Bloco de notas no PSD. Dia 5. A sondagem chegou e Rangel meteu o Euromilhões a pensar nas “ovelhas voadoras”

22-05-2019
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Paulo Rangel apareceu no quinto dia de campanha como se tivesse tido uma wake up call. Ao fim da tarde chegou uma sondagem má, mas o candidato viu ovelhas voadoras e está otimista na vitória.

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Paulo Rangel já sabia da sondagem que dá oito pontos de vantagem ao PS esta sexta-feira antes de começar o dia. O arranque desta sexta-feira foi como se tivesse recebido uma wake-up call. O Rangel de 2014 não chega para derrotar o PS, é preciso o Rangel de 2009. Combativo e até hiperativo, como diziam os relatos dessa campanha.

Quem viu o candidato nos quatro primeiros dias, percebia que tinha vitalidade quando discursava em salas cheias e perante centenas de pessoas, mas parecia meio ausente na rua. As ações na rua pareciam mais um frete, com exceção para momentos mais descontraídos, como o passeio de bicicleta junto à ria de Aveiro. Mas esta sexta-feira tudo mudou. Logo em Trancoso, Rangel apareceu mais sorridente, mais comunicativo. E até brincalhão a negar a evidente falta de jeito de outros dias. “Foi um misunderstanding“, disse sobre a falta de paciência para ouvir pessoas.

Seguiu-se um almoço com empresários do setor agrícola, onde o candidato voltou a adaptar o discurso à audiência. Visitou um hospital não perdendo o foco: criticar a degradação do Serviço Nacional de Saúde por culpa das cativações do governo.

A arruada também não correu mal ao candidato, embora estivesse longe de ser um exemplo de mobilização (do aparelho) ou de um exemplo político “à vontadinha” com a população. Ao mesmo tempo que saía uma sondagem que lhe era negativa, Rangel submetia o Euromilhões. Vai precisar mais do que sorte para ganhar, mas diz que não vai mudar a estratégia seguida até aqui. E diz mesmo que está “otimista”.

Durante a manhã aconteceu algo inesperado, não pôs vacas a voar, mas a comitiva provocou o voo de ovelhas do pasto para a estrada em saltos aparatosos em Celorico da Beira. Uma primeira ovelha saltou e todas as outras foram atrás. É isso que Rangel precisa que os militantes do PSD façam: que se mobilizem em massa. Talvez por isso tenha dito nessa ocasião: “O importante é o rebanho” não apontar as ovelhas “ronhosas”.

“Eu sempre estive à vontade, aí há um ‘misunderstanding’, uma ligeira confusão, sempre estive à vontade. Mas ‘Paulinho das feiras’, isso já é muito à vontade, demasiado à vontade. Mas à vontade sempre estive”

Paulo Rangel explica que o facto de lidar com as pessoas não é falta de jeito, é mesmo feitio. O candidato do PSD diz que sempre teve “à vontade” no contacto com as pessoas, mas gosta de respeitar o espaço de quem está a trabalhar ou a fazer as suas compras.

Alto. Soube-se esta sexta-feira que Pedro Passos Coelho vai entrar na campanha do PSD, tal como Manuela Ferreira Leite. O PSD só tem hipóteses de ter um bom resultado se o partido estiver unido. Ter passistas e barões unidos, a juntar a Montenegro a passear por Espinho (ainda que em mínimos), é bom para a mobilização da estrutura.

Baixo. Paulo Rangel continua a não falar com as pessoas em situações adversas. “Vão trabalhar”, ouviu de um eleitor em Trancoso. Respondeu “está bem, está bem” e seguiu. Embora na confrontação seja sempre imprevisível onde vai parar, continua sem muita paciência para o povo.

José Batista, um reformado de 76 anos, é um dos muitos indecisos que ainda não decidiram em quem vão votar nas eleições Europeias. Natural de Trancoso, diz que ainda não decidiu o “voto porque” porque tem apenas a “quarta classe”. Isso confunde-o na hora de escolher os políticos: “Se vejo na televisão pessoas com formaturas a tratarem-se mal uns aos outros, como é que eu posso saber em quem voto? Não posso saber”.

