Catarina Martins dos afetos. De “vouguinha” até Espinho em clima de campanha – Observador

04-02-2019
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“É pequenina, mas é valente”. O comentário ouviu-se enquanto Catarina Martins falava à imprensa na Feira de Espinho. Os vários curiosos que queriam perceber a razão de haver um frenesim acima do normal iam tentando espreitar por entre o aglomerado de jornalistas que rodeava a líder do Bloco de Esquerda. “É a Catarina Martins”, explicava um feirante a quem não conseguia inteirar-se da situação. “Não é fácil de ver porque é pequenina”, ia repetindo. A maioria das pessoas que recebiam esta explicação ficou parada na esperança de poder falar com a própria. Para queimar o tempo de espera, que se ia tornando longo, fazia-se uma espécie de análise política de bolso. “Ela é maravilhosa. Não tem medo de os enfrentar”, comentou uma senhora que se congratulava por a “Catarininha” não se esquecer das pessoas de Espinho.

O Bloco de Esquerda sabe da popularidade de que goza a sua líder nas feiras. Afinal, o sucesso da campanha para as legislativas de 2015 também passou por aqui. E o partido retirou as devidas conclusões e decidiu arrancar as suas jornadas parlamentares no distrito de Aveiro e com uma ação típica de ano eleitoral: uma viagem de comboio na linha do Vouga para assinalar a falta de investimento nos transportes públicos na região seguida de uma visita à feira para “ouvir a população” e distribuir panfletos. Em ano de eleições, todos os esforços podem revelar-se insuficientes, e nada como jogar trunfos em iniciativas que não são formalmente tidos como campanha eleitoral.

Enquanto ia oferecendo flyers com as conquistas do partido no Orçamento do Estado para 2019, Catarina Martins recebia elogios. Alguns inusitados: “Eu não sou ciumenta, mas o meu marido é muito seu fã. Quando a vê na televisão… ui!”, comentou uma cliente que ia escolhendo laranjas numa das bancas da feira. A afirmação provocou gargalhadas entre os bloquistas. “Dá cá um beijinho!”, gritou a comerciante, como se quisesse salvar a líder do Bloco de Esquerda do embaraço momentâneo.

Entre comentários mais levianos e as tradicionais palavras de “força” também se ouviam queixas de quem está insatisfeito. E fazia-se política. “Na simulação da minha pensão vão tirar-me muito dinheiro. Aquilo não pode estar bem”, confessava uma senhora que aproveitava o facto de ter uma líder partidária à frente para acalmar os seus anseios. Catarina Martins tentou, juntamente com o deputado José Soeiro, explicar as contas que vão ditar o valor da pensão e lembrou que o Bloco lutou “pelo fim do fator de sustentabilidade” para as pessoas na situação da queixosa. “Se trabalha desde os 14 e já tem 46 anos de descontos não vai ser penalizada”, garantia.

Os carros elétricos não resolvem o problema

Estas ações não se fazem sem um objetivo político por detrás. Sob o tema das alterações climáticas, as jornadas parlamentares do Bloco de Esquerda não podiam ignorar as recentes declarações do Ministro do Ambiente e da Transição Energética sobre a morte anunciada dos carros a diesel. “É bom lembrar que a responsabilidade do Estado sobre as alterações climáticas não é cobrar às pessoas o que podem ou não comprar, mas sim dar-lhes uma alternativa de transporte coletivo não poluente. Essa alternativa é a ferrovia. É necessário executar rapidamente o investimento no que é essencial para a coesão do país”, afirmou.

Embora o partido não negue o conteúdo da afirmação de Matos Fernandes, que vaticinou o fim dos carros a diesel para os próximos anos, a líder do Bloco de Esquerda assumiu que o partido prefere uma solução mais abrangente. E foi por isso que deu início a estas jornadas no distrito de Aveiro e na linha do Vouga.

O Programa de Investimentos pode ter servido para ligar PS e PSD, mas não serviu para ligar o país pela ferrovia, porque os transportes ferroviários que podem servir as populações todos os dias foram esquecidos. Demos como exemplo a linha do Vouga, que está muito degradada e que não está ligada à linha do norte”, acrescentou ainda.

Já antes, e depois de uma viagem do “vouguinha”, o líder parlamentar do BE tinha ouvido queixas sobre os transportes públicos. À imprensa, Pedro Filipe Soares aproveitou para assinalar a insuficiência da ferrovia no distrito de Aveiro. E deixou críticas ao Executivo. “Também com este Governo, há uma ausência de investimento público nos transportes, um dos pilares do país”. O facto de a estação de Espinho desta linha ficar a apenas 500 metros daquela que comunica a cidade com a linha do norte é uma situação que, para o Bloco de Esquerda, pode ficar resolvida com a criação de uma linha que as ligue, facilitando a mobilidade da população.

Por isso, Pedro Filipe Soares anunciou que o partido irá apresentar uma proposta para alterar o programa 2030 para a ferrovia: “É um dos temas que levaremos ao debate sobre o Plano Nacional de Investimentos”. No fim, salientou ainda o facto de Jorge Falcato não ter podido participar nesta viagem porque o material circulante não está preparado para o transporte de pessoas com incapacidades motoras.

O velho comboio de duas carruagens, repleto de grafitis e sobre o qual a passagem do tempo deixou muitas marcas, transportou os deputados desde São João de Ver até Espinho. Durante a viagem, o “vouguinha” chegou a atravessar troços em que não pôde ultrapassar os 10 km/h. “É uma vergonha”, reclamava uma passageira à saída. “Façam uma linha do Vouga nova. Esta está velha e nós andamos aqui aos caídos. Isto é uma vergonha!”, repetiu quando os olhos dos parlamentares se depositaram sobre ela. “Tem toda a razão”, apoiou o deputado Heitor de Sousa.

