Tancos. Por "lapso", não houve rondas durante cerca de 20 horas

28-01-2019
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As instalações estavam visivelmente degradadas; as redes estavam “corroídas” e as fechaduras em mau estado; o pára-raios não funcionava; havia quem pensasse que o tempo de serviço ali prestado servia para “dormir”; e passou-se, pelo menos naquele dia 27 de junho, “demasiado tempo” entre rondas para vigiar as instalações onde se situavam os paióis. É este o retrato que fica sobre a situação em Tancos, à data do desaparecimento do material de guerra, no rescaldo de uma audição ao responsável pela segurança das paióis naquela altura.

O coronel João Paulo Almeida, que esteve entre 12 de junho e 12 de julho de 2017 como responsável por assegurar as condições de segurança, começou por reconhecer que era evidente desde a sua tomada de posse, um ano antes, o mau estado das instalações. “A vedação interior e exterior estava degradada em vários pontos”, reconheceu, sublinhando que “aspetos físicos”, que incluíam ainda a degradação das torres de vigilância ou o mau estado das fechaduras, que “eram o alvo de preocupação principal” já nessa altura.

Não era o único problema: vários deputados, nomeadamente António Carlos Monteiro (CDS), Carlos Abreu Amorim (PSD) e Jorge Machado (PCP) tentaram demonstrar que teria passado muito tempo entre as rondas de vigilância que deveriam ser feitas para garantir a segurança do material militar. Os relatórios enviados pelo Exército indicam, aliás, que só estariam presentes seis dos oito elementos que deveriam estar disponíveis para esse efeito, tendo alguns dos militares interrogados posteriormente declarado que pensavam que aquele serviço lhes serviria para “dormir”. O coronel acabou, já avançada a audição, por admitir que houve “um lapso de [cerca de] vinte horas” entre rondas. É demasiado tempo? “É”, confirmou simplesmente. Acrescentou apenas que a indicação dada aos militares não era de um número de rondas específico por dia - apenas que fizessem o “máximo possível”.

O oficial foi questionado, especialmente por Jorge Machado, sobre as ilações e consequências a retirar: o deputado defendeu que, dado o estado das instalações, se deveria ter anteriormente procedido ao encerramento dos paióis de Tancos, mas também que deveriam ter “rolado cabeças” a altos níveis no Exército, questionando “como é possível que as punições tenham ficado pelo sargento e pela praça”.

O coronel pouco explicou, apesar de ter lamentado o incidente. Também foram escassas as explicações que deu sobre a sua exoneração, que aconteceu por decisão do anterior Chefe do Estado-Maior do Exército (CEME), Rovisco Duarte, apenas para meses depois ser nomeado para uma promoção a general. Mas admitiu a “estranheza” por o anterior ministro da Defesa, Azeredo Lopes, ter chegado a dizer que, “no limite”, poderia não ter havido nenhum roubo ou furto de armas, tendo Carlos Abreu Amorim argumentado que o processo que se seguiu ao roubo, nomeadamente no que toca a responsabilidades políticas, foi “quase tão grave como o roubo em si mesmo”.

Mesmo depois de constatadas as várias falhas de segurança, tanto físicas como humanas, o coronel acabou por dizer não ser possível estabelecer uma correlação entre essas condicionantes e o desaparecimento das armas. A fazer lembrar declarações do atual CEME, Nunes da Fonseca, que esta quarta-feira disse mesmo também no Parlamento que o roubo, ou “intrusão”, se deveu a um... “alinhamento dos astros”.

As instalações estavam visivelmente degradadas; as redes estavam “corroídas” e as fechaduras em mau estado; o pára-raios não funcionava; havia quem pensasse que o tempo de serviço ali prestado servia para “dormir”; e passou-se, pelo menos naquele dia 27 de junho, “demasiado tempo” entre rondas para vigiar as instalações onde se situavam os paióis. É este o retrato que fica sobre a situação em Tancos, à data do desaparecimento do material de guerra, no rescaldo de uma audição ao responsável pela segurança das paióis naquela altura.

O coronel João Paulo Almeida, que esteve entre 12 de junho e 12 de julho de 2017 como responsável por assegurar as condições de segurança, começou por reconhecer que era evidente desde a sua tomada de posse, um ano antes, o mau estado das instalações. “A vedação interior e exterior estava degradada em vários pontos”, reconheceu, sublinhando que “aspetos físicos”, que incluíam ainda a degradação das torres de vigilância ou o mau estado das fechaduras, que “eram o alvo de preocupação principal” já nessa altura.

Não era o único problema: vários deputados, nomeadamente António Carlos Monteiro (CDS), Carlos Abreu Amorim (PSD) e Jorge Machado (PCP) tentaram demonstrar que teria passado muito tempo entre as rondas de vigilância que deveriam ser feitas para garantir a segurança do material militar. Os relatórios enviados pelo Exército indicam, aliás, que só estariam presentes seis dos oito elementos que deveriam estar disponíveis para esse efeito, tendo alguns dos militares interrogados posteriormente declarado que pensavam que aquele serviço lhes serviria para “dormir”. O coronel acabou, já avançada a audição, por admitir que houve “um lapso de [cerca de] vinte horas” entre rondas. É demasiado tempo? “É”, confirmou simplesmente. Acrescentou apenas que a indicação dada aos militares não era de um número de rondas específico por dia - apenas que fizessem o “máximo possível”.

O oficial foi questionado, especialmente por Jorge Machado, sobre as ilações e consequências a retirar: o deputado defendeu que, dado o estado das instalações, se deveria ter anteriormente procedido ao encerramento dos paióis de Tancos, mas também que deveriam ter “rolado cabeças” a altos níveis no Exército, questionando “como é possível que as punições tenham ficado pelo sargento e pela praça”.

O coronel pouco explicou, apesar de ter lamentado o incidente. Também foram escassas as explicações que deu sobre a sua exoneração, que aconteceu por decisão do anterior Chefe do Estado-Maior do Exército (CEME), Rovisco Duarte, apenas para meses depois ser nomeado para uma promoção a general. Mas admitiu a “estranheza” por o anterior ministro da Defesa, Azeredo Lopes, ter chegado a dizer que, “no limite”, poderia não ter havido nenhum roubo ou furto de armas, tendo Carlos Abreu Amorim argumentado que o processo que se seguiu ao roubo, nomeadamente no que toca a responsabilidades políticas, foi “quase tão grave como o roubo em si mesmo”.

Mesmo depois de constatadas as várias falhas de segurança, tanto físicas como humanas, o coronel acabou por dizer não ser possível estabelecer uma correlação entre essas condicionantes e o desaparecimento das armas. A fazer lembrar declarações do atual CEME, Nunes da Fonseca, que esta quarta-feira disse mesmo também no Parlamento que o roubo, ou “intrusão”, se deveu a um... “alinhamento dos astros”.

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