Congresso. O PS virou à esquerda?

02-06-2016
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António Costa andou pelo país a apresentar a moção “Cumprir a alternativa, consolidar a esperança” aos militantes. O secretário-geral ouviu elogios e palavras de incentivo, mas também críticas por ter virado à esquerda. Em Braga, o ex-deputado Ricardo Gonçalves levantou a voz contra a estratégia “muito esquerdista” do PS.

Ao i, Ricardo Gonçalves, que pertence à comissão nacional, explica as críticas: “A moção, em vez de apresentar um PS moderado, capaz de dar garantias aos investidores e até ao consumidor, é muito esquerdista. É uma moção muito esquerdista, muito bloquista. Aquela narrativa é mais própria do Bloco de Esquerda do que do PS.”

A moção de António Costa, que hoje e amanhã vai disputar as eleições diretas com Daniel Adrião, garante, pelo menos seis vezes, que o PS será “fiel aos seus valores e princípios”, mas fecha a porta à direita em nome de uma solução governativa que atingiu “uma solidez e um horizonte de estabilidade bem superior à de qualquer dos governos minoritários que anteriormente existiram na democracia portuguesa”. Costa faz uma autocrítica e assume que os socialistas se deixaram contaminar “pelo vírus da fé excessiva na autorregulação dos mercados, não sendo capazes de resistir às tendências de financeirização do capitalismo mundial”.

O PS oficial rejeita, porém, a ideia de uma viragem à esquerda. “Não creio que o PS tenha feito qualquer transição à esquerda com este congresso”, disse, em entrevista ao “Expresso”, o presidente do partido e líder parlamentar Carlos César. Apesar da convicção de que “o PS não se desviou do percurso ideológico tradicional”, César não deixa de manifestar “preocupações” com o risco de o PS perder o centro e garante que o governo vai desfazer a ideia de que “descurou outras prioridades, designadamente a atenção às empresas, à capitalização e ao investimento”. José Junqueiro, dirigente socialista e ex-deputado, concorda que “o PS está a tomar decisões em linha com a sua matriz ideológica”, mas reconhece que “há uma viragem enquanto governo em direção àquilo que são as posições comuns feitas com o BE, o PCP e o PEV. É inegável que isso é uma progressão mais à esquerda por parte do PS”.

O alerta de que o PS não pode perder de vista que é um partido de “esquerda moderada” é feito também pelo ex-diretor de campanha de António Costa e deputado Ascenso Simões. “Interessa projetar o futuro com uma caução de que o PS é mesmo um partido nacional, moderado e transversal a toda a sociedade”, escreve Ascenso num artigo de opinião publicado ontem no jornal oficial do PS.

A aliança do PS com os partidos à sua esquerda foi contestada por alguns socialistas, mas os críticos praticamente desapareceram. Francisco Assis, que liderou um movimento interno contra a solução de esquerda, deixou os seus comentários semanais na TVI e remeteu-se ao silêncio. O ex-candidato à liderança do PS já anunciou, porém, que vai falar no congresso do PS, marcado para os dias 3, 4 e 5 de junho, em Lisboa. “Espero que Francisco Assis e outras figuras façam intervenções alternativas ao momento que vivemos”, diz Ricardo Gonçalves, confessando que continua “a não acreditar nesta solução, porque o PCP e o BE criam um ambiente em que é muito difícil haver investimento e, não havendo investimento, não há crescimento e os problemas do país não se resolvem.”

Assis e Sérgio Sousa Pinto, que se demitiu do secretariado nacional do partido por discordar da aliança à esquerda, querem falar no congresso, mas já avisaram que só o farão se as suas intervenções não forem adiadas para horas tardias. “Tenciono falar se tiver condições”, disse ao “Diário de Notícias” o ex-líder da Juventude Socialista. Um dos truques dos partidos é colocarem os críticos a falar mais tarde para que as suas intervenções tenham pouco impacto junto da opinião pública. Neste congresso, como acontece quase sempre quando os partidos estão no poder, contam-se pelos dedos os socialistas que poderão subir ao palco para malhar em Costa.

