Vencedores e vencidos no debate das rádios

30-09-2019
marcar artigo

Catarina Martins brilhou, António Costa moderou, Assunção Cristas atacou, André Silva apanhou, Rui Rio decaiu e Jerónimo desapareceu. Numa breve apreciação sobre o desempenho dos líderes partidários, a classificação seria esta. No primeiro debate a seis - transmitido ao longo de duas horas pelas três rádios TSF, RR e Antena1 - só foram abordados três temas: Segurança Social, sistema político e corrupção (e não ficámos a saber o que pensam os candidatos sobre temas como a Saúde, por exemplo, que é uma das maiores preocupações dos portugueses). Foi um debate bastante macio para o Governo, como aliás tem sido esta campanha.

Catarina Martins ao ataque e a cobrir o flanco esquerdo Não estava lá ninguém. Jerónimo de Sousa mal existiu e António Costa está a apostar no centro, por isso, Catarina Martins aproveitou o espaço vazio para captar o eleitorado de esquerda: atacou sobretudo o PSD e o PAN na pensões - também concordou com o PSD na ideia de as empresas contribuírem mais para a Segurança Social através do Valor Acrescentado Líquido (VAL) - e passou a ideia de que está bem preparada e que conhece os dossiês. O momento mais baixo foi quando lançou uma tirada ao melhor estilo populista ao dizer que os deputados "são cooptados pelos poderes económicos". O momento mais forte da líder bloquista foi numa resposta a Rui Rio, que sugeriu ser mais duro contra as violações do segredo de justiça. Catarina Martins defendeu uma comunicação social livre: "Limitar a liberdade da imprensa é atacar a democracia. Os jornalistas têm o direito de fazer o seu trabalho."

Tiago Miranda

António Costa de salão sem conversas de café Só não ganhou o debate porque não teve de se esforçar muito. Ao longo das duas horas da emissão foram poucas as críticas feitas ao Governo (só Assunção Cristas foi mais assertiva). António Costa não precisou de mostrar grandes ganas, a não ser quando foi atacado pela líder do CDS, porque fica mal a um líder político não reagir. De resto, a sua postura foi um retrato da campanha e das circunstâncias únicas destas legislativas: tem quatro partidos à sua volta que lhe podem viabilizar um Governo, porquê hostilizá-los? Não tem qualquer interesse em passar de um certo nível de assertividade porque qualquer assomo de arrogância pode estragar o sonho da maioria absoluta. O melhor momento foi quando disse a Rio que não entrava em "conversas de café" por causa da redução do número de deputados. O pior foi quando tentou colar Cristas à falta de meios na investigação Judicial - quando teve quatro anos para inverter essa situação.

Tiago Miranda

Assunção: a única ao ataque ao Governo A prestação da presidente do CDS valeu sobretudo por isso: num painel de líderes que não beliscaram António Costa, Assunção Cristas posicionou-se como a única que critica o Governo do PS. Só ela conseguiu irritar verdaeiramente o primeiro-ministro. Sem a agressividade que o partido teve nas Europeias, continua a ser a única alternativa para quem não quer entendimentos com os socialistas. É a única que está fora do arço da governação, enquanto o PS se mantiver como partido-charneira do regime. Até agora, a estratégia não lhe reverteu em votos. Resta saber de que lhe valem as performances nos debates. Teve o melhor momento quando confrontou Costa com a falta de investimento na investigação judiciária e foi prejudicada por não ter conseguido falar da baixa de imnpostos, que é a sua maior bandeira eleitoral (mas o tema não apareceu no debate).

Jose Fernandes

André Silva existe porque tem adversários Uma boa nota da importância política de alguém é a relevância que os outros lhe dão. Para o bem ou para o mal, o PAN parece assustar alguns adversários ou pelo menos suscita-lhes maior necessidade de escrutínio. Por parte de quem? Sobretudo dos que se sentem mais ameaçados pelo partido de André Silva: o CDS, que tem ali um concorrente nas sondagens (com o PAN a morder-lhe os calcanhares) e o Bloco, que tem uma ala animalista e vegan, que lhe pode estar a fugir. André Silva não existia há quatro anos e hoje está entre os grandes, enquanto consegue ir colocando a sua agenda a par dos principais líderes. Teve o melhor momento quando se apresentou disponível para rever o sistema político (ao contrário dos outros pequenos que resistem) e o pior quando disse que organizações internacionais propunham tribunais especializados - o que lhe valeu acusações de totalitarismo por parte de Cristas e uma correção de Costa.

TIAGO MIRANDA

Rui Rio em modo demagógico Depois da boa impressão que deixou no debate com António Costa, o líder do PSD resvalou no confronto a seis. Não conseguiu pôr propostas interessantes e concretas em cima da mesa - com a ressalva da contribuição das empresas para a Segurança Social em função do Valor Acrescentado Líquido. Foi fazendo depois considerações vagas sobre os problemas dos partidos, mas não disse quais eram, não se explicou sobre a necessidade de reduzir deputados de tal forma que Costa teve de atalhar, que aquilo era tudo "conversa de café". Ao nível de demagogia e populismo foi o campeão entre os presentes e entrou no vermelho quando disse que começou na política antes do 25 de Abril “por valores que hoje estão abandalhados”, mas ficámos sem saber que valores são esses. O melhor momento foi quando contrariou Costa ao dizer que o sistema de pensões não está garantido por 22 anos e o pior foi quando atacou os jornalistas em relação às violações do segredo de justiça, sugerindo mais dureza para os na aplicação da legislação penal. Se no debate com Costa fez oposição ao Ministério Público, aqui fez ao posição ao jornalismo, o que lhe valeu a réplica de Catarina Martins sobre as liberdadades em democracia.

