Lobo Xavier dá uma ajuda: “CDS é o único partido confortável consigo próprio”

23-07-2019
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A agitação é palpável. Quando faltam apenas três dias para os portugueses irem às urnas, e com sondagens pouco animadoras para o lado direito do hemiciclo, o CDS aposta tudo no apelo ao voto. Voltou a fazê-lo esta noite, num jantar em Vila Nova de Gaia, e com intervenientes de peso: a Assunção Cristas e Nuno Melo juntou-se o mandatário da campanha, António Lobo Xavier. E cada um assumiu o seu papel: Cristas foi a polícia boa, Melo o polícia mau e Lobo Xavier um trunfo bem-vindo. Todos com o alvo bem definido: colher votos.

O reforço do apelo ao voto junto do eleitorado mais fiel é particularmente importante numas eleições europeias em que se prevêem níveis recorde de abstenção. Isto será verdade para todos os partidos, mas particularmente para um partido que, ao contrário de forças com bases mais militantes (o PCP, por exemplo), tem dificuldades em convocar o seu eleitorado às urnas, para mais em eleições tão desvalorizadas como as europeias.

Assim, Lobo Xavier encarregou-se de dar as suas razões para votar no CDS, recorrendo à experiência pessoal - que já vai longa - no partido para garantir que no CDS não tem havido desvios ou transfigurações conforme a época ou a liderança. O mesmo não se aplica aos outros, garantiu: “Somos os únicos que se apresentam ao eleitorado confortáveis consigo próprios”. Por um lado, porque o PS “esconde” a sua história para “disfarçar um convívio com a época ética e moralmente mais sinistra da vida de Portugal”. Depois, e apontando a mira ao partido vizinho a quem pretendem roubar votos, o CDS não “procurou um recentramento artificial, uma pretensa purificação que os factos e a história não sustentam, nem o espírito dos militantes com quem fizemos tantas campanhas”. Era o momento de deixar Rui Rio com as orelhas a arder.

Então, o que é isso de ser um centrista? O professor Lobo Xavier explicou, apresentando-se a si mesmo: “Um militante da direita democrática, conservador em certos aspetos, europeísta, com preocupações sociais mas fé na iniciativa das pessoas, e olho com desconfiança o crescimento do Estado em tudo o que não são assuntos sociais”. E assim sente-se bem no CDS, particularmente “nos últimos sete anos”, garantiu. Tiro final à direita: “O CDS não anda à procura de perder a alma para conseguir os votos”.

A polícia boa: os votos e os pedidos de ajuda

De votos falou também, e muito, Assunção Cristas, que nesta intervenção assumiu o papel de polícia boa e evitou centrar-se nos ataques, preferindo antes apresentar linhas programáticas dos centristas como a redução de impostos, o maior aproveitamento dos fundos comunitários ou a aposta no combate às alterações climáticas. Tudo argumentos para levar gente a votar. Muita gente, de preferência. “Precisamos da vossa ajuda. Peço que telefonem à família, aos amigos, aos colegas de trabalho, perguntem se já foi votar, ofereçam-se para ajudar aquela tia mais idosa, aquele vizinho que tem mais dificuldade”, pormenorizou.

Porquê? Porque Cristas está bem consciente do problema que pode ser a abstenção, numas eleições em que os centristas estabeleceram patamares exigentes: crescer e conquistar um segundo assento no Parlamento Europeu, mas também ultrapassar Bloco de Esquerda e PCP nas votações. “O resultado depende de forma particularmente intensa da abstenção”, explicou. “E sabemos que nas esquerdas mais radicais isto tende a não ser um problema, porque daquele lado eles mobilizam-se. E eu pergunto-me: porque não deste lado, quando estamos do lado da razão?”.

O polícia mau: PREC, leninismo e 25 de novembro

Para Nuno Melo ficou o lado mau da moeda: mostrar, no discurso mais virulento da noite, porque é que os outros não são a escolha certa. Assumiu isso mesmo: se Cristas fez “pedagogia”, para Melo ficou “o papel de desmontar a publicidade enganosa”. Ou seja, a degradação dos serviços públicos ou o desinvestimento, com soundbites próprios de Melo a enfeitar o discurso: “Temos uma ministra da Saúde [Marta Temido] que diz que se acalma quando ouve a Internacional. [Os portugueses] têm uma ministra que em vez de lhes dar serviços lhes dá marxismo, leninismo e trotskismo”.

Melo costuma dizer que gosta de puxar a ideologia para o seu discurso, e não fez por menos: carregou nos ataques a partidos que associou vezes sem conta ao PREC e ao 11 de março, defendeu que António Costa “não está próximo da CDU de Merkel, está próximo da CDU de Jerónimo de Sousa”, garantiu que hoje os serviços públicos estão a ser geridos com “ideologia”. Falou de Sócrates, claro, porque “não é justo que vença quem mais mal fez a este país”. E assim pediu “a desforra do que se passou em 2015”. Se Costa diz que esta é uma primeira volta das legislativas, “esta é a primeira oportunidade para censurar o PS” e os partidos mais à esquerda: “Ajudem-nos a mostrar que Portugal é um país tolerante".

Ficaram em cima da mesa os argumentos para apelar ao voto no CDS, uma tendência que nos últimos dias tem vindo a tomar conta da campanha. Enquanto faz pontaria contra esquerda e direita, o CDS foca-se num problema que é real e o pode prejudicar diretamente: a abstenção. A questão crucial para a noite eleitoral de domingo passará por saber se é capaz de convencer eleitores suficientes para levar o candidato número dois, Pedro Mota Soares, a juntar-se a Nuno Melo em Bruxelas.

