Arrufos e surpresas: quem são os 17 independentes que ganharam câmaras

09-10-2017
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São independentes e candidatam-se como tal, mas nem sempre foi assim: a maior parte dos candidatos independentes que venceram câmaras neste domingo têm passados partidários, que resolveram deixar para trás depois de muitos arrufos e discussões. Uma das poucas exceções é Rui Moreira, reeleito presidente da Câmara do Porto sem nunca ter tido cartão de militante. Em Vila do Conde, Elisa Ferraz, que era autarca socialista, trocou as voltas ao PS e foi reeleita... como independente. E em Peniche, a CDU levou um golpe — passou do primeiro para o quarto lugar — dado por um antigo membro das suas listas.

A noite de domingo confirmou uma tendência já verificada há quatro anos: as candidaturas de cidadãos assumem-se como a quarta força política a nível autárquico, com 6,7% dos votos obtidos em todo o país. Depois de em 2009 os independentes terem passado a poder candidatar-se (nesse ano conseguiram sete câmaras e nas eleições seguintes, em 2013, conquistaram 13), desta vez há 17 casos de candidatos independentes que ganharam câmaras. Veja quem são e quais as autarquias conquistadas, caso a caso:

Aguiar da Beira — Joaquim Bonifácio

O concelho do distrito da Guarda continua a ser independente, uma vez que Joaquim Bonifácio foi reeleito pelo movimento Unidos Pela Nossa Terra. E, tal como em 2013, a vitória foi um balde de água fria para o PSD — afinal, o concelho era um bastião social-democrata, liderado pelo PSD desde 1989, e desta vez Passos Coelho até andou por lá a fazer campanha.

Vila do Conde — Elisa Ferraz

A noite foi de festejos e boas notícias para o PS, mas Vila do Conde trouxe um dos golpes mais duros. Pela primeira vez em 41 anos, o município deixou de ser socialista — e tudo se explica com os desentendimentos dentro do próprio PS.

Em Vila do Conde, os socialistas não só lideraram sempre como conseguiram durante 41 anos manter a maioria absoluta, representados por três autarcas ao longo desses anos: Fernando Gomes, Mário de Almeida e, desde 2013, Elisa Ferraz.

Acontece que se zangou o partido e a festa, pelo menos a do PS, estragou-se: Elisa Ferraz decidiu tentar a reeleição, que conseguiu este domingo, mas como independente, pelo movimento Nós Avançamos Unidos. Foi bem sucedida. Já o PS, que ficou sem a candidata mais óbvia, concorreu com António Caetano, que foi vice de Ferraz durante este mandato, e ficou a perder.

Peniche — Henrique Bertino

Foi uma tripla derrota para a CDU: perdeu a Câmara de Peniche, passou diretamente para o quarto lugar e ainda por cima perdeu para um dissidente, Henrique Bertino. Eleito pelo Grupo Cidadãos Eleitores Peniche, Bertino chegou, no passado, a ser candidato em várias eleições pela CDU. Desta vez, ganhou ao PSD por 253 votos, deixando a CDU bem atrás.

Águeda — Jorge Almeida

Em Águeda, Jorge Almeida, pelo Juntos — Movimento Independente, conseguiu reverter uma sucessão de maiorias incontestáveis do PS (em 2013, os socialistas conquistaram 60% dos votos).

Com Gil Nadais, que foi o presidente de Câmara em Águeda pelo PS, nos últimos três mandatos, obrigado a sair devido à regra da limitação de mandatos, os socialistas não conseguiram fazer frente ao movimento de Jorge Almeida, que conseguiu este domingo 44% dos votos e lhes roubou a maioria absoluta. Águeda passa, assim, a contar com um presidente de Câmara que é enfermeiro de profissão e que já foi presidente de Junta na freguesia de Macinhata do Vouga.

Mais: Jorge Almeida chegou a trabalhar precisamente com Gil Nadais, tendo sido vice-presidente do município nestes últimos três mandatos, até tomar a decisão de se emancipar e concorrer contra o PS.

Anadia — Teresa Cardoso

Mais uma vitória estrondosa para uma independente, e neste caso uma repetente. Teresa Cardoso foi reeleita presidente de Câmara da Anadia pelo Movimento Independente (MIAP) com 56% dos votos e com a maioria absoluta.

