Funcionários do grupo dos socialistas pedem mão mais pesada para Maria João Rodrigues

22-05-2019
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Mal foi anunciada a sanção do Presidente do Parlamento Europeu a Maria João Rodrigues, seguiu um email duro para o líder da bancada dos Socialistas e Democratas (S&D). A mensagem era clara: os funcionários do segundo maior grupo político do Parlamento Europeu querem que o alemão Udo Bullmann vá para além da "reprimenda" e "demonstre solidariedade com a vítima".

No texto a que o Expresso teve acesso, os representantes dos cerca de 300 funcionários do Grupo S&D pedem-lhe que tome "medidas adequadas" em relação ao cargo da deputada no grupo. "Gostaríamos de saber o que pretende fazer quanto à posição de Maria João como nossa Vice-Presidente para os Assuntos Parlamentares", é dito.

Argumentam que a família socialista europeia tem defendido a "tolerância zero" e que o grupo deve atuar de forma a não "arriscar consequências negativas para a reputação dos ideias socialistas".

"A liderança do nosso grupo tem o dever de reagir de forma firme e rápida à luz das conclusões graves e da repreensão aplicada hoje a um dos nossos membros proeminentes", acrescentam ainda os representantes. Formalmente representam apenas o staff do grupo S&D e não os assistentes parlamentares acreditados, como é o caso da colaboradora que apresentou uma queixa contra Maria João Rodrigues.

O Presidente do Parlamento Europeu deu esta quinta-feira razão à assistente que acusou a eurodeputada de assédio moral no trabalho. António Tajani decidiu impor uma reprimenda à eurodeputada socialista "em resultado do comportamento para com a sua assistente parlamentar, que constituiu assédio moral".

A socialista desvalorizou já a decisão, argumentando que lhe foi aplicada "a sanção do nível mais baixo" ou leve. E volta a argumentar que lhe foram feitas "acusações injustificadas ou baseadas em factos não ocorridos". Maria João Rodrigues vai ainda mais longe e critica a avaliação do Comité de Assédio que investigou o caso apresentado pela primeira vez em junho do ano passado.

Fala também em "instrumentalização" por "opositores" de outros países "num momento crítico" de formação das listas do PS às europeias. António Costa não a incluiu nos candidatos às eleições de maio.

Socialistas não comentam

Nem a delegação do PS no Parlamento Europeu, nem a família política quiseram falar sobre o desenlace da investigação. Ao Expresso, o Partido Socialista Europeu (PES) disse "não ter comentários sobre a decisão do Parlamento Europeu" e o candidato da família socialista a presidente da Comissão Europeia, Frans Timmermans, remeteu para a resposta do PES.

Maria João Rodrigues tem uma longa carreira europeia, e é especializada nas questões sociais. Um dos relatórios em que trabalhou no PE, nos últimos cinco anos, diz respeito ao Pilar Europeu dos Direitos Sociais, que inclui e apoia várias propostas, como um maior equilíbrio entre vida pessoal e profissional e uma maior proteção dos direitos laborais.

Questionado sobre a participação da eurodeputada na parte social do programa de Timmermans, o PES responde que o "manifesto foi preparado em colaboração com os membros e um conjunto amplo de parceiros da sociedade civil".

Quais as queixas?

O caso envolveu várias queixas de violação de direitos laborais, incluindo uma tentativa de redução do salário da assistente depois de esta ter regressado de uma licença de maternidade, e pedidos sistemáticos para trabalhar fora dos horários de trabalho.

Maria João Rodrigues sempre negou as acusações e lamenta que um dos seus colaboradores "tenha sentido mal-estar e nunca o tenha mencionado". Para a deputada há uma distinção entre "assédio laboral e uma grande quantidade de trabalho". Admite "momentos de stress" e uma "situação muito exigente para toda a equipa", mas explica que está relacionado com um ritmo de trabalho de eurodeputada que é também uma das vice-presidentes do S&D.

Mas o Expresso sabe que no centro da acusação não estão apenas questões relacionadas com o fluxo de trabalho no gabinete. Entre as acusações está também um pedido por escrito para voltar ao trabalho, depois de a assistente a ter informado que estava de baixa, mencionando também por quanto tempo estaria.

O caso de mal estar no gabinete durante o atual mandato não foi único, de acordo com várias fontes ouvidas pelo Expresso.

Decisão comunicada quando plenário estava vazio

A decisão foi anunciada em plenário, no início da sessão de trabalhos de quinta-feira. A expectativa era a de que a haver uma reprimenda do Parlamento Europeu por assédio moral, ela fosse conhecida por volta do meio-dia, antes das votações, quando a maioria dos eurodeputados está presente. No entanto, o opção foi por comunicar o resultado logo pela manhã, quando a sala estava praticamente vazia.

O Presidente do Parlamento Europeu preferiu também deixar o anúncio difícil para a eurodeputada para o último dia da última sessão plenária antes das eleições europeias.

