Tancos. Direita arrasa relatório que “branqueia” Governo e “esconde a verdade”

24-07-2019
marcar artigo

A discussão desta quarta-feira, no Parlamento, era sobre o relatório final da comissão parlamentar de inquérito (CPI) a Tancos. Mas poderia achar-se que os deputados estavam a discutir dois documentos diferentes. À esquerda, garantiu-se que não foi possível comprovar que haja responsabilidades políticas a imputar ao Governo. Mas à direita, essas conclusões - chumbadas por PSD e CDS - foram arrasadas e o relatório foi descrito como um documento que “esconde a verdade” e “branqueia” as ações do ex-ministro da Defesa, Azeredo Lopes e de António Costa.

Num discurso duro, Telmo Correia, do CDS - o partido que propôs a constituição da CPI - acusou o PS de querer “encerrar” o assunto e, “se possível, não falar mais sobre Tancos”. E rejeitou o documento, recusando que a versão final - onde muitas das propostas da direita não tiveram lugar - seja “do Parlamento ou da comissão”: “São as alegações de defesa do Governo e do PS. Tem uma orientação claríssima: atribuir responsabilidades aos militares, à Polícia Judiciária Militar, diluir, branquear, lavar”. Foi a ponte para o soundbite da sua intervenção: “A 'geringonça' é a maior branqueadora que este país conhece”.

Quanto ao conteúdo do relatório, vários ataques: da parte do PS “só faltou um louvor” ao ex-Chefe do Estado-Maior do Exército, Rovisco Duarte - que estava em funções quando o furto ocorreu -, o que, para o CDS, é “lamentável” e “uma vergonha”. Mas, sobretudo, a crítica ao tratamento dado no documento ao problema principal: a forma como as armas foram recuperadas pela PJM, através de uma encenação e de um acordo com os ladrões. “Dois dias depois, esta operação foi relatada ao Governo”, lembrou, atacando a inação do Executivo. “É a história de um roubo de três encenações: a da PJM, a do Governo e a do relatório, que esconde a verdade”, rematou.

No PSD, Berta Cabral concordou: o relatório transmite uma “visão incompleta e parcial” do que se passou nos trabalhos da comissão, em que o PS tentou “branquear o desempenho de Azeredo Lopes e António Costa” e “diluir responsabilidades políticas”. O resultado, resumiu a deputada, tem a ver com uma “manifesta opção política da esquerda.

“É absolutamente incompreensível que uma comissão que tinha por objeto encontrar as responsabilidades políticas acabe por concluir que as mesmas não existiram, quando um ministro da Defesa e um CEME se demitiram exatamente na sequência deste processo. Se isto não são consequências políticas, é o quê? É o elefante no meio do processo”. O balanço do PSD sobre a CPI não é positivo: “Com este relatório subsistem mais dúvidas do que certezas sobre a atuação dos nossos governantes neste caso”.

O diabo e a política de casos

À esquerda, o filme foi o oposto, uma vez que PS, Bloco de Esquerda e PCP estiveram lado a lado na aprovação do documento. Do lado dos bloquistas, pela voz do deputado João Vasconcelos, o reconhecimento de que houve uma “falha grave numa das funções centrais do Estado” - embora da responsabilidade de vários Governos - e de que o ministro “nada fez para esclarecer” a situação do achamento. Mas muitos comentários sobre a extinção da PJM, que o BE defende e quis incluir no relatório, e sobre a atuação do Governo no caso do Colégio Militar. Conclusões sobre os argumentos da direita? “Queriam conclusões que se adequassem à tese da cabala política, já que o diabo nunca mais chegava”.

Sintonia no PS, em que Diogo Leão criticou a direita por “deixar de estar interessada no furto ao perceber que por aí não conseguia implicar o Governo” e mostrar uma “vertigem para a política de casos”. No PCP, Jorge Machado considerou que o documento faz uma “análise rigorosa e corajosa” dos factos e “só não é consensual por agenda política”. Quanto ao facto de Azeredo ter tido conhecimento da encenação para recuperar as armas, “e depois? O Governo tinha obrigação de deixar a Justiça funcionar”. Com os votos da esquerda, o relatório sobre o que se passou em Tancos - e sobre as responsabilidades políticas, que não ficam patentes no documento - fica assim aprovado.

