Ecologia. Indústria automóvel aposta nos elétricos

07-01-2019
marcar artigo

O carro continua a estar no topo das preferências dos portugueses quando o assunto é a forma como se deslocam. No entanto, o mercado tem estado a mudar e o que se pode esperar dos próximos meses é que mude ainda mais. A indústria automóvel continua a acompanhar uma lógica mais ecológica e a ideia é desinvestir cada vez mais no uso de motores de combustão. O futuro promete passar cada vez mais pelos carros elétricos ou, pelo menos, este promete ser o principal foco das marcas. De acordo com os especialistas deste setor, o mercado vai receber este ano uma grande variedade de modelos deste tipo, capazes de percorrer entre 300 e 500 quilómetros sem poluição. No centro das mudanças está o facto de muitos deles contarem já com uma forte aposta em tecnologia que permite o carregamento rápido.

Ao virar da esquina estão apostas como o Audi e-tron ou o Tesla Model 3. No caso deste modelo da Audi, por exemplo, trata-se de um SUV elétrico que permite carregar rapidamente a bateria, com mais de 400 km de autonomia.

O argumento de peso para as transformações que estão previstas para os próximos anos é sempre a poluição zero. Aliás, este foi o pilar usado pelo governo para manter o incentivo na compra de veículos de baixas emissões, através do financiamento do Fundo Ambiental. Já no ano passado se tinha apostado neste tipo de estímulo, o que fez com que a venda de carros elétricos conseguisse subir em linha com o que se passa na Europa. Em Portugal, apenas nos três primeiros meses de 2018, foram vendidos 3777 carros movidos a energias menos poluentes. Um aumento “exponencial” que continuou nos meses seguintes. Em setembro do ano passado, José Gomes Mendes, secretário de Estado Adjunto e da Mobilidade, explicava que “por cada 100 carros vendidos, mais de cinco já são elétricos”. Para o governo, os números são “satisfatórios”, até porque “se venderam, até setembro, bem mais veículos elétricos” do que em todo o ano de 2017.

“Nós [governo] temos uma meta de, em 2040, todos os novos veículos vendidos em Portugal serem veículos de zero emissões ou [de] muito baixas emissões. Com o andamento da adesão das pessoas à mobilidade descarbonizada, acredito que este objetivo vai ser conseguido bem antes de 2040”, esclareceu ainda o responsável.

Apesar da tendência global do mercado, a Noruega continuou a liderar o mercado elétrico. Só nos primeiros seis meses de 2018 foram vendidas 36 500 unidades. A justificar os números sempre estiveram os apoios do governo norueguês, que beneficia quem opta por este tipo de veículos. O estacionamento grátis, a possibilidade de circular nas faixas dos autocarros e a isenção do IVA sempre foram os incentivos com maior peso.

Vendas a nível mundial No ano passado, venderam-se em todo o mundo 1.728.629 veículos plug-in, entre híbridos e elétricos. No caso dos últimos, o balanço aponta para 67% das vendas.

No entanto, também há quem esteja a apostar no inverso. O ano 2019 começou com a China a anunciar o corte de 30% dos incentivos aos elétricos. Os subsídios em questão superavam os 7.500 euros. O impulso da venda de elétricos foi iniciado em 2010 e fez com que, no final do ano passado, se tenha atingido um parque de 1.000.000 de veículos alimentados eletricamente.

E os autónomos? Também os autónomos têm dado que falar. Estes veículos voltaram à agenda mediática, apesar de não ter sido pelos melhores motivos. No Arizona, onde estão a ser testados, os habitantes têm mostrado o descontentamento de todas as formas. Para isso, vale tudo. De acordo com o New York Times, os protestos começaram com o corte de pneus de um Chrysler, que estava parado num cruzamento, e passou a tendência. Há até, de acordo com a imprensa local, pessoas a atirar pedras a estes veículos.

Em resposta, a Waymo, divisão de veículos autónomos da Google, fez saber que apenas apresenta queixa quando se trata de ataques mais violentos, mas admite a existência de um grupo que se opõe aos testes que estão a ser feitos.

A somar a isto está a velha discussão em torno das questões éticas que se levantam quando o assunto é carros sem condutor.

Já em 2016, a questão de como seriam as regras aplicadas a estes veículos levantavam polémicas. Que regras aplicar quando um acidente for inevitável?

Um estudo divulgado pela revista Science mostrava que há uma grande diferença entre o que desejamos que sejam as regras de programação destes carros e o que verdadeiramente queremos usar. Na teoria, todos parecem concordar com carros autónomos preparados para minimizar danos em caso de acidente, mesmo que tal implique a morte do motorista. No entanto, a mesma pesquisa diz que as pessoas não querem usar carros assim. 76% dos entrevistados concordaram que o veículo deveria estar programado para sacrificar um passageiro se isso garantisse a vida de dez peões, por exemplo. No entanto, quando tiveram de responder sobre o uso de um carro assim, a taxa de aprovação deste tipo de programação caiu para um terço.

A discussão ficou ainda mais acesa quando se juntaram especialistas a minimizar este tipo de dilemas. Ragunathan Rajkumar, professor de engenharia elétrica e informática na Universidade Carnegie Mellon, por exemplo, defende que a aposta deve acontecer num sistema que recolha todos os dados de forma tão rápida que evite qualquer situação perigosa. Caso seja inevitável, Rajkumar duvida que os carros venham a ter capacidade de decisão sobre quem vive e quem morre.