Em 2013, a candidatura já tinha feito História: foi a primeira vez que se candidatou ali um movimento independente e que venceu uma mulher. Mas a Anadia tem ainda mais história, uma vez que o MIAP é resultado de dissidências no PSD local: foi Litério Marques, militante do partido e antigo autarca pelo PSD, que decidiu fundar o movimento. Mas este ano decidiu fazer as pazes com o partido e voltar a candidatar-se pelos sociais-democratas contra Teresa Cardoso (que chegou a ser sua vice)... sem bons resultados.

Vizela — Vítor Hugo Salgado

Na Câmara de Vizela, venceu mais um independente que já teve cartão partidário: Vítor Hugo Salgado não só se zangou com o PS como ainda conseguiu roubar a Câmara ao antigo partido. A rutura começou quando Vítor Hugo Salgado, que era vice de Dinis Costa na Câmara de Vizela, decidiu convocar eleições na concelhia do PS Vizela durante o presente mandato para votar a candidatura à Câmara e perdeu para Dinis Costa, que lhe retirou a confiança política.

Mas Vítor Hugo Salgado não baixou os braços: apresentou-se pelo movimento Vizela Sempre e vaticinou que o PS perderia “a Câmara Municipal e o concelho mais socialista do país” se não o nomeasse como candidato. Acertou.

Borba — António Anselmo

Em Borba, o Movimento Unidos por Borba consolidou a liderança que arrancou em 2013 ao PS, elegendo o seu candidato, António Anselmo, como presidente da Câmara e com maioria absoluta. “O movimento independente mais uma vez provou ter muito mais força que determinados partidos”, declarou Anselmo à Rádio Campanário.

Estremoz — Luís Mourinha

O presidente da Câmara de Estremoz, Luís Mourinha, conseguiu a reeleição com maioria absoluta (48% dos votos) neste domingo, encabeçando o Movimento Independente de Estremoz. Tudo depois de um mandato marcado por sucessivas batalhas judiciais: o Tribunal da Relação de Évora chegou a confirmar a pena acessória de perda de mandato ditada pelo Tribunal de Évora, devido a um caso que envolveu a decisão do autarca de suspender a atribuição de subsídios à Liga dos Amigos do Castelo de Evoramonte depois de o dirigente daquele grupo, Eduardo Basso, ter criticado o autarca. Mourinha recorreu da decisão e justificou-se dizendo que as verbas não foram destinadas aos devidos fins.

Redondo — António Recto

A reeleição de António Recto como presidente da Câmara de Redondo, no distrito de Évora, foi das primeiras vitórias a serem conhecidas no domingo à noite no que a candidaturas independentes diz respeito. O autarca venceu pelo Movimento Independente do Concelho de Redondo, mas perdeu um dos seus vereadores e não conseguiu chegar à almejada maioria absoluta.

Oeiras — Isaltino Morais

É um dos independentes mais conhecidos — apesar de ser dissidente do PSD, disse no domingo, no seu discurso de vitória, que esta é a “candidatura mais independente de Portugal” — como é uma exceção na tendência para a extinção que se verificou entre os dinossauros autárquicos. Isaltino voltou, triunfante, após um mandato de interregno — esteve preso na Carregueira, condenado por fraude fiscal e branqueamento de capitais — e conquistou a maioria absoluta, derrotando estrondosamente Paulo Vistas, que foi durante estes quatro anos presidente da Câmara de Oeiras e se candidatou também como independente.

Portalegre — Adelaide Teixeira

Chegou a governar o município pelo PSD, quando o então autarca, Mata Cáceres, renunciou ao cargo a meio do seu terceiro e último mandato, em 2010. Mas, chegada a 2013, Adelaide Teixeira, docente de profissão, decidiu emancipar-se e concorrer com a Candidatura Livre e Independente por Portalegre. Missão bem sucedida: não só venceu como teve a maioria absoluta. Desta vez, houve boas e más notícias: conseguiu a reeleição, mas perdeu a maioria.

Porto — Rui Moreira

É a maior vitória de um independente no país: sem nunca ter tido cartão partidário, Rui Moreira venceu a Câmara da Invicta em 2013 e desta vez repetiu a dose, alcançando a maioria absoluta que andou a pedir durante a última semana de campanha. Para trás ficou o PS de Manuel Pizarro, seu aliado no último mandato, e o PSD, que Moreira acusou de aproveitar o Porto como cenário para as suas lutas internas, apontando o dedo a figuras do partido como Paulo Rangel e Rui Rio.

