A situação política e a excursão do PR às Ilhas Selvagens

07-06-2019
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Dizer que Cavaco Silva não tem o perfil para PR é um truísmo banal tautologicamente demonstrado. Apontar-lhe a débil formação democrática e as insuficiências culturais é uma reincidência gratuita. O que é importante, aliado ao que se conhece do seu passado e, sobretudo, ao que se desconhece, é analisar a situação política a que conduziu o País.

É surpreendente a excursão às Ilhas Selvagens enquanto a situação política apodrece e a solução não pode surgir do quadro que ele próprio complicou. Deixemos aos psicólogos a análise comportamental do timoneiro do naufrágio nacional que acelerou.

Na confusa e hermética comunicação ao País emudeceu os partidos da coligação que apadrinhou no segundo mandato, depois de um discurso de vitória, em que exonerou o sentido de Estado, para exprimir o ódio e ressentimento que nutria pelo líder do PS.

Face ao descalabro a que, com a sua cumplicidade, o Governo conduziu Portugal,  quis comprometer o PS na delirante proposta em que humilha Paulo Portas, após o pedido de demissão irrevogável, obrigando-o a voltar ao Governo, convicto de que seria primeiro-ministro de facto; humilha Passos Coelho ao ignorar a remodelação que lhe apresentou; humilha o Governo fingindo não ter lido o documento importantíssimo – a carta em que o ministro Gaspar se demite afirmando o fracasso da sua política e a falta de liderança do Governo –, documento que desfaz a coligação e dá o pretexto a Portas para a traição que preparara, enquanto encenou a caricata posse de uma nova ministra das Finanças. E humilha o País, com um Governo a prazo, sem capacidade para cumprir a legislatura, o que apressa a sua desintegração e o desacredita perante as instâncias internacionais.

Tudo o que o PR podia fazer mal, fez pior e da pior maneira, ilustrando a lei de Murphy.

Cavaco conseguiu sozinho pôr em causa a liderança do PS, PSD e CDS enquanto o PCP começa a pensar substituir Jerónimo de Sousa que não se conteve a exibir  a sua prótese eleitoral – Os Verdes –, como instrumento para a infeliz moção de censura ao Governo.

Num país com o Governo e a maioria desfeitos, sem um PR respeitado, só faltava a este, no seu estertor, instabilizar os partidos e abrir neles a sucessão para novos líderes. Seria excelente se as condições políticas, económicas e sociais fossem outras.

Que melhor altura para ir às Ilhas Selvagens interpretar a mensagem das cagarras?

Ponte Europa / Sorumbático

Dizer que Cavaco Silva não tem o perfil para PR é um truísmo banal tautologicamente demonstrado. Apontar-lhe a débil formação democrática e as insuficiências culturais é uma reincidência gratuita. O que é importante, aliado ao que se conhece do seu passado e, sobretudo, ao que se desconhece, é analisar a situação política a que conduziu o País.

É surpreendente a excursão às Ilhas Selvagens enquanto a situação política apodrece e a solução não pode surgir do quadro que ele próprio complicou. Deixemos aos psicólogos a análise comportamental do timoneiro do naufrágio nacional que acelerou.

Na confusa e hermética comunicação ao País emudeceu os partidos da coligação que apadrinhou no segundo mandato, depois de um discurso de vitória, em que exonerou o sentido de Estado, para exprimir o ódio e ressentimento que nutria pelo líder do PS.

Face ao descalabro a que, com a sua cumplicidade, o Governo conduziu Portugal,  quis comprometer o PS na delirante proposta em que humilha Paulo Portas, após o pedido de demissão irrevogável, obrigando-o a voltar ao Governo, convicto de que seria primeiro-ministro de facto; humilha Passos Coelho ao ignorar a remodelação que lhe apresentou; humilha o Governo fingindo não ter lido o documento importantíssimo – a carta em que o ministro Gaspar se demite afirmando o fracasso da sua política e a falta de liderança do Governo –, documento que desfaz a coligação e dá o pretexto a Portas para a traição que preparara, enquanto encenou a caricata posse de uma nova ministra das Finanças. E humilha o País, com um Governo a prazo, sem capacidade para cumprir a legislatura, o que apressa a sua desintegração e o desacredita perante as instâncias internacionais.

Tudo o que o PR podia fazer mal, fez pior e da pior maneira, ilustrando a lei de Murphy.

Cavaco conseguiu sozinho pôr em causa a liderança do PS, PSD e CDS enquanto o PCP começa a pensar substituir Jerónimo de Sousa que não se conteve a exibir  a sua prótese eleitoral – Os Verdes –, como instrumento para a infeliz moção de censura ao Governo.

Num país com o Governo e a maioria desfeitos, sem um PR respeitado, só faltava a este, no seu estertor, instabilizar os partidos e abrir neles a sucessão para novos líderes. Seria excelente se as condições políticas, económicas e sociais fossem outras.

Que melhor altura para ir às Ilhas Selvagens interpretar a mensagem das cagarras?

Ponte Europa / Sorumbático

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