António Costa andou pelo país a apresentar a moção “Cumprir a alternativa, consolidar a esperança” aos militantes. O secretário-geral ouviu elogios e palavras de incentivo, mas também críticas por ter virado à esquerda. Em Braga, o ex-deputado Ricardo Gonçalves levantou a voz contra a estratégia “muito esquerdista” do PS.

Ao i, Ricardo Gonçalves, que pertence à comissão nacional, explica as críticas: “A moção, em vez de apresentar um PS moderado, capaz de dar garantias aos investidores e até ao consumidor, é muito esquerdista. É uma moção muito esquerdista, muito bloquista. Aquela narrativa é mais própria do Bloco de Esquerda do que do PS.”

A moção de António Costa, que hoje e amanhã vai disputar as eleições diretas com Daniel Adrião, garante, pelo menos seis vezes, que o PS será “fiel aos seus valores e princípios”, mas fecha a porta à direita em nome de uma solução governativa que atingiu “uma solidez e um horizonte de estabilidade bem superior à de qualquer dos governos minoritários que anteriormente existiram na democracia portuguesa”. Costa faz uma autocrítica e assume que os socialistas se deixaram contaminar “pelo vírus da fé excessiva na autorregulação dos mercados, não sendo capazes de resistir às tendências de financeirização do capitalismo mundial”.

O PS oficial rejeita, porém, a ideia de uma viragem à esquerda. “Não creio que o PS tenha feito qualquer transição à esquerda com este congresso”, disse, em entrevista ao “Expresso”, o presidente do partido e líder parlamentar Carlos César. Apesar da convicção de que “o PS não se desviou do percurso ideológico tradicional”, César não deixa de manifestar “preocupações” com o risco de o PS perder o centro e garante que o governo vai desfazer a ideia de que “descurou outras prioridades, designadamente a atenção às empresas, à capitalização e ao investimento”. José Junqueiro, dirigente socialista e ex-deputado, concorda que “o PS está a tomar decisões em linha com a sua matriz ideológica”, mas reconhece que “há uma viragem enquanto governo em direção àquilo que são as posições comuns feitas com o BE, o PCP e o PEV. É inegável que isso é uma progressão mais à esquerda por parte do PS”.

O alerta de que o PS não pode perder de vista que é um partido de “esquerda moderada” é feito também pelo ex-diretor de campanha de António Costa e deputado Ascenso Simões. “Interessa projetar o futuro com uma caução de que o PS é mesmo um partido nacional, moderado e transversal a toda a sociedade”, escreve Ascenso num artigo de opinião publicado ontem no jornal oficial do PS.

A aliança do PS com os partidos à sua esquerda foi contestada por alguns socialistas, mas os críticos praticamente desapareceram. Francisco Assis, que liderou um movimento interno contra a solução de esquerda, deixou os seus comentários semanais na TVI e remeteu-se ao silêncio. O ex-candidato à liderança do PS já anunciou, porém, que vai falar no congresso do PS, marcado para os dias 3, 4 e 5 de junho, em Lisboa. “Espero que Francisco Assis e outras figuras façam intervenções alternativas ao momento que vivemos”, diz Ricardo Gonçalves, confessando que continua “a não acreditar nesta solução, porque o PCP e o BE criam um ambiente em que é muito difícil haver investimento e, não havendo investimento, não há crescimento e os problemas do país não se resolvem.”

Assis e Sérgio Sousa Pinto, que se demitiu do secretariado nacional do partido por discordar da aliança à esquerda, querem falar no congresso, mas já avisaram que só o farão se as suas intervenções não forem adiadas para horas tardias. “Tenciono falar se tiver condições”, disse ao “Diário de Notícias” o ex-líder da Juventude Socialista. Um dos truques dos partidos é colocarem os críticos a falar mais tarde para que as suas intervenções tenham pouco impacto junto da opinião pública. Neste congresso, como acontece quase sempre quando os partidos estão no poder, contam-se pelos dedos os socialistas que poderão subir ao palco para malhar em Costa.

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