Vila Nova de Cerveira — Fernando Nogueira

A matemática é quase repetitiva: uma zanga com o partido, uma dissidência, uma vitória. Neste caso, o filme passou-se em Vila Nova de Cerveira: em 2013, João Nogueira, que foi vice da Câmara pelo PS durante 15 anos, foi a votos nas eleições diretas para escolher o candidato para essas autárquicas. Perdeu internamente, mas manteve as intenções de se candidatar. Como candidato do movimento independente Pensar Cerveira, conseguiu mesmo conquistar a Câmara.

Neste domingo, repetiu a façanha: voltou a ganhar Vila Nova de Cerveira, deixando o seu antigo partido para trás, com menos 15 pontos.

São João da Pesqueira — Manuel Cordeiro

À segunda foi de vez: o advogado Manuel Cordeiro já se tinha candidatado à presidência da Câmara de São João da Pesqueira pelo movimento independente Pela Nossa Terra em 2013, mas desta vez conseguiu mesmo roubar a Câmara ao PSD, numa candidatura que contou com o apoio do PS e do CDS.

Ribeira Brava — Ricardo Nascimento

O presidente mantém-se, o partido é que não. Ricardo Nascimento foi autarca da Ribeira Brava durante este mandato, eleito pelo PSD. No entanto, quando o partido preferiu candidatar a estas eleições Nivalda Gonçalves, Nascimento incompatibilizou-se com o PSD e decidiu avançar com uma candidatura pelo movimento Ribeira Brava em Primeiro. Este domingo, a aposta provou ser vencedora.

São Vicente — José Garcês

Em 2013, José Garcês, ex-militante do PSD, conseguiu roubar o concelho de São Vicente, tradicionalmente social-democrata, com um resultado estrondoso: conseguiu 65% dos votos. Este domingo repetiu o feito, de novo à frente do movimento Unidos Por São Vicente, e com o apoio do PSD, CDS e PPM.

Calheta — Décio Pereira

O atual autarca de Calheta, líder do movimento Dar Mais Vida à Calheta, conseguiu a reeleição com um resultado expressivo: 62,5% dos votos. O principal adversário no município açoriano foi outro independente, Victor Fernandes, que com o Movimento Renascer conquistou 15,3% do eleitorado. Só depois veio o PSD, em terceiro lugar.

São independentes e candidatam-se como tal, mas nem sempre foi assim: a maior parte dos candidatos independentes que venceram câmaras neste domingo têm passados partidários, que resolveram deixar para trás depois de muitos arrufos e discussões. Uma das poucas exceções é Rui Moreira, reeleito presidente da Câmara do Porto sem nunca ter tido cartão de militante. Em Vila do Conde, Elisa Ferraz, que era autarca socialista, trocou as voltas ao PS e foi reeleita... como independente. E em Peniche, a CDU levou um golpe — passou do primeiro para o quarto lugar — dado por um antigo membro das suas listas.

A noite de domingo confirmou uma tendência já verificada há quatro anos: as candidaturas de cidadãos assumem-se como a quarta força política a nível autárquico, com 6,7% dos votos obtidos em todo o país. Depois de em 2009 os independentes terem passado a poder candidatar-se (nesse ano conseguiram sete câmaras e nas eleições seguintes, em 2013, conquistaram 13), desta vez há 17 casos de candidatos independentes que ganharam câmaras. Veja quem são e quais as autarquias conquistadas, caso a caso:

Aguiar da Beira — Joaquim Bonifácio

O concelho do distrito da Guarda continua a ser independente, uma vez que Joaquim Bonifácio foi reeleito pelo movimento Unidos Pela Nossa Terra. E, tal como em 2013, a vitória foi um balde de água fria para o PSD — afinal, o concelho era um bastião social-democrata, liderado pelo PSD desde 1989, e desta vez Passos Coelho até andou por lá a fazer campanha.

Vila do Conde — Elisa Ferraz

A noite foi de festejos e boas notícias para o PS, mas Vila do Conde trouxe um dos golpes mais duros. Pela primeira vez em 41 anos, o município deixou de ser socialista — e tudo se explica com os desentendimentos dentro do próprio PS.

Em Vila do Conde, os socialistas não só lideraram sempre como conseguiram durante 41 anos manter a maioria absoluta, representados por três autarcas ao longo desses anos: Fernando Gomes, Mário de Almeida e, desde 2013, Elisa Ferraz.

