‘Vai haver uns arrufos entre PS e PCP nas autárquicas’

07-02-2017
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Depois de Carlos Humberto atingir o limite de mandatos à frente da Câmara do Barreiro, o PS vê na sua saída uma oportunidade histórica para conquistar um bastião comunista. André Pinotes Batista, líder do PS Barreiro e candidato à Assembleia Municipal, não tem problemas em assumir a vitória como objetivo. Mesmo sabendo que terá de bater-se nas autárquicas contra aqueles que são os seus aliados na Assembleia da República.

«O desafio é o PS ganhar o Barreiro neste contexto político atual que vivemos. É desafiante», reconhece o deputado socialista que está convencido de que, à semelhança do que já vaticinou Jerónimo de Sousa, «não haverá pactos nem agressões» entre PS e PCP na batalha autárquica que se avizinha.

‘Ninguém vai querer pagar a fatura de romper o acordo’

«Não me parece que ninguém vá encolher-se na luta autárquica, mas também me parece que ninguém quer perigar as conquistas que temos conseguido», explica, admitindo que «vai haver uns arrufos» entre os dois partidos na tentativa de conquistar câmaras, mas que isso não vai pôr em causa a estabilidade governativa.

«Ninguém vai querer pagar a fatura de estar a romper com a estabilidade que temos e que nos é reconhecida», analisa, confiante de que «a população está com esta solução» e que isso é a maior garantia de que os partidos não a vão pôr em causa nas autárquicas.

Isso não o inibe de tentar ganhar a Câmara do Barreiro, sobretudo sabendo os bons resultados que o PS tem alcançado no concelho nas legislativas. «Desde 1997 que o PS vence sucessivamente as eleições legislativas. Mesmo quando houve autárquicas e legislativas muito próximas. Nas últimas legislativas tivemos 16 mil votos que davam para ganhar as autárquicas», aponta Pinotes Batista, que não teme as consequências da conquista de um dos mais históricos bastiões comunistas.

«O Governo não cai se o PS ganhar a Câmara do Barreiro», ironiza o socialista que só chegou à Assembleia da República porque a solução de governação lhe abriu as portas de São Bento como deputado de substituição. Apesar disso e de estar convencido das vantagens da aliança de esquerdas que sustenta o Governo de António Costa, tem consciência de que a solução não será eterna e que o PS não pode afastar-se da sua matriz de partido de centro-esquerda moderado.

«Isto não é uma fábula de La Fontaine de viveram felizes para sempre», avisa sobre a ‘geringonça’, defendendo que o seu partido tem de voltar a ouvir os moderados.

«Ninguém quer ouvir os moderados, mas alguém tem de ter a firmeza de dizer que nem tanto ao mar nem tanto à terra. Vamos ter de ter um radicalismo da moderação», vinca o socialista que acha que não se podem fechar portas à direita. «O PSD pode mudar de liderança e no dia em que isso acontecer temos muito a dialogar com o PSD», considera.

‘O PCP é diferente quando está no poder’

Nascido no Barreiro, neto de um operário comunista, André Pinotes Batista habitou-se a conviver com aquilo a que hoje chama o «comunismo orgânico» de uma região onde a presença da CUF, da Lisnave e da Siderurgia Nacional faziam da luta de classes uma prática real e diária.

Hoje, os tempos mudaram. A sede do PS deixou de estar na mira – como aconteceu no PREC – de três carabinas montadas numa janela em frente e deixou de haver tiros de pressão de ar disparados durante ações de campanha socialista em momentos tensos como aqueles que Pinotes chegou a viver nos primeiros anos de militância.

Mas André Pinotes Batista não hesita em atacar o adversário comunista. «O PCP quando exerce poder é diferente. E há coisas que são muito evidentes: o IMI por exemplo. Aqui no Parlamento dizem que os impostos são um esbulho, mas quando estão no poder praticam cargas tributárias muito elevadas, argumentando que as autarquias precisam de ter receitas para prestar serviço público».

Pinotes Batista vai explorar as contradições comunistas também na Assembleia da República, quando for feita a apreciação parlamentar do decreto que municipaliza a Carris e que tem merecido a oposição do PCP. «No Barreiro temos transportes coletivos municipalizados que se estão a expandir para a Moita, que não tem participação, que não tem lugar no conselho de administração», aponta.

Mas será que essas fricções são suficientes para criar ruído na solução de governação? «Não é ruído, são divergências, é democracia. Durante a tarde no plenário na Assembleia da República convergimos e negociamos e depois nas reuniões de câmara ou de assembleia municipal que se passam à noite divergimos ferozmente. Mas também já nos vamos habituando a isso», desvaloriza.

‘O PS quer a península de Setúbal virada para Lisboa’

Na campanha no Barreiro, garante que o candidato socialista Frederico Rosa se vai concentrar no discurso positivo e em passar a ideia das vantagens de ter o PS no poder na outra banda. «Existe uma vantagem grande em que área metropolitana tenha uma maioria socialista. O PS tem um empenho maior em ter a Península de Setúbal virada para o Terreiro do Paço. O PCP tem lucrado eleitoralmente em manter a margem sul de costas para Lisboa», defende, garantindo que há muito mais consensos do que divergências quando se pensa no futuro da grande Lisboa.

«Há coisas em que todos estamos de acordo e sobre essas não se vai fazer muito barulho: a expansão do terminal de Sines, a instalação do terminal do Barreiro, a descontaminação de solos no arco ribeirinho sul, o aeroporto do Montijo. São infraestruturas centrais para equilibrar as margens do Tejo», acredita.

