Ladrões de Bicicletas: Sentados, à espera

22-05-2019
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Que medidas alternativas concretas teria Assunção Cristas em mente, quando referiu que «a classe média está a ser altamente penalizada com uma austeridade à esquerda», nos «mais 500 milhões de euros retirados aos bolsos dos portugueses através dos impostos indirectos, nomeadamente o gasóleo e a gasolina»? Deveria o governo, segundo Cristas, estar a preparar um programa de cortes nos rendimentos e nas pensões, a tentar agravar a TSU para os trabalhadores, a flexibilizar a legislação laboral e a estabelecer um novo quadro de «poupanças adicionais» na educação, saúde e prestações sociais, como fez o anterior executivo? Ou estará a presidente do CDS-PP, como sugere o Rui Tavares, a preparar-se «para fazer à classe média o mesmo que o CDS de Paulo Portas fez aos pensionistas»? Não o diz, não se sabe.

E como justifica Assunção Cristas, em termos orçamentais, a sua proposta de criação de um crédito fiscal reforçado, assente na redução da taxa efetiva de IRC de 21% para 5,5% em empresas que fizerem investimento produtivo? Uma proposta que até o insuspeito presidente da CIP, António Saraiva, qualificou de «excessiva» (pedindo «realismo» na apresentação de soluções para animar a economia portuguesa)? Qual seria a estratégia orçamental cumpridora do défice que o CDS-PP assumiria para 2017, se fosse governo? Não o dizem, não se sabe.

E o PSD de Passos Coelho? Voltará a colocar-se à margem da discussão do Orçamento do Estado e dispensar-se de apresentar propostas para o exercício de 2017, com o argumento de que «nem vale a pena estar a perder tempo» com esse debate (e aconselhando quem esteja com «a expectativa de embrulhar o PSD na responsabilização orçamental» a «tirar o cavalinho da chuva»)? Bastará ao maior partido da oposição anunciar a chegada do diabo em Setembro? Repete-se a questão: qual seria a estratégia orçamental do PSD para 2017, cumpridora do défice, se este partido fosse governo? Não o dizem, não se sabe.

Ou melhor, até se sabe. Sabe-se muito bem. Pacheco Pereira disse-o ontem, na Quadratura do Círculo: «a gente percebe o que é que eles querem fazer. É o mesmo que havia antes». Não podendo dizer que regressariam à receita do empobrecimento competitivo, os partidos da PàF limitam-se a permanecer sentados e silenciosos, à espera que alguma coisa acabe por acontecer. Aliás, Nuno Melo confessou-o há dias, com particular clareza: «se as contas públicas confluírem para um colapso, os eleitores saberão dar a resposta nas urnas». A fé no fracasso é a estratégia da direita.

Que medidas alternativas concretas teria Assunção Cristas em mente, quando referiu que «a classe média está a ser altamente penalizada com uma austeridade à esquerda», nos «mais 500 milhões de euros retirados aos bolsos dos portugueses através dos impostos indirectos, nomeadamente o gasóleo e a gasolina»? Deveria o governo, segundo Cristas, estar a preparar um programa de cortes nos rendimentos e nas pensões, a tentar agravar a TSU para os trabalhadores, a flexibilizar a legislação laboral e a estabelecer um novo quadro de «poupanças adicionais» na educação, saúde e prestações sociais, como fez o anterior executivo? Ou estará a presidente do CDS-PP, como sugere o Rui Tavares, a preparar-se «para fazer à classe média o mesmo que o CDS de Paulo Portas fez aos pensionistas»? Não o diz, não se sabe.

E como justifica Assunção Cristas, em termos orçamentais, a sua proposta de criação de um crédito fiscal reforçado, assente na redução da taxa efetiva de IRC de 21% para 5,5% em empresas que fizerem investimento produtivo? Uma proposta que até o insuspeito presidente da CIP, António Saraiva, qualificou de «excessiva» (pedindo «realismo» na apresentação de soluções para animar a economia portuguesa)? Qual seria a estratégia orçamental cumpridora do défice que o CDS-PP assumiria para 2017, se fosse governo? Não o dizem, não se sabe.

E o PSD de Passos Coelho? Voltará a colocar-se à margem da discussão do Orçamento do Estado e dispensar-se de apresentar propostas para o exercício de 2017, com o argumento de que «nem vale a pena estar a perder tempo» com esse debate (e aconselhando quem esteja com «a expectativa de embrulhar o PSD na responsabilização orçamental» a «tirar o cavalinho da chuva»)? Bastará ao maior partido da oposição anunciar a chegada do diabo em Setembro? Repete-se a questão: qual seria a estratégia orçamental do PSD para 2017, cumpridora do défice, se este partido fosse governo? Não o dizem, não se sabe.

Ou melhor, até se sabe. Sabe-se muito bem. Pacheco Pereira disse-o ontem, na Quadratura do Círculo: «a gente percebe o que é que eles querem fazer. É o mesmo que havia antes». Não podendo dizer que regressariam à receita do empobrecimento competitivo, os partidos da PàF limitam-se a permanecer sentados e silenciosos, à espera que alguma coisa acabe por acontecer. Aliás, Nuno Melo confessou-o há dias, com particular clareza: «se as contas públicas confluírem para um colapso, os eleitores saberão dar a resposta nas urnas». A fé no fracasso é a estratégia da direita.

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