UMA VESPA A ABRANDAR: Mais um exemplo de jornalismo que não tem nada para fazer

09-11-2018
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Desta vez, no Observador, uma análise altamente sherlockiana de um jantar na casa onde José Sócrates está a viver. Não vale a pena irem ao site do jornal, que eu reproduzo a análise já aqui em baixo, acompanhada de alguns comentários meus a azul.

A sério, não têm mais nada para fazer? Ou é só para chamarem a atenção e terem pessoas como eu a falar disso nos blogues e nas redes sociais? Porque não se interrogam antes como se tornou a fotografia pública?

1. Onde está o vinho?

Na imagem aparecem vários copos (os vermelhos) com o que parece ser vinho tinto no fundo. Vinho que terá acompanhado o generoso salpicão (?) e o queijo da Serra que estão no centro da mesa. Mas não aparece nenhuma garrafa de vinho vazia – terão sido estas recolhidas da mesa antes do registo da fotografia? Até porque, perto do ex-secretário de Estado Paulo Campos, à esquerda na foto, aparece uma rolha de cortiça. É caso para perguntar: onde está o vinho?  No estômago das pessoas, já tendo sido bebido?

2. Garrafas de água alinhadas

Não são visíveis garrafas de vinho, mas não faltam garrafas de água na mesa. Uma delas está cheia e parece ter acabado de sair do frigorífico uma vez que está embaciada com o frio. A outra está vazia, mas, ao contrário das garrafas de vinho, não foi retirada da mesa. Onde, curiosamente, só são visíveis dois copos de água. Tanto uma como outra têm o logotipo da marca Luso perfeitamente orientado para o ângulo do qual foi tirada a foto. Coincidência apenas? Terá a Luso patrocinado o jantar?

3. Uma ventoinha no caminho da porta

Pela água fresca, pode-se deduzir que o ambiente na sala era quente. Mas essa hipótese sai reforçada quando se verifica que há uma ventoinha de pé alto no fundo à esquerda. O curioso é que a ventoinha está num local pouco convencional, no caminho de uma porta que – presumivelmente – não terá muito movimento, caso contrário uma ventoinha ali colocada iria estorvar.

Repare-se também que todos os convivas do sexo masculino estão de camisa ou de t-shirt longsleeve de mangas arregaçadas. Mas há uma pessoa mais encasacada: a única mulher da foto, amiga do filho de Sócrates (José Miguel, que viveu com o pai quando este estudou Filosofia na Sorbonne, em Paris). Curiosamente, a ventoinha está precisamente por trás de onde está sentada a pessoa mais friorenta entre os convivas. Mas é impossível perceber se está a funcionar. O mistério da ventoinha é impossível de decifrar...

4. Uma casa com obras de 800 mil euros não tem ar condicionado?

O uso de ventoinhas justifica-se numa noite que, em Lisboa, foi húmida e relativamente quente. Mas é interessante perguntar como é que uma casa que sofreu obras profundas no valor de 800 mil euros, segundo a imprensa, e até tem piscina aquecida, não foi equipada com um sistema de ar condicionado, precisamente para utilizar em serões como este? So what? O ar condicionado traz constipações e alergias.

5. Um guardanapo de papel e os copinhos da Nespresso pouco ecológicos

Mesmo à frente de José Sócrates estão dois produtos muito pouco ecológicos, ainda para mais tratando-se de um ex-ministro do Ambiente: o guardanapo de papel (amarrotado), quando os ‘verdes’ aconselham o uso de guardanapos de tecido (seria de papel reciclado?); e o copo de café de cápsulas Nespresso, consideradas muito pouco amigas do ambiente. As cápsulas da Nespresso são amigas do ambiente, como já publiquei aqui.

6. 12 copos para 9 convivas (mais quem tirou a foto)

Na mesa contam-se 12 copos vermelhos, para servir vinho, mas na foto veem-se apenas 9 convivas. Da direita para a esquerda na foto: José Sócrates, o anfitrião, o ex-ministro Vitalino Canas, o deputado José Lello, o ex-presidente da Câmara Municipal da Amadora, Joaquim Raposo, o ex-chefe de gabinete de Sócrates André Figueiredo, José Miguel, o filho de Sócrates, a amiga do filho, o advogado Pedro Delille e o ex-secretário de Estado Paulo Campos. Faltará, eventualmente, um conviva – o que tirou a foto. Mas continuam a sobrar dois copos. Na casa de banho? A pôr a louça na máquina? A esconder as garrafas de vinho?

7. Quem estava à cabeceira da mesa?

Ao bom jeito das sitcom norte-americanas, uma das faces da mesa – uma das cabeceiras – está vazia. O que ajuda a que ninguém fique de costas para a imagem. Existe um copo perto dessa cabeceira, mas não há um prato – esse lugar parece ter sido utilizado para depositar uma caixa de cartão de pastelaria que terá transportado ‘bolinhos’ para a sobremesa (há uma outra semelhante, visível na foto mesmo por detrás de Sócrates). Curiosamente, a cabeceira que está vazia não é a que está do lado da televisão. Se estava na cabeceira da mesa, é óbvio que terá saído para a fotografia. Ou está na casa de banho. Ou na cozinha. Ou a esconder as garrafas de vinho.


