João Soares aceite por unanimidade

18-02-2017
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A pasta da Cultura entregue a João Soares poderia ter sido uma decisão surpreendente para muitos, sobretudo para os agentes culturais habituados a ver à frente daquele ministério um dos seus pares. Mas a escolha de António Costa é recebida com satisfação unânime. É um político que poderá levar a Cultura para o centro de ação do Governo, acreditam muitos

"João Soares é um homem muito atento ao campo da Cultura, área sobre a qual sempre se debruçou com particular interesse. Considero-o um homem com grande experiência em diversos organismos, nomeadamente internacionais, o que pode ajudar bastante a sua tarefa. Esta é uma pasta onde os movimentos cosmopolitas são fundamentais e o seu conhecimento da cultura na cidade de Lisboa é seguramente outro bom apoio para o trabalho. É uma escolha muito positiva, que vejo com bons olhos. Entendo que João Soares tem as capacidades mais do que suficientes para ocupar este cargo. Tem também experiência de gestão, experiência de diplomacia, que é sempre precisa nesta área. E não tenho dúvidas de que terá uma boa aceitação nos meios culturais." O depoimento é de Isabel Pires de Lima, ex-ministra da Cultura do primeiro Governo de José Sócrates.

Também António Mega Ferreira se congratula com a escolha de António Costa. "É uma ótima escolha", diz o escritor e ex-presidente do Centro Cultural de Belém. "João Soares é um político e um político com peso. Um fazedor e um homem muito ligado à Cultura. Tem todas as condições para ser um excelente ministro da Cultura".

Inês de Medeiros, apontada como possível candidata à pasta, pronuncia-se no mesmo sentido. De resto, um sentido de unanimidade entre todas as figuras com quem falámos. "Acho que esta é uma escolha política que pretende dar relevo ao programa político que se quis dar à Cultura, que seja uma área central da governação. João Soares é alguém a quem não se ensina a importância da Cultura, o que é muito bom tendo em conta o anterior primeiro-ministro", diz a deputada do Partido Socialista eleita pelo círculo de Setúbal.

Francisco José Viegas, ex-secretário de Estado da Cultura de Passos Coelho, apressa-se a elogiar a nomeação. É o único do rol de personalidades da chamada direita democrática que contactámos e que não se escusou a tecer qualquer comentário sobre o assunto. "João Soares é um bom negociador, um homem cordato e corajoso (até com coragem física, que também é necessária nesta pasta, caso não saibam) e com uma experiência muito positiva de gestão cultural. Foi um grande editor. Acho que é uma escolha muito inteligente, dando um sinal de que o governo não atenderá os lóbis nem os figurões e figuronas que nos últimos meses entraram em competição, formando uma longa fila para que se soubesse quem era mais 'amigo do Costa'."

Paulo Branco, o maior produtor de cinema nacional, é parco nas palavras mas incisivo: "João Soares merece todo o respeito e toda a confiança". Para Diogo Infante, o novo ministro da Cultura, acredita, "é sinal de uma aposta forte para a Cultura durante a próxima legislatura". O ator e encenador, ex-diretor do Teatro Nacional D. Maria II, diz que "convém não esquecer que João Soares foi vereador do pelouro da Cultura na Câmara de Lisboa e que tem experiência como editor literário". "Penso que merece o respeito da classe artística e sobretudo o nosso voto de confiança. Espero sinceramente que se aproxime dos agentes culturais, que conheça as realidades e defina uma política cultural forte, competente, capaz de mudar definitivamente o estigma de parente pobre que historicamente é atribuído à Cultura em Portugal", conclui Diogo Infante.

Das artes plásticas chega a voz não dissonante de Joana Vasconcelos. "João Soares tem uma visão global e abrangente da cultura e é um homem com grande conhecimento político. Duas componentes essenciais para poder vir a fazer um bom trabalho e difíceis de encontrar numa só pessoa. É um homem dinâmico, faz coisas, organiza coisas, mexe-se bem."

Já da área da música chega o desejo de Ana Bacalhau, vocalista dos Deolinda. Com pouca memória política sobre o papel de João Soares à frente dos destinos da autarquia lisboeta, diz, no entanto, tê-lo em conta "como um homem culto e com mundo" e espera "que possa fazer o melhor dos trabalhos em prol da cultura". Congratula-se ainda pelo Governo de Costa ter "criado um Ministério da Cultura verdadeiramente assumido, sem reservas e com condições".

Sem querer dar a cara, por razões "muito pessoais", um dos grandes agentes culturais do país faz uma análise pertinente. "João Soares será um bom ministro da Cultura. Tem peso político e é homem capaz de negociar taco a taco com os ministros das Finanças, da Economia, da Educação, da Ciência. Cada vez mais a cultura é algo transversal. É preciso por isso que ela seja tratada preferencialmente por pessoas fora do meio. Desde Manuel Maria Carrilho, salvo raras exceções, todos os ministra da Cultura foram gente da área e não foram bons ministros. Sendo que a comunidade de artistas normalmente espera que o cargo seja ocupado por um dos seus e que esse dos seus seja sempre mais permeável às amizades, esta é uma escolha simpática. O governante não terá a tendência natural dos outros de quando voltar para a vida não querer ter inimigos."

