Cristas assume responsabilidades perante o partido e ouve avisos: há “tolerância zero” para erros

24-07-2019
marcar artigo

Para a noite desta quinta-feira no Largo do Caldas, sede do CDS, as previsões eram de temperaturas altas: com o objetivo de fazer o rescaldo do tropeção nas eleições europeias, críticos e não críticos de Assunção Cristas estavam preparados para ir a Conselho Nacional apontar os erros da campanha e da direção do partido. Antes disso, foi a própria presidente - assim como os restantes rostos destas europeias -, que acabou por ser a primeira a assumir responsabilidades pelos maus resultados e os erros que levaram até aqui, apelando à união interna. E ouviu avisos sérios: daqui às legislativas, tem "margem zero" para novos deslizes.

Segundo informações recolhidas pelo Expresso junto de várias fontes presentes na reunião que se prolongou durante sete horas, a catarse serviu para apontar problemas que não se ficaram pela campanha: imediatamente antes do início do período pré-eleitoral, Assunção Cristas tinha-se visto a braços com uma série de problemas para resolver, da crise dos professores (o mais grave, e o que mais gente acredita ter afetado a credibilidade do partido junto do seu eleitorado base, cuja mobilização é particularmente decisiva em eleições europeias) à polémica das passadeiras arco-íris ou às declarações de Nuno Melo sobre não considerar o espanhol Vox um partido de extrema-direita.

De Filipe Lobo d’Ávila, líder da maior lista crítica de Cristas no Conselho Nacional do partido (e que detém 18,5% dos assentos), veio uma compilação dos erros cometidos pela direção nacional, com um aviso: há zero “margem de erro” ou “tolerância” para com a liderança. Tudo graças a uma “gestão desastrosa do dossiê dos professores”, com o partido a deixar-se “cair na armadilha de Costa” e acabar “chamuscado” ou à escolha vista como prematura dos candidatos a deputados, feita ao mesmo tempo que a composição das listas às europeias, “afastando militantes em período pré-eleitoral”.

Outra das críticas apontadas é a alegada desorientação das lideranças, com o ex-deputado a defender que, neste momento, “não se conseguem identificar as causas principais do partido”, um problema em que os professores ou as passadeiras ajudam a exemplificar. No final, uma mão estendida a Cristas com uma condição: se a líder aceitasse rever a composição da lista dos deputados, Lobo d’Ávila estaria disponível para a integrar no último lugar, simbolicamente. A hipótese foi, aliás, imediatamente aceite pelo líder da distrital de Lisboa, João Gonçalves Pereira - não cabe a Cristas, que define apenas os cinco primeiros lugares, correspondentes à quota da direção nacional, decidir sobre a inclusão do ex-deputado.

O mau resultado nas europeias e a alegada desorientação da direção de Cristas já serviu de gatilho para dois reveses no seio do partido. O líder da concelhia de Ovar, distrito de Aveiro, Fernando Camelo de Almeida, decidiu demitir-se do cargo esta semana, tendo explicado ao Expresso que o fez por “discordar em absoluto da liderança do partido”, que diz não estar a conseguir “ocupar o espaço próprio do partido” e apresentar medidas em série com “leviandade” e ao “sabor do vento”. Com mais críticas à composição das listas: “O partido parece um grupo de amigos de Lisboa”.

Precisamente por causa da composição das listas - e dos chamados deputados ‘pára-quedistas’, ou seja, os que vão concorrer por círculos a que não têm ligação - surgiu o segundo problema: a concelhia de Braga já veio criticar a escolha repetida de Telmo Correia (lisboeta, mas que vai voltar a encabeçar a lista bracarense) e dizer que não irá indicar candidato pela estrutura local. Na madrugada desta sexta-feira, João Medeiros, deputado municipal dos centristas em Braga, reiterou essa rejeição do cabeça de lista.

Além de Cristas, também Nuno Melo, Pedro Mota Soares ou Telmo Correia falaram, tendo o cabeça de lista (e único eurodeputado eleito pelo CDS) justificado o discurso entendido como mais à direita, na campanha, com a necessidade de mobilizar o eleitorado base para as eleições que contam com níveis mais elevados de abstenção. Do lado dos apoiantes de Cristas, mensagens pela positiva: os erros foram assumidos e os “sinais” dos eleitores entendidos, agora é preciso virar a página para as legislativas de outubro - Francisco Mendes da Silva aproveitou para lembrar o exemplo dos bons resultados de Cristas nas autárquicas de 2017, em Lisboa. Tudo na esperança de que seja possível replicar a estratégia nas legislativas e recuperar do desaire europeu.