“É pequenina, mas é valente”. O comentário ouviu-se enquanto Catarina Martins falava à imprensa na Feira de Espinho. Os vários curiosos que queriam perceber a razão de haver um frenesim acima do normal iam tentando espreitar por entre o aglomerado de jornalistas que rodeava a líder do Bloco de Esquerda. “É a Catarina Martins”, explicava um feirante a quem não conseguia inteirar-se da situação. “Não é fácil de ver porque é pequenina”, ia repetindo. A maioria das pessoas que recebiam esta explicação ficou parada na esperança de poder falar com a própria. Para queimar o tempo de espera, que se ia tornando longo, fazia-se uma espécie de análise política de bolso. “Ela é maravilhosa. Não tem medo de os enfrentar”, comentou uma senhora que se congratulava por a “Catarininha” não se esquecer das pessoas de Espinho.

O Bloco de Esquerda sabe da popularidade de que goza a sua líder nas feiras. Afinal, o sucesso da campanha para as legislativas de 2015 também passou por aqui. E o partido retirou as devidas conclusões e decidiu arrancar as suas jornadas parlamentares no distrito de Aveiro e com uma ação típica de ano eleitoral: uma viagem de comboio na linha do Vouga para assinalar a falta de investimento nos transportes públicos na região seguida de uma visita à feira para “ouvir a população” e distribuir panfletos. Em ano de eleições, todos os esforços podem revelar-se insuficientes, e nada como jogar trunfos em iniciativas que não são formalmente tidos como campanha eleitoral.

Enquanto ia oferecendo flyers com as conquistas do partido no Orçamento do Estado para 2019, Catarina Martins recebia elogios. Alguns inusitados: “Eu não sou ciumenta, mas o meu marido é muito seu fã. Quando a vê na televisão… ui!”, comentou uma cliente que ia escolhendo laranjas numa das bancas da feira. A afirmação provocou gargalhadas entre os bloquistas. “Dá cá um beijinho!”, gritou a comerciante, como se quisesse salvar a líder do Bloco de Esquerda do embaraço momentâneo.

Entre comentários mais levianos e as tradicionais palavras de “força” também se ouviam queixas de quem está insatisfeito. E fazia-se política. “Na simulação da minha pensão vão tirar-me muito dinheiro. Aquilo não pode estar bem”, confessava uma senhora que aproveitava o facto de ter uma líder partidária à frente para acalmar os seus anseios. Catarina Martins tentou, juntamente com o deputado José Soeiro, explicar as contas que vão ditar o valor da pensão e lembrou que o Bloco lutou “pelo fim do fator de sustentabilidade” para as pessoas na situação da queixosa. “Se trabalha desde os 14 e já tem 46 anos de descontos não vai ser penalizada”, garantia.

Os carros elétricos não resolvem o problema

Estas ações não se fazem sem um objetivo político por detrás. Sob o tema das alterações climáticas, as jornadas parlamentares do Bloco de Esquerda não podiam ignorar as recentes declarações do Ministro do Ambiente e da Transição Energética sobre a morte anunciada dos carros a diesel. “É bom lembrar que a responsabilidade do Estado sobre as alterações climáticas não é cobrar às pessoas o que podem ou não comprar, mas sim dar-lhes uma alternativa de transporte coletivo não poluente. Essa alternativa é a ferrovia. É necessário executar rapidamente o investimento no que é essencial para a coesão do país”, afirmou.

Embora o partido não negue o conteúdo da afirmação de Matos Fernandes, que vaticinou o fim dos carros a diesel para os próximos anos, a líder do Bloco de Esquerda assumiu que o partido prefere uma solução mais abrangente. E foi por isso que deu início a estas jornadas no distrito de Aveiro e na linha do Vouga.

O Programa de Investimentos pode ter servido para ligar PS e PSD, mas não serviu para ligar o país pela ferrovia, porque os transportes ferroviários que podem servir as populações todos os dias foram esquecidos. Demos como exemplo a linha do Vouga, que está muito degradada e que não está ligada à linha do norte”, acrescentou ainda.

Já antes, e depois de uma viagem do “vouguinha”, o líder parlamentar do BE tinha ouvido queixas sobre os transportes públicos. À imprensa, Pedro Filipe Soares aproveitou para assinalar a insuficiência da ferrovia no distrito de Aveiro. E deixou críticas ao Executivo. “Também com este Governo, há uma ausência de investimento público nos transportes, um dos pilares do país”. O facto de a estação de Espinho desta linha ficar a apenas 500 metros daquela que comunica a cidade com a linha do norte é uma situação que, para o Bloco de Esquerda, pode ficar resolvida com a criação de uma linha que as ligue, facilitando a mobilidade da população.

Por isso, Pedro Filipe Soares anunciou que o partido irá apresentar uma proposta para alterar o programa 2030 para a ferrovia: “É um dos temas que levaremos ao debate sobre o Plano Nacional de Investimentos”. No fim, salientou ainda o facto de Jorge Falcato não ter podido participar nesta viagem porque o material circulante não está preparado para o transporte de pessoas com incapacidades motoras.

O velho comboio de duas carruagens, repleto de grafitis e sobre o qual a passagem do tempo deixou muitas marcas, transportou os deputados desde São João de Ver até Espinho. Durante a viagem, o “vouguinha” chegou a atravessar troços em que não pôde ultrapassar os 10 km/h. “É uma vergonha”, reclamava uma passageira à saída. “Façam uma linha do Vouga nova. Esta está velha e nós andamos aqui aos caídos. Isto é uma vergonha!”, repetiu quando os olhos dos parlamentares se depositaram sobre ela. “Tem toda a razão”, apoiou o deputado Heitor de Sousa.

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