Gerigonça unida no inquérito à Caixa aligeira perdas da gestão de Santos Ferreira e Vara

23-07-2019
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Os três partidos da gerigonça aprovaram a inclusão de uma “coincidência” no relatório da comissão parlamentar de inquérito à gestão da Caixa Geral de Depósitos, contra a vontade da direita: PS, BE e PCP concordam que tem de se concluir que o mandato de Carlos Santos Ferreira, marcado pelas operações mais ruinosas, coincidiu com o início da crise financeira.

“A maioria das perdas teve origem nos anos do mandato da administração liderada por Santos Ferreira”, era uma conclusão retirada por João Almeida no relatório preliminar do inquérito parlamentar. O PS quis acrescentar que tal é verdade “sendo contudo de referir que esse mandato coincide com a eclosão da crise financeira iniciada em 2007”.

Apesar de esta quarta-feira os deputados terem aprovado o grosso do relatório de João Almeida, decidiram votar em separado as propostas de modificação feitas pelos partidos que eram mais polémicas. Esta sugestão socialista foi uma delas. E passou, com os votos favoráveis do PS, BE e PCP, e contra do PSD e CDS.

Celeste Cardona, de protagonista a figurante, segundo o PS

Só que a proposta do PS neste campo ia mais além. João Almeida tinha escrito: “O vice-presidente Maldonado Gonelha, os administradores Armando Vara e Francisco Bandeira tiveram, segundo os trabalhos da comissão, intervenção direta nos créditos mais problemáticos”. O PS quis acrescentar os nomes de Celeste Cardona, Norberto Rosa e Vítor Fernandes.

No entanto, esta foi uma das dificuldades de consenso. E o Bloco fez uma proposta de manter a versão inicial de João Almeida, fazendo um aditamento. “Para além dos administradores responsáveis pelos pelouros diretamente associados à concessão dos créditos analisados, as declarações dos restantes administradores com assento regular no CAC ouvidos nesta CPI (Celeste Cardona, Vitor Fernandes, Norberto Rosa, Rodolfo Lavrador) permitiram concluir que a sua presença era uma formalidade. Em todos os casos, os créditos mais problemáticos foram aprovados por consenso e em total sintonia com as propostas dos administradores dos pelouros, sem evidência de debate ou confronto de posições, o que frustrou os resultados de alterações introduzidas na governance da CGD”.

Com esta formulação, os socialistas aceitaram deixar cair a sua segunda proposta, fazendo com que Celeste Cardona, Norberto Rosa e Vítor Fernandes passassem de administradores com intervenção direta em créditos problemáticos a administradores com presença “formal” em conselhos alargados de crédito.

Interferência política sim, gestão possivelmente danosa não

O PSD conseguiu que fossem aprovadas as propostas que mencionam a “intervenção do Governo nas decisões de negócios”, que refere, por exemplo, que na operação La Seda de Barcelona, o processo “foi acelerado por vontade política do governo liderado por José Sócrates”, referindo a intervenção de Vieira da Silva e de Manuel Pinho para que a CGD participasse no negócio. Os deputados do PS votaram contra, BE e PCP abstiveram-se, com votos favoráveis da direita.

O que não mereceu luz verde foi a consideração dos social-democratas de que houve gestão danosa na Caixa. Nem o facto de ter colocado a ideia de que havia indícios dessa gestão conquistou os deputados. Duarte Pachedo disse não ter medo das palavras, mas Rocha Andrade considerou que as palavras têm responsabilidade, e gestão danosa tipifica um crime: e o Parlamento não tem o poder judicial.

Houve um empate: os deputados do PS e PCP votaram contra, o PSD e o CDS a favor, com abstenção do BE; deu 8-8-1. Houve duas votações, com o mesmo resultado, daí que a proposta tenha chumbado.

O PCP, por sua vez, reforçou a responsabilização dos governos nos problemas do banco público, conseguindo que os deputados aceitassem a ideia de que o “afastamento do banco público da sua missão é da responsabilidade dos conselhos de administração da CGD e também dos sucessivos governos”.

Estas foram as propostas dos partidos mais polémicas do inquérito parlamentar, sendo que houve unanimidade na luz verde ao relatório consolidado (que tinha já algumas sugestões partidários que geraram consenso).