A discussão desta quarta-feira, no Parlamento, era sobre o relatório final da comissão parlamentar de inquérito (CPI) a Tancos. Mas poderia achar-se que os deputados estavam a discutir dois documentos diferentes. À esquerda, garantiu-se que não foi possível comprovar que haja responsabilidades políticas a imputar ao Governo. Mas à direita, essas conclusões - chumbadas por PSD e CDS - foram arrasadas e o relatório foi descrito como um documento que “esconde a verdade” e “branqueia” as ações do ex-ministro da Defesa, Azeredo Lopes e de António Costa.

Num discurso duro, Telmo Correia, do CDS - o partido que propôs a constituição da CPI - acusou o PS de querer “encerrar” o assunto e, “se possível, não falar mais sobre Tancos”. E rejeitou o documento, recusando que a versão final - onde muitas das propostas da direita não tiveram lugar - seja “do Parlamento ou da comissão”: “São as alegações de defesa do Governo e do PS. Tem uma orientação claríssima: atribuir responsabilidades aos militares, à Polícia Judiciária Militar, diluir, branquear, lavar”. Foi a ponte para o soundbite da sua intervenção: “A 'geringonça' é a maior branqueadora que este país conhece”.

Quanto ao conteúdo do relatório, vários ataques: da parte do PS “só faltou um louvor” ao ex-Chefe do Estado-Maior do Exército, Rovisco Duarte - que estava em funções quando o furto ocorreu -, o que, para o CDS, é “lamentável” e “uma vergonha”. Mas, sobretudo, a crítica ao tratamento dado no documento ao problema principal: a forma como as armas foram recuperadas pela PJM, através de uma encenação e de um acordo com os ladrões. “Dois dias depois, esta operação foi relatada ao Governo”, lembrou, atacando a inação do Executivo. “É a história de um roubo de três encenações: a da PJM, a do Governo e a do relatório, que esconde a verdade”, rematou.

No PSD, Berta Cabral concordou: o relatório transmite uma “visão incompleta e parcial” do que se passou nos trabalhos da comissão, em que o PS tentou “branquear o desempenho de Azeredo Lopes e António Costa” e “diluir responsabilidades políticas”. O resultado, resumiu a deputada, tem a ver com uma “manifesta opção política da esquerda.

“É absolutamente incompreensível que uma comissão que tinha por objeto encontrar as responsabilidades políticas acabe por concluir que as mesmas não existiram, quando um ministro da Defesa e um CEME se demitiram exatamente na sequência deste processo. Se isto não são consequências políticas, é o quê? É o elefante no meio do processo”. O balanço do PSD sobre a CPI não é positivo: “Com este relatório subsistem mais dúvidas do que certezas sobre a atuação dos nossos governantes neste caso”.

O diabo e a política de casos

À esquerda, o filme foi o oposto, uma vez que PS, Bloco de Esquerda e PCP estiveram lado a lado na aprovação do documento. Do lado dos bloquistas, pela voz do deputado João Vasconcelos, o reconhecimento de que houve uma “falha grave numa das funções centrais do Estado” - embora da responsabilidade de vários Governos - e de que o ministro “nada fez para esclarecer” a situação do achamento. Mas muitos comentários sobre a extinção da PJM, que o BE defende e quis incluir no relatório, e sobre a atuação do Governo no caso do Colégio Militar. Conclusões sobre os argumentos da direita? “Queriam conclusões que se adequassem à tese da cabala política, já que o diabo nunca mais chegava”.

Sintonia no PS, em que Diogo Leão criticou a direita por “deixar de estar interessada no furto ao perceber que por aí não conseguia implicar o Governo” e mostrar uma “vertigem para a política de casos”. No PCP, Jorge Machado considerou que o documento faz uma “análise rigorosa e corajosa” dos factos e “só não é consensual por agenda política”. Quanto ao facto de Azeredo ter tido conhecimento da encenação para recuperar as armas, “e depois? O Governo tinha obrigação de deixar a Justiça funcionar”. Com os votos da esquerda, o relatório sobre o que se passou em Tancos - e sobre as responsabilidades políticas, que não ficam patentes no documento - fica assim aprovado.

marcar artigo