Acontece que se zangou o partido e a festa, pelo menos a do PS, estragou-se: Elisa Ferraz decidiu tentar a reeleição, que conseguiu este domingo, mas como independente, pelo movimento Nós Avançamos Unidos. Foi bem sucedida. Já o PS, que ficou sem a candidata mais óbvia, concorreu com António Caetano, que foi vice de Ferraz durante este mandato, e ficou a perder.

Peniche — Henrique Bertino

Foi uma tripla derrota para a CDU: perdeu a Câmara de Peniche, passou diretamente para o quarto lugar e ainda por cima perdeu para um dissidente, Henrique Bertino. Eleito pelo Grupo Cidadãos Eleitores Peniche, Bertino chegou, no passado, a ser candidato em várias eleições pela CDU. Desta vez, ganhou ao PSD por 253 votos, deixando a CDU bem atrás.

Águeda — Jorge Almeida

Em Águeda, Jorge Almeida, pelo Juntos — Movimento Independente, conseguiu reverter uma sucessão de maiorias incontestáveis do PS (em 2013, os socialistas conquistaram 60% dos votos).

Com Gil Nadais, que foi o presidente de Câmara em Águeda pelo PS, nos últimos três mandatos, obrigado a sair devido à regra da limitação de mandatos, os socialistas não conseguiram fazer frente ao movimento de Jorge Almeida, que conseguiu este domingo 44% dos votos e lhes roubou a maioria absoluta. Águeda passa, assim, a contar com um presidente de Câmara que é enfermeiro de profissão e que já foi presidente de Junta na freguesia de Macinhata do Vouga.

Mais: Jorge Almeida chegou a trabalhar precisamente com Gil Nadais, tendo sido vice-presidente do município nestes últimos três mandatos, até tomar a decisão de se emancipar e concorrer contra o PS.

Anadia — Teresa Cardoso

Mais uma vitória estrondosa para uma independente, e neste caso uma repetente. Teresa Cardoso foi reeleita presidente de Câmara da Anadia pelo Movimento Independente (MIAP) com 56% dos votos e com a maioria absoluta.

Em 2013, a candidatura já tinha feito História: foi a primeira vez que se candidatou ali um movimento independente e que venceu uma mulher. Mas a Anadia tem ainda mais história, uma vez que o MIAP é resultado de dissidências no PSD local: foi Litério Marques, militante do partido e antigo autarca pelo PSD, que decidiu fundar o movimento. Mas este ano decidiu fazer as pazes com o partido e voltar a candidatar-se pelos sociais-democratas contra Teresa Cardoso (que chegou a ser sua vice)... sem bons resultados.

Vizela — Vítor Hugo Salgado

Na Câmara de Vizela, venceu mais um independente que já teve cartão partidário: Vítor Hugo Salgado não só se zangou com o PS como ainda conseguiu roubar a Câmara ao antigo partido. A rutura começou quando Vítor Hugo Salgado, que era vice de Dinis Costa na Câmara de Vizela, decidiu convocar eleições na concelhia do PS Vizela durante o presente mandato para votar a candidatura à Câmara e perdeu para Dinis Costa, que lhe retirou a confiança política.

Mas Vítor Hugo Salgado não baixou os braços: apresentou-se pelo movimento Vizela Sempre e vaticinou que o PS perderia “a Câmara Municipal e o concelho mais socialista do país” se não o nomeasse como candidato. Acertou.

Borba — António Anselmo

Em Borba, o Movimento Unidos por Borba consolidou a liderança que arrancou em 2013 ao PS, elegendo o seu candidato, António Anselmo, como presidente da Câmara e com maioria absoluta. “O movimento independente mais uma vez provou ter muito mais força que determinados partidos”, declarou Anselmo à Rádio Campanário.

Estremoz — Luís Mourinha

O presidente da Câmara de Estremoz, Luís Mourinha, conseguiu a reeleição com maioria absoluta (48% dos votos) neste domingo, encabeçando o Movimento Independente de Estremoz. Tudo depois de um mandato marcado por sucessivas batalhas judiciais: o Tribunal da Relação de Évora chegou a confirmar a pena acessória de perda de mandato ditada pelo Tribunal de Évora, devido a um caso que envolveu a decisão do autarca de suspender a atribuição de subsídios à Liga dos Amigos do Castelo de Evoramonte depois de o dirigente daquele grupo, Eduardo Basso, ter criticado o autarca. Mourinha recorreu da decisão e justificou-se dizendo que as verbas não foram destinadas aos devidos fins.

