Crónicas das horas perdidas: A Fernanda explica

20-07-2018
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"Mas, li ontem várias vezes e vindo de várias vozes, falar na cor de Van Dunem é errado e reforça a discriminação: o que interessa é a qualificação para o cargo. O mesmo foi dito em relação aos secretários de Estado Ana Sofia Antunes e Carlos Miguel, ela cega e ele de ascendência cigana. Percebo a preocupação, mas não concordo. Sim, deveria ser natural e normal ver negros no governo, como deficientes e ciganos; deveria ser normal termos muitas mulheres nos executivos. Mas não tem sido; não é. Daí que faça sentido relevar quando sucede; daí que seja tristemente inevitável contar o número de mulheres. Sabendo distinguir entre a absoluta grosseria de um Correio da Manhã que titula "Costa chama cega e cigano para governo", reduzindo as pessoas a uma classificação puramente discriminatória e até chocarreira, e os jornais que fizeram jornalismo. E fazer jornalismo é dizer, proclamar, festejar isto: ontem fez-se história. E foi muito bom."

Uma coisa é os meios de comunicação relevarem o facto de pela primeira vez na nossa história terem sido chamadas ao governo pessoas de diferentes etnias, cor, ou mesmo portadoras de deficiência, sinal claro de evolução (nossa, enquanto sociedade, não deles). O que é completamente diferente de as reduzir unicamente à sua "diferença" e dizer que foram chamados ao governo uma preta, uma cega e um cigano. E não perceber esta diferença, é, enfim, prontos, muita poucachinho.

"Mas, li ontem várias vezes e vindo de várias vozes, falar na cor de Van Dunem é errado e reforça a discriminação: o que interessa é a qualificação para o cargo. O mesmo foi dito em relação aos secretários de Estado Ana Sofia Antunes e Carlos Miguel, ela cega e ele de ascendência cigana. Percebo a preocupação, mas não concordo. Sim, deveria ser natural e normal ver negros no governo, como deficientes e ciganos; deveria ser normal termos muitas mulheres nos executivos. Mas não tem sido; não é. Daí que faça sentido relevar quando sucede; daí que seja tristemente inevitável contar o número de mulheres. Sabendo distinguir entre a absoluta grosseria de um Correio da Manhã que titula "Costa chama cega e cigano para governo", reduzindo as pessoas a uma classificação puramente discriminatória e até chocarreira, e os jornais que fizeram jornalismo. E fazer jornalismo é dizer, proclamar, festejar isto: ontem fez-se história. E foi muito bom."

Uma coisa é os meios de comunicação relevarem o facto de pela primeira vez na nossa história terem sido chamadas ao governo pessoas de diferentes etnias, cor, ou mesmo portadoras de deficiência, sinal claro de evolução (nossa, enquanto sociedade, não deles). O que é completamente diferente de as reduzir unicamente à sua "diferença" e dizer que foram chamados ao governo uma preta, uma cega e um cigano. E não perceber esta diferença, é, enfim, prontos, muita poucachinho.

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