"E Eu sou Eu": «Viola Delta volume XLIX – poemas sobre África e outros textos»

31-08-2019
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Para
festejar os 35 anos dos Cadernos de Poesia Viola Delta, iniciados em
1977, surge este novo trabalho poético. Trata-se de um livro colectivo
com poemas de quinze autores: Al Aarão, Alberto Martins Rodrigues,
António Cardoso, António Salvado, Armando Taborda, Carlos Domingos,
David Mestre, Delmar Maia Gonçalves, Fernando Grade, Fernando Pinto
Ribeiro, Júlio-António Salgueiro, Luís Filipe João, Luísa de Andrade
Leite, Manuel Ramilo Salgueiro e Maria Almira Medina.
Não se trata apenas de juntar poemas de 15 poetas em livro. Há sempre
algo mais – História e Memória, ambas vivas. Todos os autores trazem uma
nota de apresentação; por exemplo na ficha de Alberto Martins Rodrigues
(1950-1986) escreve Fernando Grade: Do «I Encontro dos Escritores
Portugueses», realizado em 1975, um dos grupos de trabalho emergentes
foi a Comissão para Publicação de Autores em Editor: Afonso Cautela,
Fernando Grade, Hermano Neves, João de Melo, José Correia Tavares, Júlio
Conrado e Serafim Ferreira. Desta pró-literária (ou a-literária) salada
russa salpicada de molho tártaro e beirense, acabou por não sair
qualquer coelho da cartola real ou fictícia. Até porque o «25 de Abril»
foi estrangulado pelos vendilhões do Tempo… Era alentejano de mais para
ser sorvido pelos janotas analfas do Chiado. Os perfumadinhos
encharcados em dólares (marados ou não). Os capados da alma.»
David Mestre (1948-1998) foi viver para Luanda com 3 anos, jornalista e
poeta, desertou do exército português em Angola e foi preso em 1971 para
ser libertado em 1974. Começou a publicar em 1973 e além de livros de
poesia publicou crónicas e ensaios.
Júlio-António Salgueiro (1943-1975) foi um dos fundadores do Movimento
Desintegracionista em 1965 e em Luanda escreveu o poema «Movimento da
Terra»: «Depois da morte como depois da tua vida / Não procures o
significado oculto da rosa apodrecida / Aonde queres chegar tens que
partir só na tarde negra / Que zumbe na temperatura do grande verão / No
centro da esfera de luz que se move em movimento / E não te prendas com
o que não é há muito esperado / Não olhes a paisagem porque não é
paisagem única / A ninguém interessa se estás contente e a águia desce /
A prumo e cada átomo do teu corpo refaz o mundo / Na sua totalidade
escuta há grandes intervalos / Que devem ser preenchidos entre a vida e a
morte».
(Edições Mic, Ilustrações: J. Leitão Baptista, Júlio Gil. Nadir Afonso)

José do Carmo Francisco 

in Gazeta das Caldas

 

Para
festejar os 35 anos dos Cadernos de Poesia Viola Delta, iniciados em
1977, surge este novo trabalho poético. Trata-se de um livro colectivo
com poemas de quinze autores: Al Aarão, Alberto Martins Rodrigues,
António Cardoso, António Salvado, Armando Taborda, Carlos Domingos,
David Mestre, Delmar Maia Gonçalves, Fernando Grade, Fernando Pinto
Ribeiro, Júlio-António Salgueiro, Luís Filipe João, Luísa de Andrade
Leite, Manuel Ramilo Salgueiro e Maria Almira Medina.
Não se trata apenas de juntar poemas de 15 poetas em livro. Há sempre
algo mais – História e Memória, ambas vivas. Todos os autores trazem uma
nota de apresentação; por exemplo na ficha de Alberto Martins Rodrigues
(1950-1986) escreve Fernando Grade: Do «I Encontro dos Escritores
Portugueses», realizado em 1975, um dos grupos de trabalho emergentes
foi a Comissão para Publicação de Autores em Editor: Afonso Cautela,
Fernando Grade, Hermano Neves, João de Melo, José Correia Tavares, Júlio
Conrado e Serafim Ferreira. Desta pró-literária (ou a-literária) salada
russa salpicada de molho tártaro e beirense, acabou por não sair
qualquer coelho da cartola real ou fictícia. Até porque o «25 de Abril»
foi estrangulado pelos vendilhões do Tempo… Era alentejano de mais para
ser sorvido pelos janotas analfas do Chiado. Os perfumadinhos
encharcados em dólares (marados ou não). Os capados da alma.»
David Mestre (1948-1998) foi viver para Luanda com 3 anos, jornalista e
poeta, desertou do exército português em Angola e foi preso em 1971 para
ser libertado em 1974. Começou a publicar em 1973 e além de livros de
poesia publicou crónicas e ensaios.
Júlio-António Salgueiro (1943-1975) foi um dos fundadores do Movimento
Desintegracionista em 1965 e em Luanda escreveu o poema «Movimento da
Terra»: «Depois da morte como depois da tua vida / Não procures o
significado oculto da rosa apodrecida / Aonde queres chegar tens que
partir só na tarde negra / Que zumbe na temperatura do grande verão / No
centro da esfera de luz que se move em movimento / E não te prendas com
o que não é há muito esperado / Não olhes a paisagem porque não é
paisagem única / A ninguém interessa se estás contente e a águia desce /
A prumo e cada átomo do teu corpo refaz o mundo / Na sua totalidade
escuta há grandes intervalos / Que devem ser preenchidos entre a vida e a
morte».
(Edições Mic, Ilustrações: J. Leitão Baptista, Júlio Gil. Nadir Afonso)

José do Carmo Francisco 

in Gazeta das Caldas

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