coriscos: Rui Rio e o Rivoli

20-07-2018
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Sábado. 18 horas. A Câmara Municipal do Porto emite um comunicado a dar conta do que já se supunha, pelo menos, há seis meses. Supunha-se tanto que achei que nunca fosse verificar-se. O Teatro Municipal Rivoli, restaurado e equipado há cerca de dez anos com dinheiros públicos para, supostamente, cumprir um projecto específico será gerido, a partir de Maio de 2007, e durante quatro anos, por Filipe La Féria. A peça de estreia será um musical dedicado a Carmen Miranda. O encenador e produtor de Lisboa abraçará a responsabilidade de fazer a Baixa portuense mexer. Três dias antes do anúncio, veiculado, como habitualmente, pelo site da autarquia, Florbela Guedes, assessora de Rui Rio, jurava ao JN que o processo ainda não estava fechado. Nem poderia ser levado à reunião camarária de terça-feira, dia 19, porque os vereadores, justificou, teriam que receber a documentação correspondente até quarta-feira da semana anterior. Sem processo fechado não havia papelada para entregar. Nem nada para discutir. Apesar disso, nesse mesmo dia, Manuel Teixeira, chefe de gabinete de Rui Rio almoçou em Lisboa com La Féria e a sua equipa. Pessoas ligadas à empresa do produtor afirmaram que a Câmara havia feito exigências técnicas que eles não tinham condições de cumprir. Ainda assim, La Féria ganhou. Já antes a Câmara havia duvidado da liquidez financeira da empresa "Bastidores". Ainda assim, La Féria ganhou. A Câmara, cuja política diz orgulhosamente pautar-se por números de audiência, já em 2005 tinha apoiado La Féria em dois espectáculos ["Rainha do ferro velho" e "A menina do mar"] apresentados no Teatro Sá da Bandeira. Um deles foi cancelado por falta de público. Ainda assim, La Féria ganhou. Rui Rio, depois de ter dado (a fundo perdido?) 100 mil euros em compra de bilhetes a La Féria para as peças referidas sugeriu-lhe ainda que ocupasse o Cinema Batalha, já sob a exploração de Luís Montez, que rejeitou por ser demasiado pequeno. Mas à terceira foi de vez. Rio Rio conseguiu trazer La Féria para o Porto. Ele e a sua comissão independente, constituída por Álvaro Castello-Branco, Raul Matos Fernandes e o próprio Manuel Teixeira. Como se vê, independente e ligadíssima à cultura! Nada contra La Féria no Porto. Tudo contra a falta de correcção das pessoas. E sobretudo contra a falta de honestidade de pessoas como Rui Rio, que não cansa de afirmar a sua seriedade. Rui Rio não é sério. Não é honesto. Não é correcto. Não é verdadeiro. Se dúvidas ainda pudesse haver, o processo Rivoli é absolutamente revelador da sua falta de carácter. Os outros candidatos ficaram a saber pelos jornais que perderam. Nunca hão-de saber porquê. Pela primeira vez compreendi o discurso, que sempre me incomodou, dos "braços caídos", da "derrora antecipada" proferido repetidamente há uns meses, por um vereador socialista. Perderam todos os que defendem e acreditam numa cultura da linha da frente. E perderam todos aqueles que, como eu, ingenuamente, acreditaram que vale a pena discutir, espernear, esgrimir argumentos. Mas nenhum de nós perdeu a dignidade. Isso será sempre mais importante. No dia em que me perguntarem que livro estou a ler, saberei responder, no mesmo milésimo de segundo, os dois ou três que me acompanham sempre. No dia em que me perguntarem qual foi o último concerto ou peça de teatro a que assisti, saberei igualmente responder com rapidez. Nunca direi que a pergunta é "difamatória". Rui Rio continuará a rir... até ao despenhamento total da cidade.


Sábado. 18 horas. A Câmara Municipal do Porto emite um comunicado a dar conta do que já se supunha, pelo menos, há seis meses. Supunha-se tanto que achei que nunca fosse verificar-se. O Teatro Municipal Rivoli, restaurado e equipado há cerca de dez anos com dinheiros públicos para, supostamente, cumprir um projecto específico será gerido, a partir de Maio de 2007, e durante quatro anos, por Filipe La Féria. A peça de estreia será um musical dedicado a Carmen Miranda. O encenador e produtor de Lisboa abraçará a responsabilidade de fazer a Baixa portuense mexer. Três dias antes do anúncio, veiculado, como habitualmente, pelo site da autarquia, Florbela Guedes, assessora de Rui Rio, jurava ao JN que o processo ainda não estava fechado. Nem poderia ser levado à reunião camarária de terça-feira, dia 19, porque os vereadores, justificou, teriam que receber a documentação correspondente até quarta-feira da semana anterior. Sem processo fechado não havia papelada para entregar. Nem nada para discutir. Apesar disso, nesse mesmo dia, Manuel Teixeira, chefe de gabinete de Rui Rio almoçou em Lisboa com La Féria e a sua equipa. Pessoas ligadas à empresa do produtor afirmaram que a Câmara havia feito exigências técnicas que eles não tinham condições de cumprir. Ainda assim, La Féria ganhou. Já antes a Câmara havia duvidado da liquidez financeira da empresa "Bastidores". Ainda assim, La Féria ganhou. A Câmara, cuja política diz orgulhosamente pautar-se por números de audiência, já em 2005 tinha apoiado La Féria em dois espectáculos ["Rainha do ferro velho" e "A menina do mar"] apresentados no Teatro Sá da Bandeira. Um deles foi cancelado por falta de público. Ainda assim, La Féria ganhou. Rui Rio, depois de ter dado (a fundo perdido?) 100 mil euros em compra de bilhetes a La Féria para as peças referidas sugeriu-lhe ainda que ocupasse o Cinema Batalha, já sob a exploração de Luís Montez, que rejeitou por ser demasiado pequeno. Mas à terceira foi de vez. Rio Rio conseguiu trazer La Féria para o Porto. Ele e a sua comissão independente, constituída por Álvaro Castello-Branco, Raul Matos Fernandes e o próprio Manuel Teixeira. Como se vê, independente e ligadíssima à cultura! Nada contra La Féria no Porto. Tudo contra a falta de correcção das pessoas. E sobretudo contra a falta de honestidade de pessoas como Rui Rio, que não cansa de afirmar a sua seriedade. Rui Rio não é sério. Não é honesto. Não é correcto. Não é verdadeiro. Se dúvidas ainda pudesse haver, o processo Rivoli é absolutamente revelador da sua falta de carácter. Os outros candidatos ficaram a saber pelos jornais que perderam. Nunca hão-de saber porquê. Pela primeira vez compreendi o discurso, que sempre me incomodou, dos "braços caídos", da "derrora antecipada" proferido repetidamente há uns meses, por um vereador socialista. Perderam todos os que defendem e acreditam numa cultura da linha da frente. E perderam todos aqueles que, como eu, ingenuamente, acreditaram que vale a pena discutir, espernear, esgrimir argumentos. Mas nenhum de nós perdeu a dignidade. Isso será sempre mais importante. No dia em que me perguntarem que livro estou a ler, saberei responder, no mesmo milésimo de segundo, os dois ou três que me acompanham sempre. No dia em que me perguntarem qual foi o último concerto ou peça de teatro a que assisti, saberei igualmente responder com rapidez. Nunca direi que a pergunta é "difamatória". Rui Rio continuará a rir... até ao despenhamento total da cidade.

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