Cristas quer ir a eleições sem PSD. E defende que CDS é que é “o partido da alternativa”

24-02-2018
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Assunção Cristas foi eleita há dois anos e, depois de ter passado o teste das autárquicas, chega ao Congresso do próximo fim de semana, 10 e 11 de março, em Lamego, para dar “um passo à frente”. É esse o lema da moção de estratégia global que vai levar a votos ao Congresso, onde apresenta o CDS como o partido “que representa a alternativa ao Governo das esquerdas unidas” e que, à luz das mudanças no xadrez político, ambiciona “chegar lá”. Ou seja, com o novo PSD de Rui Rio a entrar numa lógica de aproximação ao PS, o CDS vai fazer disso um trunfo e afirmar-se como o único partida da “alternativa”: o que tem “o melhor programa e os melhores protagonistas”.

“Queremos apresentar-nos como o partido que representa a alternativa ao Governo das esquerdas unidas, com o programa mais sólido e fundamentado, com os melhores protagonistas”, lê-se no texto na moção, de 17 páginas, onde a presidente do CDS não apresenta propostas concretas sobre temas específicos, argumentando que as linhas programáticas da moção que apresentou há dois anos “continuam válidas”.

Defendendo que o “voto útil acabou” e que o “voto é cada vez mais livre”, Assunção Cristas deixa preto no branco que o CDS deve “disputar as eleições europeias e as legislativas em listas próprias”, com a “profunda convicção” de que assim o partido dará o seu “melhor contributo para Portugal ter uma alternativa às esquerdas unidas”. Ou seja, sem o PSD, e sem Rui Rio. Cada um por si, para que a soma das duas partes seja superior à soma das esquerdas.

O argumento é o que tem defendido no último ano: “Em 2019 ganha quem conseguir reunir um apoio parlamentar de 116 deputados”. Ou seja, CDS e PSD devem conseguir, individualmente, o maior número de votos possível para, juntos, conseguirem mais votos do que os partidos da esquerda.

A tese que reina no CDS é a de que o CDS tende a crescer quando o PSD também está a crescer, mas a recente mudança de liderança que se verificou no ex-parceiro de coligação, e a consequente alteração de discurso com vista a uma maior aproximação ao PS, não merece nenhuma consideração na moção estratégica da presidente dos centristas. Antes pelo contrário, Cristas defende que o CDS deve ambicionar ser “a primeira escolha dos portugueses”, dando o “máximo contributo” para a direita atingir os tais 116 deputados. “Tudo faremos para dar uma sólida contribuição para que o centro direita possa atingir esse número e, após as eleições, entender-se para governar”, lê-se no texto. Ou seja, aliança com o PSD só depois das eleições.

Até lá, portanto, o PSD é, em certa medida, oposição. “Sabemos como o caminho é difícil, mas isso não nos demove, antes entusiasma”, afirma. Qual é a receita para superar essas dificuldades? Cristas enumera alguns ingredientes: focar-se mais na “solução dos problemas” e menos na “ideologia”; combater o estereótipo do “vocês nunca lá chegam” explicando às pessoas, “olhos nos olhos”, que o CDS “precisa de decidir e influenciar”; e ainda convencer os eleitores, sobretudo os mais jovens, de que “irreverente e novo” é votar no CDS.

Temos de explicar que, em muitas regiões do país, o mais reformista, irreverente, novo, é votar no CDS. Queremos colocar ‘os pais a votar nos filhos e não os filhos a votar nos pais’, como é máxima da nossa Juventude Popular. Acreditamos que os portugueses querem um partido do presente a trabalhar para o futuro e que não querem ficar agarrados aos preconceitos do passado”, lê-se no texto.

O prazo para a apresentação de moções ao congresso terminava esta sexta-feira, sendo que sabe-se já que Filipe Lobo d’Ávila, que liderou uma lista alternativa ao Conselho Nacional do CDS há dois anos, optou desta vez por não subscrever nenhuma moção.

