Ladrões de Bicicletas: Badboys

22-05-2019
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Na audição parlamentar do ministro Vieira da Silva sobre o caso da IPSS Raríssimas, o CDS protagonizou um episódio próprio de um grupo liceal de meninos-bem (1h31). Portou-se de tal forma que foi o próprio ministro a deixar no ar o
que poderia ter sido interpretado como "empolar este caso pode ter consequências graves para o terceiro
sector", um sector de quem o CDS se diz protector...  

Aquele que supostamente deveria ter sido - pelo menos a julgar pela pressão mediática na semana anterior - o momento decisivo contra o governo, tornou-se num desbaratamento de forças em duas horas: o ministro do Trabalho entrou - como ele próprio admitiu - sensibilizado pela sua ligação institucional à IPSS e saiu reforçado como um ministro adulto, consciente dos seus deveres, e leal ao Estado.

Para quem não viu a sessão, o PSD - através de um dos poucos deputados que não detém qualquer cargo social (Clara Marques Mendes) - acusou o ministtro de actuar tardiamente, depois de tantas denúncias sobre "irregularidades".

O CDS -através de um deputado que não detém qualquer cargo social (António Carlos Monteiro) - fez o número do dia: foi mostrando, um a um, os diversos ofícios de denúncia do tesoureiro da IPSS (igualmente na mão da TVI), para concluir que o ministro actuou mais rapidamente após a reportagem da TVI do que com as denúncias do tesoureiro. Poderia ter sido eficaz, mas foi infantil. A intervenção da secretária de Estado da Segurança Social (2h41) colocou em perspectiva o que se passara: as denúncias tinham sido lacónicas, genéricas, formais, e todas tinham sido remetidas para a fiscalização dos serviços, que abrira uma investigação em Julho de 2017. As denúncias de gestão danosa tinham sido remetidas para o Ministério Público, com prevalência legal sobre outras investigações sectorais.

Segundo ataque do CDS: o ministro que assinou um protocolo em nome do Estado em que a IPSS se afirmava uma fundação, que não o era, e que acabou por nunca o ser, porque os serviços tutelados pelo ministro o negaram. Vieira da Silva negou ter assinado o protocolo, prometeu remeter cópia. Frisou a diferença entre a intenção política de se criar uma instituição fundacional e a determinação se teria condições para tal (revelando que o ministro estaria a favor da criação da fundação). E aproveitou a discrepância para dizer que, afinal, os serviços teriam ido contra o ministro, o que mostrava não ter havido favorecimento!

No final, o que é que restou? A jornalista Ana Leal - que se mostrou em plena sintonia argumentativa com o CDS - sublinhou-o a seguir à sessão: 1) Uma relação entre o ministro e a presidente da IPSS a ponto de a ter chamado ao seu gabinete; 2) o facto de a investigação dos serviços tutelados pelo ministro não ter ainda resultado em nada, o que deveria forçar a que rolassem cabeças. Já não a do ministro, mas a dos seus subordinados. Risível!  

Na verdade, houve questões que o ministro deixou no ar:

1)"Eu estarei aqui, senhores deputados, para vos garantir que DESTA VEZ não haverá nenhum relatório da inspecção que fique por homologar"(2h58). Que relatório a que instituição terá ficado por homologar? E por que ministro?

2) E outra mais importante que ficou por responder, por duas vezes - a perguntas do Bloco e do PCP e que talvez tenha a ver com a demora verificada nos serviços da Segurança Social - foi a de saber quantas pessoas estão nos serviços do Ministério que fazem inspecção. Por que foi que o ministro não o disse, por duas vezes?

Recordo-me, em 2001, de ter entrevistado o então secretário de Estado da Segurança Social Simões de Almeida e de lhe ter feito a mesma pergunta. Ele olhou para mim e disse-me que se recusava a responder-me. Porquê? Porque se respondesse, daria informação às diversas entidades de que a inspecção da Segurança Social era completamente ineficaz!

