, o editor da nova antologia, comentava com o Expresso que as redes sociais são hoje os paladinos da nova censura, através algoritmos no lugar de lápis azuis: “É engraçado, porque o Facebook barrou-nos os materiais sobre o livro por suspeita de pornografia”, contou ao José Mário Silva.

Pudera. O primeiro autor citado, o trovador Martim Soares, terá escrito o poema entre 1241 ou 1244 - ainda andava D. Sancho II à espadeirada contra os mouros -, que com muita pena minha não me apareceu nos compêndios do liceu quando estudávamos as cantigas de escárnio e maldizer. “Pero Rodrigues, da vossa mulher,/ Não acrediteis no mal que vos digam./ Tenho eu a certeza que muito vos quer./ Quem tal não disser quer fazer intriga./ Sabei que outro dia quando eu a fodia,/ enquanto gozava, pelo que digia/ muito me mostrava que era vossa amiga".

Entre mais de 90 poetas portugueses, lá estão poemas óbvios do óbvio Bocage, o erotismo do Camões lírico - mas também o célebre Canto IX dos Lusíadas que à época era censurado no Estado Novo -, o casto Pessoa a cogitar sobre a primeira vez de uma noiva, e surrealistas provocadores como Cesariny e António Maria Lisboa, o escandaloso Luis Pacheco, Eugénio de Andrade a espreitar Maria e o carpinteiro (“A princípio, pensei que ele a estava a matar”), as menstruações, as coxas e o “sacrário do sexo” de Herberto Helder, e a feminista Maria Teresa Horta que contribuiu para libertar amarras neste domínio (“Entumescido branco/ Preto/ somente numa praça/ a vagina da erva”), também ela censurada no Estado Novo (e que tem a sua própria antologia de poesia erótica - “As Palavras do Corpo”). E ainda um suposto inédito satírico, surpreendente, de Camilo Castelo Branco - pouco abonatório para reis e rainhas - que Natália Correia terá recolhido de um manuscrito na biblioteca de Cardoso Marta.

Este Expresso não foi curto, peço desculpa se teve paciência por ter chegado ao fim e faço votos para que o facebook não censure este texto se alguém tiver a generosidade de o partilhar. É com boa disposição que lhe desejo uma boa segunda-feira e uma excelente semana. Continue a acompanhar as notícias no site do Expresso e no Diário, que publicamos a partir das seis da tarde, assim como na Tribuna e no Vida Extra.

Bom dia!

Se na política os militantes se comportassem de forma massiva e cega como uma tribo igual à do futebol, perdia-se em razão o que se ganhava em cor e entusiasmo. Não há que temer: eles são poucos, mesmo a política mais forte anda muito fraquinha e não corremos o risco de haver massas enlouquecidas por um líder, um partido ou uma ideologia a invadir as praças das nossas cidades no próximo domingo a festejar os ganhos nas europeias - a não ser que os abstencionistas quisessem participar na sua previsível vitória por esmagamento.

Quando tantos milhares saem à rua de forma espontânea para festejar a vitória de um clube - de todas as classes sociais, de todas as idades, de todos os partidos, credos e ideologias - percebemos que seria preciso que se tivesse posto fim a algo extremamente grave para o povo se manifestar politicamente em festa. Portanto, para quem nunca foi revolucionário, melhor assim: a população não se sente ameaçada, o regime está estabilizado nas suas virtudes e defeitos (os políticos que tomem conta disto), e quem vota escolhe por quem se abstém, ninguém vai andar aos tiros no dia seguinte por ter perdido ou não ter contribuído para os resultados. Por outro lado, pior assim, porque não há uma mensagem mobilizadora dos principais partidos nem interesse por parte dos cidadãos. O resultado será mais ou menos previsível - ganhasse o PS ou o PSD o que mudava na sua vida? - ninguém se interessa, as pessoas querem lá saber, a Europa é demasiado longe: o povo que vibra com as glórias do Benfica parece indiferente ao futuro do clube onde vivemos todos os dias: em Portugal e na Europa.

