Bancada do PSD à beira de um ataque de nervos

27-11-2018
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Mais uma reunião do grupo parlamentar do PSD muito agitada, esta quinta-feira, por causa das propostas do partido para o Orçamento do Estado de 2019 (OE2019). Uma semana depois da direção do PSD e do grupo parlamentar terem apresentado ao país mais de uma centena de propostas para o OE 2019, chegou o momento de apresentar essas propostas aos deputados que terão de defendê-las e de votá-las.

E muitos não gostaram - uns não gostaram das propostas, outros não gostaram de ser confrontados com factos consumados, e muitos não gostaram nem de uma coisa nem da outra. As reclamações tiveram até a ver com a maneira como as propostas foram construídas, uma vez que vários deputados - como Álvaro Batista, Ângela Guerra (ambos com propostas para o Interior) e Ricardo Batista Leite (Saúde) - queixaram-se de ter apresentado à direção propostas que não tiveram qualquer seguimento, sem que houvesse justificação para isso. Daí que tenha sido, conforme relatos ouvidos pelo Expresso, um encontro tenso, desagradável e de "nervos à flor da pele", com discursos a atropelarem-se e até alguns gritos à mistura.

Do pacote de propostas orçamentais apresentado na sexta-feira passada na sede nacional do PSD, a mais contestada, sem surpresa, foi a relativa à tributação de mais-valias imobiliárias - a forma como Rui Rio decidiu ir a jogo na questão da chamada "taxa Robles" apresentada pelo Bloco de Esquerda. Foram vários os deputados que contestaram a iniciativa social-democrata - incluindo a líder da JSD, Margarida Balseiro Lopes, Carlos Abreu Amorim, Miguel Morgado e Ricardo Batista Leite - mas a voz que se destacou foi a de Maria Luís Albuquerque. A ex-ministra das Finanças, que foi das primeiras a intervir, resumiu várias das críticas feitas pelos colegas de bancada, apontando o dedo a uma proposta que castiga os proprietários e a sua liberdade , ao arrepio da tradição do PSD. Maria Luís frisou a ideia de que o PSD foi longe demais numa iniciativa que contraria a sua matriz, arrasando-a a nível técnico, sempre num tom descrito como "incisivo" mas "sereno".

As fortes críticas à proposta destacaram-se de tal forma que, num dos momentos mais caricatos de uma reunião já de si dura, Hugo Soares, antecessor de Fernando Negrão na liderança da bancada, chegou a perguntar, afinal, quem é que apoiava a proposta, fazendo notar que António Leitão Amaro - que faz parte da direção do grupo parlamentar - também disse ver desvantagens na medida. Contactado pelo Expresso, Leitão Amaro disse apenas que explicou "aspetos positivos e negativos" da proposta, e, sem adiantar mais sobre a polémica medida que surgiu na sequência da proposta do BE, acrescentou que "a opinião generalizada foi a de que a globalidade do pacote da Habitação era positiva". Mas, durante a reunião, à pergunta de Hugo Soares apenas o deputado António Topa tomou a palavra para se mostrar favorável. Ainda assim, a proposta será mantida.

Carreiras dos professores: Maria Luís fala em "oportunismo político"

A ex-ministra das Finanças demarcou-se também da proposta do PSD sobre a contagem integral do tempo de carreira dos professores, que considerou uma forma de oportunismo político. E fez uma analogia que a bancada social-democrata terá percebido bem: ao defender que os professores têm razão na reivindicação da contagem do tempo integral em que as progressões estiveram suspensas, e ao querer obrigar o Governo a encontrar uma forma de reconhecer esse direito - mesmo que diferido no tempo - Maria Luís considerou que o PSD está a promover uma PPP na educação: este Governo assume agora, e outro paga depois. Mais uma "incoerência" com o discurso do partido, assinalou.

Também se ouviram críticas às ideias do PSD para o Interior - Álvaro Batista, eleito por Castelo Branco, apoiante de Rui Rio desde o início e um dos deputados mais próximos do secretário-geral José Silvano, desancou a direção da bancada por ter apresentado iniciativas sem ouvir as propostas dos deputados, como as que ele próprio havia feito. E também na área da Saúde - Ricardo Batista Leite, coordenador do grupo parlamentar para esta área, chegou ao ponto de acusar a direção de não dar prioridade a este setor, numa intervenção que foi das mais acaloradas de toda a reunião.

Num encontro em que o líder parlamentar, Fernando Negrão, ouviu muito e falou pouco, uma vez que António Leitão Amaro tomou conta da apresentação das propostas, várias foram as vozes que questionaram para que serviu aquela reunião, tendo em conta que as propostas já estavam apresentadas, sem antes terem sido discutidas com o grupo parlamentar. "Já está tudo decidido", como resumiu o ex-líder da bancada, Hugo Soares.