Mistério.

Na audição parlamentar do ministro Vieira da Silva sobre o caso da IPSS Raríssimas, o CDS protagonizou um episódio próprio de um grupo liceal de meninos-bem (1h31). Portou-se de tal forma que foi o próprio ministro a deixar no ar o
que poderia ter sido interpretado como "empolar este caso pode ter consequências graves para o terceiro
sector", um sector de quem o CDS se diz protector...  

Aquele que supostamente deveria ter sido - pelo menos a julgar pela pressão mediática na semana anterior - o momento decisivo contra o governo, tornou-se num desbaratamento de forças em duas horas: o ministro do Trabalho entrou - como ele próprio admitiu - sensibilizado pela sua ligação institucional à IPSS e saiu reforçado como um ministro adulto, consciente dos seus deveres, e leal ao Estado.

Para quem não viu a sessão, o PSD - através de um dos poucos deputados que não detém qualquer cargo social (Clara Marques Mendes) - acusou o ministtro de actuar tardiamente, depois de tantas denúncias sobre "irregularidades".

O CDS -através de um deputado que não detém qualquer cargo social (António Carlos Monteiro) - fez o número do dia: foi mostrando, um a um, os diversos ofícios de denúncia do tesoureiro da IPSS (igualmente na mão da TVI), para concluir que o ministro actuou mais rapidamente após a reportagem da TVI do que com as denúncias do tesoureiro. Poderia ter sido eficaz, mas foi infantil. A intervenção da secretária de Estado da Segurança Social (2h41) colocou em perspectiva o que se passara: as denúncias tinham sido lacónicas, genéricas, formais, e todas tinham sido remetidas para a fiscalização dos serviços, que abrira uma investigação em Julho de 2017. As denúncias de gestão danosa tinham sido remetidas para o Ministério Público, com prevalência legal sobre outras investigações sectorais.

Segundo ataque do CDS: o ministro que assinou um protocolo em nome do Estado em que a IPSS se afirmava uma fundação, que não o era, e que acabou por nunca o ser, porque os serviços tutelados pelo ministro o negaram. Vieira da Silva negou ter assinado o protocolo, prometeu remeter cópia. Frisou a diferença entre a intenção política de se criar uma instituição fundacional e a determinação se teria condições para tal (revelando que o ministro estaria a favor da criação da fundação). E aproveitou a discrepância para dizer que, afinal, os serviços teriam ido contra o ministro, o que mostrava não ter havido favorecimento!

No final, o que é que restou? A jornalista Ana Leal - que se mostrou em plena sintonia argumentativa com o CDS - sublinhou-o a seguir à sessão: 1) Uma relação entre o ministro e a presidente da IPSS a ponto de a ter chamado ao seu gabinete; 2) o facto de a investigação dos serviços tutelados pelo ministro não ter ainda resultado em nada, o que deveria forçar a que rolassem cabeças. Já não a do ministro, mas a dos seus subordinados. Risível!  

Na verdade, houve questões que o ministro deixou no ar:

1)"Eu estarei aqui, senhores deputados, para vos garantir que DESTA VEZ não haverá nenhum relatório da inspecção que fique por homologar"(2h58). Que relatório a que instituição terá ficado por homologar? E por que ministro?

2) E outra mais importante que ficou por responder, por duas vezes - a perguntas do Bloco e do PCP e que talvez tenha a ver com a demora verificada nos serviços da Segurança Social - foi a de saber quantas pessoas estão nos serviços do Ministério que fazem inspecção. Por que foi que o ministro não o disse, por duas vezes?

Recordo-me, em 2001, de ter entrevistado o então secretário de Estado da Segurança Social Simões de Almeida e de lhe ter feito a mesma pergunta. Ele olhou para mim e disse-me que se recusava a responder-me. Porquê? Porque se respondesse, daria informação às diversas entidades de que a inspecção da Segurança Social era completamente ineficaz!

Mistério.

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