Lisboa não é Westeros e a luta pelo Trono de Ferro (anda tudo doido com o último episódio) aqui admite pausas na refrega. Não foi por acaso que a campanha para as europeias parou no sábado à hora dos dois jogos decisivos para o campeonato, apesar dos trocadilhos nos discursos, como podemos ler nesta reportagem dos cinco jornalistas do Expresso no terreno. Só a CDU não cancelou as ações de propaganda eleitoral, embora com os protestos de militantes - que levaram as tradicionais bandeiras ‘vermelhas’ do partido, em vez das azuis da CDU, porque torcem de coração pelos ‘encarnados’. Não, ninguém parece ter feito observações menos próprias sobre Os Verdes, apesar de João Ferreira ser do Sporting, contra Jerónimo de Sousa que é do Benfica…

A multidão, de vermelho, no Marquês de Pombal exultava de emoção e a Tribuna do Expresso explica aqui em oito artigos as razões que os benfiquistas têm para se sentirem felizes quando a meio da época já pensavam que este ano era de jejum. Destaque para este artigo do escritor Bruno Vieira do Amaral, que explica como a esperança foi devolvida a seis milhões de adeptos por esse antes desconhecido Bruno Lage - cuja história pode conhecer nesta reportagem do Hugo Tavares da Silva.

Enquanto o caro leitor benfiquista festejava com cervejolas, bifanas e coiratos, a equipa da Tribuna do Expresso trabalhava no duro para pôr nas bancas, amanhã, uma revista especial do #37, onde pode pode ler os melhores textos e as análises sobre o campeonato, ver as grandes fotos da festa, consultar as estatísticas que importam sobre o Benfica e os jogadores que mais se destacaram ao longo do ano. Com artigos de opinião de Rui Santos, Rodrigo Guedes de Carvalho, Pedro Adão e Silva, Luís Marques Mendes ou Pedro Candeias.

A CAMPANHA DAS EUROPEIAS

Na política, porém, quando se reage em modo clubite, temos uma distorção… Um dos nossos maiores problemas na Europa hoje é esse: a política vista com o excesso de emoções, como os olhos de quem vê futebol e acha sempre que é penálti contra os adversários. Com as emoções a sobreporem-se à racionalidade - o ódio aos outros -, os populistas parecem mais sinceros que os políticos tradicionais porque dizem o que pensam sem filtros como os comentadores desportivos, tanto faz se é verdade. Temos a Itália, a Hungria, o Reino Unido, a França, com partidos à frente nas sondagens que nem queremos acreditar.

O susto está aí: houve em Milão, este fim de semana, uma manifestação da extrema-direita europeia, com Salvini e Marine Le Pen e outros líderes populistas, a dizerem coisas como esta: "O verdadeiro soldado luta não porque odeia o que está à sua frente mas porque ama o que está atrás de si." Ou esta: "Se fizerem com que sejamos o primeiro partido da Europa, levaremos a política anti-imigrantes a toda a UE e aqui não entrará mais nenhum", garantiu o italiano Salvini. E é possível que se tornem uma força muito relevante no Parlamento Europeu no próximo domingo. Portugal ainda parece protegido, mas alguma coisa está em marcha e o terramoto que podem ser estas eleições terá decerto implicações por cá. Pense nisso.

Na frente interna, ontem Paulo Rangel falou ‘portunhol’ na passagem por Valença. “Las europeas son muy importantes!”. Em pseudocastelhano, apelou ao voto e ao combate à abstenção. A navegar de moliceiro, em Aveiro, Assunção Cristas pediu “cartão vermelho e censura para o Governo”, e foi recebida pela maior moldura humana da campanha. Talvez a bloquista Marisa Matias tenha exagerado um pouco quando disse ao Expresso que “PS, PSD e CDS têm alimentado o populismo nesta campanha”, mas Rui Rio deu-se a manifestações populares ao tocar bateria para acompanhar o tema "Conquistador" dos Da Vinci, numa dos maiores mobilizações do partido em Esposende. Nos Açores, António Costa, na senda do ataque habitual ao rival, acusou o social-democrata Paulo Rangel de nestes 10 anos nada ter feito por Portugal na Europa. Já o comunista João Ferreira insistiu no encerramento das superfícies comerciais ao domingo, numa convergência por razões diferentes com o Bispo do Porto e Jerónimo de Sousa, em Vila Franca de Xira, falou numa “armadilha” da UE entre uma visão “neoliberal, federalista e militarista” ou da “inevitabilidade da extrema-direita”.

Sabe que já houve quem tivesse votado? No Porto foi uma grande confusão e, em Lisboa, segundo o Público, houve quem desistisse por não poder esperar tanto tempo nas filas. A nossa colega Manuela Goucha Soares foi uma das primeiras 19.583 pessoas a votar por antecipação, este domingo - o que aconteceu pela primeira vez na história da democracia portuguesa (sem ser preciso ter de apresentar uma justificação). Pode ler aqui, num relato na primeira pessoa, como foi a experiência. Mesmo que ainda tenha dúvidas, faça como ela no próximo domingo.

