Guerra aberta em Almada

12-05-2019
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A última reunião do executivo camarário de Almada foi de guerra pública e aberta entre a antiga liderança comunista do município e a atual presidente socialista, que ganhou as últimas eleições acabando com mais de 40 anos do bastião autárquico do PCP. Acusações de “porca política” marcaram uma acesa troca de argumentos que envolveram Joaquim Judas (o ex-autarca comunista) e Inês de Medeiros, a presidente socialista. A habitação social foi o pretexto. “O estado de tensão é alimentado desde o primeiro dia em que aqui cheguei”, diz a autarca ao Expresso.“A CDU não é o espetáculo que se vê em Almada”, diz Inês de Medeiros que admite ser “irrecuperável a relação política com os atuais protagonistas da vereação comunista”.

“Estou sem fala”, disse Teodolinda Silveira. A vereadora socialista responsável pela Habitação no concelho de Almada levou à reunião do executivo camarário um plano estratégico para habitação social e o primeiro regulamento que determina critérios para acesso às casas municipais das famílias mais carenciadas. E levou ainda mais: o levantamento da situação do parque habitacional social de Almada, que sinaliza 8 mil casos de necessidades extremas, entre elas cerca de duas mil barracas.

A maioria formada pela aliança de socialistas com sociais-democratas chegou para aprovar todas as propostas. Mas os quatro vereadores comunistas não baixaram a guarda. E, durante as mais de cinco horas que durou a reunião, cavaram-se barricadas políticas e o tema serviu para murros diretos e acertos de contas com as décadas de gestão comunista.

“É incompreensível como chegámos a este caos”, disse Joana Mortágua, do Bloco de Esquerda, que votou ao lado do PS e PSD. Miguel Salvado, do PSD, aproveitou para endossar responsabilidades aos comunistas que “tiveram responsabilidades durante décadas”. E argumentou: “Querem fazer parecer que somos nós, que chegámos há um ano, os culpados pelos bairros que existem”.

O facto de o município não ter “um regulamento sequer” para fixar as regras de acesso às casas camarárias e de ser “o concelho com maior número de famílias a viver em situação de carência”, segundo o vereador do PSD, serviu de mote para bater na gestão comunista.

Porca política

Os vereadores comunistas, que da presidência passaram para a oposição nas últimas autárquicas, não gostaram: José Gonçalves foi o primeiro a lamentar “a tentativa de pintar Almada de negro para dar a ideia de que não se fez nada nos últimos anos” e passou ao contra-ataque acusando o executivo do PS de “ter a obrigação de trazer um documento sólido e bem estruturado, e não o fez”.

Inês de Medeiros não gostou. E carregou nas tintas. “Se há uma constante dos municípios liderados pelo PCP é a habitação precária e as barracas”, disse, acusando os comunistas de se “alimentarem da miséria das pessoas” e de “gostarem muito de julgar os outros, mas não gostam de ser julgados”.

O caldo, aqui, já tinha sido irremediavelmente entornado. Os quatro vereadores da CDU, sentados à esquerda da autarca, agitaram-se nas cadeiras e lançaram apartes de contestação. “É a política!”, respondeu já com os decibéis no máximo, a presidente Inês de Medeiros. O seu antecessor, Joaquim Judas, não resistiu. “É porca política”, disse com o microfone desligado, mas fazendo-se ouvir na sala, suspensa do confronto direto.

A autarca não desarmou. “É complicado em democracia”, respondeu. “Querem calar-nos, mas a mim não me calam. A CDU, sobretudo em Almada, é conhecida por dizer mal de tudo e de todos e por espalhar mentiras todos os dias. Mas quando são confrontados com a realidade, chamam-lhe porca política”, disse.

Mas não fechou o debate. Judas pediu a palavra para defesa da honra: “Não é no tom, nem na forma que a senhora presidente usou que vamos resolver os problemas”. Na verdade, não há conciliação possível. Aqui, a maioria de esquerda não existe. Nem se fazem votos de que a ‘geringonça’ passe para a margem sul do Tejo.