Desta vez, no Observador, uma análise altamente sherlockiana de um jantar na casa onde José Sócrates está a viver. Não vale a pena irem ao site do jornal, que eu reproduzo a análise já aqui em baixo, acompanhada de alguns comentários meus a azul.

A sério, não têm mais nada para fazer? Ou é só para chamarem a atenção e terem pessoas como eu a falar disso nos blogues e nas redes sociais? Porque não se interrogam antes como se tornou a fotografia pública?

1. Onde está o vinho?

Na imagem aparecem vários copos (os vermelhos) com o que parece ser vinho tinto no fundo. Vinho que terá acompanhado o generoso salpicão (?) e o queijo da Serra que estão no centro da mesa. Mas não aparece nenhuma garrafa de vinho vazia – terão sido estas recolhidas da mesa antes do registo da fotografia? Até porque, perto do ex-secretário de Estado Paulo Campos, à esquerda na foto, aparece uma rolha de cortiça. É caso para perguntar: onde está o vinho?  No estômago das pessoas, já tendo sido bebido?

2. Garrafas de água alinhadas

Não são visíveis garrafas de vinho, mas não faltam garrafas de água na mesa. Uma delas está cheia e parece ter acabado de sair do frigorífico uma vez que está embaciada com o frio. A outra está vazia, mas, ao contrário das garrafas de vinho, não foi retirada da mesa. Onde, curiosamente, só são visíveis dois copos de água. Tanto uma como outra têm o logotipo da marca Luso perfeitamente orientado para o ângulo do qual foi tirada a foto. Coincidência apenas? Terá a Luso patrocinado o jantar?

3. Uma ventoinha no caminho da porta

Pela água fresca, pode-se deduzir que o ambiente na sala era quente. Mas essa hipótese sai reforçada quando se verifica que há uma ventoinha de pé alto no fundo à esquerda. O curioso é que a ventoinha está num local pouco convencional, no caminho de uma porta que – presumivelmente – não terá muito movimento, caso contrário uma ventoinha ali colocada iria estorvar.

Repare-se também que todos os convivas do sexo masculino estão de camisa ou de t-shirt longsleeve de mangas arregaçadas. Mas há uma pessoa mais encasacada: a única mulher da foto, amiga do filho de Sócrates (José Miguel, que viveu com o pai quando este estudou Filosofia na Sorbonne, em Paris). Curiosamente, a ventoinha está precisamente por trás de onde está sentada a pessoa mais friorenta entre os convivas. Mas é impossível perceber se está a funcionar. O mistério da ventoinha é impossível de decifrar...

4. Uma casa com obras de 800 mil euros não tem ar condicionado?

O uso de ventoinhas justifica-se numa noite que, em Lisboa, foi húmida e relativamente quente. Mas é interessante perguntar como é que uma casa que sofreu obras profundas no valor de 800 mil euros, segundo a imprensa, e até tem piscina aquecida, não foi equipada com um sistema de ar condicionado, precisamente para utilizar em serões como este? So what? O ar condicionado traz constipações e alergias.

5. Um guardanapo de papel e os copinhos da Nespresso pouco ecológicos

Mesmo à frente de José Sócrates estão dois produtos muito pouco ecológicos, ainda para mais tratando-se de um ex-ministro do Ambiente: o guardanapo de papel (amarrotado), quando os ‘verdes’ aconselham o uso de guardanapos de tecido (seria de papel reciclado?); e o copo de café de cápsulas Nespresso, consideradas muito pouco amigas do ambiente. As cápsulas da Nespresso são amigas do ambiente, como já publiquei aqui.

6. 12 copos para 9 convivas (mais quem tirou a foto)

Na mesa contam-se 12 copos vermelhos, para servir vinho, mas na foto veem-se apenas 9 convivas. Da direita para a esquerda na foto: José Sócrates, o anfitrião, o ex-ministro Vitalino Canas, o deputado José Lello, o ex-presidente da Câmara Municipal da Amadora, Joaquim Raposo, o ex-chefe de gabinete de Sócrates André Figueiredo, José Miguel, o filho de Sócrates, a amiga do filho, o advogado Pedro Delille e o ex-secretário de Estado Paulo Campos. Faltará, eventualmente, um conviva – o que tirou a foto. Mas continuam a sobrar dois copos. Na casa de banho? A pôr a louça na máquina? A esconder as garrafas de vinho?

7. Quem estava à cabeceira da mesa?

Ao bom jeito das sitcom norte-americanas, uma das faces da mesa – uma das cabeceiras – está vazia. O que ajuda a que ninguém fique de costas para a imagem. Existe um copo perto dessa cabeceira, mas não há um prato – esse lugar parece ter sido utilizado para depositar uma caixa de cartão de pastelaria que terá transportado ‘bolinhos’ para a sobremesa (há uma outra semelhante, visível na foto mesmo por detrás de Sócrates). Curiosamente, a cabeceira que está vazia não é a que está do lado da televisão. Se estava na cabeceira da mesa, é óbvio que terá saído para a fotografia. Ou está na casa de banho. Ou na cozinha. Ou a esconder as garrafas de vinho.

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