Depois de Carlos Humberto atingir o limite de mandatos à frente da Câmara do Barreiro, o PS vê na sua saída uma oportunidade histórica para conquistar um bastião comunista. André Pinotes Batista, líder do PS Barreiro e candidato à Assembleia Municipal, não tem problemas em assumir a vitória como objetivo. Mesmo sabendo que terá de bater-se nas autárquicas contra aqueles que são os seus aliados na Assembleia da República.

«O desafio é o PS ganhar o Barreiro neste contexto político atual que vivemos. É desafiante», reconhece o deputado socialista que está convencido de que, à semelhança do que já vaticinou Jerónimo de Sousa, «não haverá pactos nem agressões» entre PS e PCP na batalha autárquica que se avizinha.

‘Ninguém vai querer pagar a fatura de romper o acordo’

«Não me parece que ninguém vá encolher-se na luta autárquica, mas também me parece que ninguém quer perigar as conquistas que temos conseguido», explica, admitindo que «vai haver uns arrufos» entre os dois partidos na tentativa de conquistar câmaras, mas que isso não vai pôr em causa a estabilidade governativa.

«Ninguém vai querer pagar a fatura de estar a romper com a estabilidade que temos e que nos é reconhecida», analisa, confiante de que «a população está com esta solução» e que isso é a maior garantia de que os partidos não a vão pôr em causa nas autárquicas.

Isso não o inibe de tentar ganhar a Câmara do Barreiro, sobretudo sabendo os bons resultados que o PS tem alcançado no concelho nas legislativas. «Desde 1997 que o PS vence sucessivamente as eleições legislativas. Mesmo quando houve autárquicas e legislativas muito próximas. Nas últimas legislativas tivemos 16 mil votos que davam para ganhar as autárquicas», aponta Pinotes Batista, que não teme as consequências da conquista de um dos mais históricos bastiões comunistas.

«O Governo não cai se o PS ganhar a Câmara do Barreiro», ironiza o socialista que só chegou à Assembleia da República porque a solução de governação lhe abriu as portas de São Bento como deputado de substituição. Apesar disso e de estar convencido das vantagens da aliança de esquerdas que sustenta o Governo de António Costa, tem consciência de que a solução não será eterna e que o PS não pode afastar-se da sua matriz de partido de centro-esquerda moderado.

«Isto não é uma fábula de La Fontaine de viveram felizes para sempre», avisa sobre a ‘geringonça’, defendendo que o seu partido tem de voltar a ouvir os moderados.

«Ninguém quer ouvir os moderados, mas alguém tem de ter a firmeza de dizer que nem tanto ao mar nem tanto à terra. Vamos ter de ter um radicalismo da moderação», vinca o socialista que acha que não se podem fechar portas à direita. «O PSD pode mudar de liderança e no dia em que isso acontecer temos muito a dialogar com o PSD», considera.

‘O PCP é diferente quando está no poder’

Nascido no Barreiro, neto de um operário comunista, André Pinotes Batista habitou-se a conviver com aquilo a que hoje chama o «comunismo orgânico» de uma região onde a presença da CUF, da Lisnave e da Siderurgia Nacional faziam da luta de classes uma prática real e diária.

Hoje, os tempos mudaram. A sede do PS deixou de estar na mira – como aconteceu no PREC – de três carabinas montadas numa janela em frente e deixou de haver tiros de pressão de ar disparados durante ações de campanha socialista em momentos tensos como aqueles que Pinotes chegou a viver nos primeiros anos de militância.

Mas André Pinotes Batista não hesita em atacar o adversário comunista. «O PCP quando exerce poder é diferente. E há coisas que são muito evidentes: o IMI por exemplo. Aqui no Parlamento dizem que os impostos são um esbulho, mas quando estão no poder praticam cargas tributárias muito elevadas, argumentando que as autarquias precisam de ter receitas para prestar serviço público».

Pinotes Batista vai explorar as contradições comunistas também na Assembleia da República, quando for feita a apreciação parlamentar do decreto que municipaliza a Carris e que tem merecido a oposição do PCP. «No Barreiro temos transportes coletivos municipalizados que se estão a expandir para a Moita, que não tem participação, que não tem lugar no conselho de administração», aponta.

Mas será que essas fricções são suficientes para criar ruído na solução de governação? «Não é ruído, são divergências, é democracia. Durante a tarde no plenário na Assembleia da República convergimos e negociamos e depois nas reuniões de câmara ou de assembleia municipal que se passam à noite divergimos ferozmente. Mas também já nos vamos habituando a isso», desvaloriza.

‘O PS quer a península de Setúbal virada para Lisboa’

Na campanha no Barreiro, garante que o candidato socialista Frederico Rosa se vai concentrar no discurso positivo e em passar a ideia das vantagens de ter o PS no poder na outra banda. «Existe uma vantagem grande em que área metropolitana tenha uma maioria socialista. O PS tem um empenho maior em ter a Península de Setúbal virada para o Terreiro do Paço. O PCP tem lucrado eleitoralmente em manter a margem sul de costas para Lisboa», defende, garantindo que há muito mais consensos do que divergências quando se pensa no futuro da grande Lisboa.

«Há coisas em que todos estamos de acordo e sobre essas não se vai fazer muito barulho: a expansão do terminal de Sines, a instalação do terminal do Barreiro, a descontaminação de solos no arco ribeirinho sul, o aeroporto do Montijo. São infraestruturas centrais para equilibrar as margens do Tejo», acredita.

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