Blog do Dalai Lima: SôZé

10-10-2019
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- Essa é linda, SôDalai.- Quem, a Inês de Medeiros?- Não, a Inês de Medeiros com o busto talhado em pedra - lapidar. - Gosta dela, é?- Gosto. Tem imenso valor para todos nós.- Imenso. 100.000 euros em quatro anos, parece.- Além de que seria a primeira vez que uma filha do maestro teria busto. - Isso. - Mas por falar em embustes, ouviu os discursos de ontem do 25 de Abril? - Ouvi há três anos, só para relembrar. Aquilo, como sabe, foi gravado há muitos anos. - Já desconfiava. Menos o do Aguiar Branco, claro. - Sim, um discurso dum ex-candidato a ex-candidato dum partido burguês a citar dum fôlego o cravo, Sérgio Godinho, Lenine e Rosa Luxemburgo, talvez nãofosse todo pré-gravado. - O cravo, mas bem temperado. - A indispensável excepção que confirma a regra. Aliás, o Aguiar Branco, vê-se que tem vocação de contra-regra. - O Sérgio Godinho é que não deve ter gostado. - De certeza que não. Uma vez citei o «Espalhem a notícia» num blogue e ele deixou-me um comentário indignado na caixa de comentários. - Ele mesmo? Não seria um anónimo? - Não acredito. O comentário anterior era do Daniel de Oliveira, na mesma linha, e nenhum anónimo consegue citar Daniel de Oliveira e Sérgio Godinho nomesmo post. - Bom, como vimos, há anónimos capazes de citar Sérgio Godinho, Lenine e Rosa Luxemburgo no mesmo discurso. - Também é verdade. - Mas adiante. Não lhe faz confusão, eles sacarem despudoradamente, e depois fazerem aqueles discursos inflamados a favor da liberdade e do bem-estar dos velhinhos? Dá a sensação de que acreditam naquilo. - E acreditam. Ou já acreditaram. Ou acreditam que já acreditaram. O tipo da Justiça, quando pediu a palavra contra o Tomás, tinha de acreditar. - Mas agora, acreditam, ou não? - Não se põem a questão. Entraram na rotina. São como a avó dum amigo meu que assaltava bancos.- O SôDalai tem um amigo que assaltava bancos?- Não, a avó.- O seu amigo assaltava a avó? Isso já é mais normal.- Não, SôZé. A avó assaltava, não o meu amigo.- Só os outros?- Os outros o quê, SôZé?- Só assaltava os outros, não o seu amigo?- A avó do meu amigo assaltava toda a gente menos o neto, o neto não assaltava ninguém, nomeadamente a avó.- Ah, bom. Prossiga, por favor.- Depois ia para o saloon com as amigas comemorar, estoirava o saque em póquer, embebedavam-se todas, e quando o dinheiro acabava, ia para casa, aqueciaa água para a botija, bebia um copo de leite morno, adormecia, e no dia seguinte começava tudo de novo. - O SôDalai sabe tanta coisa, SôDalai. - Toda a gente sabe, só que não acredita. - Acredito.- E desconfio que não acreditam sequer em metade do que eu digo.- Coitados.- Coitados indeed.

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- Essa é linda, SôDalai.- Quem, a Inês de Medeiros?- Não, a Inês de Medeiros com o busto talhado em pedra - lapidar. - Gosta dela, é?- Gosto. Tem imenso valor para todos nós.- Imenso. 100.000 euros em quatro anos, parece.- Além de que seria a primeira vez que uma filha do maestro teria busto. - Isso. - Mas por falar em embustes, ouviu os discursos de ontem do 25 de Abril? - Ouvi há três anos, só para relembrar. Aquilo, como sabe, foi gravado há muitos anos. - Já desconfiava. Menos o do Aguiar Branco, claro. - Sim, um discurso dum ex-candidato a ex-candidato dum partido burguês a citar dum fôlego o cravo, Sérgio Godinho, Lenine e Rosa Luxemburgo, talvez nãofosse todo pré-gravado. - O cravo, mas bem temperado. - A indispensável excepção que confirma a regra. Aliás, o Aguiar Branco, vê-se que tem vocação de contra-regra. - O Sérgio Godinho é que não deve ter gostado. - De certeza que não. Uma vez citei o «Espalhem a notícia» num blogue e ele deixou-me um comentário indignado na caixa de comentários. - Ele mesmo? Não seria um anónimo? - Não acredito. O comentário anterior era do Daniel de Oliveira, na mesma linha, e nenhum anónimo consegue citar Daniel de Oliveira e Sérgio Godinho nomesmo post. - Bom, como vimos, há anónimos capazes de citar Sérgio Godinho, Lenine e Rosa Luxemburgo no mesmo discurso. - Também é verdade. - Mas adiante. Não lhe faz confusão, eles sacarem despudoradamente, e depois fazerem aqueles discursos inflamados a favor da liberdade e do bem-estar dos velhinhos? Dá a sensação de que acreditam naquilo. - E acreditam. Ou já acreditaram. Ou acreditam que já acreditaram. O tipo da Justiça, quando pediu a palavra contra o Tomás, tinha de acreditar. - Mas agora, acreditam, ou não? - Não se põem a questão. Entraram na rotina. São como a avó dum amigo meu que assaltava bancos.- O SôDalai tem um amigo que assaltava bancos?- Não, a avó.- O seu amigo assaltava a avó? Isso já é mais normal.- Não, SôZé. A avó assaltava, não o meu amigo.- Só os outros?- Os outros o quê, SôZé?- Só assaltava os outros, não o seu amigo?- A avó do meu amigo assaltava toda a gente menos o neto, o neto não assaltava ninguém, nomeadamente a avó.- Ah, bom. Prossiga, por favor.- Depois ia para o saloon com as amigas comemorar, estoirava o saque em póquer, embebedavam-se todas, e quando o dinheiro acabava, ia para casa, aqueciaa água para a botija, bebia um copo de leite morno, adormecia, e no dia seguinte começava tudo de novo. - O SôDalai sabe tanta coisa, SôDalai. - Toda a gente sabe, só que não acredita. - Acredito.- E desconfio que não acreditam sequer em metade do que eu digo.- Coitados.- Coitados indeed.

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