O carro continua a estar no topo das preferências dos portugueses quando o assunto é a forma como se deslocam. No entanto, o mercado tem estado a mudar e o que se pode esperar dos próximos meses é que mude ainda mais. A indústria automóvel continua a acompanhar uma lógica mais ecológica e a ideia é desinvestir cada vez mais no uso de motores de combustão. O futuro promete passar cada vez mais pelos carros elétricos ou, pelo menos, este promete ser o principal foco das marcas. De acordo com os especialistas deste setor, o mercado vai receber este ano uma grande variedade de modelos deste tipo, capazes de percorrer entre 300 e 500 quilómetros sem poluição. No centro das mudanças está o facto de muitos deles contarem já com uma forte aposta em tecnologia que permite o carregamento rápido.

Ao virar da esquina estão apostas como o Audi e-tron ou o Tesla Model 3. No caso deste modelo da Audi, por exemplo, trata-se de um SUV elétrico que permite carregar rapidamente a bateria, com mais de 400 km de autonomia.

O argumento de peso para as transformações que estão previstas para os próximos anos é sempre a poluição zero. Aliás, este foi o pilar usado pelo governo para manter o incentivo na compra de veículos de baixas emissões, através do financiamento do Fundo Ambiental. Já no ano passado se tinha apostado neste tipo de estímulo, o que fez com que a venda de carros elétricos conseguisse subir em linha com o que se passa na Europa. Em Portugal, apenas nos três primeiros meses de 2018, foram vendidos 3777 carros movidos a energias menos poluentes. Um aumento “exponencial” que continuou nos meses seguintes. Em setembro do ano passado, José Gomes Mendes, secretário de Estado Adjunto e da Mobilidade, explicava que “por cada 100 carros vendidos, mais de cinco já são elétricos”. Para o governo, os números são “satisfatórios”, até porque “se venderam, até setembro, bem mais veículos elétricos” do que em todo o ano de 2017.

“Nós [governo] temos uma meta de, em 2040, todos os novos veículos vendidos em Portugal serem veículos de zero emissões ou [de] muito baixas emissões. Com o andamento da adesão das pessoas à mobilidade descarbonizada, acredito que este objetivo vai ser conseguido bem antes de 2040”, esclareceu ainda o responsável.

Apesar da tendência global do mercado, a Noruega continuou a liderar o mercado elétrico. Só nos primeiros seis meses de 2018 foram vendidas 36 500 unidades. A justificar os números sempre estiveram os apoios do governo norueguês, que beneficia quem opta por este tipo de veículos. O estacionamento grátis, a possibilidade de circular nas faixas dos autocarros e a isenção do IVA sempre foram os incentivos com maior peso.

Vendas a nível mundial No ano passado, venderam-se em todo o mundo 1.728.629 veículos plug-in, entre híbridos e elétricos. No caso dos últimos, o balanço aponta para 67% das vendas.

No entanto, também há quem esteja a apostar no inverso. O ano 2019 começou com a China a anunciar o corte de 30% dos incentivos aos elétricos. Os subsídios em questão superavam os 7.500 euros. O impulso da venda de elétricos foi iniciado em 2010 e fez com que, no final do ano passado, se tenha atingido um parque de 1.000.000 de veículos alimentados eletricamente.

E os autónomos? Também os autónomos têm dado que falar. Estes veículos voltaram à agenda mediática, apesar de não ter sido pelos melhores motivos. No Arizona, onde estão a ser testados, os habitantes têm mostrado o descontentamento de todas as formas. Para isso, vale tudo. De acordo com o New York Times, os protestos começaram com o corte de pneus de um Chrysler, que estava parado num cruzamento, e passou a tendência. Há até, de acordo com a imprensa local, pessoas a atirar pedras a estes veículos.

Em resposta, a Waymo, divisão de veículos autónomos da Google, fez saber que apenas apresenta queixa quando se trata de ataques mais violentos, mas admite a existência de um grupo que se opõe aos testes que estão a ser feitos.

A somar a isto está a velha discussão em torno das questões éticas que se levantam quando o assunto é carros sem condutor.

Já em 2016, a questão de como seriam as regras aplicadas a estes veículos levantavam polémicas. Que regras aplicar quando um acidente for inevitável?

Um estudo divulgado pela revista Science mostrava que há uma grande diferença entre o que desejamos que sejam as regras de programação destes carros e o que verdadeiramente queremos usar. Na teoria, todos parecem concordar com carros autónomos preparados para minimizar danos em caso de acidente, mesmo que tal implique a morte do motorista. No entanto, a mesma pesquisa diz que as pessoas não querem usar carros assim. 76% dos entrevistados concordaram que o veículo deveria estar programado para sacrificar um passageiro se isso garantisse a vida de dez peões, por exemplo. No entanto, quando tiveram de responder sobre o uso de um carro assim, a taxa de aprovação deste tipo de programação caiu para um terço.

A discussão ficou ainda mais acesa quando se juntaram especialistas a minimizar este tipo de dilemas. Ragunathan Rajkumar, professor de engenharia elétrica e informática na Universidade Carnegie Mellon, por exemplo, defende que a aposta deve acontecer num sistema que recolha todos os dados de forma tão rápida que evite qualquer situação perigosa. Caso seja inevitável, Rajkumar duvida que os carros venham a ter capacidade de decisão sobre quem vive e quem morre.

marcar artigo