A pasta da Cultura entregue a João Soares poderia ter sido uma decisão surpreendente para muitos, sobretudo para os agentes culturais habituados a ver à frente daquele ministério um dos seus pares. Mas a escolha de António Costa é recebida com satisfação unânime. É um político que poderá levar a Cultura para o centro de ação do Governo, acreditam muitos

"João Soares é um homem muito atento ao campo da Cultura, área sobre a qual sempre se debruçou com particular interesse. Considero-o um homem com grande experiência em diversos organismos, nomeadamente internacionais, o que pode ajudar bastante a sua tarefa. Esta é uma pasta onde os movimentos cosmopolitas são fundamentais e o seu conhecimento da cultura na cidade de Lisboa é seguramente outro bom apoio para o trabalho. É uma escolha muito positiva, que vejo com bons olhos. Entendo que João Soares tem as capacidades mais do que suficientes para ocupar este cargo. Tem também experiência de gestão, experiência de diplomacia, que é sempre precisa nesta área. E não tenho dúvidas de que terá uma boa aceitação nos meios culturais." O depoimento é de Isabel Pires de Lima, ex-ministra da Cultura do primeiro Governo de José Sócrates.

Também António Mega Ferreira se congratula com a escolha de António Costa. "É uma ótima escolha", diz o escritor e ex-presidente do Centro Cultural de Belém. "João Soares é um político e um político com peso. Um fazedor e um homem muito ligado à Cultura. Tem todas as condições para ser um excelente ministro da Cultura".

Inês de Medeiros, apontada como possível candidata à pasta, pronuncia-se no mesmo sentido. De resto, um sentido de unanimidade entre todas as figuras com quem falámos. "Acho que esta é uma escolha política que pretende dar relevo ao programa político que se quis dar à Cultura, que seja uma área central da governação. João Soares é alguém a quem não se ensina a importância da Cultura, o que é muito bom tendo em conta o anterior primeiro-ministro", diz a deputada do Partido Socialista eleita pelo círculo de Setúbal.

Francisco José Viegas, ex-secretário de Estado da Cultura de Passos Coelho, apressa-se a elogiar a nomeação. É o único do rol de personalidades da chamada direita democrática que contactámos e que não se escusou a tecer qualquer comentário sobre o assunto. "João Soares é um bom negociador, um homem cordato e corajoso (até com coragem física, que também é necessária nesta pasta, caso não saibam) e com uma experiência muito positiva de gestão cultural. Foi um grande editor. Acho que é uma escolha muito inteligente, dando um sinal de que o governo não atenderá os lóbis nem os figurões e figuronas que nos últimos meses entraram em competição, formando uma longa fila para que se soubesse quem era mais 'amigo do Costa'."

Paulo Branco, o maior produtor de cinema nacional, é parco nas palavras mas incisivo: "João Soares merece todo o respeito e toda a confiança". Para Diogo Infante, o novo ministro da Cultura, acredita, "é sinal de uma aposta forte para a Cultura durante a próxima legislatura". O ator e encenador, ex-diretor do Teatro Nacional D. Maria II, diz que "convém não esquecer que João Soares foi vereador do pelouro da Cultura na Câmara de Lisboa e que tem experiência como editor literário". "Penso que merece o respeito da classe artística e sobretudo o nosso voto de confiança. Espero sinceramente que se aproxime dos agentes culturais, que conheça as realidades e defina uma política cultural forte, competente, capaz de mudar definitivamente o estigma de parente pobre que historicamente é atribuído à Cultura em Portugal", conclui Diogo Infante.

Das artes plásticas chega a voz não dissonante de Joana Vasconcelos. "João Soares tem uma visão global e abrangente da cultura e é um homem com grande conhecimento político. Duas componentes essenciais para poder vir a fazer um bom trabalho e difíceis de encontrar numa só pessoa. É um homem dinâmico, faz coisas, organiza coisas, mexe-se bem."

Já da área da música chega o desejo de Ana Bacalhau, vocalista dos Deolinda. Com pouca memória política sobre o papel de João Soares à frente dos destinos da autarquia lisboeta, diz, no entanto, tê-lo em conta "como um homem culto e com mundo" e espera "que possa fazer o melhor dos trabalhos em prol da cultura". Congratula-se ainda pelo Governo de Costa ter "criado um Ministério da Cultura verdadeiramente assumido, sem reservas e com condições".

Sem querer dar a cara, por razões "muito pessoais", um dos grandes agentes culturais do país faz uma análise pertinente. "João Soares será um bom ministro da Cultura. Tem peso político e é homem capaz de negociar taco a taco com os ministros das Finanças, da Economia, da Educação, da Ciência. Cada vez mais a cultura é algo transversal. É preciso por isso que ela seja tratada preferencialmente por pessoas fora do meio. Desde Manuel Maria Carrilho, salvo raras exceções, todos os ministra da Cultura foram gente da área e não foram bons ministros. Sendo que a comunidade de artistas normalmente espera que o cargo seja ocupado por um dos seus e que esse dos seus seja sempre mais permeável às amizades, esta é uma escolha simpática. O governante não terá a tendência natural dos outros de quando voltar para a vida não querer ter inimigos."

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