ANTÓNIO PEDRO SANTOS/Lusa

Catarina Martins brilhou, António Costa moderou, Assunção Cristas atacou, André Silva apanhou, Rui Rio decaiu e Jerónimo desapareceu. Numa breve apreciação sobre o desempenho dos líderes partidários, a classificação seria esta. No primeiro debate a seis - transmitido ao longo de duas horas pelas três rádios TSF, RR e Antena1 - só foram abordados três temas: Segurança Social, sistema político e corrupção (e não ficámos a saber o que pensam os candidatos sobre temas como a Saúde, por exemplo, que é uma das maiores preocupações dos portugueses). Foi um debate bastante macio para o Governo, como aliás tem sido esta campanha.

Catarina Martins ao ataque e a cobrir o flanco esquerdo Não estava lá ninguém. Jerónimo de Sousa mal existiu e António Costa está a apostar no centro, por isso, Catarina Martins aproveitou o espaço vazio para captar o eleitorado de esquerda: atacou sobretudo o PSD e o PAN na pensões - também concordou com o PSD na ideia de as empresas contribuírem mais para a Segurança Social através do Valor Acrescentado Líquido (VAL) - e passou a ideia de que está bem preparada e que conhece os dossiês. O momento mais baixo foi quando lançou uma tirada ao melhor estilo populista ao dizer que os deputados "são cooptados pelos poderes económicos". O momento mais forte da líder bloquista foi numa resposta a Rui Rio, que sugeriu ser mais duro contra as violações do segredo de justiça. Catarina Martins defendeu uma comunicação social livre: "Limitar a liberdade da imprensa é atacar a democracia. Os jornalistas têm o direito de fazer o seu trabalho."

Tiago Miranda

António Costa de salão sem conversas de café Só não ganhou o debate porque não teve de se esforçar muito. Ao longo das duas horas da emissão foram poucas as críticas feitas ao Governo (só Assunção Cristas foi mais assertiva). António Costa não precisou de mostrar grandes ganas, a não ser quando foi atacado pela líder do CDS, porque fica mal a um líder político não reagir. De resto, a sua postura foi um retrato da campanha e das circunstâncias únicas destas legislativas: tem quatro partidos à sua volta que lhe podem viabilizar um Governo, porquê hostilizá-los? Não tem qualquer interesse em passar de um certo nível de assertividade porque qualquer assomo de arrogância pode estragar o sonho da maioria absoluta. O melhor momento foi quando disse a Rio que não entrava em "conversas de café" por causa da redução do número de deputados. O pior foi quando tentou colar Cristas à falta de meios na investigação Judicial - quando teve quatro anos para inverter essa situação.

Tiago Miranda

Assunção: a única ao ataque ao Governo A prestação da presidente do CDS valeu sobretudo por isso: num painel de líderes que não beliscaram António Costa, Assunção Cristas posicionou-se como a única que critica o Governo do PS. Só ela conseguiu irritar verdaeiramente o primeiro-ministro. Sem a agressividade que o partido teve nas Europeias, continua a ser a única alternativa para quem não quer entendimentos com os socialistas. É a única que está fora do arço da governação, enquanto o PS se mantiver como partido-charneira do regime. Até agora, a estratégia não lhe reverteu em votos. Resta saber de que lhe valem as performances nos debates. Teve o melhor momento quando confrontou Costa com a falta de investimento na investigação judiciária e foi prejudicada por não ter conseguido falar da baixa de imnpostos, que é a sua maior bandeira eleitoral (mas o tema não apareceu no debate).

Jose Fernandes

André Silva existe porque tem adversários Uma boa nota da importância política de alguém é a relevância que os outros lhe dão. Para o bem ou para o mal, o PAN parece assustar alguns adversários ou pelo menos suscita-lhes maior necessidade de escrutínio. Por parte de quem? Sobretudo dos que se sentem mais ameaçados pelo partido de André Silva: o CDS, que tem ali um concorrente nas sondagens (com o PAN a morder-lhe os calcanhares) e o Bloco, que tem uma ala animalista e vegan, que lhe pode estar a fugir. André Silva não existia há quatro anos e hoje está entre os grandes, enquanto consegue ir colocando a sua agenda a par dos principais líderes. Teve o melhor momento quando se apresentou disponível para rever o sistema político (ao contrário dos outros pequenos que resistem) e o pior quando disse que organizações internacionais propunham tribunais especializados - o que lhe valeu acusações de totalitarismo por parte de Cristas e uma correção de Costa.

TIAGO MIRANDA

Rui Rio em modo demagógico Depois da boa impressão que deixou no debate com António Costa, o líder do PSD resvalou no confronto a seis. Não conseguiu pôr propostas interessantes e concretas em cima da mesa - com a ressalva da contribuição das empresas para a Segurança Social em função do Valor Acrescentado Líquido. Foi fazendo depois considerações vagas sobre os problemas dos partidos, mas não disse quais eram, não se explicou sobre a necessidade de reduzir deputados de tal forma que Costa teve de atalhar, que aquilo era tudo "conversa de café". Ao nível de demagogia e populismo foi o campeão entre os presentes e entrou no vermelho quando disse que começou na política antes do 25 de Abril “por valores que hoje estão abandalhados”, mas ficámos sem saber que valores são esses. O melhor momento foi quando contrariou Costa ao dizer que o sistema de pensões não está garantido por 22 anos e o pior foi quando atacou os jornalistas em relação às violações do segredo de justiça, sugerindo mais dureza para os na aplicação da legislação penal. Se no debate com Costa fez oposição ao Ministério Público, aqui fez ao posição ao jornalismo, o que lhe valeu a réplica de Catarina Martins sobre as liberdadades em democracia.

ANTÓNIO PEDRO SANTOS/Lusa

marcar artigo