A última reunião do executivo camarário de Almada foi de guerra pública e aberta entre a antiga liderança comunista do município e a atual presidente socialista, que ganhou as últimas eleições acabando com mais de 40 anos do bastião autárquico do PCP. Acusações de “porca política” marcaram uma acesa troca de argumentos que envolveram Joaquim Judas (o ex-autarca comunista) e Inês de Medeiros, a presidente socialista. A habitação social foi o pretexto. “O estado de tensão é alimentado desde o primeiro dia em que aqui cheguei”, diz a autarca ao Expresso.“A CDU não é o espetáculo que se vê em Almada”, diz Inês de Medeiros que admite ser “irrecuperável a relação política com os atuais protagonistas da vereação comunista”.

“Estou sem fala”, disse Teodolinda Silveira. A vereadora socialista responsável pela Habitação no concelho de Almada levou à reunião do executivo camarário um plano estratégico para habitação social e o primeiro regulamento que determina critérios para acesso às casas municipais das famílias mais carenciadas. E levou ainda mais: o levantamento da situação do parque habitacional social de Almada, que sinaliza 8 mil casos de necessidades extremas, entre elas cerca de duas mil barracas.

A maioria formada pela aliança de socialistas com sociais-democratas chegou para aprovar todas as propostas. Mas os quatro vereadores comunistas não baixaram a guarda. E, durante as mais de cinco horas que durou a reunião, cavaram-se barricadas políticas e o tema serviu para murros diretos e acertos de contas com as décadas de gestão comunista.

“É incompreensível como chegámos a este caos”, disse Joana Mortágua, do Bloco de Esquerda, que votou ao lado do PS e PSD. Miguel Salvado, do PSD, aproveitou para endossar responsabilidades aos comunistas que “tiveram responsabilidades durante décadas”. E argumentou: “Querem fazer parecer que somos nós, que chegámos há um ano, os culpados pelos bairros que existem”.

O facto de o município não ter “um regulamento sequer” para fixar as regras de acesso às casas camarárias e de ser “o concelho com maior número de famílias a viver em situação de carência”, segundo o vereador do PSD, serviu de mote para bater na gestão comunista.

Porca política

Os vereadores comunistas, que da presidência passaram para a oposição nas últimas autárquicas, não gostaram: José Gonçalves foi o primeiro a lamentar “a tentativa de pintar Almada de negro para dar a ideia de que não se fez nada nos últimos anos” e passou ao contra-ataque acusando o executivo do PS de “ter a obrigação de trazer um documento sólido e bem estruturado, e não o fez”.

Inês de Medeiros não gostou. E carregou nas tintas. “Se há uma constante dos municípios liderados pelo PCP é a habitação precária e as barracas”, disse, acusando os comunistas de se “alimentarem da miséria das pessoas” e de “gostarem muito de julgar os outros, mas não gostam de ser julgados”.

O caldo, aqui, já tinha sido irremediavelmente entornado. Os quatro vereadores da CDU, sentados à esquerda da autarca, agitaram-se nas cadeiras e lançaram apartes de contestação. “É a política!”, respondeu já com os decibéis no máximo, a presidente Inês de Medeiros. O seu antecessor, Joaquim Judas, não resistiu. “É porca política”, disse com o microfone desligado, mas fazendo-se ouvir na sala, suspensa do confronto direto.

A autarca não desarmou. “É complicado em democracia”, respondeu. “Querem calar-nos, mas a mim não me calam. A CDU, sobretudo em Almada, é conhecida por dizer mal de tudo e de todos e por espalhar mentiras todos os dias. Mas quando são confrontados com a realidade, chamam-lhe porca política”, disse.

Mas não fechou o debate. Judas pediu a palavra para defesa da honra: “Não é no tom, nem na forma que a senhora presidente usou que vamos resolver os problemas”. Na verdade, não há conciliação possível. Aqui, a maioria de esquerda não existe. Nem se fazem votos de que a ‘geringonça’ passe para a margem sul do Tejo.

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