Hoje à noite há debate na RTP, e a agenda dos partidos resume-se apenas à manhã. Nuno Melo e Assunção Cristas, do CDS, vão andar de barco com pescadores em Setúbal, e o social-democrata Paulo Rangel vai ao meio dia de comboio a Cascais e passear no centro da cidade. Enquanto o socialista Pedro Marques andará por Sintra e João Ferreira por Moscavide, Marisa Matias passará por Espinho. Depois recolhem todos a estagiar para o último debate (será decisivo?).

NOTÍCIAS LÁ FORA

Tensão EUA-Irão. Enquanto andamos focados nos nossos assuntos, das Europeias ao Benfica, o mundo roda e continua perigoso. Não é uma nova tensão no Médio Oriente, mas um agravamento de velhas tensões que estão a tornar-se ameaçadoras. Este domingo, Donald Trump ameaçou o regime iraniano com o fim do país, escrevendo no Twitter: “Se o Irão quiser lutar, isso será o fim do Irão. Não voltem a ameaçar os Estados Unidos!”. A Arábia Saudita diz que fará tudo para evitar uma guerra, mas acusa o regime iraniano de ter ordenado o ataque com drones a dois oleodutos no reino, reivindicado pelos rebeldes houthis no Iémen, que são apoiados pelo Irão. Dois dias antes desse ataque, quatro navios, incluindo dois petroleiros sauditas, terão sido sabotados ao largo da costa dos Emirados Árabes Unidos.

Trump e Kushner lavaram dinheiro na Alemanha? Quadros do Deutsche Bank detetaram actividades suspeitas de lavagem de dinheiro em contas de Donald Trump e do seu genro, Jared Kushner, noticia esta segunda-feira o The New York Times. Especialistas em investigar este tipo de movimentos recomendaram em 2016 e 2017 que múltiplas transações envolvendo entidades controladas por Trump e Kushner deviam ser reportadas ao organismo federal alemão que investiga este tipo de crimes financeiros.

Merkel e as migrações. Ainda as eleições europeias: "O assunto migrações vai continuar a acompanhar-nos nas próximas décadas”, declarou Angela Merkel, quarta-feira, numa entrevista coletiva a jornais europeus. A chanceler alemã defendeu que a Europa acertou ao deixar entrar um milhão de refugiados nas suas fronteiras, quando existem no mundo perto de 70 milhões. E isso apesar da réplica populista que provocou.

Escândalo na extrema direita austríaca. Na Áustria, o sábado foi politicamente atribulado. Primeiro, a demissão de Heinz-Christian Strache, vice-chanceler - líder do partido de extrema-direita FPÖ Partido da Liberdade da Áustria. Depois, a convocação de eleições antecipadas. Tudo por causa da divulgação de um vídeo em que Strache se mostra disponível para aceitar ajuda financeira russa em troca de favores e contratos estatais para beneficiar o FPÖ.

Eleições na maior democracia do mundo. O Partido do Povo Indiano (BJP), do primeiro-ministro Narendra Modi, é o provável vencedor das eleições da Índia, realizadas ontem. As sondagens à boca da urna indicam que a aliança governamental no poder, liderada pelo BJP, terá uma maioria que lhe permitirá formar Governo. O resultados das eleições será divulgado a 23 de maio, esta quinta-feira.

Atentado no Egito. Uma explosão atingiu um autocarro de turistas perto das célebres pirâmides de Gizé, no Egito, provocando 17 feridos, entre naturais do Egito e da África do Sul.

Google bloqueia Huawei. É uma guerra de gigantes, entre Estados Unidos e China. A Google cortou com a Huawei em tudo o que tenha a ver com transferência de hardware e software, tendo bloqueado o acesso a atuallizações via Android - cumprindo as ordens da administração norte-americana. A exceção são os produtos protegidos por licenças de código aberto, avançou a Reuters esta segunda-feira.

Cannes: Almodóvar voa para Palma. "Dolor y Gloria” é um filme autobiográfico cheio de coisas concretas mas também ambiguidades que se entrelaçam pela ficção, escreve Francisco Ferreira, o crítico do Expresso enviado ao Festival de Cinema de Cannes. "Trata-se de um jogo de espelhos em que o protagonista é um cineasta com medo de ter perdido o alento e o desejo". Recebeu uma enorme ovação: "Almodóvar sabe que trouxe o seu melhor filme desta década".