A agitação é palpável. Quando faltam apenas três dias para os portugueses irem às urnas, e com sondagens pouco animadoras para o lado direito do hemiciclo, o CDS aposta tudo no apelo ao voto. Voltou a fazê-lo esta noite, num jantar em Vila Nova de Gaia, e com intervenientes de peso: a Assunção Cristas e Nuno Melo juntou-se o mandatário da campanha, António Lobo Xavier. E cada um assumiu o seu papel: Cristas foi a polícia boa, Melo o polícia mau e Lobo Xavier um trunfo bem-vindo. Todos com o alvo bem definido: colher votos.

O reforço do apelo ao voto junto do eleitorado mais fiel é particularmente importante numas eleições europeias em que se prevêem níveis recorde de abstenção. Isto será verdade para todos os partidos, mas particularmente para um partido que, ao contrário de forças com bases mais militantes (o PCP, por exemplo), tem dificuldades em convocar o seu eleitorado às urnas, para mais em eleições tão desvalorizadas como as europeias.

Assim, Lobo Xavier encarregou-se de dar as suas razões para votar no CDS, recorrendo à experiência pessoal - que já vai longa - no partido para garantir que no CDS não tem havido desvios ou transfigurações conforme a época ou a liderança. O mesmo não se aplica aos outros, garantiu: “Somos os únicos que se apresentam ao eleitorado confortáveis consigo próprios”. Por um lado, porque o PS “esconde” a sua história para “disfarçar um convívio com a época ética e moralmente mais sinistra da vida de Portugal”. Depois, e apontando a mira ao partido vizinho a quem pretendem roubar votos, o CDS não “procurou um recentramento artificial, uma pretensa purificação que os factos e a história não sustentam, nem o espírito dos militantes com quem fizemos tantas campanhas”. Era o momento de deixar Rui Rio com as orelhas a arder.

Então, o que é isso de ser um centrista? O professor Lobo Xavier explicou, apresentando-se a si mesmo: “Um militante da direita democrática, conservador em certos aspetos, europeísta, com preocupações sociais mas fé na iniciativa das pessoas, e olho com desconfiança o crescimento do Estado em tudo o que não são assuntos sociais”. E assim sente-se bem no CDS, particularmente “nos últimos sete anos”, garantiu. Tiro final à direita: “O CDS não anda à procura de perder a alma para conseguir os votos”.

A polícia boa: os votos e os pedidos de ajuda

De votos falou também, e muito, Assunção Cristas, que nesta intervenção assumiu o papel de polícia boa e evitou centrar-se nos ataques, preferindo antes apresentar linhas programáticas dos centristas como a redução de impostos, o maior aproveitamento dos fundos comunitários ou a aposta no combate às alterações climáticas. Tudo argumentos para levar gente a votar. Muita gente, de preferência. “Precisamos da vossa ajuda. Peço que telefonem à família, aos amigos, aos colegas de trabalho, perguntem se já foi votar, ofereçam-se para ajudar aquela tia mais idosa, aquele vizinho que tem mais dificuldade”, pormenorizou.

Porquê? Porque Cristas está bem consciente do problema que pode ser a abstenção, numas eleições em que os centristas estabeleceram patamares exigentes: crescer e conquistar um segundo assento no Parlamento Europeu, mas também ultrapassar Bloco de Esquerda e PCP nas votações. “O resultado depende de forma particularmente intensa da abstenção”, explicou. “E sabemos que nas esquerdas mais radicais isto tende a não ser um problema, porque daquele lado eles mobilizam-se. E eu pergunto-me: porque não deste lado, quando estamos do lado da razão?”.

O polícia mau: PREC, leninismo e 25 de novembro

Para Nuno Melo ficou o lado mau da moeda: mostrar, no discurso mais virulento da noite, porque é que os outros não são a escolha certa. Assumiu isso mesmo: se Cristas fez “pedagogia”, para Melo ficou “o papel de desmontar a publicidade enganosa”. Ou seja, a degradação dos serviços públicos ou o desinvestimento, com soundbites próprios de Melo a enfeitar o discurso: “Temos uma ministra da Saúde [Marta Temido] que diz que se acalma quando ouve a Internacional. [Os portugueses] têm uma ministra que em vez de lhes dar serviços lhes dá marxismo, leninismo e trotskismo”.

Melo costuma dizer que gosta de puxar a ideologia para o seu discurso, e não fez por menos: carregou nos ataques a partidos que associou vezes sem conta ao PREC e ao 11 de março, defendeu que António Costa “não está próximo da CDU de Merkel, está próximo da CDU de Jerónimo de Sousa”, garantiu que hoje os serviços públicos estão a ser geridos com “ideologia”. Falou de Sócrates, claro, porque “não é justo que vença quem mais mal fez a este país”. E assim pediu “a desforra do que se passou em 2015”. Se Costa diz que esta é uma primeira volta das legislativas, “esta é a primeira oportunidade para censurar o PS” e os partidos mais à esquerda: “Ajudem-nos a mostrar que Portugal é um país tolerante".

Ficaram em cima da mesa os argumentos para apelar ao voto no CDS, uma tendência que nos últimos dias tem vindo a tomar conta da campanha. Enquanto faz pontaria contra esquerda e direita, o CDS foca-se num problema que é real e o pode prejudicar diretamente: a abstenção. A questão crucial para a noite eleitoral de domingo passará por saber se é capaz de convencer eleitores suficientes para levar o candidato número dois, Pedro Mota Soares, a juntar-se a Nuno Melo em Bruxelas.

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