Mais uma reunião do grupo parlamentar do PSD muito agitada, esta quinta-feira, por causa das propostas do partido para o Orçamento do Estado de 2019 (OE2019). Uma semana depois da direção do PSD e do grupo parlamentar terem apresentado ao país mais de uma centena de propostas para o OE 2019, chegou o momento de apresentar essas propostas aos deputados que terão de defendê-las e de votá-las.

E muitos não gostaram - uns não gostaram das propostas, outros não gostaram de ser confrontados com factos consumados, e muitos não gostaram nem de uma coisa nem da outra. As reclamações tiveram até a ver com a maneira como as propostas foram construídas, uma vez que vários deputados - como Álvaro Batista, Ângela Guerra (ambos com propostas para o Interior) e Ricardo Batista Leite (Saúde) - queixaram-se de ter apresentado à direção propostas que não tiveram qualquer seguimento, sem que houvesse justificação para isso. Daí que tenha sido, conforme relatos ouvidos pelo Expresso, um encontro tenso, desagradável e de "nervos à flor da pele", com discursos a atropelarem-se e até alguns gritos à mistura.

Do pacote de propostas orçamentais apresentado na sexta-feira passada na sede nacional do PSD, a mais contestada, sem surpresa, foi a relativa à tributação de mais-valias imobiliárias - a forma como Rui Rio decidiu ir a jogo na questão da chamada "taxa Robles" apresentada pelo Bloco de Esquerda. Foram vários os deputados que contestaram a iniciativa social-democrata - incluindo a líder da JSD, Margarida Balseiro Lopes, Carlos Abreu Amorim, Miguel Morgado e Ricardo Batista Leite - mas a voz que se destacou foi a de Maria Luís Albuquerque. A ex-ministra das Finanças, que foi das primeiras a intervir, resumiu várias das críticas feitas pelos colegas de bancada, apontando o dedo a uma proposta que castiga os proprietários e a sua liberdade , ao arrepio da tradição do PSD. Maria Luís frisou a ideia de que o PSD foi longe demais numa iniciativa que contraria a sua matriz, arrasando-a a nível técnico, sempre num tom descrito como "incisivo" mas "sereno".

As fortes críticas à proposta destacaram-se de tal forma que, num dos momentos mais caricatos de uma reunião já de si dura, Hugo Soares, antecessor de Fernando Negrão na liderança da bancada, chegou a perguntar, afinal, quem é que apoiava a proposta, fazendo notar que António Leitão Amaro - que faz parte da direção do grupo parlamentar - também disse ver desvantagens na medida. Contactado pelo Expresso, Leitão Amaro disse apenas que explicou "aspetos positivos e negativos" da proposta, e, sem adiantar mais sobre a polémica medida que surgiu na sequência da proposta do BE, acrescentou que "a opinião generalizada foi a de que a globalidade do pacote da Habitação era positiva". Mas, durante a reunião, à pergunta de Hugo Soares apenas o deputado António Topa tomou a palavra para se mostrar favorável. Ainda assim, a proposta será mantida.

Carreiras dos professores: Maria Luís fala em "oportunismo político"

A ex-ministra das Finanças demarcou-se também da proposta do PSD sobre a contagem integral do tempo de carreira dos professores, que considerou uma forma de oportunismo político. E fez uma analogia que a bancada social-democrata terá percebido bem: ao defender que os professores têm razão na reivindicação da contagem do tempo integral em que as progressões estiveram suspensas, e ao querer obrigar o Governo a encontrar uma forma de reconhecer esse direito - mesmo que diferido no tempo - Maria Luís considerou que o PSD está a promover uma PPP na educação: este Governo assume agora, e outro paga depois. Mais uma "incoerência" com o discurso do partido, assinalou.

Também se ouviram críticas às ideias do PSD para o Interior - Álvaro Batista, eleito por Castelo Branco, apoiante de Rui Rio desde o início e um dos deputados mais próximos do secretário-geral José Silvano, desancou a direção da bancada por ter apresentado iniciativas sem ouvir as propostas dos deputados, como as que ele próprio havia feito. E também na área da Saúde - Ricardo Batista Leite, coordenador do grupo parlamentar para esta área, chegou ao ponto de acusar a direção de não dar prioridade a este setor, numa intervenção que foi das mais acaloradas de toda a reunião.

Num encontro em que o líder parlamentar, Fernando Negrão, ouviu muito e falou pouco, uma vez que António Leitão Amaro tomou conta da apresentação das propostas, várias foram as vozes que questionaram para que serviu aquela reunião, tendo em conta que as propostas já estavam apresentadas, sem antes terem sido discutidas com o grupo parlamentar. "Já está tudo decidido", como resumiu o ex-líder da bancada, Hugo Soares.

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