Capoulas Santos: “Queremos é produzir muito eucalipto em menos terreno”

21-03-2017
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Ao todo, são 12 diplomas que funcionarão como bases de uma reforma estrutural na floresta portuguesa. Conselho de Ministros vai reunir hoje para “dar o primeiro passo”

Chegou o Dia D para o “pacote florestal” que é “o primeiro passo de algo que vai decorrer durante décadas. No total, falamos de 12 diplomas, sendo que dois já estão em vigor”, referiu ao i o ministro da Agricultura Capoulas Santos. Os restantes são aprovados hoje em Conselho de Ministros.

Ao i, Capoulas Santos, ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, explica que cinco dos diplomas são da competência do governo e, por isso, devem entrar em vigor brevemente. Já os restantes vão para o parlamento, ainda que o responsável pela pasta considere que também deverão entrar em vigor “em tempo útil”.

Em vigor está já um diploma que visava reforçar a equipa e os apoios dos sapadores florestais. Mas existem outras prioridades na reforma que vai ser feita nos próximos anos. Capoulas Santos chama a atenção para o facto de, entre outras alterações, passar a existir cadastro. Sendo que existirá ainda “um banco de terras para onde irão os terrenos que não têm dono”. Outra das medidas que vai ser implementada tem a ver com o facto de os municípios passarem a poder dar autorização para plantações, mas também passarem a ter a obrigação de fiscalizar. “Foram feitas algumas críticas, mas a verdade é que existe floresta ilegal por todo o lado e é impossível o ministério controlar tudo. Assim passa a haver uma fiscalização local e as câmaras conseguem fazer isso”.

Ainda que esteja satisfeito com o resultado, não esconde que no centro da discussão esteve o tema dos eucaliptos. “Há quem ache que pode haver eucalipto em todo o lado e há quem ache que o eucalipto é um demónio”, esclarece ao i, acrescentando que este foi um dos principais problemas da discussão que se criou.

“Não vamos permitir que a área de eucalipto aumente. Mas há muito eucalipto onde não pode estar e há terrenos onde é possível produzir o dobro. O que queremos fazer é reorganizar tudo”, sublinha, sintetizando: “Queremos é produzir muito, em menos terreno”.

Para o responsável pela pasta da Agricultura, é importante ter em conta que “somos um país pequeno e o eucalipto já passou todas as outras espécies. Não podemos plantar, plantar, senão é um pasto de incêndio incontrolável”.

Reforma causa polémica O eucalipto foi o principal foco de polémica na discussão da “reforma da floresta”. A indústria não quis baixar os braços e atacou as mudanças que foram sendo anunciadas. Já o governo bateu o pé com o argumento de resposta às críticas feitas. O executivo de António Costa começou, desde cedo, a sustentar o travão no crescimento do eucalipto em Portugal com um diploma, com data de março de 2015 e assinado por Passos Coelho, que determina o congelamento até 2030 dos 812 hectares de povoamentos com eucalipto. Em resposta às críticas de produtores florestais e também da indústria, Capoulas Santos, ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, disse que o governo está “a respeitar e a cumprir a Estratégia Nacional para as Florestas”. A ideia é que, no futuro, as novas plantações de eucalipto apenas se possam realizar por substituição das zonas já plantadas.

Na raiz do problema está o facto de a indústria consumir, em Portugal, 8,5 milhões de metros cúbicos de madeira de eucalipto por ano, sendo necessário importar devido à insuficiência da floresta nacional - argumentos velhos que levaram a um novo problema: o setor quer aumentar a produção, mas nem todos concordam com este caminho que seja este o futuro da floresta nacional.

A Altri chegou mesmo a ameaçar travar os investimentos, se Portugal demonizasse o eucalipto e António Costa apressou-se a responder com uma linha de financiamento para subir a produtividade na floresta de eucalipto.