Redondo — António Recto

A reeleição de António Recto como presidente da Câmara de Redondo, no distrito de Évora, foi das primeiras vitórias a serem conhecidas no domingo à noite no que a candidaturas independentes diz respeito. O autarca venceu pelo Movimento Independente do Concelho de Redondo, mas perdeu um dos seus vereadores e não conseguiu chegar à almejada maioria absoluta.

Oeiras — Isaltino Morais

É um dos independentes mais conhecidos — apesar de ser dissidente do PSD, disse no domingo, no seu discurso de vitória, que esta é a “candidatura mais independente de Portugal” — como é uma exceção na tendência para a extinção que se verificou entre os dinossauros autárquicos. Isaltino voltou, triunfante, após um mandato de interregno — esteve preso na Carregueira, condenado por fraude fiscal e branqueamento de capitais — e conquistou a maioria absoluta, derrotando estrondosamente Paulo Vistas, que foi durante estes quatro anos presidente da Câmara de Oeiras e se candidatou também como independente.

Portalegre — Adelaide Teixeira

Chegou a governar o município pelo PSD, quando o então autarca, Mata Cáceres, renunciou ao cargo a meio do seu terceiro e último mandato, em 2010. Mas, chegada a 2013, Adelaide Teixeira, docente de profissão, decidiu emancipar-se e concorrer com a Candidatura Livre e Independente por Portalegre. Missão bem sucedida: não só venceu como teve a maioria absoluta. Desta vez, houve boas e más notícias: conseguiu a reeleição, mas perdeu a maioria.

Porto — Rui Moreira

É a maior vitória de um independente no país: sem nunca ter tido cartão partidário, Rui Moreira venceu a Câmara da Invicta em 2013 e desta vez repetiu a dose, alcançando a maioria absoluta que andou a pedir durante a última semana de campanha. Para trás ficou o PS de Manuel Pizarro, seu aliado no último mandato, e o PSD, que Moreira acusou de aproveitar o Porto como cenário para as suas lutas internas, apontando o dedo a figuras do partido como Paulo Rangel e Rui Rio.

Vila Nova de Cerveira — Fernando Nogueira

A matemática é quase repetitiva: uma zanga com o partido, uma dissidência, uma vitória. Neste caso, o filme passou-se em Vila Nova de Cerveira: em 2013, João Nogueira, que foi vice da Câmara pelo PS durante 15 anos, foi a votos nas eleições diretas para escolher o candidato para essas autárquicas. Perdeu internamente, mas manteve as intenções de se candidatar. Como candidato do movimento independente Pensar Cerveira, conseguiu mesmo conquistar a Câmara.

Neste domingo, repetiu a façanha: voltou a ganhar Vila Nova de Cerveira, deixando o seu antigo partido para trás, com menos 15 pontos.

São João da Pesqueira — Manuel Cordeiro

À segunda foi de vez: o advogado Manuel Cordeiro já se tinha candidatado à presidência da Câmara de São João da Pesqueira pelo movimento independente Pela Nossa Terra em 2013, mas desta vez conseguiu mesmo roubar a Câmara ao PSD, numa candidatura que contou com o apoio do PS e do CDS.

Ribeira Brava — Ricardo Nascimento

O presidente mantém-se, o partido é que não. Ricardo Nascimento foi autarca da Ribeira Brava durante este mandato, eleito pelo PSD. No entanto, quando o partido preferiu candidatar a estas eleições Nivalda Gonçalves, Nascimento incompatibilizou-se com o PSD e decidiu avançar com uma candidatura pelo movimento Ribeira Brava em Primeiro. Este domingo, a aposta provou ser vencedora.

São Vicente — José Garcês

Em 2013, José Garcês, ex-militante do PSD, conseguiu roubar o concelho de São Vicente, tradicionalmente social-democrata, com um resultado estrondoso: conseguiu 65% dos votos. Este domingo repetiu o feito, de novo à frente do movimento Unidos Por São Vicente, e com o apoio do PSD, CDS e PPM.

Calheta — Décio Pereira

O atual autarca de Calheta, líder do movimento Dar Mais Vida à Calheta, conseguiu a reeleição com um resultado expressivo: 62,5% dos votos. O principal adversário no município açoriano foi outro independente, Victor Fernandes, que com o Movimento Renascer conquistou 15,3% do eleitorado. Só depois veio o PSD, em terceiro lugar.

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