José acredita que “o povo não vota por causa disso, não sabe em quem votar. Vem um diz mal, vem outro diz mal. Todos dizem mal uns dos outros.”

Pouco depois, o discurso genuíno torna-se também indignado: “Eles andam todos a dizer: ‘Sou melhor, sou pior’. Mas são todos iguais. A política é para quem tira dividendos dela, senão ninguém quer saber dela.”

Paulo Rangel foi ver o pasto de um rebanho de ovelhas antes de visitar uma queijaria artesanal em Celorico da Beira. As ovelhas ficaram muito agitadas e acabaram por fugir do local. O pastor teve de ir, estrada fora, recuperá-las. O candidato não quis aproveitar o momento para mensagem política e recusou-se a dizer quem é a “ovelha ronhosa” da campanha das eleições Europeias. Foram minutos de diversão na comitiva, que se desfez em gargalhadas com os movimentos do rebanho, e valeu pela imagem.

A primeira deslocação do dia Viseu-Trancoso, com a comitiva a fazer 76 quilómetros antes da visita ao mercado e à feira. Depois o candidato foi até Celorico da Beira para visitar a queijaria, completando mais 26 quilómetros. Seguiram-se oito quilómetros até ao local do almoço onde Rangel trocou impressões com empresários do setor agrícola. Seguiram-se mais 29 quilómetros até ao Hospital da Guarda. E mais dois quilómetros até à Sé para contacto com a população. Seguiram-se mais seis quilómetros até a um jantar com militantes nas Maçainhas, Guarda. Ao fim do dia, a equipa do Observador (tal como a comitiva) vai dormir a Vizela: mais 250 quilómetros, onde vai começar o sexto dia de campanha. Este quinto dia terá 389 quilómetros.

O total sobe para 1393 quilómetros desde o período oficial de campanha.

Oiça as melhores histórias destas eleições europeias no podcast do Observador Eurovisões , publicado de segunda a sexta-feira até ao dia do voto.

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Paulo Rangel apareceu no quinto dia de campanha como se tivesse tido uma wake up call. Ao fim da tarde chegou uma sondagem má, mas o candidato viu ovelhas voadoras e está otimista na vitória.

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Paulo Rangel já sabia da sondagem que dá oito pontos de vantagem ao PS esta sexta-feira antes de começar o dia. O arranque desta sexta-feira foi como se tivesse recebido uma wake-up call. O Rangel de 2014 não chega para derrotar o PS, é preciso o Rangel de 2009. Combativo e até hiperativo, como diziam os relatos dessa campanha.

Quem viu o candidato nos quatro primeiros dias, percebia que tinha vitalidade quando discursava em salas cheias e perante centenas de pessoas, mas parecia meio ausente na rua. As ações na rua pareciam mais um frete, com exceção para momentos mais descontraídos, como o passeio de bicicleta junto à ria de Aveiro. Mas esta sexta-feira tudo mudou. Logo em Trancoso, Rangel apareceu mais sorridente, mais comunicativo. E até brincalhão a negar a evidente falta de jeito de outros dias. “Foi um misunderstanding“, disse sobre a falta de paciência para ouvir pessoas.

Seguiu-se um almoço com empresários do setor agrícola, onde o candidato voltou a adaptar o discurso à audiência. Visitou um hospital não perdendo o foco: criticar a degradação do Serviço Nacional de Saúde por culpa das cativações do governo.

A arruada também não correu mal ao candidato, embora estivesse longe de ser um exemplo de mobilização (do aparelho) ou de um exemplo político “à vontadinha” com a população. Ao mesmo tempo que saía uma sondagem que lhe era negativa, Rangel submetia o Euromilhões. Vai precisar mais do que sorte para ganhar, mas diz que não vai mudar a estratégia seguida até aqui. E diz mesmo que está “otimista”.