Paulo Fernandes aproveitou a assinatura de contratos no valor de 125 milhões de euros na Celbi e Celtejo para avisar o governo. “A simples proibição do plantio de determinada espécie de árvore, neste caso o eucalipto, preferindo que aí floresça mato, é a todos os títulos pouco recomendável”, atirou o empresário. No entanto, o combate à expansão da área de eucalipto foi a bandeira da negociação entre o PS e os Verdes.

Eucalipto é o rei da floresta O eucalipto é, sem sombra para grandes dúvidas, a espécie mais plantada em Portugal. No final de 2015, os números confirmavam que a aposta nesta árvores tem vindo a aumentar continuamente nos últimos anos.

Há muitos anos que a floresta se transformou num negócio e o que não faltam são produtores florestais que veem na plantação de eucaliptos uma verdadeira galinha dos ovos de ouro.

E, uma coisa é certa: o eucalipto é a espécie que ocupa mais área em toda a floresta portuguesa. E os números não enganam e o aumento da produção pode justificar-se muito com o rendimento económico a curto prazo.

Desde que em 2013 saiu o decreto lei 96/2013 com o Regime Jurídico das Ações de Arborização e Rearborização, a maioria dos projetos de arborização e rearborização apresentados dizem respeito ao eucalipto. Em 2015, os dados do Inventário Florestal Nacional mostravam que, entre 1995 e 2010, a plantação desta árvore registou um crescimento de 13%. Sendo que falamos da espécie dominante na floresta portuguesa, que tem como fim principal a produção de pasta de papel, ainda que muitos defendam que podem e devem ser explorados outros objetivos como, por exemplo, a utilidade farmacêutica.

A verdade é que não é só hoje em dia que a indústria da pasta e do papel tem no eucalipto a sua principal matéria-prima. Em parte é isto que faz com que a guerra em torno dos eucaliptos tenha durado tantos anos e se tenha arrastado até aos dias de hoje. Uns criticam o peso que os eucaliptos têm na paisagem florestal. O setor contesta.

Até porque, para alguns empresários desta indústria, tem sido importante relembrar que tem existido necessidade de importar matéria-prima, por não haver em número suficiente no país. As importações, em 2016, atingiram mesmo os 200 milhões de euros.

Ao todo, são 12 diplomas que funcionarão como bases de uma reforma estrutural na floresta portuguesa. Conselho de Ministros vai reunir hoje para “dar o primeiro passo”

Chegou o Dia D para o “pacote florestal” que é “o primeiro passo de algo que vai decorrer durante décadas. No total, falamos de 12 diplomas, sendo que dois já estão em vigor”, referiu ao i o ministro da Agricultura Capoulas Santos. Os restantes são aprovados hoje em Conselho de Ministros.

Ao i, Capoulas Santos, ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, explica que cinco dos diplomas são da competência do governo e, por isso, devem entrar em vigor brevemente. Já os restantes vão para o parlamento, ainda que o responsável pela pasta considere que também deverão entrar em vigor “em tempo útil”.

Em vigor está já um diploma que visava reforçar a equipa e os apoios dos sapadores florestais. Mas existem outras prioridades na reforma que vai ser feita nos próximos anos. Capoulas Santos chama a atenção para o facto de, entre outras alterações, passar a existir cadastro. Sendo que existirá ainda “um banco de terras para onde irão os terrenos que não têm dono”. Outra das medidas que vai ser implementada tem a ver com o facto de os municípios passarem a poder dar autorização para plantações, mas também passarem a ter a obrigação de fiscalizar. “Foram feitas algumas críticas, mas a verdade é que existe floresta ilegal por todo o lado e é impossível o ministério controlar tudo. Assim passa a haver uma fiscalização local e as câmaras conseguem fazer isso”.

Ainda que esteja satisfeito com o resultado, não esconde que no centro da discussão esteve o tema dos eucaliptos. “Há quem ache que pode haver eucalipto em todo o lado e há quem ache que o eucalipto é um demónio”, esclarece ao i, acrescentando que este foi um dos principais problemas da discussão que se criou.