Na sua moção, Assunção Cristas não avança propostas político-programáticas, explicando que não o faz porque a moção que apresentou há dois anos continua válida. “Permanecendo atuais as linhas programáticas definidas, esta é uma moção de prestação de contas e de método de trabalho para o futuro. Menos de políticas e mais de Política”, afirma. É nesse seguimento que faz, ao longo de 16 páginas, um balanço do que foram os últimos anos do CDS sob a sua liderança:

Em dois anos, o CDS recebeu mais 4 mil novos militantes: “Só no último mês juntaram-se cerca de 400 novos militantes”;

O trunfo das autárquicas: “Crescemos autarquicamente em percentagem, votos e mandatos”, lê-se. “Passámos de cinco para seis câmaras governadas pelo CDS, ajudámos Rui Moreira, no Porto, a atingir a maioria absoluta e assim a libertar-se do Partido Socialista, em Lisboa tivemos 20,57%, passámos de um para quatro vereadores, retirámos a maioria absoluta do Partido Socialista. Fomos o partido da oposição mais votado em Lisboa e afirmámo-nos como líderes da oposição”, sustenta.

CDS esteve “sozinho” na moção de censura contra o Governo das esquerdas e “liderou” a oposição. “O CDS apresentou uma moção de censura ao Governo, liderando claramente a oposição a um Governo que não consegue lidar com as falhas imensas do Estado”, insiste Cristas, sempre sublinhando as diferenças face ao PSD enquanto partidos da oposição.

Alguns perguntaram se nos incomodou ficarmos sozinhos nessa moção – de resto votada favoravelmente também pelo PSD. Não nos incomodou, porque entendemos que tínhamos a razão e os portugueses do nosso lado, e porque ter um caminho próprio, com autonomia, não calculista, é natural e positivo”, defende.

Cristas diz que é na oposição, com ideias, que se prepara a governação, para as executar. “Tudo o que fizermos agora, de estudo, de propostas, de consistente trabalho de casa, pode não florescer no imediato, mas dará frutos a seu tempo. E é essencial para um dia podermos voltar à governação, bem preparados, a saber o que queremos fazer”, defende, sublinhando que “o tempo da oposição é o tempo das ideias, o da governação é o tempo da sua execução”.

Sobre a eutanásia, o CDS é e continua a ser contra. “Somos contra a eutanásia, como ficou claro no último congresso, como somos contra a obstinação terapêutica, e continuaremos a trabalhar para construir uma alternativa por uma sociedade que cuida de todos. Continuamos a defender inequivocamente o valor da vida e a lutar pela sua qualidade, em todas as suas fases”, lê-se.

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Assunção Cristas foi eleita há dois anos e, depois de ter passado o teste das autárquicas, chega ao Congresso do próximo fim de semana, 10 e 11 de março, em Lamego, para dar “um passo à frente”. É esse o lema da moção de estratégia global que vai levar a votos ao Congresso, onde apresenta o CDS como o partido “que representa a alternativa ao Governo das esquerdas unidas” e que, à luz das mudanças no xadrez político, ambiciona “chegar lá”. Ou seja, com o novo PSD de Rui Rio a entrar numa lógica de aproximação ao PS, o CDS vai fazer disso um trunfo e afirmar-se como o único partida da “alternativa”: o que tem “o melhor programa e os melhores protagonistas”.

“Queremos apresentar-nos como o partido que representa a alternativa ao Governo das esquerdas unidas, com o programa mais sólido e fundamentado, com os melhores protagonistas”, lê-se no texto na moção, de 17 páginas, onde a presidente do CDS não apresenta propostas concretas sobre temas específicos, argumentando que as linhas programáticas da moção que apresentou há dois anos “continuam válidas”.

Defendendo que o “voto útil acabou” e que o “voto é cada vez mais livre”, Assunção Cristas deixa preto no branco que o CDS deve “disputar as eleições europeias e as legislativas em listas próprias”, com a “profunda convicção” de que assim o partido dará o seu “melhor contributo para Portugal ter uma alternativa às esquerdas unidas”. Ou seja, sem o PSD, e sem Rui Rio. Cada um por si, para que a soma das duas partes seja superior à soma das esquerdas.

O argumento é o que tem defendido no último ano: “Em 2019 ganha quem conseguir reunir um apoio parlamentar de 116 deputados”. Ou seja, CDS e PSD devem conseguir, individualmente, o maior número de votos possível para, juntos, conseguirem mais votos do que os partidos da esquerda.