Mal foi anunciada a sanção do Presidente do Parlamento Europeu a Maria João Rodrigues, seguiu um email duro para o líder da bancada dos Socialistas e Democratas (S&D). A mensagem era clara: os funcionários do segundo maior grupo político do Parlamento Europeu querem que o alemão Udo Bullmann vá para além da "reprimenda" e "demonstre solidariedade com a vítima".

No texto a que o Expresso teve acesso, os representantes dos cerca de 300 funcionários do Grupo S&D pedem-lhe que tome "medidas adequadas" em relação ao cargo da deputada no grupo. "Gostaríamos de saber o que pretende fazer quanto à posição de Maria João como nossa Vice-Presidente para os Assuntos Parlamentares", é dito.

Argumentam que a família socialista europeia tem defendido a "tolerância zero" e que o grupo deve atuar de forma a não "arriscar consequências negativas para a reputação dos ideias socialistas".

"A liderança do nosso grupo tem o dever de reagir de forma firme e rápida à luz das conclusões graves e da repreensão aplicada hoje a um dos nossos membros proeminentes", acrescentam ainda os representantes. Formalmente representam apenas o staff do grupo S&D e não os assistentes parlamentares acreditados, como é o caso da colaboradora que apresentou uma queixa contra Maria João Rodrigues.

O Presidente do Parlamento Europeu deu esta quinta-feira razão à assistente que acusou a eurodeputada de assédio moral no trabalho. António Tajani decidiu impor uma reprimenda à eurodeputada socialista "em resultado do comportamento para com a sua assistente parlamentar, que constituiu assédio moral".

A socialista desvalorizou já a decisão, argumentando que lhe foi aplicada "a sanção do nível mais baixo" ou leve. E volta a argumentar que lhe foram feitas "acusações injustificadas ou baseadas em factos não ocorridos". Maria João Rodrigues vai ainda mais longe e critica a avaliação do Comité de Assédio que investigou o caso apresentado pela primeira vez em junho do ano passado.

Fala também em "instrumentalização" por "opositores" de outros países "num momento crítico" de formação das listas do PS às europeias. António Costa não a incluiu nos candidatos às eleições de maio.

Socialistas não comentam

Nem a delegação do PS no Parlamento Europeu, nem a família política quiseram falar sobre o desenlace da investigação. Ao Expresso, o Partido Socialista Europeu (PES) disse "não ter comentários sobre a decisão do Parlamento Europeu" e o candidato da família socialista a presidente da Comissão Europeia, Frans Timmermans, remeteu para a resposta do PES.

Maria João Rodrigues tem uma longa carreira europeia, e é especializada nas questões sociais. Um dos relatórios em que trabalhou no PE, nos últimos cinco anos, diz respeito ao Pilar Europeu dos Direitos Sociais, que inclui e apoia várias propostas, como um maior equilíbrio entre vida pessoal e profissional e uma maior proteção dos direitos laborais.

Questionado sobre a participação da eurodeputada na parte social do programa de Timmermans, o PES responde que o "manifesto foi preparado em colaboração com os membros e um conjunto amplo de parceiros da sociedade civil".

Quais as queixas?

O caso envolveu várias queixas de violação de direitos laborais, incluindo uma tentativa de redução do salário da assistente depois de esta ter regressado de uma licença de maternidade, e pedidos sistemáticos para trabalhar fora dos horários de trabalho.

Maria João Rodrigues sempre negou as acusações e lamenta que um dos seus colaboradores "tenha sentido mal-estar e nunca o tenha mencionado". Para a deputada há uma distinção entre "assédio laboral e uma grande quantidade de trabalho". Admite "momentos de stress" e uma "situação muito exigente para toda a equipa", mas explica que está relacionado com um ritmo de trabalho de eurodeputada que é também uma das vice-presidentes do S&D.

Mas o Expresso sabe que no centro da acusação não estão apenas questões relacionadas com o fluxo de trabalho no gabinete. Entre as acusações está também um pedido por escrito para voltar ao trabalho, depois de a assistente a ter informado que estava de baixa, mencionando também por quanto tempo estaria.

O caso de mal estar no gabinete durante o atual mandato não foi único, de acordo com várias fontes ouvidas pelo Expresso.

Decisão comunicada quando plenário estava vazio

A decisão foi anunciada em plenário, no início da sessão de trabalhos de quinta-feira. A expectativa era a de que a haver uma reprimenda do Parlamento Europeu por assédio moral, ela fosse conhecida por volta do meio-dia, antes das votações, quando a maioria dos eurodeputados está presente. No entanto, o opção foi por comunicar o resultado logo pela manhã, quando a sala estava praticamente vazia.

O Presidente do Parlamento Europeu preferiu também deixar o anúncio difícil para a eurodeputada para o último dia da última sessão plenária antes das eleições europeias.

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