“Não vamos permitir que a área de eucalipto aumente. Mas há muito eucalipto onde não pode estar e há terrenos onde é possível produzir o dobro. O que queremos fazer é reorganizar tudo”, sublinha, sintetizando: “Queremos é produzir muito, em menos terreno”.

Para o responsável pela pasta da Agricultura, é importante ter em conta que “somos um país pequeno e o eucalipto já passou todas as outras espécies. Não podemos plantar, plantar, senão é um pasto de incêndio incontrolável”.

Reforma causa polémica O eucalipto foi o principal foco de polémica na discussão da “reforma da floresta”. A indústria não quis baixar os braços e atacou as mudanças que foram sendo anunciadas. Já o governo bateu o pé com o argumento de resposta às críticas feitas. O executivo de António Costa começou, desde cedo, a sustentar o travão no crescimento do eucalipto em Portugal com um diploma, com data de março de 2015 e assinado por Passos Coelho, que determina o congelamento até 2030 dos 812 hectares de povoamentos com eucalipto. Em resposta às críticas de produtores florestais e também da indústria, Capoulas Santos, ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, disse que o governo está “a respeitar e a cumprir a Estratégia Nacional para as Florestas”. A ideia é que, no futuro, as novas plantações de eucalipto apenas se possam realizar por substituição das zonas já plantadas.

Na raiz do problema está o facto de a indústria consumir, em Portugal, 8,5 milhões de metros cúbicos de madeira de eucalipto por ano, sendo necessário importar devido à insuficiência da floresta nacional - argumentos velhos que levaram a um novo problema: o setor quer aumentar a produção, mas nem todos concordam com este caminho que seja este o futuro da floresta nacional.

A Altri chegou mesmo a ameaçar travar os investimentos, se Portugal demonizasse o eucalipto e António Costa apressou-se a responder com uma linha de financiamento para subir a produtividade na floresta de eucalipto.

Paulo Fernandes aproveitou a assinatura de contratos no valor de 125 milhões de euros na Celbi e Celtejo para avisar o governo. “A simples proibição do plantio de determinada espécie de árvore, neste caso o eucalipto, preferindo que aí floresça mato, é a todos os títulos pouco recomendável”, atirou o empresário. No entanto, o combate à expansão da área de eucalipto foi a bandeira da negociação entre o PS e os Verdes.

Eucalipto é o rei da floresta O eucalipto é, sem sombra para grandes dúvidas, a espécie mais plantada em Portugal. No final de 2015, os números confirmavam que a aposta nesta árvores tem vindo a aumentar continuamente nos últimos anos.

Há muitos anos que a floresta se transformou num negócio e o que não faltam são produtores florestais que veem na plantação de eucaliptos uma verdadeira galinha dos ovos de ouro.

E, uma coisa é certa: o eucalipto é a espécie que ocupa mais área em toda a floresta portuguesa. E os números não enganam e o aumento da produção pode justificar-se muito com o rendimento económico a curto prazo.

Desde que em 2013 saiu o decreto lei 96/2013 com o Regime Jurídico das Ações de Arborização e Rearborização, a maioria dos projetos de arborização e rearborização apresentados dizem respeito ao eucalipto. Em 2015, os dados do Inventário Florestal Nacional mostravam que, entre 1995 e 2010, a plantação desta árvore registou um crescimento de 13%. Sendo que falamos da espécie dominante na floresta portuguesa, que tem como fim principal a produção de pasta de papel, ainda que muitos defendam que podem e devem ser explorados outros objetivos como, por exemplo, a utilidade farmacêutica.

A verdade é que não é só hoje em dia que a indústria da pasta e do papel tem no eucalipto a sua principal matéria-prima. Em parte é isto que faz com que a guerra em torno dos eucaliptos tenha durado tantos anos e se tenha arrastado até aos dias de hoje. Uns criticam o peso que os eucaliptos têm na paisagem florestal. O setor contesta.

Até porque, para alguns empresários desta indústria, tem sido importante relembrar que tem existido necessidade de importar matéria-prima, por não haver em número suficiente no país. As importações, em 2016, atingiram mesmo os 200 milhões de euros.

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