OUTRAS NOTÍCIAS CÁ DENTRO

Marques Mendes. Comendas de Berardo devem ser retiradas e as de Sócrates também, disse o comentador na SIC este domingo, depois de classificar Berardo como aldrabão ou burlão. Também afirmou que as eleições europeias "são plebiscito a António Costa."

Montepio. O Banco de Empresa Montepio (BEM) pode vir a “subtrair”, em poucos anos, até 2,3 mil milhões de euros de activos ligados a grandes clientes cumpridores do Banco Montepio, escreve o Público esta manhã, na história que faz manchete do jornal. Este banco, que ainda não tem a marca registada, seria como uma espécie de “cavalo de Tróia”, avança o diário, para retirar os bons clientes.

Berardo. O ainda comendador Joe Berardo quer processar os deputados da comissão de inquérito por ter visto negado o pedido para que a comissão não fosse transmitida em direto, avança o i esta segunda-feira. (Sem link) Luís Leite Ramos, presidente da comissão, justifica que não o fez "porque o interesse público era manifestamente razão para que as coisas decorressem com transparência".

Fundos para Hortense. A deputada do PS Hortense Martins conseguiu fundos europeus para projectos familiares concluídos há muito, num dos casos há dois anos, noticia o Público. Segundo uma investigação do jornal, a socialista - que é coordenadora do partido para a área do turismo -, recebeu mais de 275 mil euros para projetos turísticos que já estavam prontos e a funcionar.

Condecoração para Maria João Pires. A ministra da Cultura, Graça Fonseca, atribuiu este domingo em Belgais, distrito de Castelo Branco, a Medalha de Mérito Cultural à pianista Maria João Pires, destacando o seu “serviço de exceção” na divulgação cultural e a sua “entrega à música”.

FRASES

"Ninguém é capaz de se lembrar em nenhuma região, empresa, família, de algo de útil" que Paulo Rangel tenha apresentado em Bruxelas e Estrasburgo." António Costa, secretário-geral do PS, nos Açores

“A mim ninguém me viu a cozinhar cataplana com a minha família”, Paulo Rangel, cabeça de lista do PSD.

“Ali já vão mais dez votos!” Comentário de Nuno Melo, eurodeputado e cabeça de lista do CDS, em Aveiro, para Assunção Cristas, líder do partido.

“Através dos ataques pessoais, os partidos do Bloco Central, e incluo aqui também o CDS, são os que mais têm alimentado o populismo nesta campanha.” Marisa Matias, cabeça de lista do Bloco de Esquerda.

“Esses mesmos que se apresentam hoje e nestas eleições, assumindo-se como salvadores da Europa da ameaça da extrema-direita xenófoba, com quem alguns até são 'tu cá-tu lá' no tratamento, como aqueles que dizem querer combater e apresentam como uma ameaça, por exemplo, o PSD de Rangel com os seus amigos no poder na Hungria e na Polónia, que em tempo de eleições renegam ou os amigos de Cristas e tão elogiados por Melo, os protofascistas do Vox de Espanha, admiradores de Franco.” Jerónimo de Sousa, secretário-geral do PCP, em Vila Franca de Xira.

MANCHETES

Público: "Montepio cria novo banco com os melhores clientes emrpesariais"

Jornal de Notícias: "E fez-se Luz"

i: "Inspetores obrigados a usar carros e computadores pessoais"

Correio da Manhã: "Mendes força saída de Félix"

Diário de Notícias: "Anestesista recebeu meio milhão de euros num ano em prestações de serviço"

O QUE ANDO A LER

A propósito de um artigo da revista do Expresso da semana passada fui à prateleira dos poetas tirar a “Antologia de Poesia Portuguesa Erótica e Satírica”, organizada por Natália Correia a meio dos anos 60 que me tinha custado os olhos da cara num alfarrabista. O título do artigo do José Mário Silva contava parte da história do volume que tinha na mão: “O livro que levou Natália ao tribunal”. Tudo a propósito da nova edição da Ponto de Fuga, que recupera a escolha de poemas eróticos, mas também por causa a história do próprio livro. O novo volume contém documentação do julgamento da escritora por causa desta obra “pornográfica”, proibida, alvo mesmo de auto de fé pelo regime - pois uns quantos volumes nas mãos dos censores foram queimados.

