Vice-primeiro-ministro fez discurso que marca a rutura total com o futuro Governo do PS: “Não seremos cúmplices”. Paulo Portas prevê a “pressão explosiva” do PCP e do BE e a queda de António Costa às mãos dos parceiros. “Terá de resolver os seus problemas com a frente dos perdedores”. A “geringonça”, como lhe chamou o líder centrista
Com o Governo a horas de ser chumbado e António Costa com caminho aberto à esquerda para poder chegar a primeiro-ministro, Paulo Portas falou em nome do Governo – e sobretudo, da futura oposição – para garantir que do PSD e do CDS não haverá qualquer abertura para dar a mão aos socialistas. Costa “escolheu os seus companheiros” e sempre que precisar de apoio, terá de o procurar à esquerda. Da direita terá apenas “impassível coerência” e oposição.
“Se mais à frente se vir aflito, se não conseguir gerir a pressão explosiva – e podem crer que será explosiva – da demagogia em competição do BE e do PCP por um lado, e do realismo de Bruxelas por outro, não venha depois pedir socorro”, avisou o número dois do Governo.
“Não seremos cúmplices”, prometeu Portas, discursando na qualidade de vice-primeiro-ministro. E invocou, para fechar essa porta, a razão que tem estado no centro de todo o debate: a legitimidade. “Escolheu o caminho do que é matematicamente possível, formalmente constitucional mas politicamente ilegítimo”, disse Portas, que foi sendo muito aplaudido pelas bancadas da coligação. “Escolheu também os seus companheiros de viagem. Se esse caminho prevalecer, conte apenas com a nossa coerência.”
“A geringonça”
Do PSD e do CDS não haverá qualquer colaboração com aquilo a que Paulo Portas chamou “a frente de esquerda” ou “a geringonça” – uma expressão pedida de empréstimo de um texto de Vasco Pulido Valente e que deixou os deputados da direita à beira do delírio. Uma “geringonça” que não propõe mais do que “uma bebedeira de medidas. E as bebedeiras têm um problema, a ressaca”.
Portas frisou, uma e outra vez, a rutura da coligação com a “geringonça”: António Costa “será, se o conseguir ser, um primeiro-ministro politicamente ilegítimo. Mas é tamanha a irresponsabilidade do que está a fazer que terá de resolver os seus problemas com a frente dos perdedores”.
Uma atitude que levou Carlos César, logo depois, a questionar Portas: “Como podem dizer que se o Governo estiver em dificuldades não venham cá pedir socorro? É como quem diz ou estamos no Governo ou vai tudo abaixo”, acusou o líder parlamentar socialista.
César apontou ainda a Portas a falta de memória, lembrando-lhe as tensões que existiram ao longo de quatro anos na coligação. Isto, porque o vice-primeiro-ministro havia prognosticado a queda de António Costa pela mão dos mesmos que agora o apoiam. “De tão alto cairá como a tão alto se quis guindar sem que para tal o povo o elevasse. É até possível que isto suceda pela mãos dos que os ajudaram, perante a impassível coerência dos que agora ganharam as eleições”, tinha dito Portas, antecipando um futuro em que Portugal ficará “à mercê das reuniões do PCP na Soeiro Pereira Gomes”.
Daí a réplica de Carlos César: “A espera pela decisão do Comité Central do PCP provocou menos prejuízo do que a sua pressão quando estava no Governo”. Portas reconheceu as dificuldades que existiram, lembrou que foram superadas e a coligação “orgulha-se de ter recebido o voto maioritário do povo português, frase que vocês não podem dizer”. E deixou o desafio: “Da próxima vez, candidatamo-nos como coligação e candidatem-se vocês em frente de esquerda. E vamos ver quem ganha.”
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Vice-primeiro-ministro fez discurso que marca a rutura total com o futuro Governo do PS: “Não seremos cúmplices”. Paulo Portas prevê a “pressão explosiva” do PCP e do BE e a queda de António Costa às mãos dos parceiros. “Terá de resolver os seus problemas com a frente dos perdedores”. A “geringonça”, como lhe chamou o líder centrista
Com o Governo a horas de ser chumbado e António Costa com caminho aberto à esquerda para poder chegar a primeiro-ministro, Paulo Portas falou em nome do Governo – e sobretudo, da futura oposição – para garantir que do PSD e do CDS não haverá qualquer abertura para dar a mão aos socialistas. Costa “escolheu os seus companheiros” e sempre que precisar de apoio, terá de o procurar à esquerda. Da direita terá apenas “impassível coerência” e oposição.
“Se mais à frente se vir aflito, se não conseguir gerir a pressão explosiva – e podem crer que será explosiva – da demagogia em competição do BE e do PCP por um lado, e do realismo de Bruxelas por outro, não venha depois pedir socorro”, avisou o número dois do Governo.
“Não seremos cúmplices”, prometeu Portas, discursando na qualidade de vice-primeiro-ministro. E invocou, para fechar essa porta, a razão que tem estado no centro de todo o debate: a legitimidade. “Escolheu o caminho do que é matematicamente possível, formalmente constitucional mas politicamente ilegítimo”, disse Portas, que foi sendo muito aplaudido pelas bancadas da coligação. “Escolheu também os seus companheiros de viagem. Se esse caminho prevalecer, conte apenas com a nossa coerência.”
“A geringonça”
Do PSD e do CDS não haverá qualquer colaboração com aquilo a que Paulo Portas chamou “a frente de esquerda” ou “a geringonça” – uma expressão pedida de empréstimo de um texto de Vasco Pulido Valente e que deixou os deputados da direita à beira do delírio. Uma “geringonça” que não propõe mais do que “uma bebedeira de medidas. E as bebedeiras têm um problema, a ressaca”.
Portas frisou, uma e outra vez, a rutura da coligação com a “geringonça”: António Costa “será, se o conseguir ser, um primeiro-ministro politicamente ilegítimo. Mas é tamanha a irresponsabilidade do que está a fazer que terá de resolver os seus problemas com a frente dos perdedores”.
Uma atitude que levou Carlos César, logo depois, a questionar Portas: “Como podem dizer que se o Governo estiver em dificuldades não venham cá pedir socorro? É como quem diz ou estamos no Governo ou vai tudo abaixo”, acusou o líder parlamentar socialista.
César apontou ainda a Portas a falta de memória, lembrando-lhe as tensões que existiram ao longo de quatro anos na coligação. Isto, porque o vice-primeiro-ministro havia prognosticado a queda de António Costa pela mão dos mesmos que agora o apoiam. “De tão alto cairá como a tão alto se quis guindar sem que para tal o povo o elevasse. É até possível que isto suceda pela mãos dos que os ajudaram, perante a impassível coerência dos que agora ganharam as eleições”, tinha dito Portas, antecipando um futuro em que Portugal ficará “à mercê das reuniões do PCP na Soeiro Pereira Gomes”.
Daí a réplica de Carlos César: “A espera pela decisão do Comité Central do PCP provocou menos prejuízo do que a sua pressão quando estava no Governo”. Portas reconheceu as dificuldades que existiram, lembrou que foram superadas e a coligação “orgulha-se de ter recebido o voto maioritário do povo português, frase que vocês não podem dizer”. E deixou o desafio: “Da próxima vez, candidatamo-nos como coligação e candidatem-se vocês em frente de esquerda. E vamos ver quem ganha.”