Não foi a primeira vez e, se tudo continuar como está, não terá sido a última que a banda do Exército marcará presença nas comemorações do Dia da Venezuela em Lisboa, que este ano decorreram a 5 de julho na Avenida da Liberdade. Contactado pelo Expresso, o porta-voz do Exército explica que “não havendo quaisquer restrições ao cordial relacionamento entre Portugal e a Venezuela”, a banda limitou-se a aceitar um “convite da embaixada em Lisboa para tocar os hinos dos dois países naquela cerimónia”.
“Não foi a primeira vez que nos pediram para participar nas comemorações do Dia da Venezuela”, acrescenta o tenente-coronel Vicente Pereira, para logo sublinhar que “o Exército não tem qualquer indicação de que tenha havido alguma alteração das relações cordiais entre os dois países”.
Segundo Vicente Pereira, a banda do Exército tem uma agenda muito carregada. “Todos os fins de semana toca em algum lado, em resposta a solicitações, sobretudo da Liga dos Combatentes mas também de autarquias e de outras entidades. Estão especialmente habilitados para tocar os hinos e fazem-no, cumprindo o estipulado no protocolo do Estado”, conta ainda o porta-voz do Exército.
A atuação da banda do Exército não passou ao lado da audição ao ministro da Defesa do sobre o furto de material de guerra em Tancos, na passada sexta-feira no Parlamento. Já no final do encontro, António Carlos Monteiro, do CDS-PP, questionou Azeredo Lopes sobre a atuação da banda do Exército “numa manifestação de apoio à ditadura venezuelana organizada por uma candidata autárquica do PCP”. “Convinha o senhor ministro apurar o que se está a passar”, sugeriu o deputado centrista, que declarou ter lido a notícia no “Diário de Notícias”.
Antes de Azeredo Lopes poder responder, o deputado comunista Jorge Machado apressou-se a esclarecer os presentes: “A manifestação não foi organizada pelo PCP mas sim pelo Conselho Português para a Paz e Cooperação. É falsa a informação aqui transmitida. E já agora perguntava ao senhor ministro se a banda toucou mal ou tocou bem porque não tive oportunidade de estar na manifestação”, ironizou.
Quando tomou da palavra, o ministro da Defesa começou por dizer ao deputado centrista que nada sabia. “Ignorava completamente que a banda do Exército tivesse tocado nas circunstâncias que referiu, mas também lhe digo, senhor deputado: cuidado! Não está à espera, com certeza, que eu comece a controlar a banda da banda do Exército.”
E prosseguiu em tom irónico: “Posso pedir ao senhor secretário de Estado [Marcos Perestrello], que me assessora, que vá ver a agenda. Se calhar chegávamos a conclusões interessantes sobre os sítios onde a banda toca e sobre as relações inacreditáveis que estabelece entre uma atuação da banda do Exército, com que posso concordar ou não como cidadão, mas era o que faltava que viesse fazer censura ou vistoria prévia à banda”.
Mas Azeredo Lopes não se ficou por aqui e num registo bem mais grave acrescentou: “Quanto à instrumentalização do Exército, espero que o senhor deputado não esteja a estabelecer uma relação entre o senhor general CEME [Chefe do Estado-Maior do Exército, Rovisco Duarte] e os sítios onde a banda toca. Porque se referiu as duas coisas numa altura em que estamos a falar de um facto tão grave [furto de material de guerra em Tancos], nenhum de nós, com certeza, quer cometer o erro capital de insinuar qualquer instrumentalização das Forças Armadas. Esse seria um suicídio institucional que nenhum de nós quer cometer.”
Mas, afinal, o que dizia a notícia citada por António Carlos Monteiro? Em bom rigor, não se trata de uma notícia do “Diário de Notícias” mas da agência Lusa publicada a meio da tarde de 5 de julho com o título: “200 manifestam apoio à Venezuela em Lisboa, cartaz ‘pela liberdade’ gera incidente”.
Sobre a presença da banda do Exército junto à estátua de Simon Bolívar, na Avenida da Liberdade, o repórter conta apenas que, “terminado o ato protocolar” que antecedeu o protesto durante o qual discursou o embaixador da Venezuela em Lisboa, Lucas Rincón Romero, “participaram representantes da Câmara Municipal de Lisboa e a Banda do Exército, que tocou os hinos nacionais dos dois países. Após os hinos, e enquanto as entidades oficiais e a banda abandonavam o local, os manifestantes gritaram palavras de ordem como ‘Venezuela vencerá’ e ‘Viva Maduro’.”
Na “ação de solidariedade com o povo da Venezuela” que se seguiu, organizada pelo Conselho Português para a Paz e Cooperação, esteve presente a presidente do CPPC e candidata comunista à Câmara Municipal do Porto Ilda Figueiredo e o líder parlamentar do Partido Comunista Português (PCP), João Oliveira.
