Obrigado pelas sanções, Dr. Schäuble!

22-07-2016
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“Um alemão coloca as regras acima de tudo e é por isso que eles são tão eficientes, seja na construção de automóveis de alta qualidade, seja na organização de genocídios”

É verdade que Portugal se sagrou campeão do Mundo de futebol durante um governo de esquerda. Mas estas coisas não acontecem da noite para o dia. Não se esqueçam que toda a preparação desta equipa foi feita durante a implementação de um plano de austeridade liderado pelo governo PSD/CDS e sob a supervisão da troika. Pode dizer-se que esta vitória de Portugal foi, também, uma vitória da austeridade e a prova de que essa é a melhor maneira de obtermos os melhores resultados no desporto, na economia e na vida.

Depois de toda a gente ter saído para a rua para agradecer à seleção aquilo que fez pelo país, gostava que fizessem o mesmo para agradecer as sanções às instituições europeias e ao Dr. Schäuble em particular.

A esquerda critica as sanções porque consideram que são uma forma de ingerência da Europa na política portuguesa. Infelizmente, os erros do passado levaram a essa necessidade de ingerência. Todos gostamos muito de soberania mas temos de a merecer primeiro. Estas sanções são a forma de nós mostrarmos ao Dr. Schäuble que merecemos a nossa soberania.

Porque nós somos capazes de tudo. Se vencemos um torneio de futebol, o que é que nos impede de cumprirmos as metas do défice? A nossa incompetência e o facto de termos um governo irresponsável, claro. O que as sanções nos mostram é que temos de ser mais competentes e eleger um governo que seja mais responsável. Tal como diz o Dr. Schäuble, as sanções são um excelente incentivo para nos tornarmos melhores. Acham que o Dr. Éderzinho teria o incentivo de marcar o ponto da vitória se as pessoas não fizessem pouco dele antes do torneio? Foram as sanções das pessoas, sob a forma de insultos, assobios e memes, que fizeram com que o Dr. Éderzinho se superasse e se tornasse o melhor jogador de futebol de todos os tempos.

Devíamos ir para as ruas, celebrar as sanções e obrigar a geringonça a fazer aquilo que é melhor para o país: impor mais medidas de austeridade para mostrar às instituições europeias que estamos dispostos a ser melhores.

Devemos receber as sanções com o mesmo contentamento com que uma criança ajuizada recebe uma chapada dos seus pais. Custa levar uma chapada ou receber sanções, mas, quando elas são um ato de amor, só temos de agradecer e aprender com elas.

É certo que o governo de direita cumpriu todas as recomendações da União Europeia em 2015. É também certo que essas recomendações não foram suficientes para atingir a meta do défice. Era possível ter feito mais? Talvez não.

Mas o importante é que não cumprimos e devemos ser punidos por isso. São as regras e as regras devem ser cumpridas. Para um português o argumento do cumprimento das regras pode não ser muito relevante mas digam a um alemão que “as regras somos nós que as fazemos e podemos mudá-las sempre que quisermos” e vejam-no a ter um colapso nervoso. Um alemão coloca as regras acima de tudo e é por isso que eles são tão eficientes, seja na construção de automóveis de alta qualidade, seja na organização de genocídios. Sim, o cumprimento cego de regras também tem o seu lado negativo mas, neste caso concreto das sanções, eles só nos estão a tentar ajudar. Porque confiam em nós e sabem que nós podemos ser muito melhores, ou seja, mais parecidos com eles.

É verdade que, como disse a Dra. Maria Luís Albuquerque, se a direita continuasse no governo não haveria sanções para ninguém. E é essa a lição importante que os portugueses têm de retirar destas sanções. A Comissão Europeia não pode obrigar os portugueses a votar nos partidos responsáveis de direita. Seria uma ingerência inadmissível na nossa democracia. No entanto, pode dar sinais subtis de que há uns governantes melhores do que outros. Os portugueses até podem continuar a votar em partidos de esquerda. Mas agora fá-lo-ão com a consciência de qual a opinião das instituições europeias. Porque vivemos numa democracia e as instituições europeias têm toda a liberdade de expressar a sua opinião sobre governos democraticamente eleitos, através de sanções.

