Gigantones e zumbis no MIMO

24-07-2017
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A tradição deu as boas-vindas à modernidade. O grupo de Zés-Pereiras Unidos da Paródia recebeu o MIMO em Amarante com uma atuação no largo da Igreja de São Gonçalo, antes do programa do festival começar, numa noite que juntou no Parque Ribeirinho Três Tristes Tigres, Tinariwen e Nação Zumbi. Após os gigantones terem saído de cena, um grupo de brasileiros radicados em Portugal aproveitou para tirar fotografias empunhando mensagens contra Michel Temer e a rede Globo e de apoio à Nação Zumbi.

O histórico grupo brasileiro foi o último a tocar na primeira noite do festival, já de madrugada, mas antes, ao fim da tarde, participou numa conversa no Fórum de Ideias. Moderado pelo consultor editorial Tito Couto, o encontro com o guitarrista Lúcio Maia e com o baixista Dengue foi um cartão de visita para quem não conhecia bem o grupo de Recife, e em especial do seu malogrado líder, Chico Science. Lúcio Maia lembrou que nos anos 80 a cidade chegou a estar classificada como a quarta pior do mundo para viver - e que a origem do nome do movimento manguebeat se deve à ideia de "afetividade" de Chico Science para com os manguezais, porque Recife foi construída à custa do aterro dos mangues. Sobre a mistura de sonoridades que caracteriza a Nação Zumbi, Dengue comentou: "Foi uma sacada muito grande do Chico. No final das contas, o nosso som era inclassificável, coisas de Pernambuco com o rock. Até para nós, hoje, soa estranho e novo o primeiro disco."

Nada estranho foi o primeiro concerto do festival, o do Quarteto Arabesco com Pedro Jóia. O grupo de cordas e o guitarrista encheram a Igreja de São Gonçalo com um repertório que começou na clássica (Luigi Bocherinni), passou pelo mestre Carlos Paredes, prosseguiu com Armandinho e Raul Ferrão, e culminou nas variações sobre fado corrido, da autoria de Jóia. Um arranque tranquilo e virtuoso. A poucos metros de distância, no Museu Amadeo de Souza-Cardoso, um septuagenário carioca com aura de lenda estreava-se em Portugal: Jards Macalé.

Mas o momento de maior simbolismo foi protagonizado por outro compatriota e colega de ofício, quando se viu Rodrigo Amarante a distribuir abraços a fãs a meio da ponte de São Gonçalo. Sobre o Tâmega também houve ação política: um movimento ambientalista passava a mensagem contra o projeto de construção de uma barragem no curso do rio. Nem tudo é música num festival como o MIMO.

E prova da importância para a região deste evento, o ministro da Economia Manuel Caldeira Cabral aproveitou a deslocação à cidade, na qual inaugurou uma start-up, para conhecer o festival, acompanhado do autarca e da organizadora, Lu Araújo.

A tradição deu as boas-vindas à modernidade. O grupo de Zés-Pereiras Unidos da Paródia recebeu o MIMO em Amarante com uma atuação no largo da Igreja de São Gonçalo, antes do programa do festival começar, numa noite que juntou no Parque Ribeirinho Três Tristes Tigres, Tinariwen e Nação Zumbi. Após os gigantones terem saído de cena, um grupo de brasileiros radicados em Portugal aproveitou para tirar fotografias empunhando mensagens contra Michel Temer e a rede Globo e de apoio à Nação Zumbi.

O histórico grupo brasileiro foi o último a tocar na primeira noite do festival, já de madrugada, mas antes, ao fim da tarde, participou numa conversa no Fórum de Ideias. Moderado pelo consultor editorial Tito Couto, o encontro com o guitarrista Lúcio Maia e com o baixista Dengue foi um cartão de visita para quem não conhecia bem o grupo de Recife, e em especial do seu malogrado líder, Chico Science. Lúcio Maia lembrou que nos anos 80 a cidade chegou a estar classificada como a quarta pior do mundo para viver - e que a origem do nome do movimento manguebeat se deve à ideia de "afetividade" de Chico Science para com os manguezais, porque Recife foi construída à custa do aterro dos mangues. Sobre a mistura de sonoridades que caracteriza a Nação Zumbi, Dengue comentou: "Foi uma sacada muito grande do Chico. No final das contas, o nosso som era inclassificável, coisas de Pernambuco com o rock. Até para nós, hoje, soa estranho e novo o primeiro disco."

Nada estranho foi o primeiro concerto do festival, o do Quarteto Arabesco com Pedro Jóia. O grupo de cordas e o guitarrista encheram a Igreja de São Gonçalo com um repertório que começou na clássica (Luigi Bocherinni), passou pelo mestre Carlos Paredes, prosseguiu com Armandinho e Raul Ferrão, e culminou nas variações sobre fado corrido, da autoria de Jóia. Um arranque tranquilo e virtuoso. A poucos metros de distância, no Museu Amadeo de Souza-Cardoso, um septuagenário carioca com aura de lenda estreava-se em Portugal: Jards Macalé.

Mas o momento de maior simbolismo foi protagonizado por outro compatriota e colega de ofício, quando se viu Rodrigo Amarante a distribuir abraços a fãs a meio da ponte de São Gonçalo. Sobre o Tâmega também houve ação política: um movimento ambientalista passava a mensagem contra o projeto de construção de uma barragem no curso do rio. Nem tudo é música num festival como o MIMO.

E prova da importância para a região deste evento, o ministro da Economia Manuel Caldeira Cabral aproveitou a deslocação à cidade, na qual inaugurou uma start-up, para conhecer o festival, acompanhado do autarca e da organizadora, Lu Araújo.

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