“Populismo” e “autoflagelação”: familygate e transparência aquecem o Parlamento

10-07-2019
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Política“Populismo” e “autoflagelação”: familygate e transparência aquecem o Parlamento 04-07-2019Temas da transparência levaram a acusações de demagogia entre os deputados. PS e Governo mereceram ataques de quase todas as bancadas graças à proposta para resolver casos como o familygateMariana Lima CunhaForam três anos de trabalhos, mais uns quantos adiamentos e suspensões. Esta quinta-feira, a discussão subiu a plenário: é a reta finalíssima da Comissão da Transparência que, enquanto durou, se viu a braços com sucessivas polémicas sobre o comportamento dos políticos. E aqueceu, com vários partidos a acusarem-se mutuamente de “populismo” e “demagogia” ou até a considerarem as medidas aprovadas uma forma de “autoflagelação” dos deputados. Na ementa parlamentar desta tarde, estava a discussão de vários projetos polémicos que tinham a ver com transparência. A começar pela proposta do PS que impede a nomeação de familiares até ao quarto grau, para resolver a controvérsia do familygate, e a terminar nas novas regras para os subsídios dos deputados, em resposta aos casos de falsas moradas ou subsídios recebidos em duplicado - passando ainda pela criação da Entidade da Transparência. O familygate foi o primeiro ponto em que os ânimos aqueceram, com o PSD a acusar o Governo de ser “talvez o maior responsável neste momento pelo clima de forte descrédito sobre governantes e políticos, a que não conseguiu dar resposta” - que “atirou” para o Parlamento - e a rematar: “O Governo continua a não fazer parte da solução e faz parte do problema”, acusou o social-democrata Paulo Rios. Isto porque o PS, e não o Executivo, apresentou a proposta que impede a nomeação de familiares até quarto grau em gabinetes políticos. Mas o problema, apontou o PSD, são as nomeações cruzadas e não as diretas, pelo que a questão não fica resolvida. Também o CDS criticou a solução, que disse ser produto da “desfaçatez” do Governo, ironizando: “Já agora, e os amigos - mais e menos generosos?”. Isto por entre uma crítica geral ao trabalho da Comissão da Transparência, uma vez que, segundo o centrista António Carlos Monteiro, o que sobra ao fim de três anos é “profundamente desanimador”, um “conjunto de remendos” que aconteceu porque se “legislou a reboque de casos concretos”, numa “constante fuga em frente". Foi isto, defende o CDS, o que aconteceu na Entidade da Transparência: uma proposta do Bloco de Esquerda depois acompanhada por PS e PSD, que tanto CDS como PCP rejeitam (a ideia é que este organismo, a funcionar junto do Tribunal Constitucional, sirva para fiscalizar as declarações de rendimentos e património dos políticos). Foi assim descrita pelo deputado: “Uma espécie de polícia dos políticos que tem riscos constitucionais. O primeiro é a descaracterização do TC [um argumento usado esta semana pelo presidente do tribunal, Costa Andrade, em audição no Parlamento]. Não há remendo que possa salvar tão mau pano”. Por entre ataques sobre “legislar a falta de bom senso e a falta de ética”, uma prática “reveladora da má consciência dos proponentes” - que, rematou o CDS, “acaba por acelerar os populismos em vez de os combater” -, o PS acabou por desafiar o partido a apresentar propostas próprias sobre estes temas. E devolveu as acusações de “demagogia e populismo”. À esquerda, a "autoflagelação" Mas os ataques não vieram apenas da direita. No Bloco, também houve críticas à proposta do PS para resolver o familygate, ou uma proposta “do PS para correr atrás do prejuízo das suas próprias escolhas” - e uma promessa de disponibilidade para melhorar a sua proposta da Entidade da Transparência, de criação “fundamental”: “Só quem não quer fiscalização a fundo das obrigações declarativas é que pode achar que o que hoje existe chega para tudo”. Já o PCP, que também era contra a criação da mesma entidade - “tem tudo para dar errado”, defendeu o deputado Jorge Machado - atacou de frente a ideia: “Anima o preconceito contra toda a classe política. A fiscalização será uma miragem, porque não haverá condições para acompanhar tantas declarações”.Sobre o código de conduta que se aplicará aos deputados, ainda mais ataques: “É um exercício de autoflagelação da Assembleia da República que não se compreende”. Da agenda faziam ainda parte a discussão das novas regras para os abonos dos deputados - com o BE a dizer que quer ir mais longe na próxima legislatura, tributando mais esses rendimentos - e as propostas do deputado não inscrito Paulo Trigo Pereira para os processos de nomeação de dirigentes na administração pública e a avaliação da Cresap. Essas medidas, como o próprio anunciou, baixarão sem votação à especialidade para tentar um consenso entre os partidos.RelacionadosPresidente do Constitucional alerta para “perigo de descaracterização" do Tribunal02-07-2019Mariana Lima CunhaPS volta a impor aos seus candidatos a deputados assinatura de um código de ética27-06-2019LusaÚltimasPSD, CDS e PS inviabilizam proposta do BE para alargar ao privado dispensa dos pais no primeiro dia de aulasHá 11 minutosLusaMais antigo 'Homo sapiens' não africano