“Um alemão coloca as regras acima de tudo e é por isso que eles são tão eficientes, seja na construção de automóveis de alta qualidade, seja na organização de genocídios”

É verdade que Portugal se sagrou campeão do Mundo de futebol durante um governo de esquerda. Mas estas coisas não acontecem da noite para o dia. Não se esqueçam que toda a preparação desta equipa foi feita durante a implementação de um plano de austeridade liderado pelo governo PSD/CDS e sob a supervisão da troika. Pode dizer-se que esta vitória de Portugal foi, também, uma vitória da austeridade e a prova de que essa é a melhor maneira de obtermos os melhores resultados no desporto, na economia e na vida.

Depois de toda a gente ter saído para a rua para agradecer à seleção aquilo que fez pelo país, gostava que fizessem o mesmo para agradecer as sanções às instituições europeias e ao Dr. Schäuble em particular.

A esquerda critica as sanções porque consideram que são uma forma de ingerência da Europa na política portuguesa. Infelizmente, os erros do passado levaram a essa necessidade de ingerência. Todos gostamos muito de soberania mas temos de a merecer primeiro. Estas sanções são a forma de nós mostrarmos ao Dr. Schäuble que merecemos a nossa soberania.

Porque nós somos capazes de tudo. Se vencemos um torneio de futebol, o que é que nos impede de cumprirmos as metas do défice? A nossa incompetência e o facto de termos um governo irresponsável, claro. O que as sanções nos mostram é que temos de ser mais competentes e eleger um governo que seja mais responsável. Tal como diz o Dr. Schäuble, as sanções são um excelente incentivo para nos tornarmos melhores. Acham que o Dr. Éderzinho teria o incentivo de marcar o ponto da vitória se as pessoas não fizessem pouco dele antes do torneio? Foram as sanções das pessoas, sob a forma de insultos, assobios e memes, que fizeram com que o Dr. Éderzinho se superasse e se tornasse o melhor jogador de futebol de todos os tempos.

Devíamos ir para as ruas, celebrar as sanções e obrigar a geringonça a fazer aquilo que é melhor para o país: impor mais medidas de austeridade para mostrar às instituições europeias que estamos dispostos a ser melhores.

Devemos receber as sanções com o mesmo contentamento com que uma criança ajuizada recebe uma chapada dos seus pais. Custa levar uma chapada ou receber sanções, mas, quando elas são um ato de amor, só temos de agradecer e aprender com elas.

É certo que o governo de direita cumpriu todas as recomendações da União Europeia em 2015. É também certo que essas recomendações não foram suficientes para atingir a meta do défice. Era possível ter feito mais? Talvez não.

Mas o importante é que não cumprimos e devemos ser punidos por isso. São as regras e as regras devem ser cumpridas. Para um português o argumento do cumprimento das regras pode não ser muito relevante mas digam a um alemão que “as regras somos nós que as fazemos e podemos mudá-las sempre que quisermos” e vejam-no a ter um colapso nervoso. Um alemão coloca as regras acima de tudo e é por isso que eles são tão eficientes, seja na construção de automóveis de alta qualidade, seja na organização de genocídios. Sim, o cumprimento cego de regras também tem o seu lado negativo mas, neste caso concreto das sanções, eles só nos estão a tentar ajudar. Porque confiam em nós e sabem que nós podemos ser muito melhores, ou seja, mais parecidos com eles.

É verdade que, como disse a Dra. Maria Luís Albuquerque, se a direita continuasse no governo não haveria sanções para ninguém. E é essa a lição importante que os portugueses têm de retirar destas sanções. A Comissão Europeia não pode obrigar os portugueses a votar nos partidos responsáveis de direita. Seria uma ingerência inadmissível na nossa democracia. No entanto, pode dar sinais subtis de que há uns governantes melhores do que outros. Os portugueses até podem continuar a votar em partidos de esquerda. Mas agora fá-lo-ão com a consciência de qual a opinião das instituições europeias. Porque vivemos numa democracia e as instituições europeias têm toda a liberdade de expressar a sua opinião sobre governos democraticamente eleitos, através de sanções.

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