Catarina Martins responde a Costa: “O BE nunca contou com o PS para nada”

14-10-2019
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Há um papão à espreita na disputa eleitoral à esquerda e chama-se "programa escondido". Na entrevista que deu à TVI24 na quarta-feira, António Costa nunca chegou a antecipar a vinda do Diabo mas ensaiou um link entre uma possível crise económica internacional e a necessidade de um Governo coeso só do PS. Vinte e quatro horas depois, Catarina Martins respondeu-lhe no mesmo canal: "O programa do PS é muito vago. Será que quando dizem que pode vir aí uma crise têm um programa escondido?", perguntou a coordenadora do Bloco de Esquerda, dividida entre momentos de pazes e momentos de briga com os socialistas que durante quatro anos ajudou a suportar.

"Quando parece que há becos sem saída, é bom não reagir a quente e resistir a provocações", foi a sua frase final, apostada em não estilhaçar mais cacos na relação com o partido dominante da geringonça. Mas a tónica que prevaleceu foi outra - se António Costa se quer emancipar dos parceiros, os parceiros emancipam-se dele. Eis a frase-chave: "O BE nunca contou com o PS para nada e estará no Governo quando tiver votos para isso". Meta óbvia: crescer, ou seja, "ter mais de 10 por cento".

Claramente condicionada pelos avisos deixados na véspera pelo primeiro-ministro quando rejeitou qualquer coligação governamental à esquerda, Catarina Martins nunca respondeu se o BE preferia ter ministros num futuro Governo e escudou-se como pôde: "O Governo que vamos ter depende dos resultados eleitorais e vai ser decidido pela força dos votos".

A direita, para o Bloco de Esquerda, já está fora de jogo - "neste momento, penso que um Governo de direita está fora de hipótese" - e tudo se joga à esquerda: "o que está em causa é saber se o PS tem ou não maioria absoluta". E quanto a maiorias absolutas, o slogan do Bloco está traçado: "as pessoas lembram-se do que foram as maiorias absolutas. É uma má ideia".

A obsessão de responder a António Costa também passou pelo chavão da estabilidade levado pelo primeiro-ministro na véspera, quando tentou afirmar um PS "mais forte" como a única forma de estabilizar o país e prepará-lo para enfrentar uma hipotética crise internacional. "O BE é que sempre foi a força da estabilidade ao longo destes tempos", afirmou Catarina Martins, "nunca inventámos crises, houve dossiês complicadíssimos e apresentámos sempre soluções, algumas vezes foi o PS que não as quis".

Agora, com ou sem acordos, Catarina promete não tirar o dedo da tecla para continuar a condicionar a agenda de um futuro Governo socialista sem maioria. Pontos obrigatórios: aumentar o salário mínimo (bandeira que Costa lhe roubou na véspera), repôr os escalões do IRS pré-Vítor Gaspar, aumentar os impostos para os maiores rendimentos, tributar mais os lucros das grandes empresas - "a mercearia do bairro paga mais imposto do que o Google" -, aumentar o número de funcionários públicos, separar público e privado na Saúde.

E se António Costa, sem maioria, preferir falar com o PAN? Catarina diz que o PAN é um partido sem ideologia, "ninguém sabe o que pensam sobre Segurança Social ou legislação laboral". "Esperamos que o PAN se clarifique ideologicamente", afirmou. Não é certo que Costa partilhe este desejo.

Há um papão à espreita na disputa eleitoral à esquerda e chama-se "programa escondido". Na entrevista que deu à TVI24 na quarta-feira, António Costa nunca chegou a antecipar a vinda do Diabo mas ensaiou um link entre uma possível crise económica internacional e a necessidade de um Governo coeso só do PS. Vinte e quatro horas depois, Catarina Martins respondeu-lhe no mesmo canal: "O programa do PS é muito vago. Será que quando dizem que pode vir aí uma crise têm um programa escondido?", perguntou a coordenadora do Bloco de Esquerda, dividida entre momentos de pazes e momentos de briga com os socialistas que durante quatro anos ajudou a suportar.

"Quando parece que há becos sem saída, é bom não reagir a quente e resistir a provocações", foi a sua frase final, apostada em não estilhaçar mais cacos na relação com o partido dominante da geringonça. Mas a tónica que prevaleceu foi outra - se António Costa se quer emancipar dos parceiros, os parceiros emancipam-se dele. Eis a frase-chave: "O BE nunca contou com o PS para nada e estará no Governo quando tiver votos para isso". Meta óbvia: crescer, ou seja, "ter mais de 10 por cento".

Claramente condicionada pelos avisos deixados na véspera pelo primeiro-ministro quando rejeitou qualquer coligação governamental à esquerda, Catarina Martins nunca respondeu se o BE preferia ter ministros num futuro Governo e escudou-se como pôde: "O Governo que vamos ter depende dos resultados eleitorais e vai ser decidido pela força dos votos".

A direita, para o Bloco de Esquerda, já está fora de jogo - "neste momento, penso que um Governo de direita está fora de hipótese" - e tudo se joga à esquerda: "o que está em causa é saber se o PS tem ou não maioria absoluta". E quanto a maiorias absolutas, o slogan do Bloco está traçado: "as pessoas lembram-se do que foram as maiorias absolutas. É uma má ideia".

A obsessão de responder a António Costa também passou pelo chavão da estabilidade levado pelo primeiro-ministro na véspera, quando tentou afirmar um PS "mais forte" como a única forma de estabilizar o país e prepará-lo para enfrentar uma hipotética crise internacional. "O BE é que sempre foi a força da estabilidade ao longo destes tempos", afirmou Catarina Martins, "nunca inventámos crises, houve dossiês complicadíssimos e apresentámos sempre soluções, algumas vezes foi o PS que não as quis".

Agora, com ou sem acordos, Catarina promete não tirar o dedo da tecla para continuar a condicionar a agenda de um futuro Governo socialista sem maioria. Pontos obrigatórios: aumentar o salário mínimo (bandeira que Costa lhe roubou na véspera), repôr os escalões do IRS pré-Vítor Gaspar, aumentar os impostos para os maiores rendimentos, tributar mais os lucros das grandes empresas - "a mercearia do bairro paga mais imposto do que o Google" -, aumentar o número de funcionários públicos, separar público e privado na Saúde.

E se António Costa, sem maioria, preferir falar com o PAN? Catarina diz que o PAN é um partido sem ideologia, "ninguém sabe o que pensam sobre Segurança Social ou legislação laboral". "Esperamos que o PAN se clarifique ideologicamente", afirmou. Não é certo que Costa partilhe este desejo.

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