A tese que reina no CDS é a de que o CDS tende a crescer quando o PSD também está a crescer, mas a recente mudança de liderança que se verificou no ex-parceiro de coligação, e a consequente alteração de discurso com vista a uma maior aproximação ao PS, não merece nenhuma consideração na moção estratégica da presidente dos centristas. Antes pelo contrário, Cristas defende que o CDS deve ambicionar ser “a primeira escolha dos portugueses”, dando o “máximo contributo” para a direita atingir os tais 116 deputados. “Tudo faremos para dar uma sólida contribuição para que o centro direita possa atingir esse número e, após as eleições, entender-se para governar”, lê-se no texto. Ou seja, aliança com o PSD só depois das eleições.

Até lá, portanto, o PSD é, em certa medida, oposição. “Sabemos como o caminho é difícil, mas isso não nos demove, antes entusiasma”, afirma. Qual é a receita para superar essas dificuldades? Cristas enumera alguns ingredientes: focar-se mais na “solução dos problemas” e menos na “ideologia”; combater o estereótipo do “vocês nunca lá chegam” explicando às pessoas, “olhos nos olhos”, que o CDS “precisa de decidir e influenciar”; e ainda convencer os eleitores, sobretudo os mais jovens, de que “irreverente e novo” é votar no CDS.

Temos de explicar que, em muitas regiões do país, o mais reformista, irreverente, novo, é votar no CDS. Queremos colocar ‘os pais a votar nos filhos e não os filhos a votar nos pais’, como é máxima da nossa Juventude Popular. Acreditamos que os portugueses querem um partido do presente a trabalhar para o futuro e que não querem ficar agarrados aos preconceitos do passado”, lê-se no texto.

O prazo para a apresentação de moções ao congresso terminava esta sexta-feira, sendo que sabe-se já que Filipe Lobo d’Ávila, que liderou uma lista alternativa ao Conselho Nacional do CDS há dois anos, optou desta vez por não subscrever nenhuma moção.

Na sua moção, Assunção Cristas não avança propostas político-programáticas, explicando que não o faz porque a moção que apresentou há dois anos continua válida. “Permanecendo atuais as linhas programáticas definidas, esta é uma moção de prestação de contas e de método de trabalho para o futuro. Menos de políticas e mais de Política”, afirma. É nesse seguimento que faz, ao longo de 16 páginas, um balanço do que foram os últimos anos do CDS sob a sua liderança:

Em dois anos, o CDS recebeu mais 4 mil novos militantes: “Só no último mês juntaram-se cerca de 400 novos militantes”;

O trunfo das autárquicas: “Crescemos autarquicamente em percentagem, votos e mandatos”, lê-se. “Passámos de cinco para seis câmaras governadas pelo CDS, ajudámos Rui Moreira, no Porto, a atingir a maioria absoluta e assim a libertar-se do Partido Socialista, em Lisboa tivemos 20,57%, passámos de um para quatro vereadores, retirámos a maioria absoluta do Partido Socialista. Fomos o partido da oposição mais votado em Lisboa e afirmámo-nos como líderes da oposição”, sustenta.

CDS esteve “sozinho” na moção de censura contra o Governo das esquerdas e “liderou” a oposição. “O CDS apresentou uma moção de censura ao Governo, liderando claramente a oposição a um Governo que não consegue lidar com as falhas imensas do Estado”, insiste Cristas, sempre sublinhando as diferenças face ao PSD enquanto partidos da oposição.

Alguns perguntaram se nos incomodou ficarmos sozinhos nessa moção – de resto votada favoravelmente também pelo PSD. Não nos incomodou, porque entendemos que tínhamos a razão e os portugueses do nosso lado, e porque ter um caminho próprio, com autonomia, não calculista, é natural e positivo”, defende.

Cristas diz que é na oposição, com ideias, que se prepara a governação, para as executar. “Tudo o que fizermos agora, de estudo, de propostas, de consistente trabalho de casa, pode não florescer no imediato, mas dará frutos a seu tempo. E é essencial para um dia podermos voltar à governação, bem preparados, a saber o que queremos fazer”, defende, sublinhando que “o tempo da oposição é o tempo das ideias, o da governação é o tempo da sua execução”.

Sobre a eutanásia, o CDS é e continua a ser contra. “Somos contra a eutanásia, como ficou claro no último congresso, como somos contra a obstinação terapêutica, e continuaremos a trabalhar para construir uma alternativa por uma sociedade que cuida de todos. Continuamos a defender inequivocamente o valor da vida e a lutar pela sua qualidade, em todas as suas fases”, lê-se.

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