Votar em Assunção Cristas ou não, eis a questão

30-09-2019
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Vale a pena votar em Assunção Cristas? A senhora que a encontra a meio da volta pela feira do Lamego, já o sol desta manhã de quinta-feira vai alto, tem dúvidas. “Não voto em você, não vale a pena”. Não é que seja de outra cor política ou que tenha alguma coisa contra Cristas; a dúvida é mesmo sobre a utilidade do voto. “Então não vale? Eu peço-lhe é para passar a palavra!”.

Por entre corredores de caçarolas de barro, roupa interior e um sem número de toalhas de praia com a cara de Cristiano Ronaldo estampada a toda a largura, a conversa repete-se. É quase sempre afável - fora um homem que atira que quem lhe cortou a pensão “foi o Coelho, não foi o Sócrates" -, Cristas circula sem dificuldades, com muitos abraços, beijos e elogios. Mas a dúvida permanece.

Esta manhã, a equipa está composta. Em boa parte mérito da estrutura local, ali representada pelo deputado do distrito de Viseu, Hélder Amaral - cujo lugar está em risco nestas eleições - e por uma figura menos conhecida para a generalidade das pessoas mas que na feira é uma estrela. José Pinto, presidente da concelhia de Lamego, percorre alegre as dezenas de bancas, incentiva todos quanto encontra a conhecer a líder, solta piadas (“Isto até já são votos a mais!”). Em momentos de maior entusiasmo, dirige-se aos feirantes e solta assim: “Quero a ciganada toda a votar CDS, vamos lá!”.

Feirantes ou compradores, o dilema e o apelo de Cristas são os mesmos, aqui ilustrados por novo diálogo entre a centrista e outra cliente da feira de Lamego e fiel do CDS, uns metros mais à frente.

- Nem é preciso pedir [o voto]!

- Então desta vez vou pedir outra coisa: leve mais um ou dois.

Nova prova logo de seguida, em conversa com mais uma mulher aparentemente indefectível do CDS:

- Se todos os que acreditam forem votar, isto pode mudar. Mas têm mesmo de ir.

- Isso têm.

- E de falar e de telefonar. Militantemente!

Os diálogos repetem-se, a ideia é a mesma: Cristas insiste nos indecisos, pede que quem vai votar leve um amigo também, que convençam os vizinhos, que acreditem que o CDS pode dar a volta. Com as sondagens a descer dos 5%, não é fácil passar essa convicção.

A meio do caminho, uma esperança para os argumentos que vai tentando transmitir: Maria Gomes, 74 anos, recebe uma pensão de 200 euros por mês que usa para (tentar) pagar “consultas, medicamentos e rendas”. Em janeiro, foi operada a um tumor e por isso pagou “cem contos”, quinhentos euros em dinheiro de hoje. “O povo pobre está muito revoltado com este Governo”, diz, a rematar um dos momentos em que Cristas consegue parar e conversar, aproveitando a crítica ao PS. Mas a dúvida volta: “Isto vai muito mal porque todos prometem e não fazem nada”.

A centrista esforça-se por explicar uma e outra vez: para poder aplicar as suas propostas para a Saúde ou outras quaisquer, terá de ter mais votos nas urnas: “Algum vai ganhar, têm é de nos dar mais força”. O drama do CDS e a sua luta contra o voto útil também é ilustrado pelo desabafo de um potencial eleitor que, à saída da feira, comenta: “Não sei se hei de votar CDS ou PSD. O Fernando Ruas [cabeça de lista dos sociais democratas] é um grande homem…”.

Vale a pena votar em Assunção Cristas? A senhora que a encontra a meio da volta pela feira do Lamego, já o sol desta manhã de quinta-feira vai alto, tem dúvidas. “Não voto em você, não vale a pena”. Não é que seja de outra cor política ou que tenha alguma coisa contra Cristas; a dúvida é mesmo sobre a utilidade do voto. “Então não vale? Eu peço-lhe é para passar a palavra!”.

Por entre corredores de caçarolas de barro, roupa interior e um sem número de toalhas de praia com a cara de Cristiano Ronaldo estampada a toda a largura, a conversa repete-se. É quase sempre afável - fora um homem que atira que quem lhe cortou a pensão “foi o Coelho, não foi o Sócrates" -, Cristas circula sem dificuldades, com muitos abraços, beijos e elogios. Mas a dúvida permanece.

Esta manhã, a equipa está composta. Em boa parte mérito da estrutura local, ali representada pelo deputado do distrito de Viseu, Hélder Amaral - cujo lugar está em risco nestas eleições - e por uma figura menos conhecida para a generalidade das pessoas mas que na feira é uma estrela. José Pinto, presidente da concelhia de Lamego, percorre alegre as dezenas de bancas, incentiva todos quanto encontra a conhecer a líder, solta piadas (“Isto até já são votos a mais!”). Em momentos de maior entusiasmo, dirige-se aos feirantes e solta assim: “Quero a ciganada toda a votar CDS, vamos lá!”.

Feirantes ou compradores, o dilema e o apelo de Cristas são os mesmos, aqui ilustrados por novo diálogo entre a centrista e outra cliente da feira de Lamego e fiel do CDS, uns metros mais à frente.

- Nem é preciso pedir [o voto]!

- Então desta vez vou pedir outra coisa: leve mais um ou dois.

Nova prova logo de seguida, em conversa com mais uma mulher aparentemente indefectível do CDS:

- Se todos os que acreditam forem votar, isto pode mudar. Mas têm mesmo de ir.

- Isso têm.

- E de falar e de telefonar. Militantemente!

Os diálogos repetem-se, a ideia é a mesma: Cristas insiste nos indecisos, pede que quem vai votar leve um amigo também, que convençam os vizinhos, que acreditem que o CDS pode dar a volta. Com as sondagens a descer dos 5%, não é fácil passar essa convicção.

A meio do caminho, uma esperança para os argumentos que vai tentando transmitir: Maria Gomes, 74 anos, recebe uma pensão de 200 euros por mês que usa para (tentar) pagar “consultas, medicamentos e rendas”. Em janeiro, foi operada a um tumor e por isso pagou “cem contos”, quinhentos euros em dinheiro de hoje. “O povo pobre está muito revoltado com este Governo”, diz, a rematar um dos momentos em que Cristas consegue parar e conversar, aproveitando a crítica ao PS. Mas a dúvida volta: “Isto vai muito mal porque todos prometem e não fazem nada”.

A centrista esforça-se por explicar uma e outra vez: para poder aplicar as suas propostas para a Saúde ou outras quaisquer, terá de ter mais votos nas urnas: “Algum vai ganhar, têm é de nos dar mais força”. O drama do CDS e a sua luta contra o voto útil também é ilustrado pelo desabafo de um potencial eleitor que, à saída da feira, comenta: “Não sei se hei de votar CDS ou PSD. O Fernando Ruas [cabeça de lista dos sociais democratas] é um grande homem…”.

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