Hugo Soares é tendência em Portugal

02-09-2019
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Se uma boa oposição gera um melhor governo, os portugueses têm hoje seríssimas razões para estar preocupados com a atuação de uma direita que quanto mais se desorienta mais se radicaliza. A saída do demagógico Luís Montenegro da liderança da bancada do PSD poderia representar um sinal de mudança, infelizmente dissipada à nascença pela desastrosa estreia do referendista Hugo Soares

“Sabemos hoje que o governo escondeu, pelo menos a morte de uma pessoa.” Este é o epitáfio mentiroso e desumano, citado de fonte oficial do PSD, que ficará gravado na tumba de uma das mais miseráveis narrativas políticas da história moderna da democracia portuguesa.

A tragédia vivida em Pedrógão e concelhos envolventes, ceifou a vida de 64 pessoas, dilacerando um vasto território e transformando de forma indelével a vida de milhares de outras vítimas indiretas deste repentino desastre.

Uma ocorrência desta dimensão deveria impor a todos os intervenientes, em particular aos políticos, uma enorme sensibilidade nas palavras e ações, tendo como primordiais preocupações o respeito pela inimaginável dor de quem perdeu os seus entes mais queridos, ou assistiu ao terror de ver a sua vida consumida na vertigem cruel de um mar de fogo.

Aqueles que, como eu, não foram iluminados pela sapiência do ex-ministro, Calvão da Silva, que expiava estas situações com “a fúria de uma natureza que não era nossa amiga e de um Deus nem sempre amigo”, consideram que é nestes períodos de provação que se distingue a boa e a má moeda do estadismo português.

Em política, nunca é bom ter razão antes do tempo, mas vale a pena relembrar os apelos do primeiro-ministro, António Costa, reforçados pelas mensagens do senhor Presidente da República: com seriedade e rigor apurar toda a verdade, não alimentando especulações sensacionalistas. Este é o desígnio de quem, doa a quem doer, realmente exige que nada fique por explicar.

Se uma boa oposição gera um melhor governo, os portugueses têm hoje seríssimas razões para estar preocupados com a atuação de uma direita que quanto mais se desorienta mais se radicaliza. A saída do demagógico Luís Montenegro da liderança da bancada do PSD poderia representar um sinal de mudança, infelizmente dissipada à nascença pela desastrosa estreia do referendista Hugo Soares.

Bastou um inaudito boato, lançado por uma qualquer empresária da tradução, cujo único registo são múltiplas falências e queixas-crime, para que o comentariado saudosista da governação muito para além da troika se desdobrasse em perigosas parangonas e proclamações sobre a ocultação de vítimas e outras teorias da conspiração.

As lideranças fracas denunciam-se na escolha dos combates políticos que decidem travar. Bastou uma capa do Expresso para que a PSD e CDS caísse a máscara da suavidade. A exigência da divulgação voyeurista de uma lista nominativa das vítimas de Pedrógão chegou sob a forma de ultimatos ao estilo de antigo Faroeste, pedidos de reuniões extraordinárias da Comissão Permanente e até ameaças de moções de censura.

As exigências da oposição configuravam, não só o crime da quebra de segredo de justiça, mas também um estímulo irresponsável ao alarme social, cuja justificação não pode ser a conquista de um punhado de votos que os retire das mais baixas intenções de voto das ultimas décadas.

Esqueceram-se que o segredo de justiça não era eterno. A Procuradoria-Geral da República divulgou a lista, confirmando aquilo que já se sabia. O governo português fez aquilo que lhe competia, “comportando-se como é suposto um governo comportar-se”.

A nova liderança da minoria de direita no parlamento português caiu na tentação de deixar a sua marca a todo o custo. Volvidas menos de vinte e quatro horas da Twiterização do PSD, sobram as cinzas do ensaio de uma estratégia imoral, materializada numa linha política mais próxima da voragem das redes sociais do que dos pergaminhos históricos do seu partido.

A tese da sovietização do regime democrático português configura uma notável marca humorística, amiúde ensaiada nas hostes de direita, que esbarra, desde logo, na facilidade com que lhes é permitido exercitar topo o tipo de ignomínias e disparates. São livres para tudo. Todavia, brincar com tragédias não pode ser tendência em Portugal.