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Não foi a primeira vez e, se tudo continuar como está, não terá sido a última que a banda do Exército marcará presença nas comemorações do Dia da Venezuela em Lisboa, que este ano decorreram a 5 de julho na Avenida da Liberdade. Contactado pelo Expresso, o porta-voz do Exército explica que “não havendo quaisquer restrições ao cordial relacionamento entre Portugal e a Venezuela”, a banda limitou-se a aceitar um “convite da embaixada em Lisboa para tocar os hinos dos dois países naquela cerimónia”.
“Não foi a primeira vez que nos pediram para participar nas comemorações do Dia da Venezuela”, acrescenta o tenente-coronel Vicente Pereira, para logo sublinhar que “o Exército não tem qualquer indicação de que tenha havido alguma alteração das relações cordiais entre os dois países”.
Segundo Vicente Pereira, a banda do Exército tem uma agenda muito carregada. “Todos os fins de semana toca em algum lado, em resposta a solicitações, sobretudo da Liga dos Combatentes mas também de autarquias e de outras entidades. Estão especialmente habilitados para tocar os hinos e fazem-no, cumprindo o estipulado no protocolo do Estado”, conta ainda o porta-voz do Exército.
A atuação da banda do Exército não passou ao lado da audição ao ministro da Defesa do sobre o furto de material de guerra em Tancos, na passada sexta-feira no Parlamento. Já no final do encontro, António Carlos Monteiro, do CDS-PP, questionou Azeredo Lopes sobre a atuação da banda do Exército “numa manifestação de apoio à ditadura venezuelana organizada por uma candidata autárquica do PCP”. “Convinha o senhor ministro apurar o que se está a passar”, sugeriu o deputado centrista, que declarou ter lido a notícia no “Diário de Notícias”.
Antes de Azeredo Lopes poder responder, o deputado comunista Jorge Machado apressou-se a esclarecer os presentes: “A manifestação não foi organizada pelo PCP mas sim pelo Conselho Português para a Paz e Cooperação. É falsa a informação aqui transmitida. E já agora perguntava ao senhor ministro se a banda toucou mal ou tocou bem porque não tive oportunidade de estar na manifestação”, ironizou.
Quando tomou da palavra, o ministro da Defesa começou por dizer ao deputado centrista que nada sabia. “Ignorava completamente que a banda do Exército tivesse tocado nas circunstâncias que referiu, mas também lhe digo, senhor deputado: cuidado! Não está à espera, com certeza, que eu comece a controlar a banda da banda do Exército.”
E prosseguiu em tom irónico: “Posso pedir ao senhor secretário de Estado [Marcos Perestrello], que me assessora, que vá ver a agenda. Se calhar chegávamos a conclusões interessantes sobre os sítios onde a banda toca e sobre as relações inacreditáveis que estabelece entre uma atuação da banda do Exército, com que posso concordar ou não como cidadão, mas era o que faltava que viesse fazer censura ou vistoria prévia à banda”.
Mas Azeredo Lopes não se ficou por aqui e num registo bem mais grave acrescentou: “Quanto à instrumentalização do Exército, espero que o senhor deputado não esteja a estabelecer uma relação entre o senhor general CEME [Chefe do Estado-Maior do Exército, Rovisco Duarte] e os sítios onde a banda toca. Porque se referiu as duas coisas numa altura em que estamos a falar de um facto tão grave [furto de material de guerra em Tancos], nenhum de nós, com certeza, quer cometer o erro capital de insinuar qualquer instrumentalização das Forças Armadas. Esse seria um suicídio institucional que nenhum de nós quer cometer.”
Mas, afinal, o que dizia a notícia citada por António Carlos Monteiro? Em bom rigor, não se trata de uma notícia do “Diário de Notícias” mas da agência Lusa publicada a meio da tarde de 5 de julho com o título: “200 manifestam apoio à Venezuela em Lisboa, cartaz ‘pela liberdade’ gera incidente”.
Sobre a presença da banda do Exército junto à estátua de Simon Bolívar, na Avenida da Liberdade, o repórter conta apenas que, “terminado o ato protocolar” que antecedeu o protesto durante o qual discursou o embaixador da Venezuela em Lisboa, Lucas Rincón Romero, “participaram representantes da Câmara Municipal de Lisboa e a Banda do Exército, que tocou os hinos nacionais dos dois países. Após os hinos, e enquanto as entidades oficiais e a banda abandonavam o local, os manifestantes gritaram palavras de ordem como ‘Venezuela vencerá’ e ‘Viva Maduro’.”
Na “ação de solidariedade com o povo da Venezuela” que se seguiu, organizada pelo Conselho Português para a Paz e Cooperação, esteve presente a presidente do CPPC e candidata comunista à Câmara Municipal do Porto Ilda Figueiredo e o líder parlamentar do Partido Comunista Português (PCP), João Oliveira.