Para a noite desta quinta-feira no Largo do Caldas, sede do CDS, as previsões eram de temperaturas altas: com o objetivo de fazer o rescaldo do tropeção nas eleições europeias, críticos e não críticos de Assunção Cristas estavam preparados para ir a Conselho Nacional apontar os erros da campanha e da direção do partido. Antes disso, foi a própria presidente - assim como os restantes rostos destas europeias -, que acabou por ser a primeira a assumir responsabilidades pelos maus resultados e os erros que levaram até aqui, apelando à união interna. E ouviu avisos sérios: daqui às legislativas, tem "margem zero" para novos deslizes.

Segundo informações recolhidas pelo Expresso junto de várias fontes presentes na reunião que se prolongou durante sete horas, a catarse serviu para apontar problemas que não se ficaram pela campanha: imediatamente antes do início do período pré-eleitoral, Assunção Cristas tinha-se visto a braços com uma série de problemas para resolver, da crise dos professores (o mais grave, e o que mais gente acredita ter afetado a credibilidade do partido junto do seu eleitorado base, cuja mobilização é particularmente decisiva em eleições europeias) à polémica das passadeiras arco-íris ou às declarações de Nuno Melo sobre não considerar o espanhol Vox um partido de extrema-direita.

De Filipe Lobo d’Ávila, líder da maior lista crítica de Cristas no Conselho Nacional do partido (e que detém 18,5% dos assentos), veio uma compilação dos erros cometidos pela direção nacional, com um aviso: há zero “margem de erro” ou “tolerância” para com a liderança. Tudo graças a uma “gestão desastrosa do dossiê dos professores”, com o partido a deixar-se “cair na armadilha de Costa” e acabar “chamuscado” ou à escolha vista como prematura dos candidatos a deputados, feita ao mesmo tempo que a composição das listas às europeias, “afastando militantes em período pré-eleitoral”.

Outra das críticas apontadas é a alegada desorientação das lideranças, com o ex-deputado a defender que, neste momento, “não se conseguem identificar as causas principais do partido”, um problema em que os professores ou as passadeiras ajudam a exemplificar. No final, uma mão estendida a Cristas com uma condição: se a líder aceitasse rever a composição da lista dos deputados, Lobo d’Ávila estaria disponível para a integrar no último lugar, simbolicamente. A hipótese foi, aliás, imediatamente aceite pelo líder da distrital de Lisboa, João Gonçalves Pereira - não cabe a Cristas, que define apenas os cinco primeiros lugares, correspondentes à quota da direção nacional, decidir sobre a inclusão do ex-deputado.

O mau resultado nas europeias e a alegada desorientação da direção de Cristas já serviu de gatilho para dois reveses no seio do partido. O líder da concelhia de Ovar, distrito de Aveiro, Fernando Camelo de Almeida, decidiu demitir-se do cargo esta semana, tendo explicado ao Expresso que o fez por “discordar em absoluto da liderança do partido”, que diz não estar a conseguir “ocupar o espaço próprio do partido” e apresentar medidas em série com “leviandade” e ao “sabor do vento”. Com mais críticas à composição das listas: “O partido parece um grupo de amigos de Lisboa”.

Precisamente por causa da composição das listas - e dos chamados deputados ‘pára-quedistas’, ou seja, os que vão concorrer por círculos a que não têm ligação - surgiu o segundo problema: a concelhia de Braga já veio criticar a escolha repetida de Telmo Correia (lisboeta, mas que vai voltar a encabeçar a lista bracarense) e dizer que não irá indicar candidato pela estrutura local. Na madrugada desta sexta-feira, João Medeiros, deputado municipal dos centristas em Braga, reiterou essa rejeição do cabeça de lista.

Além de Cristas, também Nuno Melo, Pedro Mota Soares ou Telmo Correia falaram, tendo o cabeça de lista (e único eurodeputado eleito pelo CDS) justificado o discurso entendido como mais à direita, na campanha, com a necessidade de mobilizar o eleitorado base para as eleições que contam com níveis mais elevados de abstenção. Do lado dos apoiantes de Cristas, mensagens pela positiva: os erros foram assumidos e os “sinais” dos eleitores entendidos, agora é preciso virar a página para as legislativas de outubro - Francisco Mendes da Silva aproveitou para lembrar o exemplo dos bons resultados de Cristas nas autárquicas de 2017, em Lisboa. Tudo na esperança de que seja possível replicar a estratégia nas legislativas e recuperar do desaire europeu.

marcar artigo