Durante a manhã aconteceu algo inesperado, não pôs vacas a voar, mas a comitiva provocou o voo de ovelhas do pasto para a estrada em saltos aparatosos em Celorico da Beira. Uma primeira ovelha saltou e todas as outras foram atrás. É isso que Rangel precisa que os militantes do PSD façam: que se mobilizem em massa. Talvez por isso tenha dito nessa ocasião: “O importante é o rebanho” não apontar as ovelhas “ronhosas”.

“Eu sempre estive à vontade, aí há um ‘misunderstanding’, uma ligeira confusão, sempre estive à vontade. Mas ‘Paulinho das feiras’, isso já é muito à vontade, demasiado à vontade. Mas à vontade sempre estive”

Paulo Rangel explica que o facto de lidar com as pessoas não é falta de jeito, é mesmo feitio. O candidato do PSD diz que sempre teve “à vontade” no contacto com as pessoas, mas gosta de respeitar o espaço de quem está a trabalhar ou a fazer as suas compras.

Alto. Soube-se esta sexta-feira que Pedro Passos Coelho vai entrar na campanha do PSD, tal como Manuela Ferreira Leite. O PSD só tem hipóteses de ter um bom resultado se o partido estiver unido. Ter passistas e barões unidos, a juntar a Montenegro a passear por Espinho (ainda que em mínimos), é bom para a mobilização da estrutura.

Baixo. Paulo Rangel continua a não falar com as pessoas em situações adversas. “Vão trabalhar”, ouviu de um eleitor em Trancoso. Respondeu “está bem, está bem” e seguiu. Embora na confrontação seja sempre imprevisível onde vai parar, continua sem muita paciência para o povo.

José Batista, um reformado de 76 anos, é um dos muitos indecisos que ainda não decidiram em quem vão votar nas eleições Europeias. Natural de Trancoso, diz que ainda não decidiu o “voto porque” porque tem apenas a “quarta classe”. Isso confunde-o na hora de escolher os políticos: “Se vejo na televisão pessoas com formaturas a tratarem-se mal uns aos outros, como é que eu posso saber em quem voto? Não posso saber”.

José acredita que “o povo não vota por causa disso, não sabe em quem votar. Vem um diz mal, vem outro diz mal. Todos dizem mal uns dos outros.”

Pouco depois, o discurso genuíno torna-se também indignado: “Eles andam todos a dizer: ‘Sou melhor, sou pior’. Mas são todos iguais. A política é para quem tira dividendos dela, senão ninguém quer saber dela.”

Paulo Rangel foi ver o pasto de um rebanho de ovelhas antes de visitar uma queijaria artesanal em Celorico da Beira. As ovelhas ficaram muito agitadas e acabaram por fugir do local. O pastor teve de ir, estrada fora, recuperá-las. O candidato não quis aproveitar o momento para mensagem política e recusou-se a dizer quem é a “ovelha ronhosa” da campanha das eleições Europeias. Foram minutos de diversão na comitiva, que se desfez em gargalhadas com os movimentos do rebanho, e valeu pela imagem.

A primeira deslocação do dia Viseu-Trancoso, com a comitiva a fazer 76 quilómetros antes da visita ao mercado e à feira. Depois o candidato foi até Celorico da Beira para visitar a queijaria, completando mais 26 quilómetros. Seguiram-se oito quilómetros até ao local do almoço onde Rangel trocou impressões com empresários do setor agrícola. Seguiram-se mais 29 quilómetros até ao Hospital da Guarda. E mais dois quilómetros até à Sé para contacto com a população. Seguiram-se mais seis quilómetros até a um jantar com militantes nas Maçainhas, Guarda. Ao fim do dia, a equipa do Observador (tal como a comitiva) vai dormir a Vizela: mais 250 quilómetros, onde vai começar o sexto dia de campanha. Este quinto dia terá 389 quilómetros.

O total sobe para 1393 quilómetros desde o período oficial de campanha.

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