tem 210 mil anos e é gregoHá 16 minutosLusaO último carocha sai hoje da fábricaHá 27 minutosLuís M. FariaAeroporto londrino de Gatwick suspende todos os voos por “problema de controlo do tráfego aéreo”Há 39 minutosLusaO estado da nação? É de campanha eleitoral (oito retratos do debate final)Há 46 minutosDavid DinisCâmara do Porto suspende arrendamentos de curta duração em zonas onde a pressão do AL é igual ou superior a 50%Há uma horaIsabel PauloConcessão Douro Litoral. Tribunal dá razão aos fundos credores16:07Abílio FerreiraUma juíza não pode forçar outra mulher a abortar16:03Henrique RaposoPortugal vai atrair mais de 1000 milhões de euros de fundos europeus para a ciência até 202016:03Virgílio AzevedoControlar a corrupção em Portugal – o que nos tem dito o GRECO?16:03António João Maia

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A começar pela proposta do PS que impede a nomeação de familiares até ao quarto grau, para resolver a controvérsia do familygate, e a terminar nas novas regras para os subsídios dos deputados, em resposta aos casos de falsas moradas ou subsídios recebidos em duplicado - passando ainda pela criação da Entidade da Transparência. O familygate foi o primeiro ponto em que os ânimos aqueceram, com o PSD a acusar o Governo de ser “talvez o maior responsável neste momento pelo clima de forte descrédito sobre governantes e políticos, a que não conseguiu dar resposta” - que “atirou” para o Parlamento - e a rematar: “O Governo continua a não fazer parte da solução e faz parte do problema”, acusou o social-democrata Paulo Rios. Isto porque o PS, e não o Executivo, apresentou a proposta que impede a nomeação de familiares até quarto grau em gabinetes políticos. Mas o problema, apontou o PSD, são as nomeações cruzadas e não as diretas, pelo que a questão não fica resolvida. Também o CDS criticou a solução, que disse ser produto da “desfaçatez” do Governo, ironizando: “Já agora, e os amigos - mais e menos generosos?”. Isto por entre uma crítica geral ao trabalho da Comissão da Transparência, uma vez que, segundo o centrista António Carlos Monteiro, o que sobra ao fim de três anos é “profundamente desanimador”, um “conjunto de remendos” que aconteceu porque se “legislou a reboque de casos concretos”, numa “constante fuga em frente". Foi isto, defende o CDS, o que aconteceu na Entidade da Transparência: uma proposta do Bloco de Esquerda depois acompanhada por PS e PSD, que tanto CDS como PCP rejeitam (a ideia é que este organismo, a funcionar junto do Tribunal Constitucional, sirva para fiscalizar as declarações de rendimentos e património dos políticos). Foi assim descrita pelo deputado: “Uma espécie de polícia dos políticos que tem riscos constitucionais. O primeiro é a descaracterização do TC [um argumento usado esta semana pelo presidente do tribunal, Costa Andrade, em audição no Parlamento]. Não há remendo que possa salvar tão mau pano”. Por entre ataques sobre “legislar a falta de bom senso e a falta de ética”, uma prática “reveladora da má consciência dos proponentes” - que, rematou o CDS, “acaba por acelerar os populismos em vez de os combater” -, o PS acabou por desafiar o partido a apresentar propostas próprias sobre estes temas. E devolveu as acusações de “demagogia e populismo”. À esquerda, a "autoflagelação" Mas os ataques não vieram apenas da direita. No Bloco, também houve críticas à proposta do PS para resolver o familygate, ou uma proposta “do PS para correr atrás do prejuízo das suas próprias escolhas” - e uma promessa de disponibilidade para melhorar a sua proposta da Entidade da Transparência, de criação “fundamental”: “Só quem não quer fiscalização a fundo das obrigações declarativas é que pode achar que o que hoje existe chega para tudo”. Já o PCP, que também era contra a criação da mesma entidade - “tem tudo para dar errado”, defendeu o deputado Jorge Machado - atacou de frente a ideia: “Anima o preconceito contra toda a classe política. A fiscalização será uma miragem, porque não haverá condições para acompanhar tantas declarações”.Sobre o código de conduta que se aplicará aos deputados, ainda mais ataques: “É um exercício de autoflagelação da Assembleia da República que não se compreende”. Da agenda faziam ainda parte a discussão das novas regras para os abonos dos deputados - com o BE a dizer que quer ir mais longe na próxima legislatura, tributando mais esses rendimentos - e as propostas do deputado não inscrito Paulo Trigo Pereira para os processos de nomeação de dirigentes na administração pública e a avaliação da Cresap. Essas medidas, como o próprio anunciou, baixarão sem votação à especialidade para tentar um consenso entre os partidos.RelacionadosPresidente do Constitucional alerta para “perigo de descaracterização" do Tribunal02-07-2019Mariana Lima CunhaPS volta a impor aos seus candidatos a deputados assinatura de um código de ética27-06-2019LusaÚltimasPSD, CDS e PS inviabilizam proposta do BE para alargar ao privado dispensa dos pais no primeiro dia de aulasHá 11 minutosLusaMais antigo 'Homo sapiens' não africano tem 210 mil anos e é gregoHá 16 minutosLusaO último carocha sai hoje da fábricaHá 27 minutosLuís M. 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