Olho de Gato: Para lamentações*

14-10-2019
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* Hoje no Jornal do Centro

O título deste Olho de Gato assume o nada original jogo de palavras: a nossa vida parlamentar é para lamentar.

Cada vez há mais berbicachos com o fim do mês dos deputados. São sarilhos e mais sarilhos que a comissão de “ética” do parlamento e os visados tentam remendar com o costumeiro: “não houve incumprimento da lei”. Desta dupla negativa não sai nada de positivo para a casa da democracia que devia ser a primeira dar o exemplo.

Há uns anos, Inês de Medeiros, eleita por Lisboa, só não pôs o parlamento a pagar-lhe os bilhetes semanais de avião para Paris porque houve um escarcéu danado. Casos de deputados com casinha em Lisboa mas que dão uma morada no círculo por onde foram eleitos são mais do que as mães. O último — apanhado literalmente na casa da mãezinha — foi Feliciano Barreiras Duarte. Mas há mais.

Fotografia de Pedro NunesLusa (daqui)

O Expresso divulgou o extraordinário caso de oito deputados, o poderoso Carlos César incluído, todos eleitos pelas ilhas, que, além de abicharem quinhentos euros por semana para deslocações, ajuntam em cima deste pecúlio o valor dos bilhetes de avião.

Um dos apanhados, o deputado Paulino Ascensão, confessou ter tido uma “prática incorreta” (rima com “forreta”, mas a culpa é do acordês com que escreveu o comunicado). E o bloquista, “após reflexão”, diz que desforreta o dinheiro indevidamente recebido para o entregar a instituições sociais da Madeira. E comunica que renuncia ao lugar.

Mal li este comunicado, elogiei o homem nas redes sociais e mandei uma ferroada em Carlos César. A ferroada foi justa, o panegírico, uma precipitação. Elogiar esta gente é uma imprudência. Afinal o bloquista, lá na sua prosa, absteve-se de referir que já tinha previsto sair de Lisboa para ir para um lugar político no Funchal. Afinal, como tinha sido apanhado com a boca na botija, tinha só antecipado a saída.

Vamos lá ver, agora, se o bloco deixa o Paulino Ascensão ascender ao lugar que lhe tinha reservado na Madeira.


* Hoje no Jornal do Centro

O título deste Olho de Gato assume o nada original jogo de palavras: a nossa vida parlamentar é para lamentar.

Cada vez há mais berbicachos com o fim do mês dos deputados. São sarilhos e mais sarilhos que a comissão de “ética” do parlamento e os visados tentam remendar com o costumeiro: “não houve incumprimento da lei”. Desta dupla negativa não sai nada de positivo para a casa da democracia que devia ser a primeira dar o exemplo.

Há uns anos, Inês de Medeiros, eleita por Lisboa, só não pôs o parlamento a pagar-lhe os bilhetes semanais de avião para Paris porque houve um escarcéu danado. Casos de deputados com casinha em Lisboa mas que dão uma morada no círculo por onde foram eleitos são mais do que as mães. O último — apanhado literalmente na casa da mãezinha — foi Feliciano Barreiras Duarte. Mas há mais.

Fotografia de Pedro NunesLusa (daqui)

O Expresso divulgou o extraordinário caso de oito deputados, o poderoso Carlos César incluído, todos eleitos pelas ilhas, que, além de abicharem quinhentos euros por semana para deslocações, ajuntam em cima deste pecúlio o valor dos bilhetes de avião.

Um dos apanhados, o deputado Paulino Ascensão, confessou ter tido uma “prática incorreta” (rima com “forreta”, mas a culpa é do acordês com que escreveu o comunicado). E o bloquista, “após reflexão”, diz que desforreta o dinheiro indevidamente recebido para o entregar a instituições sociais da Madeira. E comunica que renuncia ao lugar.

Mal li este comunicado, elogiei o homem nas redes sociais e mandei uma ferroada em Carlos César. A ferroada foi justa, o panegírico, uma precipitação. Elogiar esta gente é uma imprudência. Afinal o bloquista, lá na sua prosa, absteve-se de referir que já tinha previsto sair de Lisboa para ir para um lugar político no Funchal. Afinal, como tinha sido apanhado com a boca na botija, tinha só antecipado a saída.

Vamos lá ver, agora, se o bloco deixa o Paulino Ascensão ascender ao lugar que lhe tinha reservado na Madeira.

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