Pedagogia do Terror: Em simultâneo

26-09-2019
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Neste sábado vamos estar na Feira do Livro de Lisboa. Soube-o hoje da parte a tarde e, enquanto manifestava a minha alegria, sentia uma dor silenciosa que não partilhei. É, de facto, um grande orgulho. Há pouco tempo atrás, era impensável para mim toda esta atenção. Mais do que esse foco, não imaginava que concretizaria alguns destes meus sonhos ligados à escrita. Mas, se a felicidade é imensa ela está a par e passo com a tristeza. As coisas boas só fazem sentido se forem partilhadas com aqueles de quem gostamos e, de repente, senti essa lamentação- a de não poder viver com o meu pai que já não vive. Falta pouco para fazer completar um ano desde a data da sua morte e, talvez ainda não tenha feito o que se espera. O luto é um processo e percebo que cada pessoa tenha os seus tempos. Eu, pelos vistos, estou algures no início desse caminho. Quando hoje soube da notícia feliz, pensei que se ele imaginasse iria adorar e, por uns segundos, esqueci-me. Esqueci-me mesmo e voltei a lembrar-me. Como me acontece vezes sem conta. Talvez este meu persistente esquecimento tenha permitido que aguentasse quando o meu querido Armando Soares leu, em plena promoção do livro, o texto que marcou o dia mais difícil da minha vida. Enquanto a plateia enchia os olhos de lágrimas, eu olhei para todas as direções e nenhumas e, segurei. Obriguei-me a esquecer. Mais uma vez.

Há pouco escrevia sobre a calmaria depois da tempestade. Estava agora a pensar como há tempestades e calmarias que coexistem assim: numa estranha sintonia.

Neste sábado vamos estar na Feira do Livro de Lisboa. Soube-o hoje da parte a tarde e, enquanto manifestava a minha alegria, sentia uma dor silenciosa que não partilhei. É, de facto, um grande orgulho. Há pouco tempo atrás, era impensável para mim toda esta atenção. Mais do que esse foco, não imaginava que concretizaria alguns destes meus sonhos ligados à escrita. Mas, se a felicidade é imensa ela está a par e passo com a tristeza. As coisas boas só fazem sentido se forem partilhadas com aqueles de quem gostamos e, de repente, senti essa lamentação- a de não poder viver com o meu pai que já não vive. Falta pouco para fazer completar um ano desde a data da sua morte e, talvez ainda não tenha feito o que se espera. O luto é um processo e percebo que cada pessoa tenha os seus tempos. Eu, pelos vistos, estou algures no início desse caminho. Quando hoje soube da notícia feliz, pensei que se ele imaginasse iria adorar e, por uns segundos, esqueci-me. Esqueci-me mesmo e voltei a lembrar-me. Como me acontece vezes sem conta. Talvez este meu persistente esquecimento tenha permitido que aguentasse quando o meu querido Armando Soares leu, em plena promoção do livro, o texto que marcou o dia mais difícil da minha vida. Enquanto a plateia enchia os olhos de lágrimas, eu olhei para todas as direções e nenhumas e, segurei. Obriguei-me a esquecer. Mais uma vez.

Há pouco escrevia sobre a calmaria depois da tempestade. Estava agora a pensar como há tempestades e calmarias que coexistem assim: numa estranha sintonia.

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