Deputado do PS

Se uma boa oposição gera um melhor governo, os portugueses têm hoje seríssimas razões para estar preocupados com a atuação de uma direita que quanto mais se desorienta mais se radicaliza. A saída do demagógico Luís Montenegro da liderança da bancada do PSD poderia representar um sinal de mudança, infelizmente dissipada à nascença pela desastrosa estreia do referendista Hugo Soares

“Sabemos hoje que o governo escondeu, pelo menos a morte de uma pessoa.” Este é o epitáfio mentiroso e desumano, citado de fonte oficial do PSD, que ficará gravado na tumba de uma das mais miseráveis narrativas políticas da história moderna da democracia portuguesa.

A tragédia vivida em Pedrógão e concelhos envolventes, ceifou a vida de 64 pessoas, dilacerando um vasto território e transformando de forma indelével a vida de milhares de outras vítimas indiretas deste repentino desastre.

Uma ocorrência desta dimensão deveria impor a todos os intervenientes, em particular aos políticos, uma enorme sensibilidade nas palavras e ações, tendo como primordiais preocupações o respeito pela inimaginável dor de quem perdeu os seus entes mais queridos, ou assistiu ao terror de ver a sua vida consumida na vertigem cruel de um mar de fogo.

Aqueles que, como eu, não foram iluminados pela sapiência do ex-ministro, Calvão da Silva, que expiava estas situações com “a fúria de uma natureza que não era nossa amiga e de um Deus nem sempre amigo”, consideram que é nestes períodos de provação que se distingue a boa e a má moeda do estadismo português.

Em política, nunca é bom ter razão antes do tempo, mas vale a pena relembrar os apelos do primeiro-ministro, António Costa, reforçados pelas mensagens do senhor Presidente da República: com seriedade e rigor apurar toda a verdade, não alimentando especulações sensacionalistas. Este é o desígnio de quem, doa a quem doer, realmente exige que nada fique por explicar.

Se uma boa oposição gera um melhor governo, os portugueses têm hoje seríssimas razões para estar preocupados com a atuação de uma direita que quanto mais se desorienta mais se radicaliza. A saída do demagógico Luís Montenegro da liderança da bancada do PSD poderia representar um sinal de mudança, infelizmente dissipada à nascença pela desastrosa estreia do referendista Hugo Soares.

Bastou um inaudito boato, lançado por uma qualquer empresária da tradução, cujo único registo são múltiplas falências e queixas-crime, para que o comentariado saudosista da governação muito para além da troika se desdobrasse em perigosas parangonas e proclamações sobre a ocultação de vítimas e outras teorias da conspiração.

As lideranças fracas denunciam-se na escolha dos combates políticos que decidem travar. Bastou uma capa do Expresso para que a PSD e CDS caísse a máscara da suavidade. A exigência da divulgação voyeurista de uma lista nominativa das vítimas de Pedrógão chegou sob a forma de ultimatos ao estilo de antigo Faroeste, pedidos de reuniões extraordinárias da Comissão Permanente e até ameaças de moções de censura.

As exigências da oposição configuravam, não só o crime da quebra de segredo de justiça, mas também um estímulo irresponsável ao alarme social, cuja justificação não pode ser a conquista de um punhado de votos que os retire das mais baixas intenções de voto das ultimas décadas.

Esqueceram-se que o segredo de justiça não era eterno. A Procuradoria-Geral da República divulgou a lista, confirmando aquilo que já se sabia. O governo português fez aquilo que lhe competia, “comportando-se como é suposto um governo comportar-se”.

A nova liderança da minoria de direita no parlamento português caiu na tentação de deixar a sua marca a todo o custo. Volvidas menos de vinte e quatro horas da Twiterização do PSD, sobram as cinzas do ensaio de uma estratégia imoral, materializada numa linha política mais próxima da voragem das redes sociais do que dos pergaminhos históricos do seu partido.

A tese da sovietização do regime democrático português configura uma notável marca humorística, amiúde ensaiada nas hostes de direita, que esbarra, desde logo, na facilidade com que lhes é permitido exercitar topo o tipo de ignomínias e disparates. São livres para tudo. Todavia, brincar com tragédias não pode ser tendência em Portugal.

Deputado do PS

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