Os três partidos da gerigonça aprovaram a inclusão de uma “coincidência” no relatório da comissão parlamentar de inquérito à gestão da Caixa Geral de Depósitos, contra a vontade da direita: PS, BE e PCP concordam que tem de se concluir que o mandato de Carlos Santos Ferreira, marcado pelas operações mais ruinosas, coincidiu com o início da crise financeira.

“A maioria das perdas teve origem nos anos do mandato da administração liderada por Santos Ferreira”, era uma conclusão retirada por João Almeida no relatório preliminar do inquérito parlamentar. O PS quis acrescentar que tal é verdade “sendo contudo de referir que esse mandato coincide com a eclosão da crise financeira iniciada em 2007”.

Apesar de esta quarta-feira os deputados terem aprovado o grosso do relatório de João Almeida, decidiram votar em separado as propostas de modificação feitas pelos partidos que eram mais polémicas. Esta sugestão socialista foi uma delas. E passou, com os votos favoráveis do PS, BE e PCP, e contra do PSD e CDS.

Celeste Cardona, de protagonista a figurante, segundo o PS

Só que a proposta do PS neste campo ia mais além. João Almeida tinha escrito: “O vice-presidente Maldonado Gonelha, os administradores Armando Vara e Francisco Bandeira tiveram, segundo os trabalhos da comissão, intervenção direta nos créditos mais problemáticos”. O PS quis acrescentar os nomes de Celeste Cardona, Norberto Rosa e Vítor Fernandes.

No entanto, esta foi uma das dificuldades de consenso. E o Bloco fez uma proposta de manter a versão inicial de João Almeida, fazendo um aditamento. “Para além dos administradores responsáveis pelos pelouros diretamente associados à concessão dos créditos analisados, as declarações dos restantes administradores com assento regular no CAC ouvidos nesta CPI (Celeste Cardona, Vitor Fernandes, Norberto Rosa, Rodolfo Lavrador) permitiram concluir que a sua presença era uma formalidade. Em todos os casos, os créditos mais problemáticos foram aprovados por consenso e em total sintonia com as propostas dos administradores dos pelouros, sem evidência de debate ou confronto de posições, o que frustrou os resultados de alterações introduzidas na governance da CGD”.

Com esta formulação, os socialistas aceitaram deixar cair a sua segunda proposta, fazendo com que Celeste Cardona, Norberto Rosa e Vítor Fernandes passassem de administradores com intervenção direta em créditos problemáticos a administradores com presença “formal” em conselhos alargados de crédito.

Interferência política sim, gestão possivelmente danosa não

O PSD conseguiu que fossem aprovadas as propostas que mencionam a “intervenção do Governo nas decisões de negócios”, que refere, por exemplo, que na operação La Seda de Barcelona, o processo “foi acelerado por vontade política do governo liderado por José Sócrates”, referindo a intervenção de Vieira da Silva e de Manuel Pinho para que a CGD participasse no negócio. Os deputados do PS votaram contra, BE e PCP abstiveram-se, com votos favoráveis da direita.

O que não mereceu luz verde foi a consideração dos social-democratas de que houve gestão danosa na Caixa. Nem o facto de ter colocado a ideia de que havia indícios dessa gestão conquistou os deputados. Duarte Pachedo disse não ter medo das palavras, mas Rocha Andrade considerou que as palavras têm responsabilidade, e gestão danosa tipifica um crime: e o Parlamento não tem o poder judicial.

Houve um empate: os deputados do PS e PCP votaram contra, o PSD e o CDS a favor, com abstenção do BE; deu 8-8-1. Houve duas votações, com o mesmo resultado, daí que a proposta tenha chumbado.

O PCP, por sua vez, reforçou a responsabilização dos governos nos problemas do banco público, conseguindo que os deputados aceitassem a ideia de que o “afastamento do banco público da sua missão é da responsabilidade dos conselhos de administração da CGD e também dos sucessivos governos”.

Estas foram as propostas dos partidos mais polémicas do inquérito parlamentar, sendo que houve unanimidade na luz verde ao relatório consolidado (que tinha já algumas sugestões partidários que geraram consenso).

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