Era um tempo em que imprimir versos obscenos mesmo dos poetas mais consagrados era crime contra os costumes, mas hoje de certa forma para lá caminhamos - quando sabemos que há obras de arte censuradas em museus para não ferir a suscetibilidade dos visitantes.

Ora o meu exemplar da “Antologia” tem uma capa amarelada, a lombada puída e a contracapa manchada, talvez de café, mas foi uma pechincha: €45, quando outro livro em melhor estado no mesmo alfarrabista custava €80. Percebe-se. Um volume destes é a sua história (terá estado escondido em alguma prateleira longe de olhos que o pudessem denunciar?). E a minha edição não é a primeira, da Afrodite, que foi vítima dessas queimadas, mas uma segunda edição pirata das Edições Rio de Janeiro, pelos vistos se não rara com valor de mercado. Mas como não o comprei como investimento, a verdadeira delícia são os poemas escolhidos por Natália Correia e os textos da autora no prefácio.

Natália enquadra o que vamos ler com profunda erudição - “O Cativeiro de Afrodite” -, onde podemos destacar ideias básicas: a posição da mulher como objeto sexual ao longo da história, até à libertação da sexualidade em momentos como no racionalismo (com libertinos como Sade) ou depois da Revolução Francesa, ou na época em que trabalhou na antologia, uns anos antes do maio de 68 - “A reintegração do eros”. Parte dos textos analisam a forma como a igreja ou as várias igrejas cristãs castraram a sexualidade - e pior ainda dos padres (e ainda não havia os escândalos de pedofilia). “Cremos que nesta Antologia se faz prova de um progressivo desanuviamento das repressões que compeliram o instinto (...), à medida que o amor é assumido em todo o genuíno pulsar da sua essência global de espírito e carne”, escreve a poetisa.

A rejeição de que o livro foi alvo quase se repete hoje. Vladimiro Nunes, o editor da nova antologia, comentava com o Expresso que as redes sociais são hoje os paladinos da nova censura, através algoritmos no lugar de lápis azuis: “É engraçado, porque o Facebook barrou-nos os materiais sobre o livro por suspeita de pornografia”, contou ao José Mário Silva.

Pudera. O primeiro autor citado, o trovador Martim Soares, terá escrito o poema entre 1241 ou 1244 - ainda andava D. Sancho II à espadeirada contra os mouros -, que com muita pena minha não me apareceu nos compêndios do liceu quando estudávamos as cantigas de escárnio e maldizer. “Pero Rodrigues, da vossa mulher,/ Não acrediteis no mal que vos digam./ Tenho eu a certeza que muito vos quer./ Quem tal não disser quer fazer intriga./ Sabei que outro dia quando eu a fodia,/ enquanto gozava, pelo que digia/ muito me mostrava que era vossa amiga".

Entre mais de 90 poetas portugueses, lá estão poemas óbvios do óbvio Bocage, o erotismo do Camões lírico - mas também o célebre Canto IX dos Lusíadas que à época era censurado no Estado Novo -, o casto Pessoa a cogitar sobre a primeira vez de uma noiva, e surrealistas provocadores como Cesariny e António Maria Lisboa, o escandaloso Luis Pacheco, Eugénio de Andrade a espreitar Maria e o carpinteiro (“A princípio, pensei que ele a estava a matar”), as menstruações, as coxas e o “sacrário do sexo” de Herberto Helder, e a feminista Maria Teresa Horta que contribuiu para libertar amarras neste domínio (“Entumescido branco/ Preto/ somente numa praça/ a vagina da erva”), também ela censurada no Estado Novo (e que tem a sua própria antologia de poesia erótica - “As Palavras do Corpo”). E ainda um suposto inédito satírico, surpreendente, de Camilo Castelo Branco - pouco abonatório para reis e rainhas - que Natália Correia terá recolhido de um manuscrito na biblioteca de Cardoso Marta.

Este Expresso não foi curto, peço desculpa se teve paciência por ter chegado ao fim e faço votos para que o facebook não censure este texto se alguém tiver a generosidade de o partilhar. É com boa disposição que lhe desejo uma boa segunda-feira e uma excelente semana. Continue a acompanhar as notícias no site do Expresso e no Diário, que publicamos a partir das seis da tarde, assim como na Tribuna e no Vida Extra.

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